PROPOSTA IPHAN 2012 001

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O IPHAN ganha:
 
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*uma biblioteca digital descentralizada, que pode ser agregada à rede de bibliotecas do IPHAN. Esta biblioteca é estruturada a partir dos conteúdos, valores e tecnologias desenvolvidas nas próprias comunidades. O ganho social é imenso, na medida que a questão da autonomia e sustentabilidade do projeto são necessárias para a continuidade do mesmo, e este perfil de trabalho tem como valor agregado a possibilidade da continuidade do projeto;
 
*uma biblioteca digital descentralizada, que pode ser agregada à rede de bibliotecas do IPHAN. Esta biblioteca é estruturada a partir dos conteúdos, valores e tecnologias desenvolvidas nas próprias comunidades. O ganho social é imenso, na medida que a questão da autonomia e sustentabilidade do projeto são necessárias para a continuidade do mesmo, e este perfil de trabalho tem como valor agregado a possibilidade da continuidade do projeto;
Um modelo de empoderamento tecnológico e cultural, de baixo custo, que poderá ser aplicado em outras comunidades, de forma a expandir a coleta de informações sobre os interesses das comunidades em suas próprias bases; e organizar uma interlocução com a universidade, com o IPHAN e com a UNESCO a partir dos valores locais.
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*Um modelo de empoderamento tecnológico e cultural, de baixo custo, que poderá ser aplicado em outras comunidades, de forma a expandir a coleta de informações sobre os interesses das comunidades em suas próprias bases; e organizar uma interlocução com a universidade, com o IPHAN e com a UNESCO a partir dos valores locais.
  
*A Casa de Cultura Tainã e as comunidades integrantes a Rede Mocambos ganham:
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A Casa de Cultura Tainã e as comunidades integrantes a Rede Mocambos ganham:
Capacitação de recursos humanos de forma a reconhecer e valorizar o patrimônio cultural das comunidades de matriz africana ligados à Rede Mocambos;
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*Capacitação de recursos humanos de forma a reconhecer e valorizar o patrimônio cultural das comunidades de matriz africana ligados à Rede Mocambos;
 
Desenvolvimento de tecnologia de baixo custo para educação patrimonial;
 
Desenvolvimento de tecnologia de baixo custo para educação patrimonial;
 
Documentação pelos meios técnicos mais adequados de saberes, celebrações, formas de expressão e lugares relacionados à história, à memória e à identidade;
 
Documentação pelos meios técnicos mais adequados de saberes, celebrações, formas de expressão e lugares relacionados à história, à memória e à identidade;
 
Criação e publicação de acervos digitais ligados à cultura material e imaterial de comunidades de raiz africana de forma estruturada.
 
Criação e publicação de acervos digitais ligados à cultura material e imaterial de comunidades de raiz africana de forma estruturada.
  
*A UNICAMP ganha:
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A UNICAMP ganha:
Espaço  de interação entre universidade e comunidade como forma de extensão e retorno do investimento feito em uma universidade pública;
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Possibilidade de pesquisa sobre condições reais de produção e difusão de conteúdo local;
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*Espaço  de interação entre universidade e comunidade como forma de extensão e retorno do investimento feito em uma universidade pública;
Produção de artigos e trabalhos científicos de forma participativa com a comunidade local.
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*Possibilidade de pesquisa sobre condições reais de produção e difusão de conteúdo local;
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*Produção de artigos e trabalhos científicos de forma participativa com a comunidade local.
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== Benefícios a serem produzidos a partir da realização do projeto ==
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'''1 - Culturais'''
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O projeto visa criar estruturas sustentáveis e de baixo custo para a produção e organização do patrimônio imaterial pelos membros de comunidades tradicionais. Com base nestas estruturas, recursos digitais serão disponibilizados de maneira aberta e organizada para que possam ser acessados e utilizados para a preservação da memória das próprias comunidades, bem como para usofruto da sociedade como um todo.
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'''2 - Sociais'''
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Os benefícios abrangem comunidades quilombolas e tradicionais interligadas a Rede Mocambos, atualmente cerca de duzentas (200) em dezoito (18) estados brasileiros. O projeto será conduzido diretamente pela Casa de Cultura Tainã junto a quatro (4) comunidades mais estruturadas, que já atuam como Núcleo de Formação Continuada, com apoio de pesquisadores da Unicamp. O material produzido será disponibilizado para o público com licenças e formatos abertos na Internet. As propostas de patrimoniamento e tombamento serão encaminhadas ao IPHAN e à UNESCO.
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'''3 – Econômicos'''
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A transmissão dos valores e práticas culturais para as novas gerações precisa ser pensada hoje, para que isso seja objeto de capacitação de recursos humanos para estes novos difusores de saber. O projeto dará visibilidade a ao menos um objeto de interesse da comunidade, que por sua vez será documentado e organizado em coleções digitais de acordo com as tecnologias de baixo custo desenvolvidas.
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'''Benefícios a médio-longo prazo (fora do escopo deste ano de trabalho):''' Esta estruturação do saber comunitário reverterá em conteúdos de acesso aberto e em mini-cursos estruturados. Estes mini-cursos criados a partir do Núcleo de Formação Continuada ao mesmo tempo que darão condições para a transmissão destas práticas culturais para as novas gerações, darão igualmente condições econômicas para os então jovens transmissores de conhecimento levarem adiante estes valores de sua comunidade, na medida em que geram uma infra-estrutura para produção e circulação de conhecimento local e assim podem se posicionar melhor como transmissores deste saber.
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==Estratégias de ação (memorial descritivo)==
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Apresentamos os objetivos já dentro do escopo do núcleo de trabalho que deverá desenvolver as atividades necessárias para alcançá-los.
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'''Objetivo 1 - Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital'''
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Desenvolvimento e capacitação ligada a ferramentas tecnológicas livres e socialmente acessíveis para organização e divulgação de conteúdo livre e recursos abertos. O projeto será conduzido pelo NPDD (Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital da Rede Mocambos), em sinergia com os demais Núcleos (NPC, de Produção de Conteúdos e NFC de Formação Continuada). À equipe do NPDD de desenvolvedores se somará a participação de colaboradores, especialistas em diferentes tecnologias. Sob a coordenação do NPDD, o desenvolvimento se dará de forma distribuída, utilizando-se ferramentas colaborativas via internet como git, wiki e irc. A metodologia de desenvolvimento seguirá o modelo "Agile" (HIGHSMITH e FOWLER, 2001) que prevê o lançamento frequente de código funcionante para avaliação contínua por parte dos usuários finais, permitindo a correção e a melhoria ao longo do trabalho.
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Em pelo menos dois momentos serão realizados sprints de desenvolvimento - encontros imersivos de trabalho, com duração de três dias. O primeiro se dará no início do desenvolvimento, focado em explorar demandas de design, arquitetura e programação, para então orientar os esforços posteriores, que se darão de forma distribuída e a distancia . O segundo sprint, realizado alguns meses depois do efetivo início do desenvolvimento, terá por objetivo avaliar os caminhos tomados pela equipe, aprofundar as estratégias de desenvolvimento que funcionaram e corrigir o que for necessário (refactoring). Se possível, ainda haverá um sprint ao fim do processo para aparar arestas de código e documentação.
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O projeto deverá criar condições de recursos humanos e infra-estrutura digital para podermos realizar a criação e implementação de tecnologias digitais ou de convergência digital para organização e difusão de conhecimentos tradicionais. Isso se dará agregando estas ferramentas desenvolvidas às ferramentas já existentes para que funcionem de maneira a enriquecer a disponibilidade de recursos para acesso a este acervo. Priorizamos a utilização de ferramentas livres e de fácil acesso, que funcionarão concomitantemente ao posicionamento de difusores de conhecimento específico para compartilhamento de tecnologias guiadas para os objetivos e escopo do projeto.
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Este projeto desenvolverá ações inovadoras que precisam ser pesquisadas em seu processo de implementação, e que precisam de elementos claros de avaliação ao longo de sua implementação. As inovações se darão na implementação de um “kit” local, que inclui um servidor, software e mídias associadas.
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'''Objetivo 2 - Núcleo de Produção de Conteúdo'''
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Produziremos uma metodologia para a produção de conteúdos locais baseadas em modelos de pesquisa participativa. Efetivamente, buscaremos sistematizar o conhecimento relativo à complexidade da produção de conteúdo local em situações reais de uso e produção. Para tanto, teremos um representante em cada grupo (que poderá ser o mesmo representante acima) que participará de um grupo de trabalho dedicado à produção de recursos didáticos para formação, além de capacitação para produção de recursos digitais. Estes serão multiplicadores para a continuidade do projeto.
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Sabemos que a implementação de dispositivos e tecnologias interagem diretamente com a configuração social - trata-se portanto de uma inovação que envolve tanto atores humanos como não humanos. Estas configurações e mudanças precisam ser investigadas de maneira local, participativa e interativa. Novas metodologias de pesquisa em inovações educacionais priorizam a identificação de problemas e situações identificados in loco como ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologias e técnicas de ensino. Utilizando os atores locais como parceiros de pesquisa de longo prazo, o espaço se transforma em um “laboratório” de pesquisa autêntico garantindo maior valor aos resultados identificados. A pesquisa é realizada interativamente com protótipos ou “designs” que são estudados profundamente para que se identifiquem fatores importantes para que se atinja o objetivo. (para o conceito de pesquisa baseada em design, veja AMIEL & REEVES, 2008). Neste sentido, buscaremos desenvolver designs complexos que serão implementados e avaliados de maneira iterativa. Os designs iniciais serão compostos de 1) equipamentos: um servidor local (protótipo) incluindo todos os recursos (software/hardware) indicados acima; 2) formação de recursos humanos para uso e customização do sistema, além de produção de recursos digitais. Os designs implementados em um espaço (quilombo, comunidade) e a avaliação de seus fatores de sucesso/desafios servirão de modelo para a implementação nos próximos espaços. Em última instância, busca-se não somente um design replicável, mas também uma série de informações sobre barreiras e fatores de sucesso que podem ser compartilhados gerando modelos; e em instância final, teorias sobre a apropriação tecnológica.
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'''Objetivo 3 - Núcleo de Formação Continuada'''
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Será organizado um grupo composto por 2 membros de cada comunidade tradicional, 2 bolsistas universitários e 1 pesquisador coordenador que trabalharão utilizando ferramentas online e se encontrarão uma vez por mês presencialmente(ou a distãncia caso haja algum impedimento) para uma jornada de 8 horas de trabalho e formação. Como meta, os 2 representantes de cada comunidade serão capacitados como multiplicadores.
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Esta capacitação tem como enfoque o reconhecimento do valor da cultura local, e iniciativas de patrimoniamento material e imaterial dentro destas comunidades, cujo reconhecimento será feito paulatinamente em nível regional, nacional e mundial. O Projeto aposta em uma crítica epistemológica à interpretação corrente que legitima a produção de conteúdo exclusivamente no espaço intra-muros da universidade. O acesso à cultura também pode ser feito dando condições às comunidades de terem voz e escrita próprias. E aqui nos referimos ao acesso à produção cultural e à produção da reflexão, e não apenas ao consumo do conteúdo disponível online.
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Para que isso aconteça, é preciso que haja parceria entre Casa de Cultura, a Universidade e outras instituições ligadas ao reconhecimento do Patrimônio Cultural como o IPHAN, a SEPPIR,  a FUNAI, a Fundação Palmares, o próprio MinC, etc. Deveremos portanto trabalhar na formação de recursos humanos das próprias comunidades que poderão identificar o que pode ser tombado e o que pode ser patrimoniado como bem material e imaterial. E oxalá dar condições para que estas comunidades possam ver suas práticas culturais reconhecidas formalmente como parte do tesouro da cultura nacional.
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'''OS NÚCLEOS DE TRABALHO'''
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A metodologia de constituição do projeto inclui o fortalecimento de três (3) frentes de trabalho integradas identificadas acima (veja seção Objetivos). Apresentamos as frentes com maior detalhamento abaixo:
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'''Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital'''
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[[Arquivo:Rota dos baobas - geo-referenciamento.png]]
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'''Figura 1.''' Rota dos baobás - Geo-referenciamento

Edição das 18h05min de 8 de agosto de 2012

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enviada em Julho/2012

Conteúdo

Apresentação do Projeto

O projeto Tambor, Acervos e Comunicação visa criar uma rede de produção, organização e catalogação digital de conteúdos históricos, artísticos, culturais e linguísticos produzidos por grupos e entidades de matriz africana no Brasil. Busca-se a transmissão de conhecimentos de detentores e/ou produtores de bens culturais de natureza imaterial para as novas gerações.

Neste projeto com duração de 1 ano objetivamos organizar a estrutura des três pilares. Especificamente, os pilares são 1) a organização de uma rede visando a construção de uma estrutura para reconhecimento e troca de recursos digitais e de conhecimentos; 2) estrutura para realização formação continuada e cursos sobre patrimoniamento e 3) bases para formação de recursos humanos ligada à produção e à disseminação de conteúdo produzido localmente no espaço digital.

Por meio de ações conjuntas pretendemos organizar tanto uma estrutura como uma metodologia que permita resgatar, divulgar e patrimoniar as contribuições linguísticas, filosóficas e culturais das matrizes africanas que participam na formação da cultura nacional. Além disso pretendemos fortalecer a capacidade técnica e operacional das organizações representativas dos povos e comunidades tradicionais locais em uma ação de formação educacional que ambiciona reflexos sócio-ambientais. Partimos do princípio que isso pode ser alcançado de forma coletiva e colaborativa com a estruturação de uma rede digital para intercâmbio de tecnologias livres e produção e circulação de conteúdo aberto.

Afirmamos assim o interesse em resgatar e divulgar as contribuições linguísticas, filosóficas e culturais das matrizes culturais africanas na formação da cultura nacional, a partir do esforço de um grupo social em se representar e em se apoderar dos recursos tecnológicos disponíveis. A possibilidade de resgate das contribuições dos descendentes de matriz africana nas próprias comunidades tem valor inestimável. Depois de séculos de historiografia que representa as negras e negros no Brasil como coadjuvantes do processo de colonização brasileiro contado por outras matrizes culturais, torna-se possível ganhar voz e - esperamos - colocar questões para a "formação da cultura nacional". É preciso participar desta discussão como protagonista, e esta é a oportunidade de preparação das comunidades para ocupar este papel.

O Projeto Tambor, Acervos e Comunicação é um trabalho proposto de forma colaborativa. Ele integra interesses de diferentes grupos e permite um tipo de articulação entre associação cultural, comunidades tradicionais, grupos de pesquisa que apresentamos abaixo:


Esquema nucleos.png


A proposta da Casa de Cultura Tainã agrega pela Rede Mocambos dois grupos de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas e comunidades tradicionais que confirmaram a participação no projeto.

Parceiros

REDE MOCAMBOS A Rede Mocambos (http://www.mocambos.net/) , criada em 2002, é uma rede solidária formada principalmente por comunidades de matriz africana. O mocambo ou mucambo, a palhoça ou o tejupar, são denominações dadas a moradias construídas artesanalmente usando materiais locais. Nos quilombos mais antigos, como o quilombo de Palmares, os mocambos eram construídos em círculos para facilitar a comunicação e como tática de defesa e resistência. O objetivo principal da Rede é compartilhar ideias e oferecer apoio recíproco. A rede integra diferentes projetos, programas, ações voltadas para o desenvolvimento humano, social, econômico, cultural, ambiental, preservação do patrimônio histórico, memória, ancestralidade. Investe por meio da promoção de competências pessoais, coletivas, sociais, formativas, produtivas, de indivíduos e comunidades, para a apropriação do conhecimento livre, do fortalecimento institucional das organizações, ampliação de acesso aos bens, serviços e tecnologias de comunicação e informação. A Rede visa potencializar o desenvolvimento de forma sustentável no âmbito local e regional em diferentes territórios urbanos e rurais, constituindo numa territorialidade tecnológica onde os recursos são utilizados para a integração das pessoas e das comunidades e não para o afastamento das culturas. Rede Mocambos não é uma instituição representativa das comunidades quilombolas, mas sim uma rede formada por comunidades quilombolas, indígenas e terreiros de matriz africana, ribeirinhas e caiçaras que busca a utilização e apropriação das tecnologias de informação e comunicação como estratégias fundamentais para desenvolvimento de ações conjunta das comunidades envolvidas na Rede, além de exercemos o direito humano à comunicação.

A Casa de Cultura Tainã é uma entidade cultural e social sem fins lucrativos fundada por moradores da Vila Castelo Branco e região em 1989 com nome de Casa de Cultura da Vila Castelo Branco e, mais tarde, através de um concurso, foi escolhido o nome de Casa de Cultura Tainã que hoje fica na Vila Padre Manoel da Nóbrega região noroeste do município de Campinas/SP. Assinou convênio com o Ministério da Cultura em 2004, se tornando um dos cem primeiros Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva, sendo muitas vezes apontada como uma das principais referências do Programa. Sua missão é possibilitar o acesso à informação, fortalecendo a prática da cidadania e a formação da identidade cultural, visando contribuir para a formação de indivíduos conscientes e atuantes na comunidade. A Casa de Cultura Tainã apresenta-se, hoje, como uma das poucas opções de ação comunitária efetiva, sendo reconhecida como a única referencia cultural numa região onde se registram todos os tipos de carências, resultantes da falta de políticas sociais que assegurem a sobrevivência e a qualidade de vida de crianças e jovens. A região de atuação da Casa de Cultura Tainã compreende uma área de concentração populacional de aproximadamente 50.000 habitantes distribuídos em quatro vilas populares das regiões sul e noroeste. Caracterizada como "o outro lado da cidade", a área possui cerca de 500.000 pessoas em sua linha de extensão, abrigando grande parte da população negra do município. A Casa possui ampla experiência acumulada ao longo de mais de vinte (20) anos de divulgação e preservação da cultura de matriz africana. É núcleo fundador da Rede Mocambos, espaço virtual de comunicação já consolidado que constitui uma fonte de consulta fidedigna para cidadãos interessados em culturas e línguas de matriz africana no Brasil. O site da rede Mocambos pode ser consultado através do www.mocambos.net, portal que tem como objetivo organizar, indexar e disponibilizar de forma aberta o acervo cultural produzido pela rede Mocambos de forma estruturada e sustentável.

A Associação Casa do Boneco de Itacaré, com sede em Itacaré/BA, é uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve um conjunto de programas de cultura negra sobre educação, comunicação, sustentabilidade e apropriação tecnológica. Trabalha com crianças e adolescentes da comunidade, buscando o resgate da cultura afro-indígena ancestral, através de oficinas: Teatro de bonecos, capoeira angola, percussão, dança afro e regional, arte circense, artesanato, reciclagem, entre outras.

O Centro Cultural Coco de Umbigada, com sede em Olinda/PE, marca seu nascimento há 14 anos, quando foi iniciada a Sambada de Coco, retomando a tradição do Coco de Umbigada, originária da comunidade de Paratibe, no município de Paulista, na região metropolitana do Recife. Em 2007 foi criado oficialmente o Centro Cultural Coco de Umbigada, uma Organização Não Governamental cujas ações estão focadas no resgate e memória da cultura popular de matriz afro-indígena, em especial o coco e as tradições dos terreiros de Pernambuco. O Coco promove e integra a Rede Sustentável de Matriz Africana, dedicada à construção de uma alternativa de trabalho e renda com a produção de sete terreiros da região metropolitana do Recife. Participa ativamente, e com protagonismo, das redes estadual e nacional de pontos de cultura, além de outras, como a Rede Mocambos e a Rede da Marcha Mundial pelo Humanismo e a Não Violência, e colabora com outros coletivos e grupos como o Coletivo Rádio Amnésia e o Coletivo Nordeste Livre.

O Instituto Sociocultural Afro-Sul Odomode, com sede em Porto Alegre/RS, é uma instituição cultural que funciona como movimento de luta e valorização da cultura negra e do direito à livre expressão da pessoa humana. Foi criado em Porto Alegre – 1974, quando um grupo de jovens negros decidiu criar uma banda musical a fim de participar de um festival de música em uma escola de Porto Alegre. A partir da criação do Odomode, a quadra que era utilizada pela Escola de Samba foi transformada em um Centro Cultural de Ação Social, sendo esse o elemento principal para a concepção e execução de um projeto de inclusão sociocultural, onde há oportunidade de criar e experimentar inúmeras práticas pedagógicas voltadas à transformação gradual da nossa realidade atual, marcada pela exclusão e a discriminação, estando orientada também pela efetivação da Lei 10.639, que faz constar nos currículos escolares a História da África e do Negro no Brasil.

A Associação do Jongo Dito Ribeiro, com sede em Campinas/SP, é uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve atividades na Casa de Cultura Fazenda Roseira salvaguardando um Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil, o Jongo no Sudeste. A casa foi construída a partir do final do século XIX, de pau a pique (taipa) e tijolos e foi entregue como Equipamento Público Comunitário à Prefeitura Municipal de Campinas - mediante a chegada do loteamento em construção em 24 de agosto de 2007. A fazenda tem várias riquezas naturais, diversos tipos de árvores nativas e exóticas, horta e canteiro de ervas africanas. A Casa de Cultura Fazenda Roseira nasceu da parceria entre entidades, movimentos sociais, culturais, ambientais e profissionais das respectivas áreas atuantes na região noroeste da cidade de Campinas, que se juntaram para defender o Casarão da Fazenda do processo de demolição que ele vinha sofrendo. Na busca de preservar e manter esse marco histórico, que foi responsável por diversos avanços na região desde o final do século XIX, diversas ações vêm sendo desenvolvidas para que esse bem se mantenha preservado e atenda a jovens, idosos e crianças. Nessa perspectiva, divulga cursos, palestras e oficinas, para contribuir a permanência do Patrimônio Histórico Cultural.

UNICAMP

O Grupo de Trabalho Educação Aberta, sob coordenação do Pesq. Dr. Tel Amiel, está sediado no Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), que comemorará 30 anos de existência na UNICAMP em 2013, é considerado um centro de excelência na pesquisa e disseminação de conhecimento sobre tecnologia e educação. Participa de inúmeros projetos nacionais e internacionais relacionados à temática, como os projetos Um Computador Por Aluno (UCA), OLPC (One Laptop per Child/XO), e o desenvolvimento do software de educação a distância TELEDUC, entre outros.

O Grupo de Trabalho Multilinguismo no Mundo Digital, sob coordenação da Pesq. Dra. Claudia Wanderley, está sediado no Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE/UNICAMP). O CLE foi projetado e organizado em 1976, e implantado oficialmente na UNICAMP em 1977. Criado com o objetivo central de desenvolver atividades nas áreas de Lógica, Epistemologia e História da Ciência, bem como pesquisas interdisciplinares, o CLE mantém intenso intercâmbio acadêmico com pesquisadores e instituições do Brasil e do exterior; organiza regularmente seminários e encontros científicos; coordena trabalhos de pesquisa; assessora cursos de pós-graduação de natureza interdisciplinar; mantém acervo bibliográfico e acervo de documentação que proporcionam subsídios a pesquisadores e estudantes; e promove a publicação de duas revistas e uma coleção de livros.

Objetivo geral

Criar uma rede de produção, organização e catalogação digital de conteúdos históricos, artísticos, culturais e linguísticos produzidos por grupos e entidades de matriz africana e tradicional no Brasil. Busca-se a transmissão de conhecimentos de detentores e/ou produtores de bens culturais de natureza imaterial para as novas gerações.

Objetivos específicos

Propomos o fortalecimento de três núcleos com objetivos específicos interligados:

1. Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital

  • Estruturar a rede digital para intercâmbio entre as comunidades, fazendo uso de tecnologias (hardware e software) livres para a produção e circulação de recursos digitais abertos.
  • Formar novos desenvolvedores para a construção da arquitetura do sistema.

Resultado após um ano de trabalho: arquitetura e protótipo de baixo custo, funcional e replicável.

2. Núcleo de Produção de Conteúdo:

  • Criar recursos para a capacitação de multiplicadores para agregar, digitalizar, organizar, catalogar e difundir o patrimônio imaterial através de acervos e coleções em bibliotecas digitais de baixo custo, interligadas.
  • Estruturar, dentro do servidor local, uma biblioteca digital livre para criação acervos interligados.
  • Organizar recursos educacionais abertos com base nos acervos criados.

Resultados após um ano de trabalho: Recursos para formação, proposta de design para produção de conteúdo local e coleções de recursos digitais.

3. Núcleo de Formação Continuada

  • Capacitar multiplicadores de cada comunidade de matriz africana envolvida:
  • Para o reconhecimento do valor da cultura local;
  • Para o patrimoniamento material e imaterial nas comunidades do Brasil;

para conhecer melhor o interesse regional, nacional e internacional ligados aos valores, tradições, práticas locais - apresentação de instituições como IPHAN, SEPPIR, FUNAI, Fundação Palmares, UNESCO, Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento, etc.

  • Para estar a par sobre os principais documentos norteadores de valorização e preservação linguística e cultural.
  • Ligada aos principais autores acadêmicos que abordaram os temas de interesse apontados pela comunidade, para permitir uma visão de como tradicionalmente a academia trata o tema, como é disciplinarizado, e quais as críticas possíveis a partir da própria produção da comunidade.

Resultados depois de um ano de trabalho: ao menos um multiplicador em cada comunidade capaz de transmitir o propósito do projeto.

Justificativa

Depois de uma década promovendo efetivo contato entre comunidades quilombolas e grupos de cultura de matriz africana, acreditamos que podemos estruturar os produtos culturais desta rede em acervos digitais. A estruturação da rede parte de pesquisas (Tozzi, 2012) já desenvolvidas em torno da implementação de servidores de baixo custo que permitirão a criação e circulação de conhecimento em locais com acesso pleno, ou limitado, à Internet. Neste projeto, visa-se a implementação desses protótipos e investigação de seu uso em situações e contextos reais.

Em médio-longo prazo, a rede funcionará como uma fonte de produção de conteúdo local, e consulta para o público em geral. Os recursos serão utilizados para criação de material didático (recursos educacionais abertos), visando a formação sobre temas relacionados à matriz cultural africana, com particular consideração à Lei 10.639 que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio. De maneira inovadora, o projeto fornecerá recursos educacionais regionais, contextualizados e ricos que poderão ser utilizados de forma complementar no ensino fundamental e médio.

O projeto Tambor, acervos e comunicação deverá fortalecer a instituição com a criação de quadros técnicos voltados para a compreensão e capacidade de reconhecimento do que são bens materiais e imateriais nas comunidades tradicionais, assim como a capacitação técnica e tecnológica para que estes bens possam passar por um processo inicial de digitalização e catalogação. Todos os telecentros da Rede Mocambos (ver http://mapa.mocambos.net, usuário e senha: livre), através da parceria com os programas Telecentros.BR e GESAC, garantem máquinas para acesso público (10 computadores), conexão internet por satélite e uma bolsa para monitor. Este projeto se constitui em afinidade com a criação da lei 11.645/08, que preconiza como "obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena" nas escolas. Ou seja, ele tem como meta melhorar a possibilidade de que as comunidades tradicionais se identifiquem como parte da história e sociedade brasileira a partir de suas próprias práticas culturais, e que possam valorizar e difundir isso de forma aberta no espaço digital. Em parceria com pesquisadores do NIED-UNICAMP e do CLE-UNICAMP, a Casa de Cultura Tainã, utilizando como elemento catalizador a Rede Mocambos, poderá estruturar melhor este processo de transferência tecnológica e de metodologia de reconhecimento do valor cultural e histórico destes grupos sociais. Há tradicionalmente na historiografia do estado de São Paulo um gesto de apagamento das iniciativas das comunidades negras em busca da liberdade e cidadania, com maior ênfase nos movimentos em prol da liberdade e direitos humanos realizados pela burguesia branca em prol dos escravos e ex-escravos. Este projeto acolhe a importante cooperação com a universidade, e posiciona a Casa de Cultura Tainã como protagonista desta valorização histórica e cultural. É preciso dar voz e visibilidade à história e cultura dos quilombos e das comunidades tradicionais e a academia é uma importante parceira para a execução deste projeto.

O IPHAN ganha:

  • uma biblioteca digital descentralizada, que pode ser agregada à rede de bibliotecas do IPHAN. Esta biblioteca é estruturada a partir dos conteúdos, valores e tecnologias desenvolvidas nas próprias comunidades. O ganho social é imenso, na medida que a questão da autonomia e sustentabilidade do projeto são necessárias para a continuidade do mesmo, e este perfil de trabalho tem como valor agregado a possibilidade da continuidade do projeto;
  • Um modelo de empoderamento tecnológico e cultural, de baixo custo, que poderá ser aplicado em outras comunidades, de forma a expandir a coleta de informações sobre os interesses das comunidades em suas próprias bases; e organizar uma interlocução com a universidade, com o IPHAN e com a UNESCO a partir dos valores locais.

A Casa de Cultura Tainã e as comunidades integrantes a Rede Mocambos ganham:

  • Capacitação de recursos humanos de forma a reconhecer e valorizar o patrimônio cultural das comunidades de matriz africana ligados à Rede Mocambos;

Desenvolvimento de tecnologia de baixo custo para educação patrimonial; Documentação pelos meios técnicos mais adequados de saberes, celebrações, formas de expressão e lugares relacionados à história, à memória e à identidade; Criação e publicação de acervos digitais ligados à cultura material e imaterial de comunidades de raiz africana de forma estruturada.

A UNICAMP ganha:

  • Espaço de interação entre universidade e comunidade como forma de extensão e retorno do investimento feito em uma universidade pública;
  • Possibilidade de pesquisa sobre condições reais de produção e difusão de conteúdo local;
  • Produção de artigos e trabalhos científicos de forma participativa com a comunidade local.

Benefícios a serem produzidos a partir da realização do projeto

1 - Culturais O projeto visa criar estruturas sustentáveis e de baixo custo para a produção e organização do patrimônio imaterial pelos membros de comunidades tradicionais. Com base nestas estruturas, recursos digitais serão disponibilizados de maneira aberta e organizada para que possam ser acessados e utilizados para a preservação da memória das próprias comunidades, bem como para usofruto da sociedade como um todo.

2 - Sociais Os benefícios abrangem comunidades quilombolas e tradicionais interligadas a Rede Mocambos, atualmente cerca de duzentas (200) em dezoito (18) estados brasileiros. O projeto será conduzido diretamente pela Casa de Cultura Tainã junto a quatro (4) comunidades mais estruturadas, que já atuam como Núcleo de Formação Continuada, com apoio de pesquisadores da Unicamp. O material produzido será disponibilizado para o público com licenças e formatos abertos na Internet. As propostas de patrimoniamento e tombamento serão encaminhadas ao IPHAN e à UNESCO.


3 – Econômicos A transmissão dos valores e práticas culturais para as novas gerações precisa ser pensada hoje, para que isso seja objeto de capacitação de recursos humanos para estes novos difusores de saber. O projeto dará visibilidade a ao menos um objeto de interesse da comunidade, que por sua vez será documentado e organizado em coleções digitais de acordo com as tecnologias de baixo custo desenvolvidas.

Benefícios a médio-longo prazo (fora do escopo deste ano de trabalho): Esta estruturação do saber comunitário reverterá em conteúdos de acesso aberto e em mini-cursos estruturados. Estes mini-cursos criados a partir do Núcleo de Formação Continuada ao mesmo tempo que darão condições para a transmissão destas práticas culturais para as novas gerações, darão igualmente condições econômicas para os então jovens transmissores de conhecimento levarem adiante estes valores de sua comunidade, na medida em que geram uma infra-estrutura para produção e circulação de conhecimento local e assim podem se posicionar melhor como transmissores deste saber.

Estratégias de ação (memorial descritivo)

Apresentamos os objetivos já dentro do escopo do núcleo de trabalho que deverá desenvolver as atividades necessárias para alcançá-los.

Objetivo 1 - Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital

Desenvolvimento e capacitação ligada a ferramentas tecnológicas livres e socialmente acessíveis para organização e divulgação de conteúdo livre e recursos abertos. O projeto será conduzido pelo NPDD (Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital da Rede Mocambos), em sinergia com os demais Núcleos (NPC, de Produção de Conteúdos e NFC de Formação Continuada). À equipe do NPDD de desenvolvedores se somará a participação de colaboradores, especialistas em diferentes tecnologias. Sob a coordenação do NPDD, o desenvolvimento se dará de forma distribuída, utilizando-se ferramentas colaborativas via internet como git, wiki e irc. A metodologia de desenvolvimento seguirá o modelo "Agile" (HIGHSMITH e FOWLER, 2001) que prevê o lançamento frequente de código funcionante para avaliação contínua por parte dos usuários finais, permitindo a correção e a melhoria ao longo do trabalho. Em pelo menos dois momentos serão realizados sprints de desenvolvimento - encontros imersivos de trabalho, com duração de três dias. O primeiro se dará no início do desenvolvimento, focado em explorar demandas de design, arquitetura e programação, para então orientar os esforços posteriores, que se darão de forma distribuída e a distancia . O segundo sprint, realizado alguns meses depois do efetivo início do desenvolvimento, terá por objetivo avaliar os caminhos tomados pela equipe, aprofundar as estratégias de desenvolvimento que funcionaram e corrigir o que for necessário (refactoring). Se possível, ainda haverá um sprint ao fim do processo para aparar arestas de código e documentação. O projeto deverá criar condições de recursos humanos e infra-estrutura digital para podermos realizar a criação e implementação de tecnologias digitais ou de convergência digital para organização e difusão de conhecimentos tradicionais. Isso se dará agregando estas ferramentas desenvolvidas às ferramentas já existentes para que funcionem de maneira a enriquecer a disponibilidade de recursos para acesso a este acervo. Priorizamos a utilização de ferramentas livres e de fácil acesso, que funcionarão concomitantemente ao posicionamento de difusores de conhecimento específico para compartilhamento de tecnologias guiadas para os objetivos e escopo do projeto. Este projeto desenvolverá ações inovadoras que precisam ser pesquisadas em seu processo de implementação, e que precisam de elementos claros de avaliação ao longo de sua implementação. As inovações se darão na implementação de um “kit” local, que inclui um servidor, software e mídias associadas.

Objetivo 2 - Núcleo de Produção de Conteúdo

Produziremos uma metodologia para a produção de conteúdos locais baseadas em modelos de pesquisa participativa. Efetivamente, buscaremos sistematizar o conhecimento relativo à complexidade da produção de conteúdo local em situações reais de uso e produção. Para tanto, teremos um representante em cada grupo (que poderá ser o mesmo representante acima) que participará de um grupo de trabalho dedicado à produção de recursos didáticos para formação, além de capacitação para produção de recursos digitais. Estes serão multiplicadores para a continuidade do projeto. Sabemos que a implementação de dispositivos e tecnologias interagem diretamente com a configuração social - trata-se portanto de uma inovação que envolve tanto atores humanos como não humanos. Estas configurações e mudanças precisam ser investigadas de maneira local, participativa e interativa. Novas metodologias de pesquisa em inovações educacionais priorizam a identificação de problemas e situações identificados in loco como ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologias e técnicas de ensino. Utilizando os atores locais como parceiros de pesquisa de longo prazo, o espaço se transforma em um “laboratório” de pesquisa autêntico garantindo maior valor aos resultados identificados. A pesquisa é realizada interativamente com protótipos ou “designs” que são estudados profundamente para que se identifiquem fatores importantes para que se atinja o objetivo. (para o conceito de pesquisa baseada em design, veja AMIEL & REEVES, 2008). Neste sentido, buscaremos desenvolver designs complexos que serão implementados e avaliados de maneira iterativa. Os designs iniciais serão compostos de 1) equipamentos: um servidor local (protótipo) incluindo todos os recursos (software/hardware) indicados acima; 2) formação de recursos humanos para uso e customização do sistema, além de produção de recursos digitais. Os designs implementados em um espaço (quilombo, comunidade) e a avaliação de seus fatores de sucesso/desafios servirão de modelo para a implementação nos próximos espaços. Em última instância, busca-se não somente um design replicável, mas também uma série de informações sobre barreiras e fatores de sucesso que podem ser compartilhados gerando modelos; e em instância final, teorias sobre a apropriação tecnológica.

Objetivo 3 - Núcleo de Formação Continuada

Será organizado um grupo composto por 2 membros de cada comunidade tradicional, 2 bolsistas universitários e 1 pesquisador coordenador que trabalharão utilizando ferramentas online e se encontrarão uma vez por mês presencialmente(ou a distãncia caso haja algum impedimento) para uma jornada de 8 horas de trabalho e formação. Como meta, os 2 representantes de cada comunidade serão capacitados como multiplicadores. Esta capacitação tem como enfoque o reconhecimento do valor da cultura local, e iniciativas de patrimoniamento material e imaterial dentro destas comunidades, cujo reconhecimento será feito paulatinamente em nível regional, nacional e mundial. O Projeto aposta em uma crítica epistemológica à interpretação corrente que legitima a produção de conteúdo exclusivamente no espaço intra-muros da universidade. O acesso à cultura também pode ser feito dando condições às comunidades de terem voz e escrita próprias. E aqui nos referimos ao acesso à produção cultural e à produção da reflexão, e não apenas ao consumo do conteúdo disponível online. Para que isso aconteça, é preciso que haja parceria entre Casa de Cultura, a Universidade e outras instituições ligadas ao reconhecimento do Patrimônio Cultural como o IPHAN, a SEPPIR, a FUNAI, a Fundação Palmares, o próprio MinC, etc. Deveremos portanto trabalhar na formação de recursos humanos das próprias comunidades que poderão identificar o que pode ser tombado e o que pode ser patrimoniado como bem material e imaterial. E oxalá dar condições para que estas comunidades possam ver suas práticas culturais reconhecidas formalmente como parte do tesouro da cultura nacional.

OS NÚCLEOS DE TRABALHO

A metodologia de constituição do projeto inclui o fortalecimento de três (3) frentes de trabalho integradas identificadas acima (veja seção Objetivos). Apresentamos as frentes com maior detalhamento abaixo:

Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital

Rota dos baobas - geo-referenciamento.png Figura 1. Rota dos baobás - Geo-referenciamento

Ferramentas pessoais
Espaços nominais
Variantes
Ações
Navegação
Ferramentas
Rede Mocambos