Projetos/Prestacao de conta seppir 2013

De Rede Mocambos
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Edição feita às 17h33min de 30 de setembro de 2013 por Prisciladila (disc | contribs)
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Relatório trimestral de prestação de contas.

Conteúdo

Primeiro trimestre - 20 de Dezembro de 2012 até 20 de Março de 2013

As ações do projeto tiveram início com a mobilização e divulgação dos encontros previstos da Rede Mocambos, com o levantamento de informação sobre as comunidades e com visitas à algumas comunidades afim de fortalecer a articulação local e com a Rede.

A mobilização e articulação entre os núcleos de formação e as comunidades foi realizada para a confirmação da participação de representantes das comunidades e também para ilustrar a situação dos telecentros e para fortalecer e valorizar o modo de vida comunitário.

Porém, por termos recebido informação errônea da unidade cadastradora do siconv no município, não efetuamos a contratação de recursos humanos no período previsto no plano de trabalho.

Houve a decisão do proponente, depois de sugestão de assessora técnica da Seppir, de aguardar a primeira formação sobre o siconv para então iniciar o uso do sistema. Depois de algumas dúvidas sanadas e algumas funcionalidades básicas do sistema apreendidas será possível dar início à chamada pública e a contratação acontecer em Março; houve, no mês citado, a contratação de serviços de equipe de coordenação e equipe de edição de vídeo para desenvolver o projeto.

Segundo trimestre - 20 de Março até 20 de Junho

Por causa da espera para a formação e outras questões ligadas ao sistema, o cronograma do projeto também foi alterado, já que o primeiro encontro da Rede Mocambos estava previsto para início em 15 de Fevereiro.

Durante esse período a equipe de coordenação do projeto pensou estratégias para a realização das oficinas previstas para o encontro de formação na Casa de Cultura, que será o primeiro de 4 encontros de formação e um encontro de avaliação geral.

Dentro das estratégias é fundamental pensar na profundidade da relação que as pessoas participantes tem com ferramentas digitais, principal foco da formação para potencialização da comunicação comunitária.

Neste sentido foi pensando a sensibilização através de elementos relativos à memória e da relação das pessoas com o seu sentido de patrimônio cultural com metodologia simples que conta com o compartilhamento de saberes e opiniões. Para sensibilizar para a oficina de acervo/biblioteca a sugestão é que haja uma provocação para que cada participante traga um objeto de memória pessoal e outro da sua comunidade para a formação de um pequeno acervo durante o evento. Parte desse acervo poderá circular por todos os núcleos de formação durante o projeto e no final do ciclo sejam todo expostos em um epaço de memória na Casa de Cultura Tainã. É uma dinâmica de envolvimento prático de todos os núcleos durante e vai reunir referências da memória simbólica de cada localidade.

Outra ação que tem carater de integração e de fortalecimento do valor da ancestralidade será realizada a troca de sementes e mudas nativas como símbolo também de memória e de difusão das práticas afro comunitárias.

Relatório sistematizado das rodas de conversa e diálogos

1.Cultura popular

Pensar cultura Popular nos remete de imediato à figura do mestre, seguindo a lógica da ancestralidade. Em cada local há uma cultura popular, jongo, terreiro, em cada local tem uma cultura, e por que ela está viva? Você vai ver desde o começo, que a cultura vai passando de geração em geração. Se for olhar, há uma história, que é passada de pai para filho. É preciso ter cuidado para que não roubem nossa cultura, se espelhando no que temos de cultura popular e achando que reproduzir isso é simplesmente fazer igual, não é igual.

Problematizou-se que a questão não é ter acesso ao conhecimento, sim usar e ter objetivo de ganhar com isso. Alertou-se o cuidado para não tratar a cultura popular como objeto. Com a academia, tem que ter um diálogo com pesquisadores, para ver caso a caso. Levar a cultura popular para dentro da universidade, não como pesquisador, sim como guardião. Não é só abrir espaço para a cultura popular, sim que a universidade seja feita com cultura popular.

Se a educação vai te educando com preceitos racistas, quando você chega na universidade, isso já está arraigado. Na universidade, temos que pensar como as pessoas saem dela, com a cabeça fechada, engessada nos princípios eurocêntricos. A academia é europeia e desconhece a cultura popular , a academia não tem competência de falar sobre a cultura brasileira. Mas temos que ampliar possibilidades de ver as pessoas que estão na academia , por que quando um estudante dialoga e produz a partir da cultura popular, aquele saber ele gera possibilidades de um novo estudante da academia, todo movimento de cultura popular cada grãozinho descaracteriza o modelo academia. Percebe-se o norte nordeste mais preocupados com a valorização da cultura popular, mas é necessário rever o conceito de cultura popular, incluir hip hop e rap. Um problema a ser tratado diz respeito ao antagonismo equivocado entre cultura popular e movimento negro. Isso nos remete a questões conceituais: o que cada entende como cultura popular? A cultura popular é guerrilha e ao mesmo tempo é festa. A cultura popular vem dos terreiros e dos quilombos , de nenhum lugar ha mais , vem de onde saiu o povo brasileiro. As vezes o problema é que quem conceituou a cultura popular foi o branco, que tenta também unificar um conceito que nunca vai deixar de estar no plural e que envolve uma infinidade de possibilidades. Necessário problematizar as culturas, não aceitar o singular: CULTURA POPULAR e sim CULTURAS POPULARES. Envolve medicina, parto, erva, o ritual da jurema dizem respeito ao reconhecimento que dentro do seu escopo também comporta uma ciência popular, não há um antagonismo entre cultura popular e ciência, isso foi o que a academia criou.

Não se povo englobar tudo que é do povo dentro do conceito de Cultura Popular por que muitas produções musicais por exemplo, de ampla adesão popular, incentivam a prostituição infantil, a cultura do estupro, então tem que rever os valores hoje a televisão ensina a respeitarmos nossos avós pela vida que eles levam, e não como eram antigamente, em que se respeitava nossos avós por termos esses valores.

O jovem esta deixando sua cultura escorrer por suas mãos , pois estão com vergonha de sua cultura: indígena ou de terreiro, mas há pessoas brancas que cultuam essas culturas sem ver problema algum então a cultura popular passa a ser de todo sem distinção. Há também a problemática do que a cultura do dinheiro tem distorcido e prejudicado os princípios de cultura popular, que se desloca para inadmissíveis estruturas de mercado Muitas comunidades ficam aguardando um projeto de fora, mas certas coisas vem pelo princípio do prazer de serem guardiões de sua histórias, sempre dialogar com a comunidade e trazerem os prazeres da comunidade de volta.

2. Racismo, religiosidade e educação

Debates sobre o racismo em espaços não negros ou não ligados à militância negra são extremamente difíceis e pouco aceitáveis. A desigualdade racial está posta, mas as instituições e intelectuais diversos fora dos espaços de luta, não admitem o racismo como um limitador da equidade. O racismo precisa ser debatido mesmo nos espaços mais cotidianos, dentro de uma perspectiva de cuidado integral com as pessoas e com a vida social como estratégia essencial da descolonização que estamos lutando para fazer, pois estamos lutando para vencer amarras históricas.

O colonizador nos negou e nos legou a condição de nos negar. Não adianta eu calçar um sapato 35 se a numeração do meu pé é 45. Eu calço, sinto diversas dores e ainda digo que está confortável. Somos todos colonizados por uma ordem que determina padrões e modelos para toda a sociedade. A sociedade que nasce de uma ideologia cristã, elege um papa, está em uma ordem muito diferente do que propomos aqui, saudando aos tambores. O espaço aqui é de orientadores, com mestres religiosos e pessoas experientes, para fazer trocas, não só mandar e dizer o que devemos fazer (como o papa).

A discussão sobre religiosidade africana e racismo são ainda bastante complexas, pelo conservadorismo e endemonização de uma sociedade em que o movimento evangélico se expande como um projeto político de dominação e recolonização. A religiosidade é um dos entraves ideológicos principal para a implementação da lei 10639 /03, porém é necessário sempre diferenciar que essa lei não implica em “ensino religioso”, mas não pode negar a visibilidade do candomblé como uma instituição social importantíssima na salvaguarda do patrimônio material e imaterial ligado à cultura negra no Brasil, mas também dialoga com necessidades reais da escola garantir a valorização da diversidade , do respeito e do combate à intolerância religiosa, uma vez que o sentido religioso que temos hoje é extremamente europeu. Além disso, tratar de africanidade, é tratar de uma cosmovisão que não dissocia economia, vida social, religiosidade, festa... aplicar a lei 10 639, necessariamente perpassa essa compreensão, além do entendimento que a universidade nunca vai formar para essa lei, por que os detentores dessa sabedoria estão nos terreiros, comunidades e grupos culturais diversos da cultura negra, ou seja, implica em vivencia como requisito para uma real compreensão do que está em jogo.

A religiosidade é um problema do país inteiro e do mundo. A dimensão espiritual é muito pessoal, do que entendemos como sagrado, mas há um projeto político que está posto hoje pela igreja evangélica, de criar um país fundamentalista. Atualmente, neopentecostais são um quarto da população do país, estimulando um fascismo fundamentalista. Ocuparam o senado, o congresso, cooptando o povo, tirando o orixá do povo brasileiro, nivelando e homogeneizando o povo e se empoderando, modificando leis e criando regras. Lembrou que somos um povo diverso, com suas sutilezas, e as formas de resistências são diversas. Ela criou os filhos com auto estima e às vezes é preciso trombar com o que achamos injusto, porque em nossa sociedade isso é necessário. Precisamos nos posicionar e valorizar os ensinamentos africanos. Ressaltou o contexto agressivo das igrejas evangélicas. Tirar o orixá da alma brasileira, a folha, o asè, é tirar a identidade. Temos que entender a importância do tambor, da folha, do asè. Se perdermos isso, vamos nos perder. A religiosidade afro é uma cultura, precisa ser respeitada, não podem exterminar a cultura do nosso povo. Lembrou que só no Brasil há o absurdo de haver uma bancada evangélica, em nenhum outro lugar do mundo. Essa igreja está em vários países. Algumas lições de África são fundamentais para termos paralelos: um guia de viagem cristão, na Nigéria, mesmo sendo cristão, sabe como cumprimentar e respeitar os babalaôs, sabe como se comportar, o que pode ser considerado como uma lição, ele precisa de licença específica pra ir nas casas e saudar reverencia a todos os babalaôs.

As experiências locais de quem respeita as religiões é bacana, mas não é a realidade de todos os locais. Aqui destaca-se a importância do tambor, e a falta dele é significativo nas outras religiões. Temos que pensar que não há um centro. E se o mundo é diverso, não é para ser desigual. Quem prega o medo quer dominar, e temos o direito de questionar. Não pregamos o medo, não acreditamos no medo e desconfiamos de tudo o que prega o medo.

3. Território e Territorialidade

O território é o lugar, a territorialidade tem uma dimensão atemporal, é uma concepção identitária com sentidos e significados , os conceitos não se contrapõem, mas não iguais. Territorialidade articula uma construção entre territórios e também em rede

Ancestralidade e pertencimento: conceitos distintos das categorias construídas pelo poder público. O processo que cada um passa para se perceber enquanto negro e enquanto quilombola e a importância de fazer parte da luta política por melhores condições de vida com necessidade de cuidar da própria casa, do bairro. O quilombo urbano é um espaço de resistência, a periferia é o espaço que se vive, mas muitas vezes se perde o vínculo de pertencimento com o seu lugar, e é preciso retomar esse vínculo, refazendo o lugar a partir da territorialidade africana e quilombola.

Entendimento de quilombo, se torna flutuante, uma vez que incorpora a noção de territorialidade, se move com as coletividades, com o sentido que esta atribui ao lugar na luta por resistência. A tomada de consciência de ser negro e ser quilombola é um momento único e importante para cada um. Agregou-se ao debate a noção de Quilombo como fruto de uma diáspora. Quem somos nós na diáspora e fruto de um sistema que passou pelo escravismo e como é o nosso pertencimento identitário? Como discutir dentro de uma perspectiva quilombola a territorialidade? É preciso pensar na rede mocambos nesse contexto.

O pertencimento é o olhar coletivo à luta da resistência negra. A nossa vida deve ir muito além do nosso território, pois a luta é maior que a nossa comunidade, e esse olhar africano conecta. E vai muito além das relações que vemos na nossa sociedade como um todo. Usar a rede enquanto territorialidade é pensar em novas articulações, conectando diversos locais em um processo mais amplo.

É necessário destacar a questão da auto estima, a importância de gerar atividades que estimulem a auto estima. O processo de valorização da identidade– até se reconhecer enquanto negro e nascido em uma comunidade negra, e passar a valorizar isso – é difícil e muito pessoal. Se aprendermos a afirmar e reafirmar os nossos valores, também aprendemos a nos deslocar dos valores que são impostos a nós na escola, na sociedade em geral, e a auto estima tem papel essencial nisso. Ser quilombola não é só ser preto numa sociedade branca.

1. Princípios e reflexões da Rede

Rede Mocambos remete ao quilombo de Palmares para “beber” nos princípios de respeito, resistência e luta conjunta.

Na rede, deve-se fortalecer a comunicação como instrumento importante, o tambor como elemento ancestral que comunica e a tecnologia como aparato tecnológico pode auxiliar no processo, modificando a concentração de poder deste instrumento (e há outros também, como as sementes). É preciso se reapropriar, produzindo e criando tecnologias. A tecnologia do tambor, por exemplo. As tecnologias foram necessárias para nossa sobrevivência e o tambor é essencial para nós. Ele está presente na vida da terra, assim como na vida da gente.

Filosofia do baobá e do tambor é central na rede mocambos: está a serviço da humanidade, oferece sentido ao mundo e compromisso político: nunca mais deixar de lutar.

O Baobá é um símbolo que meche muito com as sensibilidades e subjetividades, nos ajuda a agir, entender, discernir. Pensar uma filosofia a partir desse símbolo é pensar o encontro com o que não morre, mas sempre cresce e fica gigantesco, tem um profundo e rico princípio de alimento, de sustento espiritual, força, generosidade, expansividade, abrangência e proteção, é fonte de conhecimento e nos impulsiona à uma ampla perspectiva de aprendizagem e auto conhecimento em nome da luta pela vida e pela dignidade.

O conceito de sustentabilidade da rede está diretamente relacionado com a resistência do baobá.

Pensar na Mocambos a partir da pedagogia do encantamento e do encontro (necessidade de aprofundar conceito pedagógico)

Existe um problema de entendimento de luta; lógica do baobá transcende lógica ocidental; há uma dificuldade posta com a imposição do sistema de conceitos dos editais , “editores”, conceitos criam categorias limitantes. A gente está convencido pelo outro, difícil convencer a nós mesmos por causa da colonização.

Temos que manter a cultura de ser solidário e de reconstruir nossa identidade, de quem vive em comunidade, pensando nos valores que são importantes para nós. Os que colonizam falam o contrário, como queremos mudar, precisamos pensar nesses valores. Somos responsáveis por tudo aqui, não temos chefes aqui. O pertencimento faz com que tenhamos cuidado coletivo: é nosso. Não é o outro que vai cuidar, somos nós.

Depende de nós entendermos e fazermos o mundo mais do nosso jeito. A rede mocambos colaborou e colabora para fortalecer laços. Ela teve o ponto positivo de começarmos a repensar e valorizar nossa história. Não estamos discutindo um projeto particular, sim um projeto político brasileiro.

Gente baobá cuidado pra não se confundir que é um pé de couve

A lógica (símbolos) mais antiga do mundo é nova pra gente: construir um outro sistema simbólico

Mocambos estabelece dinâmicas de reconhecer lutas e se reconhecer nas lutas

Estar contra os outros não é estratégico, estar a favor da gente: isso é um princípio pedagógico

Não ter medo, não acreditar no medo, não pregar o medo e desconfiar da proposta que se fundamenta no medo

A ancestralidade vive dentro da gente. O baobá nos remete à ancestralidade, à identidade e à memória e marca nosso lugar. Plantar baobá é uma velha tradição dos griots africanos para resistir à colonização. Passa o tempo, passa a história e o som do tambor reaparece...

A loucura de um griot é encontrar outro griot para continuar contando a história antes dele morrer.

“ Morro mas não quero jogo empatado, meus ancestrais não querem isso de mim... Tem um acúmulo de 400 anos de ancestrais dentro de mim, desculpa por eu falar muito...” Tc

2. Rede, Tecnologia e Software Livre

O tambor foi a primeira forma de internet: ele tem capacidade de comunicar, de transmitir informação, mas ele tem uma coisa a mais, ele manda comunicação que racionalmente você consegue captar como mensagem, mas ele também consegue comunicar a alma das pessoas. Ele libera nossa alma, nos alimenta. Através da tecnologia do tambor, vamos usando combinações binárias, vamos escrever linhas de comando para combinar a alma. A tecnologia que nos remete à nossa humanidade. O território digital é totalmente colonizado e a Rede se propõe a descolonizar, tanto os territórios digitais quanto os materiais. O Brasil está seguindo um processo de desenvolvimento que vai explorar cada vez mais recursos naturais e as comunidades locais, e a rede se propõe a ser diferente. Não há nenhum movimento social que está contrapondo esse processo. E para isso está se pensando a necessidade de fortalecimento da rede para justamente contrapô-lo. Há diálogo com o Estado, mas as vitórias virão pelo processo de luta mesmo.

Eu não me reconheço por que eu não conheço minha história ou por que apagaram minha história? O windows apaga nossa história, importante pensar não só em Software livre mas em território livre, infra estrutura livre, ampliar o conceito de SL levando em conta a Internet e ferramentas online Nossa rede conecta enquanto ancestralidade

A internet nasceu para atender demandas específicas do mercado, do mundo acadêmico e dos militares, por isso, muitas vezes, a internet se torna uma ilusão que cria deformações.

Não queremos mapa para dominar os outros, mas para garantir o nosso acervo: importa pensar estratégias para alimentar a discussão e preservar nossa história – tecnologia do possível Sentido social da tecnologia precisa ser expandido Para aqueles que estão tendo contato com software livre pela primeira vez, estamos em busca de vários elementos mais do nosso jeito, com os nossos valores, buscando romper com lógicas que consideramos opressoras. Uso do software livre, que não vai se tornar uma mercadoria, não subjuga as pessoas e não as confina em caixas. Devemos no debruçar no processo de descolonização. Não é só uma escolha simples, por dentro dela há uma ideologia que se constrói.

Dá pra mudar, é a mesma lógica: a gente não alisava o cabelo e agora não alisa mais? A mesma lógica. Se a gente quer fazer revolução digital e combate ao racismo, falando de tecnologia, não tem como fazer fora do uso do software livre. Software livre não tem empresas por trás dele, até tem, mas com entendimento das coisas próximo do que consideramos como justo. Não é só o produto que você tá usando, é com o que você está se interligando.

As pessoas que usam windows tem que pensar no que elas estão se ligando. Precisamos construir uma forma de comunicação que permita que possamos nos expressar. As ferramentas precisam nos conectar. o que é ser livre? O software permite que você tenha acesso à “receita do bolo”, para que você tenha autonomia para escolher o que você necessita.

Estamos abrindo frentes que produzam novas ferramentas. Não temos que ser incluídos, temos que ter direito de produzir tecnologias. A ferramenta de base usada pelo Baobáxia foi usada por uma pessoa que mora no meio do mato, distante da internet. É uma possibilidade de conectar as pessoas fugindo de lógicas hegemônicas, de resgatar saberes, de construir alternativas. Estamos na construção de novos operários rompendo a concentração do conhecimento em poucos a partir da lógica de mercado onde a cultura digital não existe

Na internet temos uma grande sobrecarga de informação (poluição digital), dados produzidos sem nenhuma razão, só a partir da lógica produzida pelo mercado – é preciso pensar no uso racional do território (digital). Estamos com um pedaço de terra digital, e juntos discutimos quem quer cuidar e manejar esse território, fazendo em conjunto os plantios. E não tem como plantar sem ter conhecimento das ferramentas. Se você quer autonomia, você tem que ter o conhecimento. E tentar fazer sem ferramentas vai ser muito mais difícil. Estamos devagar, mas num processo que tem fundamento. Acreditamos nisso por que há 400 anos de história de resistência. O que possibilita propor uma terra digital diferente é a luta, que passa para o espaço digital todo o fundamento da nossa história.

É preciso uma terra livre digital, face ao monopólio mundial, em que o produto que tá se comercializando somos nós. O que é tecnologia? Uma ferramentas que nos auxiliam em nossa vida, construída dominando todos os estágios do processo, de modo a criar e recriar tudo o que precisamos. Quando perdemos o fio do processo, quando o nível de lucidez da técnica vai diminuindo, nos tornamos mais dependentes, o que apaga nosso conhecimento tradicional. precisamos ver isso, ter consciência do processo, desde como saber como através de um fiozinho passa informação? Não é tao difícil de fazermos isso.

Conhecer software livre é conhecer os códigos: tudo é código, desde o tambor, já temos conhecimento dessa linguagem de códigos, mas perdemos isso. A gente até conhece, mas tem que exercitar a partir de outra lógica, alimentando nossas ferramentas. Precisamos entender e desenvolver nossas ferramentas, a partir do olhar do tambor.

A internet foi criada como ferramenta de guerra. A África e uma grande parte Brasil não tem internet, e hoje podemos dizer que estamos em uma info-era, a informática é essencial. Porém, na sociedade convencional, a internet perde o caráter colaborativo, as informações vão sendo privadas. A wiki ajuda a produzir informações coletivamente, quando ela é criada, quebrando o modelo comum de geração de informações. A Wiki permite gerar novas informações de maneira aberta

Estamos desenvolvendo ferramentas de uso offline, que é parte do Baobáxia. Instalar wiki no computador sem internet é possível, mas neste momento ela não vai estar se comunicando entre as máquinas. O elo que vai ligar as máquinas é o baobáxia, que conecta os computadores. Baobáxia: baobá + galáxia – interligação de comunicação.

Esta e outras ferramentas estão sendo desenvolvidas sem recursos. Uma versão digital que fique presente em uma máquina, um servidor, e pensar a comunicação entre computadores localmente. O que precisa fazer? Montar página na wiki, ver conteúdo e colocar no servidor, que possui um programa específico. Os computadores que tiverem o Baobáxia instalado poderão acessá-lo.

Caso de uso do baobaxia (ex): publicação de vídeo – depende da tag – assim a informação pode ser disponibilizada em vários locais, mas está sendo chamado de terra digital livre, que funcione sem depender da internet, necessariamente. Cada comunidade vai levar um computador daqui da Tainã que será servidor, que quando chegarmos na comunidade serão conectados com o Dandara. Se não tiver internet, é possível atualizar os conteúdos do computador por HD.

O software do Baobáxia está em fase de testes e precisa de pessoas que acompanhem o trabalho. Precisamos ir devagar, para que as pessoas se apropriem e construam junto, para que não se torne um programa inacessível. Que seja um espaço digital coletivo. A Dandara, na Tainã, vai ser um dos servidores das comunidades, vai ter também uma máquina sempre conectada em uma boa internet, para ser o acesso principal das comunidades. Toda documentação está no Baobáxia Necessário pensar como ser rede mocambos sem internet e sem computador? Gargalo – comunicação e pedagogia; desenvolvedores; entendimento de gestão compartilhada

3. Organização da rede

Necessidade de pensar núcleos como escola, como universidade e trazer africanos dificuldade em sistematiza nossos conteúdos e avaliações pensar em avaliar a rede não apenas em seu caráter técnico, mas como proposta, como filosofia a gente não está conseguindo avançar por causa da compreensão pessoas que acompanham e incorporam nem sempre estão presentes necessidade de avaliar melhor o acúmulo que temos como um processo de luta poderoso importante avaliar: como os encontros vão servir para os nossos objetivos de formação? como potencializar a integração da articulação? Articulação – entendimento e forma de apropriação da função Como estabelecer a rota dos baobás e de escambo de forma permanente? os conteúdos precisam estar sistematizados Como cuidar das histórias dos baobás? - provocação: pensar uma banco de historias (wiki?)

4. Projeto Núcleos de comunicação Quilombola

gestão compartilhada – desafio para a equipe do projeto – experiência do questão: como acompanhar o projeto atual nas comunidades? (não se tem uma definição disso) encontro não reuniu as pessoas devidas, como aprofunda com quem não conhece a rede? Estudar uma metodologia de avaliação do projeto Ainda não conseguimos encontrar uma comunicação efetiva para a gestão tentar minimamente se organizar para o próximo encontro

5. Institucionalidades governamentais

Dificuldades do Siconv – é uma ferramenta que é muito limitante e temos a necessidade de prestar contas através dessa ferramenta. Só tem funcionalidade com internet boa, tem que estar conectado senão não se acessa a ferramenta, ou seja, exclui 60% dos brasileiros. É preciso ferramentas de controle, para evitar desvio de verbas, mas as tecnologias não podem limitar os movimentos sociais.

As apostilas são inacessíveis e já estão desatualizadas.

A ideia é que se questione e exija do governo que se faça uma ferramenta mais acessível. O discurso do governo, mesmo dos órgãos da reparação é muito duro: é preciso aceitar o Siconv e “a gente vai tentar dar curso”. além de questionar, que é o principal, fazer um tutorial, paralelamente, pra ir apoiando quem se estiver disposto a acessar os recursos federais Não podemos naturalizar essas ferramentas. Como nos adequamos ao momento presente, sem perder de vista o horizonte do que queremos, senão ficamos sempre nos adequando, principalmente na relação com o poder público. É um sistema excludente, não tem como os povos locais se apropriarem dele. Dificuldade de dinâmicas institucionais pretas em compreender a Mocambos Não podemos ficar reféns de nenhum governo

terceiro trimestre - de 20 de Junho até 20 de Setembro

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