CONTEUDO PORTAL
Rede Mocambos
Uma Rede de Comunicação Social
É uma rede de negras e negros de âmbito internacional. Conectando através das tecnologias da informação e comunicação comunidades quilombolas rurais e urbanas. Para isso buscamos parcerias de diversos segmentos para que de forma colaborativa e coletiva possamos reunir diferentes programas, projetos e ações voltados para o desenvolvimento humano, social, econômico, cultural, ambiental e preservação do patrimônio histórico-memória dessas comunidades.
É uma rede solidária de comunidades, na qual o objetivo principal é compartilhar idéias e oferecer apoio recíproco. Os eixos principais que a Rede enxerga são a identidade cultural, o desenvolvimento local, apropriação tecnológica e a inclusão social. A ideia da Rede nasceu em quilombos, em particular em um quilombo urbano, a Casa de Cultura Tainã.
A identidade quilombola é uma raiz da história do nosso povo e do nosso país, pois desde a época do Brasil Colônia contribuiu efetivamente para o crescimento econômico e social do nosso pais, mas foram sumariamente excluídos, e em sua maioria ainda são da divisão da riqueza gerada por esse crescimento, e por isso a necessidade da luta pelo acesso a políticas públicas e direitos legais a propriedade das terras que são ocupadas por elas a diversas gerações. Portanto precisamos garantir as comunidades condições para que se desenvolverem, tendo em conta a enorme divida histórica que o nosso país ainda tem com elas, lembrando que são as comunidades que devem ter a liberdade de escolher o tipo de desenvolvimento que querem.
A tecnologia é uma frente de trabalho da Rede Mocambos, sendo ao mesmo tempo ideia e meio para transferir ideias. Isto é possível somente com uma real apropriação das técnicas e das lógicas, sem ser usuários passivos de algo já pronto, e que por si mesmo não é livre. Dentro dessa linha de pensamento consideramos que o uso e o desenvolvimento de Software Livre que já permite a criação e o compartilhamento entre nós e o mundo, através da Internet por exemplo, chegando a uma inclusão social auto-determinada nos moldes que a comunidade quer.
Querer escolher os próprios caminhos leva a Rede Mocambos a acreditar num modelo de cooperação que vê as comunidades procurarem apoio para os próprios projetos e não ONGs e instituições proporem e implementarem projetos dentro delas. Um primeiro grande apoio procuramos no Estado, que é o orgão responsável em garantir e facilitar os desenvolvimentos livres do seu povo, neste sentido procuramos apoio do governo para garantir o inclusão digital das comunidades. Um grande passo foi onde não tinha nem um orelhão, levar uma antena de acesso a internet via satelite, pelo programa GESAC do Governo Federal, ligar a luz e colocar as comunidades em comunicação na Internet.
Assim, decorre que é necessário entender a força da cultura dessas comunidades, valorizar os conhecimentos construídos em sua vivência e estimular a difusão de um olhar próprio que proponha o reconhecimento dessa cultura e direitos. Romper com a lógica da submissão a emissores de conteúdos é estratégico para que essas comunidades assumam um papel histórico de enfrentamento da informação globalizada e do sistema opressor e concentrador de riqueza e poder que restringem o desenvolvimento dessa população em nosso pais.
DETALHAMENTO SOBRE O QUE É A REDE MOCAMBOS.
A REDE MOCAMBOS é um projeto da Casa de Cultura Tainã, sediada em Campinas.
“Nós trabalhamos a questão da identidade cultural por meio das ferramentas tecnológicas. É muito importante para essas comunidades estarem incluídas socialmente e digitalmente. Assim, podemos ajudar a promover o desenvolvimento local” - Antonio Carlos (TC)
O que é a REDE MOCAMBOS?
- Canal de comunicação
- Rede de comunicação e solidariedade.
- É uma rede de diferentes programas, projetos e ações voltados para o desenvolvimento humano integral e a preservação do patrimônio histórico e memória em áreas de Quilombos.
- Projeto de redes de comunicação
- Rede solidária de comunidades
- Projeto popular para comunidade negra e periférica
- Promoção da inclusão digital de comunidades ligadas à cultura afro-brasileira.
Onde a REDE MOCAMBOS atua?
- Atua em diferentes territórios urbanos e rurais da confederação brasileira.
Quem fala na REDE MOCAMBOS?
- Comunidades
- Parceiros colaborativos de diferentes programas, projetos e ações voltados para o desenvolvimento; humano, social, econômico, cultural, ambiental e preservação do patrimônio histórico – memória.
Como fala a REDE MOCAMBOS? como quer alcançar seus objetivos?
- Modelo de gestão compartilhada
- Ferramentas de software livres
- Oficinas de formação para produção e apropriação de conhecimento livre e acesso à informação (oficinas de replicação) pela formação e capacitação em Software Livre para a produção do conhecimento e acesso crítico a informação.
- Pela promoção de competências pessoais, coletivas, sociais, formativas, produtivas de indivíduos e comunidades
- Pelo fortalecimento institucional das organizações
- Pela ampliação de acesso aos bens, serviços e novas tecnologias de comunicação e informação (transferência e apropriação da tecnologia)
- Pelo incentivo ao protagonismo da juventude (formação e capacitação de jovens das comunidades para atuar como educadores/disseminadores de conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento de suas comunidades e para interferir na realidade local)
- Pela integração das comunidades quilombolas à Rede Mocambos
- Pela troca de informações, valores e tecnologias
- Pela produção de conteúdos em multimídia
- Pela constituição de emissoras comunitárias de rádio e televisão
- Pela apropriação de tecnologias de manejo ambiental, construção civil e ocupação sustentável de espaços culturais e territoriais
- Pela promoção de oficinas e vivências de capacitação com jovens para o manejo de tecnologias ambientais e de comunicação e de produção do conhecimento e da informação com ferramentas livres
- Pela promoção de oficinas formativas continuadas para documentação da experiência em áudio/vídeo
- Potencializar a constituição de 5 Núcleos de Formação Cultural e de Tecnologia Digital
Quais são os objetivos da a REDE MOCAMBOS?
- Fortalecer identidade cultural e lutas políticas
- Contribuir para a efetivação de políticas públicas
- Trocar idéias e experiências com outras comunidades
- Promover intercambio cultural, político e econômico
- Reparar a dívida histórica das sociedades (GRUPOS SOCIAIS) que participaram da economia escravista os afrodescendentes.
- Potencializar o desenvolvimento no âmbito local e regional
- Permitir o protagonismo das populações vítimas de discriminação, e que vivenciam desvantagens sócio-econômica, política, cultural e ambiental.
- Elaborar, monitorar, avaliar e controlar políticas públicas para a eqüidade.
- Ocupar e criar espaços de proposição, monitoramento e avaliação de políticas públicas
- Qualificar integrantes da Rede para a formulação e negociação de propostas;
- Apoiar as comunidades remanescentes de quilombos.
- Produzir informação sobre a cultura das comunidades e o meio ambiente em que vivem
- Apoiar projetos de etnodesenvolvimento das comunidades.
- Desenvolvimento institucional em comunidades remanescentes de quilombos.
- Incentivar a participação do Brasil nos fóruns internacionais de defesa dos direitos humanos.
- Estimular o debate político-cultural
- Resignificar/valorizar conhecimentos tradicionais
- Potencializar o desenvolvimento de forma sustentável no âmbito local e regional em diferentes territórios do Brasil e África
- Contribuir para a efetivação de políticas públicas para a reparação para com os afro descendentes.
- Incentivar o desenvolvimento social sustentável
- Valorizar conhecimento e sabedoria populares e produção local
implementar novas abordagens e ações de geração de renda
- Discutir o manejo apresentável de recursos naturais
- Reconhecer, estimular e documentar a criação de iniciativas inovadoras, autogeridas e sustentadas
- Identificar e documentar junto às comunidades integrantes da Rede Mocambos suas manifestações e seu patrimônio histórico e cultural, material e imaterial, e manter organizada essa documentação
- Construir um portal de comunicação na Internet para difusão da produção coletiva dos integrantes da Rede Mocambos
- Construir estratégias de ampliação do acesso a bens, serviços, trabalho e renda
- Estimular o desenvolvimento institucional nas comunidades remanescentes de quilombos
Qual a origem do nome MOCAMBOS?
Cultura de resistência dos quilombos:
“O mocambo ou mucambo, a palhoça ou o tejupar, são denominações dadas a moradias construídas artesanalmente usando materiais locais. Nos quilombos mais antigos, como o quilombo de Palmares, os mocambos eram construídos em círculos para facilitar a comunicação e como tática de defesa e resistência.”
“Quilombo é sinônimo de luta pela terra e liberdade, e desta luta que começou há mais de trezentos anos surgiram as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. Comunidades que sobreviveram até hoje na contracorrente da concentração fundiária e da devastação da Mata Atlântica.” (www.quilombosdoribeira.org.br)
Quem está na REDE MOCAMBOS?
27 comunidades (12 pontos de cultura e 15 quilombos)
31 contam com a parceria do Gesac e já estão conectados à Internet
65 novas comunidades serão integradas à Rede Mocambos e deverão ser conectadas à internet.
Qual o contexto e a história da REDE MOCAMBOS?
Criada no ano de 2001
Contexto de criação
Calor do debate sobre o processo de realização do Fórum Social Mundial
Ano da III Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (África do Sul de 31 de agosto a 8 de setembro 2001)
Partindo da premissa de que a democracia converge na igualdade de oportunidades, de tratamento e de condições, priorizamos a questão da inclusão voltada às populações vulneráveis, cujos territórios urbanos e rurais são demarcados pelas diferentes formas de discriminação, violência, ausência de serviços públicos essenciais, desemprego e subemprego entre outras formas de violação de direitos. Considerando o imenso poder que os meios de comunicação exercem, sendo fundamental na construção de estratégias de dominação e controle das populações a eles submetidas, o acesso aos meios de produção e difusão da informação e conhecimento é essencial para as comunidades quilombolas hoje. Daí decorre que é necessário entender a força de sua cultura, valorizar os conhecimentos construídos em sua vivência e estimular a difusão de um olhar próprio que proponha o reconhecimento dessa cultura e direitos. Romper com a lógica da submissão a emissores de conteúdos é estratégico para que essas comunidades assumam um papel histórico de enfrentamento da informação globalizada e do sistema opressor e concentrador de riqueza e poder que restringem o desenvolvimento dessas populações em países como o Brasil.
Quais são os parceiros da rede, por estado
SÃO PAULO
- Campinas: Casa de Cultura Tainã / Projeto Herbert de Souza / Coletivo de Mulheres Laudelina / Nação Congo/ Centro de Convivência e Cooperativa Toninha
- Americana: Associação Arte de Vencer – Tambor Menino
- Salto de Pirapora: Quilombo Cafundó
- Atibaia: Quilombo de Brotas
- Itapeva: Quilombo Jaó
- Vale do Ribeira: Eldorado : André Lopes / Nhunguara / Sapatu / São Pedro / Galvão / Ivaporunduva / Quilombo Pedro Cubas 1 e 2
- Cananéia : Mandira Quilombo Maria Rosa
- Iporanga : Porto Velho / Cangume/ Maria Rosa / Pilões
- Barra do Turvo : Cedro / Pedra Preta / Ribeirão Grande
- Ubatuba: Caçandoca / Camburi / Fazenda da Caixa
RIO GRANDE DO SUL
- Porto Alegre: Instituto Cultural Afro-Sul – Projeto Afro-sul Odomodê
Pelotas: Associação Chibarro
MATO GROSSO DO SUL
- Campo Grande - Mukando Kandango (Associação Familiar da Comunidade Negra São João Batista)
PERNAMBUCO
- Olinda: Maracatu Leão Coroado / Núcleo de Memória Coco de Umbigada – Escola de Ensinamento de Mãe Preta / Alafin Oyó / Comunidade Xambá
- Salgueiro: Associação Quilomba de Conceição das Crioulas PARÁ
- Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO) / UCLA - Projeto Puraqué - União da Cultura Livre da Amazônia (Santarém) / Associação Quilombola de Salvaterra (Marajó)
AMAPÁ
- Conselho das Comunidades Afro-descendentes do Amapá - CCADA (Macapá) / Associação dos Agricultores e Moradores da Comunidade Torrão do Matapi - AAMCTM (Macapá)
links da pesquisa:
http://oca.idbrasil.org.br/wiki2/index.php/Rede_Mocambos
http://estudiolivre.org/tiki-browse_freetags.php?tag=rede%20mocambos
http://wnews.uol.com.br/site/noticias/materia.php?id_secao=1&id_conteudo=9544
http://www.cultura.gov.br/blogs/cultura_digital/?p=97
http://ourproject.org/moin/mocambos
MOCAMBOS
CASA DE CULTURA TAINÃ
A Casa de Cultura Tainã é uma entidade cultural e social sem fins lucrativo fundada por moradores da Vila Castelo Branco e região em 1989 como nome de Associação de Moradores da Vila Castelo Branco e, mais tarde, através de um concurso, foi escolhido o nome de Casa de Cultura Tainã que hoje fica na Vila Padre Manoel da Nóbrega região noroeste do município de Campinas, SP.
Missão
A Casa de Cultura Tainã apresenta-se, hoje, como uma das poucas opções de ação comunitária efetiva, sendo reconhecida como a única referencia cultural numa região onde se registram todos os tipos de carências, resultantes da falta de políticas sociais que assegurem a sobrevivência e a qualidade de vida de crianças e jovens.
Sua missão é possibilitar o acesso à informação, fortalecendo a prática da cidadania e a formação da identidade cultural, visando contribuir para a formação de indivíduos conscientes e atuantes na comunidade.
A região de atuação da Casa de Cultura Tainã compreende uma área de concentração populacional de aproximadamente 50.000 habitantes distribuídos em quatro vilas populares das regiões sul e noroeste. Caracterizada como "o outro lado da cidade", a área possui cerca de 500.000 pessoas em sua linha de extensão, abrigando grande parte da população negra do município.
Mais info no sitio internet www.taina.org.br.
GRUPO BONGAR
O Bongar é composto por seis jovens, integrantes do terreiro Xambá do Quilombo do Portão do Gelo, em Olinda. O grupo foi fundado em 2001, com o propósito de levar aos palcos a tradicional festa do Coco da Xambá, que se realiza na comunidade há mais de 40 anos, no dia 29 de junho. O grupo Bongar tem um trabalho voltado para preservação e divulgação da cultura pernambucana. A formação musical dos integrantes tem origem no universo popular, especificamente da comunidade religiosa Xambá. O Bongar mostra em suas apresentações toda a musicalidade do Coco da Xambá, uma vertente desse ritmo tão presente no Nordeste do Brasil, além de ciranda, maracatu, candomblé, entre outros ritmos da cultura de raízes. O Bongar também realiza oficinas de percussão e dança popular, confecção de instrumentos, aulas-espetáculos e palestras. O público, através do show do Bongar terá a oportunidade de conhecer, não só a música e a dança deste coco tão peculiar, mas compreender a formação histórica e cultural desta Nação. O Bongar tem uma musicalidade muito forte de diversas influências musicais, vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, principalmente da linhagem Xambá. Os integrantes do grupo herdaram toda essa musicalidade desde a infância, ouvindo os mais velhos e aprendendo com eles os toques, as loas e as danças, durante as festas da Casa Xambá.
ARTE DE VENCER
colocar conteúdo
COCO DE UMBIGADA
o vídeo!!!!
MARACATU NAÇÃO LEÃO COROADO
A INSTITUIÇÃO
Maracatu Carnavalesco Misto Leâo Coroado,sociedade civil de carater cultural, sem fins lucrativos, fundado na cidade do RECIFE EM 08 DE DEZEMBRO DE 1863.Tem por objetivos participar de eventos carnavalescos,estudar, promover,defender e divulgar as manifestações carnavalescas, realizar documentação,pesquisas, estudos e divulgaçâo das suas atividades; atuar junto a autoridades religiosas,políticas e educacionais no sentido do reconhecimento, prestígio e respeito às várias formas populares de expressâo cultural: promover a documentaçâo do patrimõnio literario,musical e coreografo do folguedo: o respeito aos direitos de imagem e outros dos artistas populares e artesãos:promover a produçâo de fantasias e adereços carnavalescos:promover cursos: colaborar na divulgaçâo das suas atividades. O Maracatu Carnavalesco Misto Leâo Coroado nâo distribui lucros,bonificações,dividindo outros benificios aos seus associados,nem remunera seus dirigentes.
A TRADIÇÂO
As primeiras irmandades do Rosário seriam ainda do tempo de Anchieta. Os compromissos (estatutos) das irmandades de Pernambuco são em sua maioria do século XVIII.
As irmandades eram criadas por motivos revolucionais e pios; a realizaçâo dos cultos religiosos, a pratica dos sacramentos, a difusão da oração do rosário,a catequese e iniciaçâo religiosa, a comemoração das festas religiosas, a encomendação, o enterro e as missas de defuntos. Tal como as confrarias dos europeus, a dos africanos e afro-descendentes,sem se desviar dos seus estatutos exerceram funçôes sociais mais amplas.
Como instituição associativa,as irmandades exerceram um importante papel na reorganizaçâo socilal dos escravos, na reconstituição de suas comunidades fora das vistas e da influencia direta dos seus senhores.Vale lembrar que os escravos eram procedentes de lugares e culturas diversas, falando línguas africanas diferentes entre si. As irmandades integravam os escravos à cultura européia e não apenas a religião cristã.
Um aspecto que se destaca é o caráter beneficiente. Era inerente a sua atividade a visita e o socorro ao enfermos, velhos e encarcerados. Em algumas regiões as irmandades funcionaram como caixas beneficientes de alforria, emprestando aos irmãos escravos quantias necessárias à compra de sua liberdade; reclamavam às autoridades dos senhores que se excediam nos maus tratos aos escravos e intermediavam as compras dos escravos mais visados pelos senhores para castigos exemplares; se cotizavam para obter as importâncias necessárias a obtenção de alforrias; constituiam dotes para casamentos de filhos de seus associados; mantinahm serviços funerários para transporte e enterro dos irmãos defuntos.
Do ponto de vista da hierarquia católica as irmandades dos africanos e afro-descentes constituiam um caminho para que abandonassem as suas crenças e costumes de origem, e se sentissem participantes da sociedade colonial, amenizando assim a situação de escravidão, que pela lei civil os considerava meros objetos. Em muitos casos esta intenção de abandono das raízes não se concretizou, servindo as irmandades de mera fachada para ocultação da sobrevivência de manifestações culturais africanas. Em Pernambuco os mais famosos pais de santo de linha nagô foram membros das irmandades católicas!
A tradição católica associou festejos profanos às comemorações litúrgicas. A devoção religiosa esteve sempre ligada ao lazer. A devoção a Nossa Senhora do Rosário não poderia fugir a regra e portanto desenvolver manifestações lúdicas .
Ainda em Portugal, os africanos tiveram sua festa profana de comemoração do Rosário.
Há indicações de que já aí, se coroavam reis negros.
Em quase todos os compromissos das irmandades negras brasileiras há autorização para escolha de reis negros na Festa do Rosário.
Muito se tem discutido quanto as origens da festa de reis negros. Ora se considera nitidamente européia, filiadas às Reinagens da Idade Média – escolha de reis ou imperadores de festas, que reuniam por dia; ora se filia à tradição africana de coroação de reis e conflitos de dinastias. Mário de Andrade chega inclusive a identificar uam rainha Ginga, personagem histórica africana, como heroína dos entrechos dramáticos.
No Brasil, a existência de reis negros foi considerada como elemento de ajuste social do escravo, uma vez que sua autoridade ultrapassaria o âmbito da própria festa – alguns reinavam até a coroação de outro, no ano seguinte e havia até os reis perpétuos. Deste modo, pode ser encarado como mais um instrumento de dominação branco.
Os entrechos dramáticos que foram documentados exaltam as virtudes do cristianismo e os poderes do Rosário, indicando uma intenção catequética. São talvez originários de autos catequéticos tão praticados pelos jesuítas entre nós. Alguns podem ser filiados aos folguedos que representam a luta entre cristãos e infiéis, com a derrota e a conversão destes.
É possível deduzir-se de atas, narrativas de viajantes estrangeiros, notícias e crônicas em jornais, desenhos e pinturas, dos séculos passados que originalmente as Festas de reis negros se constituíam de:
a) cortejos – desfiles processionais entre a resedência do Juiz da Festa, ou do Rei do ano anterior até a Igreja ou praça, com os integrantes vestidos em trajes da irmandade ou em trajes da gala, ao modo dos personagens das cortes reais;
b) a presença de guardas reais, com espadas ou bastões;
c) a coroação do rei e da rainha da festa, ou dos reis e rainhas, por grupos étnicos africanos presentes à festa;
d) a dramatização da luta entre um rei cristão negro e um rei pagão, com a vitória do cristão e convenção do seu adversário, ou de uma sublevação na sua corte;
e) a presença de bonecas conduzidas por damas;
É evidente, que nem todas asirmandades chegaram a realizar festas com todos estes elementos. Todavia, o aparecimento de vários , ou alguns destes elementos, nas festas de diversas regiões faz crer na difusão de um modelo, ao menos na sua estrutura, com acréscimos de elementos decorativos secundários locais.
A festa dos reis negros se diferenciou em manifestações locais , com diversas denominações. Para isto terão contribuí o isolamento entre as diversas cidades,diferentes reações e inflências da sociedade envolvente e sobretudo, a predominância na regão de algum grupoétnico africano – as denomiações congos, moçambiques, cambindas parecem confimarb esta hipótese.Umas continuam vinculadas às festas do Rosário ou de santos tidos como negros,como São Benedito, Santa Ifigênia,Santo Elesbão e Gaspar,o rei mago negro do presépio e realizadas no mês de outubro,tradicionalmete o Mês do Rosário ou na festa de reis (6 de janeiro).Outros se desligaram do festejo religioso e passaram aintegrar o carnaval
Entre os diversos folguedos existentes no Brasil, pode-se identificar os procedentes da festa reis negros pelos seguintes elementos,(despresando-se outros de cará decorativos):
a)O sentido de representação dramática, ainda que sem entrecho narrativo verbal;
b)O carátera africano da origem do festejo;
c)A existencia de grupo de representaão de uma guarda real, com formação de estilo militar, mesmo quando não hajam personagens reais. Ações do documento