Centro Oeste/GO/Quilombo Mesquita

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Sandra Pereira Braga: tel (61) 9839 1938
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=== QUILOMBOS em Goiás ===  
 
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Edição atual tal como às 00h41min de 1 de outubro de 2013

Conteúdo

Comunidade Quilombola Mesquita

Endereços

Caixa Postal 237 – CEP 72880-990
Cidade Ocidental – GO
Informações:
Associação Renovadora do Quilombo Mesquita
Sandra Pereira Braga: tel (61) 9839 1938
sandrabragatur@gmail.com
Célia (61) 9934-9374 

Quilombo, 1975

QUILOMBOS em Goiás

O estado de Goiás era habitado por diversas etnias indígenas, que foram expulsas e algumas dizimadas pela ação das entradas e bandeiras que penetravam pelo interior para aprisionar/escravizar índios e principalmente em busca de metais preciosos, em particular o ouro. Era o ciclo da mineração no país, quando esses bandeirantes e migrantes exploradores das minas utilizavam exaustivamente o trabalho dos negros escravizados. Como consequência da dureza do trabalho aumentada na condição de escravidão, desde inicio do século XVIII, as constantes fugas dos negros desse tipo de exploração para lugares isolados originaram os quilombos. Segundo a Fundação Palmares, em Goiás há 23 comunidades reconhecidas/ certificadas, o que indica que deve haver muitas outras. O quilombo de Mesquita foi certificado em 07/06/2006, todavia ainda está em curso o processo até a titulação.

Luziânia e Cidade Ocidental

Luziânia é um município que se originou de um povoado Santa Luzia, criado com a penetração de caravanas em busca de ouro e das atividades de mineração, no século XVIII (1746). As abundantes minas, além de vales férteis às margens do Rio Vermelho atraiam grandes contingentes de pessoas vindas de diversas regiões do país. Nas narrativas dos entrevistados, as referencias às origens do quilombo remetem a essa cidade. Consta que em 1763, durante o período áureo da exploração das minas de ouro, a antiga Santa Luzia chegou a ter 16.529 habitantes, dos quais 12.900 eram escravos. (Anjos: 2006) Com o declínio da mineração no final do século, muitas famílias passaram a criação de gado e produção de lavouras, enquanto outros donos de fazendas preferiram abandoná-las indo para outros lugares. O município passou a chamar Luziânia em 1943. Na época da construção de Brasília, o município de Luziânia cedeu parte do território para esta e, dada a proximidade entre as cidades, em torno de 60 km de distancia, seu desenvolvimento ficou associado à expansão da capital federal, a construção das estradas BR-040 e BR-050 e a expansão urbana que afeta todas as cidades do entorno. Inclusive Cidade Ocidental, que se originou com a implantação de um núcleo residencial, mais próxima a Brasília, e também mais próxima do Quilombo de Mesquita (cerca de 8 km).

Quilombo Mesquita

O quilombo Mesquita se localiza no município de Cidade Ocidental, distante 24 km de Luziânia, em Goiás, e no entorno sul do Distrito Federal Essa proximidade de Brasília por um lado traz como consequência o grande assédio para venda/ocupação das terras por particulares e empreiteiras, e por outro, permite que os moradores particularmente os mais jovens acessem as cidades. Grande parte dos moradores se desloca diariamente para o trabalho nestas cidades e os jovens para escolas. As origens.


Segundo os relatos, Mesquita era uma fazenda do capitão português Paulo Mesquita, que com o declínio da mineração resolveu abandonar as terras e então deixou a fazenda de herança para três escravas alforriadas que para ele trabalhavam e que ali ficaram vivendo e constituindo família. Um banner na Associação do Quilombo faz referencias a essas três escravas Outros entrevistados dizem que Santa Luzia (Luziânia) ‘foi um grande garimpo, que tem mais de 400 anos. O quilombo foi formado quando um bocado de negros fugiram do garimpo onde eram muito maltratados. Alguns foram mortos, outros fugiram, e entre esses alguns vieram para o quilombo’.


Os filhos se casavam entre as famílias e viviam praticamente isolados da maneira tradicional, onde a comunidade plantava para sua subsistência e vendia os excedentes em Luziânia onde também comprava produtos o que não podia produzir. Assim eles cultivaram suas tradições e costumes e tinham no marmelo e na marmelada produzida artesanalmente, há mais de um século, a tradicional fonte de boa parte dos recursos externos. Também produziam farinha de mandioca. Viveram assim até meados da década de 1970, quando começou a ocupação em Cidade Ocidental e Valparaíso. Africanos. Numa das rodas de conversa com os quilombolas, uma pessoa lembrou: O pessoal de Mali (músicos do Mali) esteve aqui semana retrasada, nós tivemos aqui visitas de uns africanos, e muitas coisas que eles viram aqui é muito idêntico ao país deles, assar biscoito, fazer farinha, mandioca com carne, são comidas típicas deles lá, o balaio de pegar peixe, tem um rapazinho ai que faz, e tudo que eles viram aqui. Eles vieram com o tradutor, eles falam francês. (roda de conversa com jovens do quilombo)


A vida em comunidade

As famílias tem as áreas particulares onde plantam laranja, mandioca, milho, cana de açúcar, verduras e tem alguns animais que servem para subsistência e venda do excedente. Agricultura Familiar. Nesse período, desde o inicio do processo de reconhecimento, a Associação Renovadora do Quilombo Mesquita promoveu várias capacitações junto aos moradores para a agricultura familiar, consistindo tanto em formação de áreas de plantio e produção de hortaliças, quanto para o viveiro de mudas, os processos de reflorestamento, e educação ambiental. E é impressionante a qualidade da produção que é levada toda semana para a área comunitária onde se processam a pesagem e o agrupamento para em seguida ser recolhida por escolas, e organizações sociais e beneficentes. Esse trabalho é todo voluntário pelos próprios quilombolas que destinam um tempo para sua execução.


O quilombo se associa ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Ministério de Desenvolvimento Social e também ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Governo Federal. Nesse programa tem parcerias com a ONG Rede Terra, Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). E, atualmente estão tentando também vender a produção ao CEASA, pois graças as boas terras, os produtores tem conseguido produzir além do que os programas citados e a venda em feiras da cidade conseguem absorver. No processo de entrega dos produtores na área comunitária, as fotos dizem mais do que as palavras sobre sua beleza da produção. Eles tem uma lista de produtores, cuja produção é pesada e anotada pela secretária da Rede Terra com colaboração de várias pessoas do quilombo. Para essa entrega ao PAA, existe uma lista de produtos que são demandados e cada produtor tem uma quota de até R$ 4.800,00/ano. Para o PENAI, são produtos diferenciados e lista mais restrita, pois se destinam à merenda escolar, e os produtores podem entregar até o valor de R$ 20 mil ao ano. Viveiro de mudas e reflorestamento de plantas do cerrado. Também na área comunitária há um viveiro de plantas, que se desenvolve com a colaboração dos moradores.


Intercâmbios e conhecimento. Outra atividade são os intercâmbios com outros quilombos para trocas de experiências – recentemente foram 42 pessoas do Mesquita em visita ao quilombo Kalunga, em Cavalcante, e voltaram estimulados para diversas outras atividades que pretendem implantar. Mas paralelo a isso a gente já tem conquistas, conquistas de intercâmbio com outros quilombos, trocas de saberes, várias oportunidades, viagens, como estivemos na Rio+20. O Quilombo Mesquita teve quarenta e duas pessoas participando da Rio+20, nós temos tido outras oportunidades de viagem, intercâmbio com Cavalcante, intercâmbio com o Encontro Afro na cidade de Goiás, que é muito interessante lá o evento todo ano.


Reuniões e atividades de formação – são realizadas na sede da Associação e na área comunitária. No plano da comunicação pretendem instalar uma rádio comunitária e um jornal, além dos cursos de EJA- Educação de Jovens e Adultos.

Regularização

Em 2003 começou o processo para o reconhecimento da comunidade remanescente quilombola e a demarcação das terras. Em 2006 o Quilombo Mesquita foi reconhecido pela Fundação Palmares. O certificado da condição quilombola emitido pela Fundação é o primeiro passo dos procedimentos para a delimitação das terras dos remanescentes das comunidades, bem como a determinação de suas demarcações e titulações pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), segundo Decreto nº 4.887, de 20/11/2003. Em 2010 o INCRA finalizou o RTID (Relatório Técnico de Identificação e Delimitação) para demarcação dos limites das terras e dos limites de eventuais propriedades existentes no território do quilombo. De lá até agora, algumas fazendas, chácaras ou pessoas não quilombolas, que habitam as terras dentro da demarcação, foram notificadas sobre a desocupação para a titulação das terras do quilombo e pelo menos três fazendas estão em processo de integrar os direitos quilombolas, o que permitiria que parte dos moradores possa expandir suas lavouras. Mas ainda faltam etapas até ter a titulação das terras, que significa a definição do tamanho do quilombo e a entrega do título definitivo de propriedade coletiva aos remanescentes quilombolas.


Na entrevista com Sandra Pereira Braga, da Associação Renovadora do Quilombo Mesquita e Isis Albuquerque, diretora do Grupo Teatral Prof. Zilda Dias e colaboradora do quilombo, aparecem as questões: ‘Porque acontece das políticas públicas não chegarem aos quilombos. Se os quilombos existem, há 300, 400 anos e são localidades que estão ai porque estão resistindo. As políticas públicas não chegam porque falta vontade de que chegue – educação, saúde, possibilidade de plantar e sobreviver, a preservação do meio ambiente. – Porque precisamos ainda de diagnóstico? Porque não sabe quais quilombos existem? Quantas pessoas? Porque não chegam as políticas públicas que estão ai definidas – pois, se é direcionada aos quilombos elas tem que chegar aos quilombos, lá na ponta.


A demarcação demora toda a vida, se a população, os idosos estão lá pra contar sua história, porque não fazem a demarcação? Se você vai atrás do esclarecimento, então você é ameaçada, e a quem recorrer? Se existe um direito que não é um direito? Ou porque eu mereço morrer, se estou brigando por um direito que é meu. Aí, quando chega no quilombo Mesquita – terra e água em abundância, isso incomoda. Nossos antepassados foram sábios demais em escolher as áreas com água, com a mata, com terra pra plantar. Era a sobrevivência’.


Conflitos

A área que diz respeito ao quilombo sempre foi alvo de disputa. Como contam alguns entrevistados, muitas terras foram roubadas das famílias que ali moravam, seja por trocas inconsistentes (uma fazenda por um terno, como diz Sr. Mauro), seja por contas em armazéns, seja por enganos, puro e simplesmente, como nos conta o Sr. Cesar. Com a expansão de Brasília e a construção da Cidade Ocidental, o quilombo vem sendo assediado também por grandes empreiteiras que pretendem construir condomínios, e por um grande número de pessoas, moradores do distrito federal, que compram frações de terra para a construção de casas de “fim de semana”. Conforme Sandra Pereira Braga existe um assédio ao quilombo, “uma preocupação em não deixar que ele transcenda e que fique em estado bruto. Em termos políticos o que se quer é soterrar o quilombo. Muitas melhorias que já podiam ter chegado. Isso acontece também com outros quilombolas de outras regiões – esse massacre de forma muito acentuada”.


Com isso Sandra considera a dificuldade dos jovens em somar nas atividades da busca por direitos, “pega um jovem que vê o tempo todo a Sandra sendo ameaçada de morte – porque o jovem vai querer essa vida?” O Correio Brasiliense, de 24/01/2010 noticia que a Taquari Empresa Imobiliária, apresentou o pedido para autorização de desmatamento que se refere a uma área de 84 hectares — equivalente a 84 campos de futebol — de um terreno total de 276 hectares. A empresa pretendia construir um condomínio de casas. “A licença de exploração ambiental foi concedida a partir da apresentação de uma certidão de registro de imóvel, datada de 5 de maio de 2009”. “Não recebemos nenhum comunicado da Promotoria sobre regularização de território quilombola naquela região”, afirma o analista. Ainda conforme o Correio Brasiliense, mesma data, “800 famílias descendentes de escravos aguardam que o Instituto Nacional de Colonização Agrária (INCRA) desaproprie áreas de pelo menos 100 fazendeiros. “Hoje, vivemos dentro de 150 hectares, quando reivindicamos aproximadamente 3 mil hectares. Estamos cercados de latifundiários que desmatam, extraem areia, argila e cascalho. Se Lula não fizer nada, vão acabar com nossas terras”, alertava o João Antônio Pereira, presidente da Areme (Associação do Quilombo) na época e integrante da quarta geração de quilombolas. Também da parte dos moradores, alguns recusam a denominação quilombola, e se posicionam contra delimitação do quilombo – fato que é constantemente lembrado pelos demais moradores. As justificativas são de que recebem constantemente ofertas para vendas das terras, ou se vinculam a políticos contrários à demarcação. Outros dizem que a resistência é por conta de que ao definir como quilombo as terras são tituladas coletivamente e não poderão ser vendidas. Há, todavia, uma pulsão forte de muitos moradores e colaboradores para a finalização do processo e a organização dos trabalhos coletivos. “Ainda essa resistência tem que ir por muitos anos”, como diz Sandra.


Cultura Local

As folias – Folia dos Reis, Folia do Divino Espírito Santo na Comunidade A folia, tradicional a toda Goiás, é uma novena ou procissão onde os foliões rezam, fazem falas e músicas para o santo devoto, e a cada dia vão para uma casa que os recebe com uma festa, comida, bebida e música, – e todos cantam e pedem a benção para a casa. As folias dos Reis geralmente são em janeiro, quando no quilombo também fazem uma tradicional Corrida do Marmelo. Em junho, ou julho como será em 2013, há a festa de Santo Antonio, e a Festa da Nossa Senhora da Abadia ocorre em agosto Há vários músicos do próprio quilombo que animam as festas. E costumam dançar a catira, que também é tradicional em todo Goiás. Existe tambem uma Banda Soul (Som nd Vince) de Quilombo, formada por jovens. Infelizmente, não houve tempo hábil no período da pesquisa para encontrá-los, exceto a conversa com o Sr. Constâncio Pereira Braga, 86 anos, que toca violão e diz que antes eram melhores as festas, pois reuniam só os vizinhos. Agora vem muita gente de fora. Ervas – Também muito se falou sobre o uso de remédios feitos com as plantas no quilombo – quebra-pedra para dor, sete dor, cidreira, etc. O Sr. José Roberto Teixeira Braga aprendeu muitos remédios com as ervas e raízes. Quando eu era criança era muito sofrido, muito trabalho, a escola não tinha grau alto, só estudava até a quinta série que o professor só podia lecionar até a quinta série (…) e trabalhar- ai o trabalho nosso aqui era na roça. E dava pra sobrevier da roça, dava; a gente sobrevivia bem, comia tudo natural mesmo, era tudo que se plantava, não tinha química nenhuma na comida. Agora hoje tá cheia de química a comida, as pessoas vivem doente. O remédio era no campo, a gente ia aprender. O meu remédio eu uso porque aprendi. As vezes, tá doente…a gente mesmo faz e toma, nós temos alguns curativos (…) “velano branco”, um bocado de raízes, muita raiz. Eu não sei de onde vem este conhecimento deste povo – do pessoal mais velho, dos escravos pra cá, da África? Pode ser. È tem muita gente que tem conhecimento da raiz, tem muita gente que trabalha com a garrafada e se dá muito bem; aqui tem um negro que se curou da cirrose, tem um monte de gente que vem do hospital pra morrer aqui, mas chegou aqui e dava o remédio e está aqui até hoje pra contar a história. E aqui no quilombo é muito bom, é tão bom que o povo ta querendo invadir, mas nós não deixa, nós estamos trabalhando. E querem tirar das pessoas, – nós não aceita, nós somos quilombo até o fim, não adianta.

Marmelada – A marmelada do Quilombo Mesquita é muito conhecida e recomendada.

O processo de feitura dos doces de goiaba, a marmelada e a farinha de mandioca, são tradicionais. Alguns moradores do quilombo plantam marmelo e produzem a marmelada, que é produto tradicional do quilombo há mais de 100 anos. O Sr. Mauro e o Sr. João Antonio Pereira são produtores. Eles contaram como o cultivo do marmelo chegou ao quilombo. As primeiras mudas vieram de Portugal, e depois alguém trouxe algumas mudas até Santa Luzia, que chegou ao quilombo. (há quem diga que o processo de produção foi pelo conhecimento das três escravas que formaram o quilombo, mas não temos confirmação) O Sr. João Antonio Pereira inclusive nos levou até sua plantação, onde explicou pacientemente todo o processo – como plantar, podar, fazer mudas e fertilizar (com fertilizantes naturais), formar o pomar, colher e depois preparar a marmelada. Todo o processo é feito manualmente, desde o plantio, sem agrotóxico. Os frutos dão em janeiro quando é feito um processo para conserva, que é guardada em latas fechadas para conservação também natural. Essa base é transformada em doce em um grande tacho, conforme as vendas durante o ano todo. Sr. João diz “temos orgulho de ser quilombola e fazer esse produto”. Conta que na época do seu bisavô, Pai Benedito Antonio produzia e levava para Trindade caminhões de marmelada pra vender. E agora, o que acabou com o marmelo no país foram as plantações de soja, que traz uma doença para os pés de marmelo. Hoje um dos poucos lugares que tem essa plantação é o Quilombo de Mesquita. Equipamentos sociais existentes no Quilombo O quilombo tem uma casa sede da Associação Renovadora do Quilombo Mesquita, com dois quartos, um posto de correio para toda a comunidade e uma sala onde se empilham quantidades de livros, inclusive os livros da Biblioteca Arca das Letras e agora os livros recebidos da 1ª. Fase do Ponto de Leitura de matriz africana. Como informam, está faltando espaço ampliado para montar melhor toda a biblioteca, o que é um projeto da Associação. A área comunitária. Segundo Sandra, o Sr. Emanuel, um amigo do quilombo, comprou um terreno e doou para a área comunitária, que consta de uma casa com dois cômodos, cozinha, onde organizam o recebimento dos produtos dos moradores destinados ao programa do PAA. Tem também na área externa um espaço do viveiro de mudas e áreas plantadas. Para esse espaço há um projeto de ampliação, com construção de um galpão em mutirão, para facilitar a organização dos produtos, e também para os cursos para os quilombolas jovens e adultos, de formação, do EJA (Educação de Jovens e Adultos), além de cursos de costura, artesanatos, etc. Viveiro. O Sr José Roberto fala do viveiro, – Aquele Viveiro lá, é pra reflorestar a nascente, pra render mais a água pra trazer pro local, então é um trabalho que vem com este projeto. Nós estamos com outro projeto que é do Viveiro Ornamental e estão fazendo pro quilombo, pra gerar renda, pra trazer alguma coisa que beneficia o quilombo, e a Rede Bartô. A rede é forte, tem gente demais… Foi um curso que nós fomos lá e nós pensamos uma forma que podia fazer com o rio, (…) ai nós fez esta rede, que é todas as águas que vem aqui em volta cai dentro do rio, e o rio tava ficando muito degradado e os projeto está trabalhando pra trazer um futuro melhor pro rio, pra mais água, mais limpeza no rio, que o rio tá bem degradado de sujeira e estas coisas, vai ter tudo isso, que é preservando a natureza o rio aparece mais, é protegido o rio e cria mais Ponto de Leitura – Como diz Sandra, ‘A ideia agora é trabalhar o Ponto de Leitura com as questões do meio ambiente, do lixo, a coleta seletiva que tem que trabalhar isso que o planeta pede. Nós estamos assim com o Viveiro pra trabalhar as mudas, trabalhar a questão do viveiro e a leitura que é importante fazer esta correlação de leitura com estes jovens. Então assim temos a Banda Soul de Quilombo, um projeto que nós trabalhamos com jovens da comunidade, adultos, trabalhando assim também a música. Então assim tem uma interação de viveiro, de meio ambiente, de leitura, a lei 10.639, porque neste momento de você trabalhar a cultura, a ancestralidade você tem “N” fatores a relacionar, as ervas medicinais, a valorização que também é uma ancestralidade, pra gente trabalhar a perspectiva que vai ser um Ponto de Leitura como referência. A gente tem a Arca das Letras que também já deu muito certo aqui porque a leitura é um mundo desconhecido… Então a intenção agora é trabalhar pra que o Ponto de Leitura seja um multiplicador e incentivador pra vários outros processos e até mesmo os idosos. Nós precisamos e pretendemos também abrir a alfabetização de jovens e adultos- a Fundação Banco do Brasil que tem este programa-; e nós já estamos ampliando aquele espaço, pra que se possa fazer estas rodas de leitura que serão ministradas nos finais de semana. Daí o Ponto de Leitura é fundamental porque ali vai ter um momento de pesquisa, de leitura, de interação e o outro ponto que nós queremos também é trazer a inclusão digital pra que estes jovens também façam a pesquisa, possa ter acesso a este outro universo, as tecnologias atuais. Porque não é porque aqui é um quilombo que não tenha que ter este conhecimento; ao contrário, nós temos sim que buscar estas tecnologias, mas sem perder nossas origens, mas sem perder as nossas referências, temos que trazer este mundo que fortalece a luta- é o conhecimento. O outro ponto que é vamos ser agraciados é com a rádio comunitária, estamos no processo já de construção pra receber a rádio comunitária. E a idéia é de trabalhar também um Ponto de Leitura juntamente com a Rádio Comunitária e o Jornal Comunitário que vai ser elaborado pelos jovens, entrevistando os mais velhos, entrevistando a comunidade, os jovens registrando, entrevistando suas famílias. (Sandra Braga) Escola Aleixo Pereira Braga I, que vai até a 8ª série. Essa escola foi construída com a doação de terreno e de materiais para construção e o trabalho foi feito em mutirão. Conforme a diretora, professora Rejane, a escola tem 400 alunos, que vem tanto do quilombo como de bairros próximos de distritos da Cidade Ocidental como Jardim ABC, Jardim Edite e outros. Pela manhã há cursos para crianças do 1º. ao 5º. ano, com jornada ampliada de cinco horas/aula, e à tarde aulas do 6º. ao 9º. ano. A escola, que conta com alguns professores que são do próprio quilombo, tem uma pequena biblioteca, e a diretora diz do esforço da escola para integrar e capacitar sobre a história da África e os africanos no Brasil. Considera muito bem-vindo o Ponto de Leitura de Matriz Africana, o que colabora para a meta da escola. Um Posto Médico, com o Programa Saúde da Família, conta com médico e enfermeira três vezes na semana e quando alguém tem algo mais sério chamam uma ambulância para levar até o hospital em Cidade Ocidental. Atende também aos bairros próximos. A técnica de enfermagem Cleiderene Meireles é remanescente quilombola, e explica uma agenda semanal de atividades de atendimento e de prevenção com cursos e palestras para os usuários. Um dos problemas de saúde atualmente é a dengue. Duas igrejas. Uma igreja originária que foi construída pelos mais velhos, em mutirão, e no mesmo terreno há uma igreja católica maior que a anterior. Personagens Sandra Pereira Braga Atual presidente da Associação Renovadora do Quilombo Mesquita, Sandra é filha do Sr. João Antonio Pereira e Da. Elpídia Pereira Braga, e tem os avos Srs. Benedito Antonio Nonato e Aleixo Pereira Braga, que mobilizaram para a construção da igreja no local e batalharam por melhorias e conservação da terra do quilombo. Tudo o que o meu avô fazia é o que eu faço hoje, quer dizer, também batalhava vovô Benedito Antônio, foi uma das pessoas que lutou demais nessa comunidade, que ta ai meu pai que vai contar também pra vocês, e meu avô Aleixo Pereira Braga, foi o primeiro a trazer a escola pra comunidade, a escola que funcionava na casa do meu avô Aleixo, o meu avô Benedito Antônio ia buscar o professor à cavalo, no asfalto que ia de Luziânia à Brasília que era pra dar aula aqui. A minha avó Paulina era quem preparava o lanche pras crianças, no salão da casa dela, ela oferecia a sala para administrar a aula, ela preparava o lanche pra esses adultos e crianças. E assim a família toda contribuiu muito pra essa comunidade, a igreja que se tem hoje na comunidade foi doação do terreiro do meu avô, doou pra construção da escola, doou pra construção da igreja, é uma família que tem muito contribuído pra comunidade. Então quando meu avô me pediu para que eu voltasse, continuasse eu não entendi muito, mas hoje eu entendo porque hoje eu faço tudo o que meus dois avôs faziam e faziam com o coração, as minhas avós também faziam daí eu vejo que é uma responsabilidade que eu carrego hoje muito grande e intuitivamente eles estavam me preparando e eu não sabia.” Sandra nasceu no quilombo e estudou na escola da comunidade. Para continuar estudando e completar o ensino básico foi para Luziânia, trabalhar em casa de família e frequentava escola. Depois em Brasília também continuou a estudar, e trabalhava como doméstica. Começou então a trabalhar como atendente junto a órgãos do governo, até que sabendo de uma seleção para trabalhar em uma embaixada no Canadá, concorreu e conseguiu o trabalho. Ficou 2 anos no Canadá e segundo Sandra essa vivencia foi um grande aprendizado pois começou a atentar para as questões de direitos. Depois teve outra oferta para ir trabalhar no exterior, mas pesou-lhe os ensinamentos dos avos sobre a questão da terra do quilombo. Considerou que precisava continuar as lutas dos seus mais velhos e assumiu a formalização do processo de reconhecimento da comunidade, e a busca dos direitos dos quilombolas. Acompanhou o processo de/para reconhecimento da comunidade quilombola, e para conhecimento e demandas de direitos estabelecidos para essa população. Nesse tempo, Sandra teve vários trabalhos em Brasília e também várias dificuldades por seu envolvimento com os direitos de quilombos. Trabalhou inclusive na SEPPIR (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal), quando houve várias denúncias nos jornais sobre os conflitos, e donos de terra e empreiteiras investiam contra a formalização do quilombo e os direitos que os quilombolas tem sobre as terras. Sandra conta de uma crise que houve quando uma empresa começou a construir dentro da área do quilombo as obras para um condomínio. Apesar de alertada a justiça, houve muita demora na resposta. Sandra cuidou de ocultamente fazer a filmagem de todo o processo de desmatamento que se desdobrava aceleradamente, e encaminhá-lo pessoalmente ao ministério público que foi obrigado a se posicionar e suspender a obra. Isso desencadeou um dos processos de ameaças de morte, perseguição de pessoas do quilombo, em particular sobre Sandra. Atualmente Sandra trabalha na Câmara Federal, junto à deputada Erica Kokay, na área dos direitos dos quilombos. Nossa pesquisa: Fizemos a pesquisa no Quilombo Mesquita no período de 31/05 a 05/06/2013 e foram atividades concentradas, pois durante a semana todo mundo trabalha ou tem escola em cidades próximas. Nesse período, presenciamos uma reunião do quilombo, entrevistamos as lideranças, alguns dos mais velhos, fizemos roda de conversas com jovens, e pessoas que trabalham no viveiro e na associação, e conhecemos uma pessoa que é contraria a tudo isso de quilombo. Também pudemos registrar uma entrega de produtos dos produtores (PAA) e a recolhida pelas entidades e escolas, na área comunitária, visitamos a escola e o posto de saúde do quilombo,� Conversamos, ainda, com representantes das Secretarias da Educação e da Assistência Social da Cidade Ocidental. Entrevista com os mais velhos Sr. Mauro, 87 anos. Sr. Mauro nasceu na região, de família muito pobre. Foi criado pelo fazendeiro Dito Melo desde a idade de dois anos e de lá saiu aos 27 anos para casar. Cresceu como subordinado, cuidando da fazenda onde trabalhou duramente durante todos esses anos. Casou com uma moça do Quilombo Mesquita e passou a plantar a meia, e conforme ele “todo mundo plantava ‘a meia’ com fazendeiros da região”. Sr. Mauro é muito animado e contou várias histórias divertidas. Ele é um dos plantadores de marmelo e produtor de marmelada do quilombo, da qual contou a história da vinda das mudas de Portugal e o processo de plantio. Muito consciente na afirmação dos direitos do quilombo, diz que faltam informações e mais educação. Depois de várias histórias Sr. Mauro pegou sua bicicleta e foi pra casa pedalando. Sr. Cesar Alves Rodrigues, 82 anos e Da. Teresa Teixeira Magalhães (esposa) O Sr. Cesar nasceu em Luziânia, e conta que sua mãe ‘perdeu o juízo’ e seu pai morreu com 42 anos. Ele foi criado pela tia que morava na Fazenda Xavier (de Ana Antonio Benedito). Conta que a tia e sua família foram roubados de terra e a tia e os tios acabaram como empregados da fazenda, onde ele também trabalhou até crescer. Da. Tereza é filha de Modesto Teixeira Magalhães e da. Josefina Maria de Jesus, que nasceu em Minas Gerais. Moram no Mesquita, em terras que veio do inventário da família de Da. Tereza, que a seu ver não foi muito bom. Sr. Cesar conta que quando o pai estava mal no hospital, um fazendeiro trouxe o cartório para assinar a venda de propriedades suas. Diz que por ali houve muitos roubos de terra. Ele gosta de ser quilombola e inclusive foi um dos que foram visitar outros quilombos – ele conheceu no quilombo de Cavalcante e aprendeu com experiências como melhoramentos e sustentabilidade de um quilombo. Considera que muitos não querem a demarcação das terras porque a partir disso não poderão mais vender. O que acha ótimo. ‘pois enquanto se tem a terra se tem como viver. Vender é uma ilusão – recebe algum dinheiro que logo se acaba’ O Sr. Cesar parece buscar constantemente novas informações e pensar sobre elas. Em um momento da entrevista diz “Muita gente já perguntou – até que ano que estudei. Eu respondo “eu nunca parei”… Constâncio Pereira Braga, 86 anos, pai do Sr. José Roberto Pereira Braga. Sr. Constâncio é filho de Benedito Braga e Da. Vitalina. Teve oito filhos, mais dois que morreram. Plantou durante muito tempo ‘a meia’ com fazendeiros da região. Atualmente planta mandioca, milho e verduras. Faz doce de leite e farinha, que vende. Conta que Luziânia foi um grande garimpo, que tem mais de 400 anos. O quilombo foi formado quando um bocado de negros fugiram do garimpo onde eram muito maltratados. Alguns foram mortos, outros fugiram, e entre esses alguns vieram para o quilombo. Diz que entre Cristalina e Omai tem quilombo criador de gado. O Sr. Constâncio toca violão. Quando junta um bocado de gente da família gosta de tocar e dançar. Acha que antes eram melhores as festas, pois reunia só os vizinhos. Agora vem muita gente de fora. Roda de conversa com jovens do quilombo Uma constante dos mais jovens presentes, que foram poucos, foi a afirmação de seu orgulho em ser quilombola. Pensam que terão que sair para estudar e que o seu futuro dependerá do seu esforço, e nesse sentido tem como previsão fazer medicina, veterinária, mas ainda será um processo de decisão. Dois jovens maiores, Danilo Magalhães e Nelci Magalhães Pimentel, netos do Sr Malaquias Magalhães, chegavam de um curso de formação junto à Via Campesina, e mostravam-se eufóricos com o aprendizado e a oportunidade de conhecer outros jovens de América Latina. O rapaz foi como representante do quilombo, e a jovem representa o movimento quilombola e a CONAC. Os Adultos Os adultos do quilombo se expressaram em várias ocasiões, como durante a reunião da Associação, na entrega dos produtos na área comunitária e também os que se reuniram com os trabalhadores voluntários do viveiro de mudas – José Roberto, Divino e Sandra e outros que ajudavam no domingo. Sr. José Roberto Teixeira Braga, aposentado, é um dos que dá muita força aos trabalhos da associação e as atividades do viveiro e das mudas para reflorestamento, além de socorrer moradores quando precisa levar algum doente até o hospital em Cidade Ocidental. O Sr. Roberto tem áreas de terra mais ou menos espalhadas- uma parte perto de sua casa onde planta; em outra parte de suas terras não chega água porque o córrego foi desviado por um fazendeiro o que deixou sem água os demais moradores. Foi ele quem gentilmente colaborou com o transporte da equipe de pesquisa pela região. Ao que somos muito gratos. Divino Xavier da Silva, filho de João Xavier da Silva e Maria Pereira Dutra (falecida), nasceu e viveu no quilombo, e só saiu no tempo de servir quartel. Trabalha na cidade, mas volta todos os dias para o quilombo. Já trabalhou também em Brasília. Considera que tem morador que não aceita ser quilombola, porque não sabe o que é uma tradição de um povo. Conhece outros quilombos onde os negros conseguem viver do que plantam. Ele tem uma área pequena no quilombo, e pensa que com a regularização poderá ter uma área maior pra poder plantar. Célia Pereira Braga. Tem em casa um viveiro de plantas do cerrado e agora plantas ornamentais. Gosta de cuidar do viveiro de mudas da comunidade e se entusiasma por aprender mais sobre paisagismo e cuidados com plantas. Associa-se à Rede Bartô, que colabora na comercialização de plantas ornamentais, e trabalha aos sábados para a Fundação Banco do Brasil em permacultura e proteção do Rio São Bartolomeu, de Planaltina. Reunião da Associação Renovadora do Quilombo Mesquita do Quilombo O encontro na Associação do Quilombo constou principalmente da exposição dos resultados da oficina que houve anteriormente com integrantes do quilombo– “linha dos sonhos do quilombo” –onde aos participantes se colocou a questão- o que cada um quer seja ou aconteça a este quilombo no futuro? Com a exposição dos desejos mais enfatizados na oficina ocorreu também um grande debate entre os presentes. Entre as prioridades definidas na oficina se destacam: a) Festas. Propõem uma festa junina, em 13 de julho, com motivações quilombolas, com comidas típicas e celebração do reconhecimento do quilombo, que completa sete anos. Pretendem celebrar com as histórias dos idosos, memorial de fotos, vídeo do quilombo, implantação de coleta seletiva de resíduos, trabalhos da questão ambiental, preparação das placas identificadoras do quilombo. E em agosto, a Festa Folias de Na. Senhora da Abadia, b) Construção do galpão destinado a abrigar os produtos que vem para o programa do PAA. Como a área comunitária tem sido pequena, há um projeto de ampliação com um galpão para facilitar a organização da entrega do produto, e também para outras melhorias, como escola para os quilombolas jovens e adultos, cursos de costura, artesanatos, etc. c) Reforma da igreja pequena que foi construída pelos velhos Alípio, Malaquias, vovô Dito, Telvino, Sinfrônio, Jacinto, Zé Grilo, que construíram em mutirões – a proposta é de fazer uma força tarefa em mutirão pra recuperar a igreja. d) Reforma do casarão, preservação: proposta de tombamento no povoado, da igreja e algumas casas, como herança do povo do Congo. Há debates sobre cada uma das questões e sempre a fala dos moradores que são contra a titulação do quilombo. Concluem que essas pessoas não conhecem a história do seu povo, os preconceitos sociais e os direitos a que tem direito. Sandra fala do documento de reconhecimento e anuncia que vai providenciar copias e distribuí-lo para cada um dos quilombolas; também comunica que recém saiu um decreto de que os quilombolas tem direito de cursar uma faculdade que escolha. Uma das falas foi de Edson Gomes, arquiteto, casado com uma moça quilombola, vive em Valparaíso e colabora com o quilombo. Trabalha também junto ao Bartô – Projeto Rio São Bartolomeu Vivo, para onde também vão algumas pessoas do quilombo. Edson faz uma grande intervenção sobre os direitos dos quilombolas e da necessidade de organizar melhor enquanto quilombo. Diz que pesquisou a origem de algumas pessoas desse quilombo, em particular a sua esposa, que vieram do Congo – e pergunta – como esse povo chegou até ali? Conta que nesse lugar tinha muitos indígenas, que sobreviviam, criavam as suas ferramentas. Conta também a história da colonização e o exemplo de Mandela na África do Sul. Lê muito sobre a cultura negra e dá uma força para a atividade de todos em buscar melhorias. Sandra Braga expondo sobre o quilombo de Mesquita diz que 86 famílias que seguraram a propriedade e no total 785 famílias registradas quilombolas pelo INCRA, que estão fora e terão direito de voltar. “Então 86 famílias garantiram a existência do quilombo”. E sobre as Lei e diretos do quilombo “nós não fizemos nada para ganhar isso, que foi herança dos nossos mais velhos. Mas agora está dito pela lei que temos esse direito.”


BIBLIOGRAFIA e Consultas

Paginas da internet (todas consultadas em 26.06.13):

Sobre o Quilombo Mesquita

INCRA, processo para a titulação de terras quilombolas

Comissão pró índio de São Paulo, que explica as dificuldades para a titulação http://www.cpisp.org.br/terras/html/por_que_as_titulacoes_nao_acontecem.aspx?PageID=21

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