Projetos/PROPOSTA SEPPIR 2012 002

De Rede Mocambos
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Edição feita às 20h18min de 19 de agosto de 2012 por Prisciladila (disc | contribs)
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Prazo para inscrição: 9 de Setembro

Conteúdo

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http://www.seppir.gov.br/.arquivos/chamada-publica-02-2012-quilombos

Objeto

Estruturar uma rede de produção, organização e catalogação digital de conteúdos históricos, artísticos, culturais e linguísticos produzidos por grupos e entidades de matriz africana no Brasil para a transmissão de conhecimentos de detentores e/ou produtores de bens culturais de natureza imaterial para as novas gerações.

Justificativa

É possível estruturar os produtos culturais da Rede Mocambos em acervos tendo em vista a trajetória de uma década promovendo efetivo contato entre comunidades quilombolas e grupos de cultura de matriz africana; a estruturação da rede parte de pesquisas (Tozzi, 2012) já desenvolvidas em torno da implementação de servidores de baixo custo que permitirão a criação e circulação de conhecimento em locais com acesso pleno, ou limitado, à Internet.

Em médio-longo prazo, a rede funcionará como uma fonte de produção de conteúdo local, e consulta para o público em geral. Os recursos serão utilizados para criação de material didático (recursos educacionais abertos), visando a formação sobre temas relacionados à matriz cultural africana, com particular consideração à Lei 10.639 que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio. De maneira inovadora, o projeto fornecerá recursos educacionais regionais, contextualizados e ricos que poderão ser utilizados de forma complementar no ensino fundamental e médio.

Com o fortalecimento das comunidades através da formação de quadros técnicos voltados para a compreensão e capacidade de reconhecimento do que são bens materiais e imateriais, assim como a capacitação técnica e tecnológica para que estes bens possam passar por um processo inicial de digitalização e catalogação se constitui em afinidade com a criação da lei 11.645/08, que preconiza como "obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena" nas escolas. Ou seja, ele tem como a possibilidade de que as comunidades tradicionais se identifiquem como parte da história e sociedade brasileira a partir de suas próprias práticas culturais, e que possam valorizar e difundir isso de forma aberta no espaço digital.

As comunidades são aqui posicionadas como protagonistas da valorização histórica e cultural e é preciso dar voz e visibilidade à história e cultura dos quilombos; utilizando como elemento catalizador a Rede Mocambos, será possível estruturar o processo de transferência tecnológica e de metodologia de reconhecimento do valor cultural e histórico destes grupos sociais. Há tradicionalmente na historiografia do Brasil um gesto de apagamento das iniciativas das comunidades negras em busca da liberdade e cidadania, com maior ênfase nos movimentos em prol da liberdade e direitos humanos, este movimento de re-significação muda a perspectiva que tal historigrafia insiste em perpetuar.

As etapas do processo estruturarão a forma com que as produções das comunidades serão registradas e difundidas garantindo a elaboração de uma tecnologia social que assegure a preservação e a transmissão de tais produções de modo a re-significar a história do negro no Brasil.

Plano de Trabalho

O plano de trabalho consiste em realizar como primeira ação um encontro para formação de base para estruturar três frentes: 1) a organização de uma rede para a construção de uma estrutura para reconhecimento e troca de recursos digitais e de conhecimentos; 2) estrutura para realização de formação continuada e 3) bases para formação de recursos humanos ligada à produção e à disseminação de conteúdo produzido localmente.

Como segunda ação realizar encontros em cada comunidade participante para levantamento da situação de cada uma delas com a intenção de organizar uma estrutura para resgatar, divulgar e compartilhar as produções linguísticas, filosóficas e culturais das matrizes africanas que participam na formação da cultura brasileira para fortalecer as potencialidades técnica e operacional das organizações representativas dos povos e comunidades tradicionais locais em uma ação de formação educacional.

Sequencialmente, a terceira ação é responsabilidade dos multiplicadores em acompanhar as práticas e produções das comunidades localmente, eleger os conteúdos que serão compartilhados e colocá-los no Portal da Rede Mocambos.

A avaliação, que será a última ação dentro do período de realização do projeto, acontecerá em um encontro para compartilhar o desenvolvimento do trabalho dentro de cada comunidade, levantando dificuldades e respostas encontradas, apontando as mudanças feitas para adequação a cada realidade, que tipo de produto foi produzido e como foi produzido bem como o impacto social da proposta e a adesão dos membros da comunidade no desenvolvimento das atividades.

Fortalecimento Institucional e Desenvolvimento Socioeconômico

A possibilidade de resgate das contribuições dos descendentes de matriz africana nas próprias comunidades tem valor inestimável. Depois de séculos de historiografia que representa as negras e negros no Brasil como coadjuvantes do processo de colonização brasileiro contado por outras matrizes culturais, torna-se possível ganhar voz e - esperamos - colocar questões para a formação da cultura nacional. É preciso participar desta discussão como protagonista, e esta é a oportunidade de preparação das comunidades para ocupar este papel.

Considerando que as comunidades tradicionais possuem um histórico de suas práticas que se estruturam como tradição, o fortalecimento institucional precisa ter imanente essa organização como um estabelecimento de inovação no que pode ser considerado fortalecimento de valores.

Tendo isto em vista, o fortalecimento precisa colocar a cosmo visão como referência sendo uma das heranças que tais comunidades levam a cabo em suas vivências, uma visão que relaciona todas as práticas, ações e produções harmonicamente. Na África, mesmo dentro da diversidade, profundidade e peculiaridade gigantesca dos povos africanos, ela tem um aspecto civilizatório, ou seja faz parte do desenvolvimento político, social, econômico e de organização que não se fragmenta em burocracias e nem corresponde ao modelo econômico capitalista, mas enxerga a Terra, todos os seres vivos, entre eles o ser humano, a organização coletiva, aspectos educativos e de estruturação cultural como uma relação intrínseca às decisões, ações, práticas e produções de tecnologias sociais, econômicas, políticas e culturais.

Esse elemento, fomentado e vivido pelas comunidades quilombolas no Brasil, possibilita compreender que o fortalecimento institucional e desenvolvimento socioeconômico se dá com o fortalecimento das práticas já desenvolvidas e respostas já encontradas para demandas observadas pelas comunidades para continuar existindo, garantindo sua autonomia e a valorização de suas criações, em todos os campos de suas práticas que se inter-relacionam. A Rede Mocambos nasce também dessas demandas e realiza um trabalho em rede entre as comunidades; tais necessidades evidenciaram que os Núcleos de Formação ( já citados detalhadamente ou resumidamente no histórico da entidade) favorecem tal desenvolvimento a partir de tecnologias sociais e digitais com o registro das diversas práticas gerando conteúdo para ser organizado a fim de que esse conteúdo seja compartilhado entre as comunidades inicialmente e depois seja difundido através da internet.

Neste sentido o projeto contribui com a visão das comunidades que, tendo como herança a cosmovisão africana de mundo, traz a compreensão de que o pleno fortalecimento desenvolvimento só se dá - e faz parte - em harmonia com o entrelaçamento de suas práticas, ações e produções históricas, linguísticas, culturais e filosóficas para a sustentabilidade de sua existência e a Rede é um organismo que se estrutura neste olhar criando mecanismos para este desenvolvimento.

Pensar o que é riqueza pode equivocadamente remeter à questão financeira, porém, na realidade das comunidades sua riqueza está relacionada ao território, conquistado e trabalhado de forma comunitária, a produção dos bens e a relação de troca vivenciada por estas comunidades.

Muito para além do modo capitalista de produção e de consumo, as práticas realizadas nas comunidades valorizam uma produção que não tende a se estabelecer como acúmulo de mercadoria e obtenção de dinheiro como a maior moeda de troca para um consumo exacerbado de produtos que nem mesmo tem a ver com vida nas comunidades, mas sim fazer ver que os valores gerados dentro das comunidades tem grande potencial de troca que pode garantir a sustentabilidade das comunidades.

Trata-se assim de conhecer de que forma é a produção para realizar trocas de saberes, e como tais bens serão fornecidos para a troca, aliás formas criadas pelas próprias comunidades levando também em conta a necessidade da continuidade de suas práticas em produção agrícola, artesanal entre outras para garantir sua sustentabilidade através da comercialização de seus produtos de forma não predatória, garantindo a permanencia dos recursos, e de forma colaborativa.

Metodologia

Estando evidente o histórico da Rede Mocambos, a proposta aqui apresentada visa trabalhar conteúdos já existentes, capitados nas comunidades ( vídeos, fotos e textos ), bem como trabalhar conteúdos relativos a outras tecnologias que precisam ser conhecidas e desenvolvidas de acordo com a comunidade específica. A metodologia tem como fundamento as três frentes da Rede Mocambos já citadas no plano de trabalho.'O Núcleo de Produção de Conteúdo'(NPC) é uma ação em rede onde será elaborado um tutorial para servir de referência para as Pajelanças Quilombolicas. O NPC terá como lugar de encontro a Casa de Cultura Tainã e será a primeira ação a ser realizada. Neste encontro o foco é a formação de base para construir e encaminhar acervo para biblioteca digital, bem como a produção de notícias para o Portal da Rede Mocambos e migrar o portal para outra ferramenta e para a organização do Mapa de Geo-referenciamento para descrição das comunidades no mapa. A segunda ação está relacionada ao Núcleo de Formação Continuada, é a Pajelança Quilombolica (descrição do que é ou colocar a descrição da pajelança no plano de trabalho.) Cada Pajelança terá um foco diferente orientado pela comunidade. (Aqui definir quais são as comunidades e quais são práticas e necessidades de cada comunidade envolvida)



  • Formação em produção e uso dos conteúdos nas Pajelanças realizadas em comunidades que já utilizam ferramentas para produção audiovisual e fotográfica, entre outras, para inserir tal conteúdo no Portal.

Cronograma Físico

Primeira etapa

Formação de base

para organizar os conteúdos trazidos pelas representantes das comunidades

  • Acervo/ biblioteca - para organizar os conteúdos produzidos e trazidos pelas representantes das comunidades.
  • Notícias Portal - Como inserir notícias no Portal da Rede Mocambos, pensar e elaborar uma nova interface considerando a questão visual,
  • Mapa / organização - conhecer a ferramenta para inserir informações sobre as comunidades,

Segunda etapa

  • Pajelança - Encontros nas comunidades a fim de discutir e refletir sobre a situação de cada comunidade bem como o levantamento de proposta dentro das linhas de trabalho que cada comunidade segue

Terceira etapa

  • Multiplicadores - serão definidos multiplicadores em cada comunidade para gerir a produção e realização das propostas encaminhadas dentro das linhas de trabalho tais linhas são:

(será feito contato para conhecer quem gostaria de ser multiplicador)

  1. Cultura Popular - Coco de Umbigada - Olinda - PE
  2. Gestão do território - Vale do Ribeira - SP
  3. Sustentabilidade - Casa do Boneco - Itacaré - BA

Quarta etapa

  • Avaliação

Será um encontro para fazer a avaliação conjunta das realizações do projeto,

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