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Toda essa sensação foi ainda potencializada pela generosidade do artista Aluízio Jeremias em ter percorrido comigo sua obra, compartilhando a memória dos momentos que retrata, sobre o samba de bumbo, sobre os blocos de carnaval, o esmero das fantasias, a grandiosidade da brincadeira, os balizas, as sambadeiras, os passistas, os músicos, os instrumentos, o samba de gafieira, a gafifa, o lugar e as pessoas, personagens de sua obra junto com o samba, que faziam isso tudo acontecer sendo visto e sentido de forma viceral pelo artista quando menino. | Toda essa sensação foi ainda potencializada pela generosidade do artista Aluízio Jeremias em ter percorrido comigo sua obra, compartilhando a memória dos momentos que retrata, sobre o samba de bumbo, sobre os blocos de carnaval, o esmero das fantasias, a grandiosidade da brincadeira, os balizas, as sambadeiras, os passistas, os músicos, os instrumentos, o samba de gafieira, a gafifa, o lugar e as pessoas, personagens de sua obra junto com o samba, que faziam isso tudo acontecer sendo visto e sentido de forma viceral pelo artista quando menino. | ||
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Quando sua mãe ía ao samba ele podia ir e voltar sempre com ela, mas quando ela não ía ele não podia ir, era muito novo, e a janela era o seu grande meio de acesso, embaixo dela desenhava caminhões e bondes. | Quando sua mãe ía ao samba ele podia ir e voltar sempre com ela, mas quando ela não ía ele não podia ir, era muito novo, e a janela era o seu grande meio de acesso, embaixo dela desenhava caminhões e bondes. |
Edição das 12h30min de 22 de outubro de 2012
Conteúdo |
Semba - Memória e Beleza
Cheguei e fui correndo ver os quadros, já havia visto alguns - quando estavam na Tainã ainda sendo conferidos para iniciar a exposição, faltavam alguns para serem pintados, e outros vi na casa do artista, Aluízio Jeremias, em uma visita que fizemos à ele, TC, Vince, da Casa de Cultura Tainã, e eu, durante o processo de criação - e contemplado a exuberância e vida das cores, o jogo de luz e sombra grandemente poético, o murmulhar das roupas e o movimento dos corpos, da rua, da noite, do samba, era fascinante.
Precisava sentir novamente tal expressão, mergulhar naquele universo e ser transportada para um outro lugar na história.
Ainda não havia visto os quadros dispostos em uma exposição com ambientação que possui objetos ligados a cultura afrodescente e com uma organização com formato em algum sentido cronológico da memória de Aluízio, situando personagens que muitas vezes se relacionam em convivência cotidiana e fortes laços.
Seu olhar de menino sobre o samba de Campinas - no bairro Cambuí, na Porteira Preta e em outros cortiços que se formavam na região, consequência da expulsão da comunidade negra de seu espaço, encontrado poucas décadas depois da abolição da escravidão ( Campinas foi a última cidade do país a abolir a escravidão), que agora estava valorizado e virou mercadoria de grande valor para empreendimentos de "sucesso" - revelam, nesses novos territórios, as criações de manifestações cheias de beleza, alegria, cores e samba.
É o projeto Semba - Histórias do Samba de Campinas, exposição da obra do artista plástico e sambista Aluízio Jeremias, com curadoria de TC e produção de Denise Xavier, gestores da Casa de Cultura Tainã.
O primeiro lugar a receber a exposição foi o MACC ( museu de arte contemporânea de Campinas ) do dia 12 de setembro até ao dia 8 de Outubro; no dia 20 de Outubro,sábado, houve sua abertura na Casa de Cultura Tainã, e vai até dia 25 de Novembro, para celebrar também o mês da Consciência Negra e a memória de Zumbi dos Palmares.
O meu encontro tão esperado com a obra aconteceu na Tainã, cheguei bem depois da abertura, noite escura, e o clima era de partilha,um lindo samba sendo tocado na roda já embalava minha imaginação, mergulhada naquela atmosfera de lembranças belas que se apresentavam vivas como o agora.
Toda essa sensação foi ainda potencializada pela generosidade do artista Aluízio Jeremias em ter percorrido comigo sua obra, compartilhando a memória dos momentos que retrata, sobre o samba de bumbo, sobre os blocos de carnaval, o esmero das fantasias, a grandiosidade da brincadeira, os balizas, as sambadeiras, os passistas, os músicos, os instrumentos, o samba de gafieira, a gafifa, o lugar e as pessoas, personagens de sua obra junto com o samba, que faziam isso tudo acontecer sendo visto e sentido de forma viceral pelo artista quando menino.
Me contou que aos quatro anos ficava olhando o samba da janela de sua casa; entre as casas em frente a sua, uma delas a de sua tia, se estendia uma lona em uma estrutura de bambú, e o samba acontecia por horas e horas, até horas depois de amanhecer.
Quando sua mãe ía ao samba ele podia ir e voltar sempre com ela, mas quando ela não ía ele não podia ir, era muito novo, e a janela era o seu grande meio de acesso, embaixo dela desenhava caminhões e bondes.
Me explicou que os balizas, personagens do carnaval que usam capa e bastão, não precisavam ter muita habilidade para sambar, sua capa bastante comprida e os truques com o bastão disfarçavam essa falta de habilidade, geralmente suas roupas possuem as cores da escola de samba, mas podem ser de cores diversas também. Já os passistas, não havia como disfarçar, saber sambar e muito bem era habilidade indispensável.
Sobre a gafifa, descobri com ele que era a gafieira, mas não no salão, e sim em uma casa, era "um encontro de amigos", chamavam os músicos que moravam perto para tocar e se dança gafieira, estava pronta a gafifa.
Com tantas histórias, da vida entre sambistas, vislumbrei a beleza da época, e que satisfação ter a oportunidade de receber tal herança da memória de Aluizio Jeremias.
Enternecida, cumprimentei algumas pessoas, compartilhei com elas brevemente, comemos e bebemos, derramei novamente meus olhos sobre as obras: as saias que rodam, a lua, as luzes ofuscantes dos postes das ruas, as luzes que clareiam as lonas estendidas, que iluminavam as noites de samba, os risos, pés, mãos estendidas, mãos que tocam e todos os outros elementos ali disponíveis; parti com o coração repleto de felicidade e já com um pouco de saudade.
esboços
Fortalecer o Núcleo de Produção de Conteúdo e o Núcleo de Formação Continuada, atuante no processo de multiplicação,
Realizar encontros em cada estado onde já existe um Núcleo de Formação, sempre pensando ações e soluçõ Fortalecer o Núcleo de Produção de Conteúdo e o Núcleo de Formação Continuada, atuante no processo de multiplicação,
Realizar encontros em cada estado onde já existe um Núcleo de Formação, sempre pensando ações e soluções culturais, locais e peculiares afim de efetivar trocas - intercambios, escambos - que através da Rede construirão bases para a estruturação, alimentação e manutenção do Portal, como ferramenta fundamental do processo.
Evidenciar os valores intrínsecos à cultura das comunidades quilombolas e comunidades tradicionais, tendo em vista a necessidade da difusão de suas práticas para que se consolidem como alternativas viáveis de sustentabilidade, considerando o manejo da terra, aspectos de meio ambiente, produção artesanal e manifestações culturais de aspecto artístico como bens que possuem valores agregados sendo práticas que participam da história de resistência desses povos revelando sua autonomia e potencial de transformação social.
Justificativa
É possível estruturar os produtos culturais da Rede Mocambos em acervos digitais tendo em vista a trajetória de uma década promovendo efetivo contato entre comunidades quilombolas e grupos de cultura de matriz africana; a estruturação da rede parte de pesquisas (Tozzi, 2012) já desenvolvidas em torno da implementação de servidores de baixo custo que permitirão a criação e circulação de conhecimento em locais com acesso pleno, ou limitado, à Internet.
Tendo isto em vista o apoio aqui solicitado será imprescindível para a garantia da estrutura inicial, que é a produção e organização do conteúdo, bem como dar continuidade ao levantamento de demandas e encontro de respostas dentro das comunidades, que já tem sido registrado em linguagens multimídias nos encontros da Rede Mocambos, que dará base para que seja possível a troca e a difusão de tais conteúdos entre as comunidades através de servidores locais que posteriormente poderão ser conectados à Internet.
Em curto prazo, através deste projeto, a rede funcionará como uma fonte de produção e organização de conteúdo local, e em médio-longo prazo como consulta para o público em geral. Os conteúdos serão utilizados para criação de material didático (recursos educacionais abertos), visando a formação sobre temas diretamente relacionados à matriz cultural africana, relativos à Lei 10.639 que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio, além de garantir a solidez da produção de conteúdo (registro de suas práticas) dentro das comunidades. De maneira inovadora, o projeto realizará ações que fornecerão recursos educacionais regionais, contextualizados e ricos que poderão ser utilizados entre as comunidades podendo posteriormente serem utilizados na formação sobre a cultura afro-brasileira.
Com o fortalecimento das comunidades através da formação de quadros técnicos voltados para a compreensão, capacidade de reconhecimento e empoderamento do que são bens materiais e imateriais para que sejam registrados, assim como a capacitação técnica e tecnológica para que estes bens possam passar por um processo inicial de digitalização, através da criação do acervo e da inserção de conteúdo no Portal da Rede Mocambos, bem como outros meios de difusão que a própria digitalização do conteúdo favorece, se estabelece uma afinidade com a lei 11.645/08, que preconiza como "obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena" nas escolas e fomenta a elaboração de material ligado a essa temática. Ou seja, ele traz a possibilidade que as comunidades tradicionais se identifiquem como parte da história e sociedade brasileira a partir de suas próprias práticas culturais, e que possam valorizar e difundir isso de forma aberta também no espaço digital.
As comunidades são aqui posicionadas como protagonistas da valorização histórica e cultural e é preciso dar voz e visibilidade à história e cultura dos quilombos; utilizando como elemento catalizador a Rede Mocambos, será possível estruturar o processo de transferência tecnológica e de metodologia de reconhecimento do valor cultural e histórico destes grupos sociais. Há tradicionalmente na historiografia do Brasil um gesto de apagamento das iniciativas das comunidades negras em busca da liberdade e cidadania, com maior ênfase nos movimentos em prol da liberdade e direitos humanos.Este movimento de re-significação muda a perspectiva que tal historiografia insiste em perpetuar.
As etapas do processo estruturarão a forma com que as produções das comunidades serão registradas e difundidas garantindo a elaboração de uma tecnologia social que assegure a preservação e a transmissão de tais produções de modo a re-significar a história do negro no Brasil.
A Rede Mocambos é uma iniciativa em andamento, articulada dentre diversas organizações em diferentes localidades. Seus Núcleos de trabalho têm diferentes estratégias de sustentabilidade, já em implementação.
Considerando que as comunidades tradicionais possuem um histórico de suas práticas que se estruturam como tradição, o fortalecimento institucional precisa ter imanente essa organização como um estabelecimento de inovação no que pode ser considerado fortalecimento de valores.
Tendo isto em vista, o fortalecimento precisa colocar a visão das comunidades como referência sendo ela uma das heranças que tais comunidades levam a cabo em suas vivências, uma visão que relaciona todas as práticas, ações e produções harmonicamente.Tal visão de mundo tem um aspecto civilizatório, ou seja faz parte do desenvolvimento político, social, econômico e de organização que não se fragmenta em burocracias e nem corresponde ao modelo econômico capitalista, mas enxerga a terra, todos os seres vivos, entre eles o ser humano, a organização coletiva, aspectos educativos e de estruturação cultural como uma relação intrínseca às decisões, ações, práticas e produções de tecnologias sociais, econômicas, políticas e culturais.
Esta visão, fomentada e vivida pelas comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais no Brasil, possibilita compreender que o fortalecimento institucional e desenvolvimento socioeconômico se dá com o fortalecimento das práticas já desenvolvidas e respostas já encontradas para demandas observadas pelas comunidades para continuar existindo, garantindo sua autonomia e a valorização de suas criações, em todos os campos de suas práticas que se inter-relacionam.
Neste sentido o projeto contribui com a visão das comunidades que traz a compreensão de que o pleno fortalecimento e desenvolvimento só se dá em harmonia com a garantia de seu território, entrelaçamento de suas práticas, ações e produções históricas, linguísticas, culturais e filosóficas para a sustentabilidade de sua existência e a Rede é um organismo que se estrutura neste olhar criando mecanismos para este desenvolvimento.
Na realidade das comunidades sua riqueza está relacionada ao território, conquistado e trabalhado de forma comunitária, a produção dos bens e a relação de troca vivenciada por estas comunidades.
Muito para além do modo capitalista de produção e de consumo, as práticas realizadas nas comunidades valorizam uma produção que não tende a se estabelecer como acúmulo de mercadoria e obtenção de dinheiro como a maior moeda de troca para um consumo exacerbado de produtos que nem mesmo tem a ver com vida nas comunidades, mas sim fazer ver que os valores gerados dentro das comunidades tem grande potencial de troca que pode garantir a sustentabilidade delas.
Trata-se assim de conhecer de que forma é a produção para realizar trocas de saberes, e como tais bens serão fornecidos para a troca, aliás formas criadas pelas próprias comunidades, levando também em conta a necessidade da continuidade de suas práticas em gestão do território, produção agrícola, artesanal entre outras para garantir sua sustentabilidade através da comercialização de seus produtos de forma não predatória e colaborativa, garantindo a permanência dos recursos.
Metodologia
A Rede Mocambos em suas ações se baseia nos Núcleos de Formação Continuada que contribuem com o desenvolvimento das comunidades a partir de tecnologias sociais e digitais com o registro das diversas práticas gerando conteúdo para ser organizado afim de ser compartilhado entre as comunidades inicialmente e depois seja difundido através da Internet.
São constituídos por três frentes: Núcleo de Produção de Conteúdos e Pedagogias, metodologia para a produção de conteúdos locais baseadas em modelos de pesquisa participativa. Para sistematizar o conhecimento relativo à complexidade da produção de conteúdo local em situações reais de uso e produção, neste encontro, um representante em cada grupo de trabalho se dedicará à produção de recursos didáticos para formação, além de capacitação para produção de recursos digitais. Estes serão multiplicadores para a continuidade do projeto. Tais metodologias de pesquisa são inovações educacionais e priorizam a identificação de problemas e situações identificados, na comunidade específica, como ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologias e técnicas de ensino. Utilizando os atores locais como parceiros de pesquisa de longo prazo, o espaço se transforma em um laboratório de pesquisa autêntico garantindo maior valor aos resultados identificados. É possível então, obter uma série de informações sobre barreiras e fatores de sucesso que podem ser compartilhados gerando modelos; e em instância final, teorias sobre a apropriação tecnológica. para o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas livres e socialmente acessíveis para produção, organização e divulgação de conteúdo.
Núcleo de Formação Continuada este núcleo tem como enfoque o reconhecimento do valor da cultura local, tal reconhecimento será feito paulatinamente em nível regional, nacional e mundial. O Projeto aposta em uma crítica epistemológica à interpretação corrente que legitima a produção de conteúdo exclusivamente no espaço intra-muros da universidade. O acesso à cultura também pode ser feito dando condições às comunidades de terem voz e escrita próprias. E aqui nos referimos ao acesso à produção cultural e à produção da reflexão, e não apenas ao consumo do conteúdo disponível on line.Aqui o trabalho na formação de recursos humanos das próprias comunidades que poderão identificar o que pode ser registrado e difundido, possibilita que existam as condições das comunidades verem suas práticas culturais reconhecidas formalmente como parte do tesouro da cultura nacional.
Núcleo de Desenvolvimento Digital tem como meta a estruturação das condições materiais para a produção de acervos. Trata-se da concepção, desenvolvimento e implementação de uma arquitetura distribuída, voltada para a integração de redes locais mesmo em localidades nas quais a conexão à internet seja instável, lenta ou intermitente. Parte-se da experiência acumulada pela Rede Mocambos, que trabalha com a integração de duzentas comunidades em todas as regiões do país através da apropriação de tecnologias, considerando pontos críticos em que a precariedade do acesso à internet se torna um impeditivo para a efetiva comunicação entre essas comunidades. Este núcleo parte do pressuposto de que não basta usar tecnologias de informação já existentes - precisamos moldar o próprio desenvolvimento dessas tecnologias para que atendam às demandas da sociedade. E adota como princípio básico e metodologia de trabalho, os fundamentos do software livre - tanto na gestão das equipes de trabalho quanto nas soluções tecnológicas que utilizará. Para tanto, baseado nas experiências da rede está em desenvolvimento uma arquitetura e um “kit” de baixo custo que poderá ser adquirido ou montado por cada grupo, com base nos recursos existentes. O modelo para o kit é constituído de um servidor de baixo custo e equipamento para produção de áudio, vídeo, fotos, e digitalização de recursos existentes.Os conteúdos digitalizados e organizados em acervos comporão bibliotecas digitais representativas dos saberes das comunidades e estarão hospedadas em servidores locais utilizando hardware aberto e de baixo custo (um protótipo está em desenvolvimento utilizando hardware de baixo custo como a plataforma Raspberry Pi (http://www.raspberrypi.org) no CLE/UNICAMP) e software livre ([www.greenstone.org Greenstone]). Estes serão sincronizados através do uso de protocolos abertos para troca de metadados (OAI-PMH, git e git-annex). As coleções poderão conter as mídias já disponíveis mas também contemplam as mídias que serão geradas durante o curso do projeto. Para tanto, será base uma metodologia para criação de coleções digitais baseado no trabalho desenvolvido no CLE através do Grupo de Trabalho Multilinguismo no Mundo Digital (cf. Wanderley, 2010). O processo de construção de coleções digitais é desenvolvido desde 2009 neste projeto com alunos de ensino médio, através do CNPq com o Programa de Iniciação Científica Júnior/PICJr. Ele permite verificar a possibilidade do cidadão com letramento médio poder criar, organizar e disponibilizar conteúdo de forma livre, enfim organizar seus interesses particulares de forma metódica em coleções digitais. Permite igualmente que se façam os recortes necessários para que as coleções digitais contemplem o assunto de interesse do usuário, sem que estejam "coladas" ao sistema de áreas e disciplinas acadêmicas. Ou seja, é possível coletar, gerar e tratar informação com temas chamados academicamente de "transversais", de forma a responderem ao conjunto de saberes reconhecidos pelas comunidades, ao mesmo tempo que permite uma interlocução multidisciplinar com a academia. As coleções terão interface com o sistema de geo-referenciamento criado no âmbito do projeto Mocambos. O mapa interativo inclui informações atualizadas das comunidades e será mapeado de maneira integrada para incluir as coleções digitais. Efetivamente, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital terá como meta estruturar os recursos digitais produzidos localmente para criação de material didático sobre os temas de maior interesse local. Em primeira instância, buscaremos a produção de recursos educacionais com temas relacionados as culturas tradicionais, de utilidade não somente para as próprias comunidades, bem como para a educação formal como um todo.
Neste projeto serão fortalecidos os núcleos de produção de conteúdo e o de formação continuada, trabalhando em conteúdos já existentes, capitados nas comunidades e realizar novos registros multimídia, bem como trabalhar conteúdos relativos a outras tecnologias que precisam ser conhecidas e desenvolvidas de acordo com a comunidade específica.
No núcleo de produção de conteúdo, haverá formação de base e terá como lugar de encontro a Casa de Cultura Tainã; será a primeira ação a ser realizada com duração de 15 dias. Consiste em estruturar três frentes: 1) a organização de uma rede para a construção de uma estrutura para reconhecimento e troca de recursos digitais e de conhecimentos; 2) estrutura para realização de formação continuada e 3) bases para formação de recursos humanos ligada à produção e à disseminação de conteúdo produzido localmente - Deste encontro, através de tais frentes, será elaborado um tutorial para servir como exemplo para formação nas comunidades.
Neste encontro haverá também formação para construir e encaminhar acervo para biblioteca digital, bem como a produção de notícias para o Portal da Rede Mocambos e migrar o portal para outra ferramenta, levando em conta o design e arquitetura, e para a organização do Mapa de Geo-referenciamento para descrição das comunidades no mapa.
A segunda ação está relacionada ao núcleo de formação continuada, serão realizados encontros em cada comunidade participante para levantamento da situação de cada uma delas com a intenção de organizar uma estrutura para resgatar, divulgar e compartilhar as produções linguísticas, filosóficas e culturais das matrizes africanas que participam na formação da cultura brasileira para fortalecer as potencialidades técnica e operacional das organizações representativas dos povos e comunidades tradicionais locais em uma ação de formação educacional Acontecerá uma em cada comunidade participante, é a Pajelança Quilombolica uma vivência que fomenta o reconhecimento da sabedoria e prática de cada pessoa presente, trazendo propostas de sustentabilidade para sua comunidade e para fora dela, fisicamente ou virtualmente. Tem como escopo um processo de provocação e revisão de hábitos.Além de uma oficina de cultura e tecnologia, é uma vivência transformadora sobre identidade que remete ao passado, presente e futuro e sobre o que as ações podem influenciar no que pretende ser deixado para a posteridade.
O terceiro passo é a ação dos multiplicadores em suas comunidades afim de registrar e organizar o conteúdo produzido, com autonomia para definir o que é relevante para ser registrado e organizado, deste modo contribuir para um olhar emancipatório tendo como referencia o próprio envolvimento do multiplicador com a comunidade para avaliar o que precisa ser registrado, transmitido e difundido.Os eixos que já são terrenos de trabalho e reflexão dentro da Rede Mocambos são 4: Rede de Comunicação Compartilhada, Gestão de Território, Sustentabilidade e Cultura Popular, sendo assim, além dos levantamentos peculiares a cada situação encontrada pelos multiplicadores, tais eixos são prioritários.Sequencialmente, a terceira ação são as realizações dos multiplicadores em acompanhar as práticas e produções das comunidades localmente.
Concomitante à terceira ação, a quarta ação será de eleger os conteúdos que serão compartilhados e colocá-los no Portal da Rede Mocambos e acompanhar os conteúdos que serão postados no Portal considerando aspectos técnicos como, por exemplo, tamanho do arquivo e relação com a proposta do projeto.
A avaliação, é a quarta ação, e será um encontro para compartilhar o desenvolvimento do trabalho dentro de cada comunidade, levantando dificuldades e respostas encontradas, apontando as mudanças feitas para adequação a cada realidade, que tipo de produto foi produzido e como foi produzido bem como o impacto social da proposta e a adesão dos membros da comunidade no desenvolvimento das atividades um encontro para avaliação, onde multiplicadores de todas as comunidades participantes se reunirão para troca de experiências e compartilhamento de avaliação crítica do trabalho, considerando todos os aspectos e caminhos percorridos para as realizações.
Resultados esperados
Estruturação do saber comunitário possibilitado pela organização e difusão dos conteúdos, este processo terá a duração de 9 meses, ou seja durante todo o projeto esta estruturação será vigente; tal sistematização garantirá um acervo digitalizado que poderá ser acessado por toda a sociedade, afim de dar visibilidade às contribuições das comunidades quilombolas considerando suas criações na diversidade da abordagem de suas práticas. Divulgar os bens produzidos nas comunidades afim de inseri-los em espaços de comercialização.
Durante a realização do projeto estes resultados poderão ser contemplados, já que em sua primeira etapa, que durará 15 dias, haverá a sistematização de conteúdo já captado nas comunidades - existe bastante material - o que contribui para a elaboração de um tutorial que será compartilhado entre as comunidades para que sirva de modelo para a sistematização dos conteúdos locais; nas etapas dentro das comunidades, descritas na metodologia e no cronograma físico do projeto, também será possível visualizar os resultados. Serão registradas as práticas locais e tais conteúdos serão selecionados e organizados autonomamente pelos multiplicadores nas comunidades, tal processo terá a duração de 5 meses e terá como resultado a estruturação de saberes de todas as comunidades envolvidas.
Cronograma Físico
Primeira etapa
Formação de base
Meta:organizar os conteúdos produzidos pelas comunidades em encontro inicial de formação de base;
- Acervo/ biblioteca - para organizar os conteúdos produzidos e trazidos pelas representantes das comunidades.
- Notícias Portal - Como inserir notícias no Portal da Rede Mocambos, pensar e elaborar uma nova interface considerando a questão visual,
- Mapa / organização - conhecer a ferramenta para inserir informações sobre as comunidades,
Segunda etapa
Meta: Pajelança - Encontros nas comunidades a fim de discutir e refletir sobre a situação de cada comunidade bem como o levantamento de proposta dentro das linhas de trabalho que cada comunidade segue;
Terceira etapa
Meta: Multiplicadores - serão definidos multiplicadores em cada comunidade para gerir a produção e realização das propostas encaminhadas dentro das linhas de trabalho tais linhas são:
(será feito contato para conhecer quem gostaria de ser multiplicador)
- Rede de Comunicação Comunitária
- Cultura Popular
- Gestão do território - Vale do Ribeira
- Sustentabilidade
Quarta etapa
Meta: Avaliação Crítica do trabalho - Durante o desenvolvimento da terceira etapa, os multiplicadores realizarão encontros de avaliação para o registro e sistematização do trabalho em andamento, bem como seu aprimoramento;
Quinta etapa
Meta: Avaliação Geral
es culturais, locais e peculiares afim de efetivar trocas - intercambios, escambos - que através da Rede construirão bases para a estruturação, alimentação e manutenção do Portal, como ferramenta fundamental do processo.
Evidenciar os valores intrínsecos à cultura das comunidades quilombolas e comunidades tradicionais, tendo em vista a necessidade da difusão de suas práticas para que se consolidem como alternativas viáveis de sustentabilidade, considerando o manejo da terra, aspectos de meio ambiente, produção artesanal e manifestações culturais de aspecto artístico como bens que possuem valores agregados sendo práticas que participam da história de resistência desses povos revelando sua autonomia e potencial de transformação social.
Justificativa
É possível estruturar os produtos culturais da Rede Mocambos em acervos digitais tendo em vista a trajetória de uma década promovendo efetivo contato entre comunidades quilombolas e grupos de cultura de matriz africana; a estruturação da rede parte de pesquisas (Tozzi, 2012) já desenvolvidas em torno da implementação de servidores de baixo custo que permitirão a criação e circulação de conhecimento em locais com acesso pleno, ou limitado, à Internet.
Tendo isto em vista o apoio aqui solicitado será imprescindível para a garantia da estrutura inicial, que é a produção e organização do conteúdo, bem como dar continuidade ao levantamento de demandas e encontro de respostas dentro das comunidades, que já tem sido registrado em linguagens multimídias nos encontros da Rede Mocambos, que dará base para que seja possível a troca e a difusão de tais conteúdos entre as comunidades através de servidores locais que posteriormente poderão ser conectados à Internet.
Em curto prazo, através deste projeto, a rede funcionará como uma fonte de produção e organização de conteúdo local, e em médio-longo prazo como consulta para o público em geral. Os conteúdos serão utilizados para criação de material didático (recursos educacionais abertos), visando a formação sobre temas diretamente relacionados à matriz cultural africana, relativos à Lei 10.639 que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio, além de garantir a solidez da produção de conteúdo (registro de suas práticas) dentro das comunidades. De maneira inovadora, o projeto realizará ações que fornecerão recursos educacionais regionais, contextualizados e ricos que poderão ser utilizados entre as comunidades podendo posteriormente serem utilizados na formação sobre a cultura afro-brasileira.
Com o fortalecimento das comunidades através da formação de quadros técnicos voltados para a compreensão, capacidade de reconhecimento e empoderamento do que são bens materiais e imateriais para que sejam registrados, assim como a capacitação técnica e tecnológica para que estes bens possam passar por um processo inicial de digitalização, através da criação do acervo e da inserção de conteúdo no Portal da Rede Mocambos, bem como outros meios de difusão que a própria digitalização do conteúdo favorece, se estabelece uma afinidade com a lei 11.645/08, que preconiza como "obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena" nas escolas e fomenta a elaboração de material ligado a essa temática. Ou seja, ele traz a possibilidade que as comunidades tradicionais se identifiquem como parte da história e sociedade brasileira a partir de suas próprias práticas culturais, e que possam valorizar e difundir isso de forma aberta também no espaço digital.
As comunidades são aqui posicionadas como protagonistas da valorização histórica e cultural e é preciso dar voz e visibilidade à história e cultura dos quilombos; utilizando como elemento catalizador a Rede Mocambos, será possível estruturar o processo de transferência tecnológica e de metodologia de reconhecimento do valor cultural e histórico destes grupos sociais. Há tradicionalmente na historiografia do Brasil um gesto de apagamento das iniciativas das comunidades negras em busca da liberdade e cidadania, com maior ênfase nos movimentos em prol da liberdade e direitos humanos.Este movimento de re-significação muda a perspectiva que tal historiografia insiste em perpetuar.
As etapas do processo estruturarão a forma com que as produções das comunidades serão registradas e difundidas garantindo a elaboração de uma tecnologia social que assegure a preservação e a transmissão de tais produções de modo a re-significar a história do negro no Brasil.
A Rede Mocambos é uma iniciativa em andamento, articulada dentre diversas organizações em diferentes localidades. Seus Núcleos de trabalho têm diferentes estratégias de sustentabilidade, já em implementação.
Considerando que as comunidades tradicionais possuem um histórico de suas práticas que se estruturam como tradição, o fortalecimento institucional precisa ter imanente essa organização como um estabelecimento de inovação no que pode ser considerado fortalecimento de valores.
Tendo isto em vista, o fortalecimento precisa colocar a visão das comunidades como referência sendo ela uma das heranças que tais comunidades levam a cabo em suas vivências, uma visão que relaciona todas as práticas, ações e produções harmonicamente.Tal visão de mundo tem um aspecto civilizatório, ou seja faz parte do desenvolvimento político, social, econômico e de organização que não se fragmenta em burocracias e nem corresponde ao modelo econômico capitalista, mas enxerga a terra, todos os seres vivos, entre eles o ser humano, a organização coletiva, aspectos educativos e de estruturação cultural como uma relação intrínseca às decisões, ações, práticas e produções de tecnologias sociais, econômicas, políticas e culturais.
Esta visão, fomentada e vivida pelas comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais no Brasil, possibilita compreender que o fortalecimento institucional e desenvolvimento socioeconômico se dá com o fortalecimento das práticas já desenvolvidas e respostas já encontradas para demandas observadas pelas comunidades para continuar existindo, garantindo sua autonomia e a valorização de suas criações, em todos os campos de suas práticas que se inter-relacionam.
Neste sentido o projeto contribui com a visão das comunidades que traz a compreensão de que o pleno fortalecimento e desenvolvimento só se dá em harmonia com a garantia de seu território, entrelaçamento de suas práticas, ações e produções históricas, linguísticas, culturais e filosóficas para a sustentabilidade de sua existência e a Rede é um organismo que se estrutura neste olhar criando mecanismos para este desenvolvimento.
Na realidade das comunidades sua riqueza está relacionada ao território, conquistado e trabalhado de forma comunitária, a produção dos bens e a relação de troca vivenciada por estas comunidades.
Muito para além do modo capitalista de produção e de consumo, as práticas realizadas nas comunidades valorizam uma produção que não tende a se estabelecer como acúmulo de mercadoria e obtenção de dinheiro como a maior moeda de troca para um consumo exacerbado de produtos que nem mesmo tem a ver com vida nas comunidades, mas sim fazer ver que os valores gerados dentro das comunidades tem grande potencial de troca que pode garantir a sustentabilidade delas.
Trata-se assim de conhecer de que forma é a produção para realizar trocas de saberes, e como tais bens serão fornecidos para a troca, aliás formas criadas pelas próprias comunidades, levando também em conta a necessidade da continuidade de suas práticas em gestão do território, produção agrícola, artesanal entre outras para garantir sua sustentabilidade através da comercialização de seus produtos de forma não predatória e colaborativa, garantindo a permanência dos recursos.
Metodologia
A Rede Mocambos em suas ações se baseia nos Núcleos de Formação que contribuem com o desenvolvimento das comunidades a partir de tecnologias sociais e digitais com o registro das diversas práticas gerando conteúdo para ser organizado afim de ser compartilhado entre as comunidades inicialmente e depois seja difundido através da Internet.
São constituídos por três frentes: Núcleo de Produção de Conteúdo, metodologia para a produção de conteúdos locais baseadas em modelos de pesquisa participativa. Para sistematizar o conhecimento relativo à complexidade da produção de conteúdo local em situações reais de uso e produção, neste encontro, um representante em cada grupo de trabalho se dedicará à produção de recursos didáticos para formação, além de capacitação para produção de recursos digitais. Estes serão multiplicadores para a continuidade do projeto. Tais metodologias de pesquisa são inovações educacionais e priorizam a identificação de problemas e situações identificados, na comunidade específica, como ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologias e técnicas de ensino. Utilizando os atores locais como parceiros de pesquisa de longo prazo, o espaço se transforma em um laboratório de pesquisa autêntico garantindo maior valor aos resultados identificados. É possível então, obter uma série de informações sobre barreiras e fatores de sucesso que podem ser compartilhados gerando modelos; e em instância final, teorias sobre a apropriação tecnológica. para o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas livres e socialmente acessíveis para produção, organização e divulgação de conteúdo.
Núcleo de Formação Continuada este núcleo tem como enfoque o reconhecimento do valor da cultura local, tal reconhecimento será feito paulatinamente em nível regional, nacional e mundial. O Projeto aposta em uma crítica epistemológica à interpretação corrente que legitima a produção de conteúdo exclusivamente no espaço intra-muros da universidade. O acesso à cultura também pode ser feito dando condições às comunidades de terem voz e escrita próprias. E aqui nos referimos ao acesso à produção cultural e à produção da reflexão, e não apenas ao consumo do conteúdo disponível on line.Aqui o trabalho na formação de recursos humanos das próprias comunidades que poderão identificar o que pode ser registrado e difundido, possibilita que existam as condições das comunidades verem suas práticas culturais reconhecidas formalmente como parte do tesouro da cultura nacional.
Núcleo de Desenvolvimento Digital tem como meta a estruturação das condições materiais para a produção de acervos. Trata-se da concepção, desenvolvimento e implementação de uma arquitetura distribuída, voltada para a integração de redes locais mesmo em localidades nas quais a conexão à internet seja instável, lenta ou intermitente. Parte-se da experiência acumulada pela Rede Mocambos, que trabalha com a integração de duzentas comunidades em todas as regiões do país através da apropriação de tecnologias, considerando pontos críticos em que a precariedade do acesso à internet se torna um impeditivo para a efetiva comunicação entre essas comunidades. Este núcleo parte do pressuposto de que não basta usar tecnologias de informação já existentes - precisamos moldar o próprio desenvolvimento dessas tecnologias para que atendam às demandas da sociedade. E adota como princípio básico e metodologia de trabalho, os fundamentos do software livre - tanto na gestão das equipes de trabalho quanto nas soluções tecnológicas que utilizará. Para tanto, baseado nas experiências da rede está em desenvolvimento uma arquitetura e um “kit” de baixo custo que poderá ser adquirido ou montado por cada grupo, com base nos recursos existentes. O modelo para o kit é constituído de um servidor de baixo custo e equipamento para produção de áudio, vídeo, fotos, e digitalização de recursos existentes.Os conteúdos digitalizados e organizados em acervos comporão bibliotecas digitais representativas dos saberes das comunidades e estarão hospedadas em servidores locais utilizando hardware aberto e de baixo custo (um protótipo está em desenvolvimento utilizando hardware de baixo custo como a plataforma Raspberry Pi (http://www.raspberrypi.org) no CLE/UNICAMP) e software livre ([www.greenstone.org Greenstone]). Estes serão sincronizados através do uso de protocolos abertos para troca de metadados (OAI-PMH, git e git-annex). As coleções poderão conter as mídias já disponíveis mas também contemplam as mídias que serão geradas durante o curso do projeto. Para tanto, será base uma metodologia para criação de coleções digitais baseado no trabalho desenvolvido no CLE através do Grupo de Trabalho Multilinguismo no Mundo Digital (cf. Wanderley, 2010). O processo de construção de coleções digitais é desenvolvido desde 2009 neste projeto com alunos de ensino médio, através do CNPq com o Programa de Iniciação Científica Júnior/PICJr. Ele permite verificar a possibilidade do cidadão com letramento médio poder criar, organizar e disponibilizar conteúdo de forma livre, enfim organizar seus interesses particulares de forma metódica em coleções digitais. Permite igualmente que se façam os recortes necessários para que as coleções digitais contemplem o assunto de interesse do usuário, sem que estejam "coladas" ao sistema de áreas e disciplinas acadêmicas. Ou seja, é possível coletar, gerar e tratar informação com temas chamados academicamente de "transversais", de forma a responderem ao conjunto de saberes reconhecidos pelas comunidades, ao mesmo tempo que permite uma interlocução multidisciplinar com a academia. As coleções terão interface com o sistema de geo-referenciamento criado no âmbito do projeto Mocambos. O mapa interativo inclui informações atualizadas das comunidades e será mapeado de maneira integrada para incluir as coleções digitais. Efetivamente, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Digital terá como meta estruturar os recursos digitais produzidos localmente para criação de material didático sobre os temas de maior interesse local. Em primeira instância, buscaremos a produção de recursos educacionais com temas relacionados as culturas tradicionais, de utilidade não somente para as próprias comunidades, bem como para a educação formal como um todo.
Neste projeto serão fortalecidos os núcleos de produção de conteúdo e o de formação continuada, trabalhando em conteúdos já existentes, capitados nas comunidades e realizar novos registros multimídia, bem como trabalhar conteúdos relativos a outras tecnologias que precisam ser conhecidas e desenvolvidas de acordo com a comunidade específica.
No núcleo de produção de conteúdo, haverá formação de base e terá como lugar de encontro a Casa de Cultura Tainã; será a primeira ação a ser realizada com duração de 15 dias. Consiste em estruturar três frentes: 1) a organização de uma rede para a construção de uma estrutura para reconhecimento e troca de recursos digitais e de conhecimentos; 2) estrutura para realização de formação continuada e 3) bases para formação de recursos humanos ligada à produção e à disseminação de conteúdo produzido localmente - Deste encontro, através de tais frentes, será elaborado um tutorial para servir como exemplo para formação nas comunidades.
Neste encontro haverá também formação para construir e encaminhar acervo para biblioteca digital, bem como a produção de notícias para o Portal da Rede Mocambos e migrar o portal para outra ferramenta, levando em conta o design e arquitetura, e para a organização do Mapa de Geo-referenciamento para descrição das comunidades no mapa.
A segunda ação está relacionada ao núcleo de formação continuada, serão realizados encontros em cada comunidade participante para levantamento da situação de cada uma delas com a intenção de organizar uma estrutura para resgatar, divulgar e compartilhar as produções linguísticas, filosóficas e culturais das matrizes africanas que participam na formação da cultura brasileira para fortalecer as potencialidades técnica e operacional das organizações representativas dos povos e comunidades tradicionais locais em uma ação de formação educacional Acontecerá uma em cada comunidade participante, é a Pajelança Quilombolica uma vivência que fomenta o reconhecimento da sabedoria e prática de cada pessoa presente, trazendo propostas de sustentabilidade para sua comunidade e para fora dela, fisicamente ou virtualmente. Tem como escopo um processo de provocação e revisão de hábitos.Além de uma oficina de cultura e tecnologia, é uma vivência transformadora sobre identidade que remete ao passado, presente e futuro e sobre o que as ações podem influenciar no que pretende ser deixado para a posteridade.
O terceiro passo é a ação dos multiplicadores em suas comunidades afim de registrar e organizar o conteúdo produzido, com autonomia para definir o que é relevante para ser registrado e organizado, deste modo contribuir para um olhar emancipatório tendo como referencia o próprio envolvimento do multiplicador com a comunidade para avaliar o que precisa ser registrado, transmitido e difundido.Os eixos que já são terrenos de trabalho e reflexão dentro da Rede Mocambos são 4: Rede de Comunicação Compartilhada, Gestão de Território, Sustentabilidade e Cultura Popular, sendo assim, além dos levantamentos peculiares a cada situação encontrada pelos multiplicadores, tais eixos são prioritários.Sequencialmente, a terceira ação são as realizações dos multiplicadores em acompanhar as práticas e produções das comunidades localmente.
Concomitante à terceira ação, a quarta ação será de eleger os conteúdos que serão compartilhados e colocá-los no Portal da Rede Mocambos e acompanhar os conteúdos que serão postados no Portal considerando aspectos técnicos como, por exemplo, tamanho do arquivo e relação com a proposta do projeto.
A avaliação, é a quarta ação, e será um encontro para compartilhar o desenvolvimento do trabalho dentro de cada comunidade, levantando dificuldades e respostas encontradas, apontando as mudanças feitas para adequação a cada realidade, que tipo de produto foi produzido e como foi produzido bem como o impacto social da proposta e a adesão dos membros da comunidade no desenvolvimento das atividades um encontro para avaliação, onde multiplicadores de todas as comunidades participantes se reunirão para troca de experiências e compartilhamento de avaliação crítica do trabalho, considerando todos os aspectos e caminhos percorridos para as realizações.
Resultados esperados
Estruturação do saber comunitário possibilitado pela organização e difusão dos conteúdos, este processo terá a duração de 9 meses, ou seja durante todo o projeto esta estruturação será vigente; tal sistematização garantirá um acervo digitalizado que poderá ser acessado por toda a sociedade, afim de dar visibilidade às contribuições das comunidades quilombolas considerando suas criações na diversidade da abordagem de suas práticas. Divulgar os bens produzidos nas comunidades afim de inseri-los em espaços de comercialização.
Durante a realização do projeto estes resultados poderão ser contemplados, já que em sua primeira etapa, que durará 15 dias, haverá a sistematização de conteúdo já captado nas comunidades - existe bastante material - o que contribui para a elaboração de um tutorial que será compartilhado entre as comunidades para que sirva de modelo para a sistematização dos conteúdos locais; nas etapas dentro das comunidades, descritas na metodologia e no cronograma físico do projeto, também será possível visualizar os resultados. Serão registradas as práticas locais e tais conteúdos serão selecionados e organizados autonomamente pelos multiplicadores nas comunidades, tal processo terá a duração de 5 meses e terá como resultado a estruturação de saberes de todas as comunidades envolvidas.
Cronograma Físico
Primeira etapa
Formação de base
Meta:organizar os conteúdos produzidos pelas comunidades em encontro inicial de formação de base;
- Acervo/ biblioteca - para organizar os conteúdos produzidos e trazidos pelas representantes das comunidades.
- Notícias Portal - Como inserir notícias no Portal da Rede Mocambos, pensar e elaborar uma nova interface considerando a questão visual,
- Mapa / organização - conhecer a ferramenta para inserir informações sobre as comunidades,
Segunda etapa
Meta: Pajelança - Encontros nas comunidades a fim de discutir e refletir sobre a situação de cada comunidade bem como o levantamento de proposta dentro das linhas de trabalho que cada comunidade segue;
Terceira etapa
Meta: Multiplicadores - serão definidos multiplicadores em cada comunidade para gerir a produção e realização das propostas encaminhadas dentro das linhas de trabalho tais linhas são:
(será feito contato para conhecer quem gostaria de ser multiplicador)
- Rede de Comunicação Comunitária
- Cultura Popular
- Gestão do território - Vale do Ribeira
- Sustentabilidade
Quarta etapa
Meta: Avaliação Crítica do trabalho - Durante o desenvolvimento da terceira etapa, os multiplicadores realizarão encontros de avaliação para o registro e sistematização do trabalho em andamento, bem como seu aprimoramento;
Quinta etapa
Meta: Avaliação Geral
Estruturação do saber comunitário possibilitado pela organização e difusão dos conteúdos, este processo terá a duração de 9 meses, ou seja durante todo o projeto esta estruturação será vigente; tal sistematização garantirá um acervo digitalizado que poderá ser acessado por toda a sociedade, afim de dar visibilidade às contribuições das comunidades quilombolas considerando suas criações na diversidade da abordagem de suas práticas. Divulgar os bens produzidos nas comunidades afim de inseri-los em espaços de comercialização.
Durante 15 dias organizar os conteúdos produzidos pelas comunidades em encontro inicial de formação de base tendo como principais preocupações o acervo - para organizar os conteúdos produzidos e trazidos pelas representantes das comunidades; notícias do Portal - inserir notícias no Portal da Rede Mocambos, pensar e elaborar uma nova interface considerando a questão visual, e conhecer a ferramenta do mapa de geo referenciamento para inserir informações sobre as comunidades,
Segunda etapa
Meta: Pajelança - Encontros nas comunidades a fim de discutir e refletir sobre a situação de cada comunidade bem como o levantamento de proposta dentro das linhas de trabalho que cada comunidade segue;
Terceira etapa
Meta: Multiplicadores - serão definidos multiplicadores em cada comunidade para gerir a produção e realização das propostas encaminhadas dentro das linhas de trabalho tais linhas são:
(será feito contato para conhecer quem gostaria de ser multiplicador)
Rede de Comunicação Comunitária Cultura Popular Gestão do território - Vale do Ribeira Sustentabilidade
Quarta etapa
Meta: Avaliação Crítica do trabalho - Durante o desenvolvimento da terceira etapa, os multiplicadores realizarão encontros de avaliação para o registro e sistematização do trabalho em andamento, bem como seu aprimoramento;
Quinta etapa
Meta: Avaliação Geral
Estruturação do saber comunitário possibilitado pela organização e difusão dos conteúdos, este processo terá a duração de 9 meses, ou seja durante todo o projeto esta estruturação será vigente; tal sistematização garantirá um acervo digitalizado que poderá ser acessado por toda a sociedade, afim de dar visibilidade às contribuições das comunidades quilombolas considerando suas criações na diversidade da abordagem de suas práticas. Divulgar os bens produzidos nas comunidades afim de inseri-los em espaços de comercialização.
A vivência na Pajelança estimula o reconhecimento da sabedoria e prática de cada um, dando alternativas de sustentabilidade dentro e para sua comunidade, física ou virtual. É um processo de provocação e revisão de nossos hábitos. Muito mais que uma oficina de cultura e tecnologia, é uma vivência transformadora sobre quem fomos, somos e seremos e também sobre o que nos tornamos e o que deixaremos.
Resgatar a prática ancestral africana e indígena da roda de conversa e do trabalho coletivo para o coletivo, integrando práticas e tecnologias novas e antigas para criar soluções sustentáveis e replicáveis.
Empoderar a Rede Mocambos e seus elementos no uso, criação, programação, alimentação e manutenção de uma rede social autônoma, construída com nossos conhecimentos e para nossos conhecimentos; -Trocar conhecimento através do diálogo e da prática; -Mapear e cartografar as comunidades, encontros presenciais e oficinas de capacitação; -Registro das interações e produção de conteúdos para o Banco de dados disponibilizado no portal da Rede Mocambos; -Praticar a roda de conversa como elemento de convívio social e educativo; -Articular/mobilizar as comunidades envolvidas na Rede e agregar novas comunidades quilombolas no processo; -Fortalecer a representação sagrada da nossa presença e do espaço que ocupamos na terra; -Criar a Rota dos Baobás, elemento simbólico que remete à nossa ancestralidade e tradições, através do cultivo e plantio dessa árvore africana nas comunidades que integram a rede.
As Pajelanças são articuladas e organizadas por iniciativa ou com o apoio dos chamados Núcleos de Formação Continuada (NFC). As Pajelanças Quilombólicas, com o trabalho em rede, de tipo associativo e solidário, através de mídias digitais livres, possibilitam a formação de agentes culturais comunitários, geradores de ações cidadãs e participativas, para que estes, instrumentalizados, favoreçam o desenvolvimento da postura crítica e emancipatória na produção e distribuição de produtos artísticos oriundos da cultura popular, gerando empoderamento e renda. Uma Pajelança parte da articulação das comunidades para escolha de quem sediará o encontro, de como cada uma das outras comunidades colaborará na organização desse encontro e de quais os assuntos principais a serem abordados. Uma proposta que pode partir da comunidade que convida, fazendo face a um problema concreto ou pode partir de "ofertas", conhecimentos de colaboradores da rede Mocambos, como amigos da rede que trabalham com a questão do geo-referenciamento, para a criação colaborativa de programas para vigilância das fronteiras e monitoramento de desmatamento e queimadas, produtores de vídeo e cinema que propõem oficinas de produção audiovisual, artistas que convidam à construção de intervenções comunitárias etc. A partir daí, cada comunidade entra num processo de seleção ou indicação dos participantes que serão enviados, encarregados de trazer de volta os conhecimentos, as discussões e as motivações para suas comunidades. São pessoas ativas naquela região, que carregam vários saberes e estórias, desde os rituais religiosos, seus cantos e preceitos, passando por conhecimento de técnicas de plantio e convívio com a natureza ou conhecimento do funcionamento das políticas locais. Podem ser convidados parceiros externos que ampliem e debatam esses conhecimentos. Durante as Pajelanças, todo o funcionamento do espaço é organizado e mantido coletivamente, sendo que os trabalhos de limpeza, cozinha e a própria programação são dinâmicas incluídas na experiência de troca. As crianças, respeitando seus limites e vontades, estão sempre envolvidas no encontro. Ao longo do(s) dia(s) e da(s) noite(s), o estudo e/ou a construção de equipamentos, a criação de programas de tv ou rádio, a gravação de músicas, ou o que for o objetivo principal do encontro, são intercalados com discussões e práticas propostas ou criadas pela(o)s participantes com função de trocar conhecimentos, renovar energias, integrar ações, decidir ações futuras e cuidar bem das pessoas. As Pajelanças, em geral, acontecem em comunidades quilombolas que estão se preparando para atuar como NFC da Rede Mocambos. Os NFC são comunidades mais estruturadas que assumem o papel de multiplicadores e centros de referências regionais. São centros de trabalho e estudo de tipo associativo e solidário para formação e replicação de conhecimentos discutidos e abordados na Rede Mocambos, gestados e amadurecidos nas Pajelanças Quilombólicas.
O processo de auto-reconhecimento e auto-conscientização que as comunidades vivenciam durante a Pajelança leva-as a terem um olhar mais atento à sua sabedoria e criatividade. A preservação ambiental dos quilombos é uma necessidade. A questão de como melhorar a qualidade de vida e gerar renda sem perder a riqueza que já se tem é uma questão central dos trabalhos da Pajelança.
As Pajelanças Quilombólicas foram a base para o crescimento coletivo e as intervenções da Rede Mocambos. A Rede Mocambos alcançou os seguintes resultados: -Articulou e cogeriu a instalação de conexão a internet e telecentros. Foram assinados dois termos de cooperação com o governo federal, por meio dos quais, quase 200 comunidades quilombolas, aldeias indígenas, caiçaras e associações culturais, podem já contar com acesso a internet e telecentros; -Abriu canais de discussão com o governo para um processo de criação compartiçlhada de políticas públicas. A Rede Mocambos facilitou a participação dos gestores públicos nas Pajelanças Quilombolicas, possibilitando uma troca direta entre governo e sociedade civil; -Recuperou, reciclou e reutilizou centenas de computadores e equipamentos informáticos. A Rede Mocambos possibilitou a instalação de telecentros e laboratórios em comunidades fora do alcance dos programas de inclusão digital; -Otimizou o uso e a gestão dos recursos públicos. As instituições publicas conseguiram apoio da Rede Mocambos na execução de programas sociais para envolver as comunidades, entregar equipamentos, remanejar, solucionar problemas etc; -Pesquisou e realizou coletivamente geradores de energias sustentáveis. O primeiro foi um gerador de eletricidade movidos a água e construído a partir de material reciclado. Realizado coletivamente numa Pajelança Quilombólica com a participação de comunidades quilombolas da Bahia, de Pernambuco e São Paulo. O gerador foi instalado no Vale do Ribeira, com os conhecimentos das comunidades locais que o mantém funcionando, e alimenta um conjunto de 10 casas; -Resgatou, gravou e divulgou tradições e manifestações culturais locais, capacitando, durante o processo, as pessoas envolvidas. Centenas de pessoas foram capacitadas ao longo das várias Pajelanças, diretamente e indiretamente. Foram produzidos centenas de audiovisuais disponíveis em arquivos livremente acessíveis pela Internet, em DVDs, ou publicações em papel.
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