IV Encontro Nacional da Rede Mocambos

De Rede Mocambos
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| 17 - 19 || Credenciamento ||Oficina Acervo e Biblioteca - Geral|| Grupos Paralelos: Estudio / Acervo||GTs Sustentabilidade || GT Cultura Popular|| Baobáxia na Rota dos Baobas - || Como Criar Tutoriais || Roda de encerramento / celebração de tambor || Volta aos Mocambos
 
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| 19 - 20 || Jantar  
 
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| 20 - 23 ||Roda Baobá || cineNucleos || Oficina Coco de Umbigada - Mae Beth ||cineNucleos ||cineNucleos ||Apresentação cultural - Jongo Dito Ribeiro e Mestre Malvino(Batuque de Umbigada) ||  cineNucleos ||Apresentacao cultura -Layla - Tc - Cleberson e Kimba ||
 
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=Metodologia=
 
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Roda de Conversa: Quem é a Rede Mocambos, O que é a Rede Mocambos - Apresentação da Rede Mocambos, seguida da apresentação de cada participante.
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Palavras chaves: Ancestralidade, Baobá, Oralidade, Memória, Cultura Digital, Acervo, Portabilidade, Acervo
  
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Passo-a-passo construção do acervo,
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Segunda: Roda de Conversa: Quem é a Rede Mocambos, O que é a Rede Mocambos - Apresentação da Rede Mocambos, seguida de apresentação de cada participante.
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Terça: Roda de Conversa: Rota dos Baobás - Gestão do território e territorialidade
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Sábado: 19h às 23h Jongo Dito Ribeiro e Mestre Malvino com Batuque de Umbigada
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Quarta: 19h às 23h Oficina de Coco de Umbigada Mãe Beth
  
 
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Relatoria 28 de maio de 2013 – MANHÃ
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ATIVIDADE 1: Abertura em volta do Baobá, lançando as seguintes questões: o que é a rede Mocambos? Quem é a Rede?
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TC lembrou que temos várias partes do Brasil reunidas (Amapá, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Maranhão, Bahia, Pará, Pernambuco, Distrito Federal), no quarto encontro da Rede. Os outros encontros envolveram mais gente, mas o esforço neste momento é manter a rede conectada. Muitos aqui fazem parte de outras redes locais, que buscam por justiça e que envolvem negros e quilombolas que sofreram várias formas de opressão.
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Precisamos lembrar que nossas referências ancestrais foram negadas. A identidade negra não foi reafirmada da maneira como deveria. A comunicação é um instrumento importante e o aparato tecnológico pode auxiliar no processo, modificando a concentração de poder deste instrumento (e há outros também, como as sementes). É preciso se reapropriar, produzindo e criando tecnologias. A tecnologia do tambor, por exemplo. As tecnologias foram necessárias para nossas sobrevivência e o tambor é essencial para nós. Ele está presente na vida da terra, assim como na vida da gente.
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TC apresentou diversos instrumentos africanos, lembrando que a África produziu conhecimentos sim, que foram apagados da história e o processo de descolonização envolve retomar os elementos ancestrais.
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Após, foi realizada uma roda de tambores com batuqueiros de todos os lugares do país.
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TC lembrou que o tambor foi a primeira forma de internet: ele tem capacidade de comunicar, de transmitir informação, mas ele tem uma coisa a mais, ele manda comunicação que racionalmente você consegue captar como mensagem, mas ele também consegue comunicar a alma das pessoas. Ele libera nossa alma, nos alimenta. Através da tecnologia do tambor, vamos usando combinações binárias, vamos escrever linhas de comando para combinar a alma. A tecnologia que nos remete à nossa humanidade.
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Na presença sagrada do baobá, que representa as nossas raízes africanas, TC chama a atenção para a importância da espiritualidade e passa a palavra à Mãe Beth de Oxum, de Olinda, para passar o axé, a força espiritual, a comunicação. Ela cantou um canto para Ossanha, acompanhada pelos tambores. Lembrou da importância da força pelas folhas, pois estamos ao redor do Baobá. Fez ainda um canto para Oxum e para Yemanjá.
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TC relatou como é o trabalho da Tainá junto ao Centro de Convivência Toninha (nome de uma importante liderança local). O espaço é dividido com esse grupo e por isso o grupo foi convidado a participar do encontro, para que eles possam participar de atividades em conjunto, respeitando-se mutuamente. A Tainã é preocupada com a questão da saúde e os centros de convivência são espaços importantes para a saúde coletiva. ele lembrou que a Tainã não é um quilombo, mas pensa e age como um quilombo e nem sempre a sociedade entende isso. E ressaltou que há uma proximidade entre saúde e cultura, pois ambas devem envolver respeito e evitar o isolamento e o individualismo são pontos em comum, aqui pensados com base na ancestralidade negra. O pessoal do Centro elaborou diversos elementos da decoração da Tainã, em uma troca contínua. Ele lembra que é preciso pensar não a partir da doença, sim a partir da vida, como nos terreiros. E remeteu-se também à preocupação com a intolerância religiosa nos terreiros – a favor de outros olhares, de uma abertura de percepção.
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Denise, terapeuta ocupacional do Centro, menciona a importância deste que é o quarto encontro da rede, e ela considera o que o grupo do Centro está hoje mais integrado. Lembrou como os participantes do Centro sofrem preconceito diante da sociedade também. O Centro de convivência passou a ser realidade após 2007, integrando centro de saúde, casa de cultura e CAPs, em um modelo de inclusão de grupos. Eles estão em um espaço público, com o objetivo de participar da sociedade. Em 2009 foram contemplados com um projeto que procurava articular saúde e cultura, que foi essencial para o fortalecimento do grupo.
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Após, todos os participantes do IV Encontro da Rede se apresentaram.
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TC solicitou a todos que pensassem dinâmicas de inclusão das crianças presentes nas atividades. Guiné trouxe informes de convivência na casa e apresentação das atividades presentes na programação.
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PC retomou as questões iniciais: quem é a rede e o que ela faz localmente. Denise perguntou o que seria um quilombo, de onde discorreu um debate sobre o que é um quilombo, envolvendo elementos como ancestralidade e pertencimento, que são distintos das categorias construídas pelo poder público.
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Don Perna trouxe o debate sobre o processo que cada um passa para se perceber enquanto negro e enquanto quilombola. E a importância de fazer parte da luta política por melhores condições de vida. É necessário cuidar da própria casa, do bairro, e o quilombo urbano é um espaço de resistência, por exemplo. A periferia é o espaço que se vive, mas muitas vezes se perde o vínculo de pertencimento com o seu lugar, e é preciso retomar esse vínculo.
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Yashodã propôs que possamos construir coletivamente o que entendemos como quilombo. Aqui somos um quilombo, pois estamos na luta por resistência. A tomada de consciência de ser negro e ser quilombola é um momento único e importante para cada um. Ela fez um relato sobre como pode ser difícil assumimos nossa identidade. Relatou uma experiência que passou quando criança. Ela queria fazer o papel de sabonete em uma peça de teatro, mas sua professora negou, por ela ser negra, dizendo que não havia sabonete desta cor. Ao contar para sua mãe, ela fez a filha refletir sobre a necessidade de lutar por respeito e se valorizar. Comprou um sabonete Phebo, de cor escura, e disse para filha mostrar à professora (ou ela mostraria). Ela acabou fazendo o papel. Destacou a experiência da sua comunidade, a Morada da Paz, que parte pela concepção dos seus elementos identitários, como a língua Yorubá. Em sua opinião, a questão é se empoderar, pois o Estado não vai dar nossos direitos, temos que correr atrás deles.
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Banto falou que temos que pensar no Quilombo como fruto de uma diáspora. Quem somos nos na diáspora e fruto de um sistema que passou pelo escravismo e como é o nosso pertencimento identitário? Como discutir dentro de uma perspectiva quilombola a territorialidade? É preciso pensar na rede mocambos nesse contexto.
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Guine lembrou do êxodo da juventude para as áreas urbanas, formando quilombos urbanos. Ressaltou que mesmo nas áreas urbanas, você traz sua bagagem, olhando para onde você veio. O pertencimento é o olhar coletivo a essa luta. Mas também discute-se questões estratégicas. E lembrou ainda que às vezes há dificuldades entre movimentos urbanos e rurais. Ele deu o exemplo do olhar de descendentes de africanos maranhenses que vão para todo o norte e levam consigo seu tambor, sua farinha, seu olhar. Isso são relações que fazem com que possamos estar nos reconectando com o nosso lugar. Isso conecta com o macro, dá uma visão mais ampla. Ela vai muito além do nosso território, pois a luta é maior que a nossa comunidade, e esse olhar africano conecta. E vai muito além das relações que vemos na nossa sociedade como um todo. Usar a rede enquanto territorialidade é pensar em novas articulações, conectando diversos locais em um processo mais amplo.
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Ronaldo Eli concordou e acrescentou que, pela sua experiência pessoal, é necessário destacar a questão da auto estima, a importância de gerar atividades que estimulem a auto estima. O processo de valorização da identidade– até se reconhecer enquanto negro e nascido em uma comunidade negra, e passar a valorizar isso – é difícil e muito pessoal. Na sua trajetória, a afirmação da arte através do coco de umbigada foi o que o moveu a se engajar na luta, pois foi onde a auto estima foi tocada. E reconhecer-se nem sempre implica em se engajar nas lutas políticas. Se aprendermos a afirmar e reafirmar os nossos valores, também aprendemos a nos deslocar dos valores que são impostos a nós na escola, na sociedade em geral, e a auto estima tem papel essencial nisso. Ser quilombola não é só ser preto numa sociedade branca, sim se preocupar.
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Say falou da importância de ouvir, em diferentes espaços. Relatou que nos debates acadêmicos que têm vivenciado ainda há grande distância com a realidade do racismo. Mencionou que tentou dialogar sobre racismo com os professores da escola de seu filho e, apesar de conseguir iniciar uma fala, ainda é muito difícil fazer esse debate. Ela percebe muito claramente a diferença em termos de debate das pessoas que não passam por espaços de militância, apesar de terem experiências diversas com o preconceito, ressaltando como é importante debater o tema, para pensar a vida. O racismo precisa ser debatido mesmo nos espaços mais cotidianos, dentro de uma perspectiva de cuidado integral. Salientou, com isso, a importância da articulação entre saúde e cultura, em um processo de cura. É essencial na descolonização que estamos lutando para fazer, pois estamos lutando para vencer amarras impostas pela sociedade.
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Milson lembrou da importância de ter acesso ao mundo da informática, pois a informação gera empoderamento. Mencionou a importância do trabalho de mapeamento de todos os terreiros do Maranhão, pois a discussão é travada através do terreiro, pensando no fortalecimento da identidade. Nas lutas operadas, o apego e pertencimento à terra se tornam importante para a manutenção de condições dignas de vida. Na cidade não há inclusão, principalmente do jovem negro.
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Vince relatou sua experiência pessoal na Rede Mocambos. Ressaltou que o território digital é totalmente colonizado e a Rede se propõe a descolonizar, tanto os territórios digitais quanto os materiais. O Brasil está seguindo um processo de desenvolvimento que vai explorar cada vez mais recursos naturais e as comunidades locais, e a rede se propõe a ser diferente. Não há nenhum movimento social que está contrapondo esse processo. E para isso pensamos a necessidade de fortalecimento da rede para justamente contrapô-lo. Há diálogo com o Estado, mas as vitórias virão pelo processo de luta mesmo.
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Suhellen falou da sua experiência de se valorizar como uma mulher negra. Relatou um caso de preconceito racial de um vizinho (também negro, que veio do candomblé, mas que atualmente é evangélico), que ela denunciou por ter xingado ela por ser “macumbeira”, de maneira pejorativa. Ela realçou a força que ainda há no racismo, inclusive a delegada sugeriu um acordo. O que ela enfatizou é que hoje ela tem força para questionar esse tipo de prática racista, e isso envolve a tomada de consciência enquanto negra. Falou também que temos que nos posicionar dentro da questão da saúde da mulher negra. Ressaltou a importância da organização coletiva, como a que ela participa, a Casa Preta, e dos encontros e trocas entre os militantes.
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TC propôs a reflexão sobre a questão da colonização. Somos todos colonizados por uma ordem que determina padrões e modelos para toda a sociedade. A sociedade que nasce de uma ideologia cristã, elege um papa, está em uma ordem muito diferente do que propomos aqui, saudando aos tambores. O espaço aqui é de orientadores, com mestres religiosos e pessoas experientes, para fazer trocas, não só mandar e dizer o que devemos fazer (como o papa).
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Suhellen destacou a importância do tambor e de enfrentar resistências dentro da própria família (que acha que ela vai aderir ao candomblé), com muito respeito.
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Say considera que a parte mais difícil da luta é a questão da religiosidade e do racismo. Na experiência que ela teve do debate com a escola, eles não concordaram em falar sobre religiosidade, pois haveria resistência dos pais evangélicos, apesar dela falar da necessidade de trazer também a mitologia africana. Ela falou que poderia ir por outros caminhos, pois a cosmovisão africana é totalmente interligada. Mas é importante que dentro da militância haja todo tipo de religião e que nem todos são do candomblé. É uma questão de respeito e de reflexões coletivas.
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TC lembrou que temos que levantar questionamentos sem demonizar uma religião. As religiões de matriz afro são sempre discriminadas, aí está o problema.
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Say deu o exemplo de uma comunidade que em parte era católica, em parte evangélica, em parte do candomblé, mas que conseguiu manter certa unidade, pois a comunidade é maior que isso. Ressaltou que é preciso encontrar respeito.
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Yashodã - O macumbeiro foi esteriotipado, mas temos raízes africanas, então nossos ancestrais foram macumbeiros – e isso não é pejorativo. Falou da experiência de sua filha (12 anos), que foi chamada de macumbeira e respondeu que não era, mas os ancestrais dela eram, por terem nascido na Macumba, cidade africana que provavelmente quem a xingou não conhecia.
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Suhellen salientou a necessidade de lutar por reconhecimento do seu jeito de ser e relatou um caso em que um pastor não deixou ela permanecer na igreja porque ela estava de turbante.
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PC lembrou que o nome “Roda da Macumba” foi a sugestão inicial do nome desta atividade, mas eles mudaram para “Roda do Baobá” em respeito a todos que não fossem se identificar.
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Banto trouxe o questionamento de porque é tao difícil se auto afirmar enquanto preto ou negro.
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E envolve entender que é bem mais fácil para o colonizador conquistar se se está dividido – ainda temos resquícios colonizadores. Mas é uma questão de visão de mundo: religiosidade é a bola da vez, mas o que está em cheque é a nossa auto afirmação.
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Seu pai é pastor evangélico. Falou que não sabe ser educado diante da arrogância de alguns evangélicos. considerou significativa a fala de “não poder ter medo do meu passado”. É necessário assumir o enorme desafio diante da questão. As tecnologias do tambor são feitas há 5 mil anos, não se pode mais esconder isso do nosso povo.
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Don Perna relatou a experiência que ele teve com um amigo que foi para África. O guia dele era cristão, mas em toda casa, sabia como cumprimentar e respeitar os babalaôs, sabia como se comportar, o que pode ser considerado como uma lição, por que aqui ocorre muito desrespeito com o povo do asè. Num mesmo dia eles visitavam 6, 7 casas, com uma licença específica pra ir na casa e tratavam todos com respeito, independente da religião. Considera que vale a pena procurar esse amigo em Ribeirão Preto para compartilhar informações em um encontro da mocambos, por ele ter essa experiência de viagem para Nigéria. Lembrou que o sentido religioso que temos hoje é extremamente europeu.
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Cauê considera que é preciso repensar a educação, pensar estratégias dentro das escolas para passar a ancestralidade. Propôs esse tema para discussão nos Gts: por que não se consegue implementar conteúdos relacionados à África nas escolas? Relatou sua experiência como professor de fotografia, estimulando a percepção das pessoas sobre a negritude através de um filme sobre os orixás. Alguns alunos reagiram criticamente, filhos de pais evangélicos, outros zombaram, outros foram apontados como relacionados a religiões afro e zombados pelos colegas, em uma situação delicada. Mas considera necessário despertar a noção de pertencimento enquanto negro, tema complicado de tratar dentro das escolas ainda, apesar da lei já ter dez anos.
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Greice, filha da Mãe Carmen de Oxalá, de Guaíba, relatou sua experiência como filha de mãe de santo. Falou que já ouviu bastante crítica, já foi muito xingada por ser filha da macumbeira, da batuqueira. Disse que tem muito orgulho da mãe, mas que optou por não ser de religião. Na escola não teve esse tema tratado e isso é um grande problema, pois as pessoas não debatem. Lembrou que a estética branca impera: já sofreu bastante por isso. O preconceito é bem generalizado, principalmente com as mulheres negras (“cabelo ruim”). Já foi em igreja evangélica, mas não se sentiu confortável (a pastora ficou encarando ela). Ressaltou que tem grande preocupação com uma juventude melhor no seu bairro.
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TC lembrou de Lina, que dá nome ao espaço que estamos, criou o primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil, em Campinas. TC cantou uma música que a homenageia e homenageia a todas as mulheres negras lutadoras.
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Daniel mencionou a importância de um projeto com crianças e idosos, sobre a questão religiosa da sua comunidade, para que as crianças aprendam que elas são o futuro da comunidade. Na sua comunidade inauguraram a primeira escola quilombola brasileira, com indígenas, negros, evangélicos, o que demanda bastante cuidado e respeito, com educação contextualizada à realidade local. Apesar disso, muitas pessoas foram contra. Acha que um acervo cultural nacional vai fortalecer a sua comunidade. chegaram a receber tablets, mas o uso deles como ferramenta de aprendizado ainda é limitado (acessam mais o facebook atualmente).
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Dani lembrou a importância das reuniões. Faz parte de uma comunidade quilombola em Itacaré e milita na Casa do Boneco. Na família, não passou por esse processo de valorização e só queria ficar na cidade, com suas amigas brancas. A família criticou, mas a mãe apoiou sua inserção na Casa do Boneco. Ela começou a passar seu conhecimento, dando aula de dança. Na família, há católicos e evangélicos. Resolveu ser rasta, o que gerou conflitos familiares e sentiu o afastamento dos amigos de Itacaré, mas sentiu que a sua rede se expandiu, e ela tem amigos em vários outros lugares. Falou do seu engajamento em um caso de resistência a uma banda que participou de um estupro coletivo, mas que sofre críticas localmente.
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Mãe Beth salientou que depende de nós entendermos e fazermos o mundo mais do nosso jeito. A rede mocambos colaborou para fortalecer laços. Ela teve o ponto positivo de começarmos a repensar e valorizar nossa história. Lembrou que a religiosidade é um problema do país inteiro e do mundo. A dimensão espiritual é muito pessoal, do que entendemos como sagrado, mas há um projeto político que está posto hoje pela igreja evangélica, de criar um país fundamentalista. Atualmente, neopentecostais são um quarto da população do país, estimulando um fascismo fundamentalista. Ocuparam o senado, o congresso, cooptando o povo, tirando o orixá do povo brasileiro, nivelando e homogeneizando o povo e se empoderando, modificando leis e criando regras. Lembrou que somos um povo diverso, com suas sutilezas, e as formas de resistências são diversas. Ela criou os filhos com auto estima e às vezes é preciso trombar com o que achamos injusto, porque em nossa sociedade isso é necessário. Precisamos nos posicionar e valorizar os ensinamentos africanos. Ressaltou o contexto agressivo das igrejas evangélicas.
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Tirar o orixá da alma brasileira, a folha, o asè, é tirar a identidade. Temos que entender a importância do tambor, da folha, do asè. Se perdermos isso, vamos nos perder. A religiosidade afro é uma cultura, precisa ser respeitada, não podem exterminar a cultura do nosso povo. Lembrou que só no Brasil há o absurdo de haver uma bancada evangélica, em nenhum outro lugar do mundo. Essa igreja está em vários países.
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Filipe, que está se formando em História, é favorável à lei que obriga o ensino da história da África no ensino escolar. Mas ela pode sufocar algumas coisas, pois não foram criadas condições para que esse conteúdo fosse disponibilizado. Os livros didáticos não vêm com os conteúdos, ou são superficiais, ou estão errados mesmo. Entende que o governo não resolveu o problema ao criar a lei.
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Por outro lado, ele questiona o ensino de religião, pois fere o direito de escolha e poderia influenciar as escolhas dos alunos. Ele é evangélico, mas lembra que busca resgatar a sua história. Relatou a realidade de Monte Alegre, sua comunidade. Mencionou que o pastor da sua igreja é negro, bem como boa parte da congregação, mas a irmã do pastor é de religião de matriz africana. Ele disse que o preconceito religioso foi superado e que a diversidade é respeitada em sua comunidade. Ele disse que mesmo não concordando com outras crenças, respeita.
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O Brasil tem uma dívida enorme com o povo negro.
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Mãe Beth questiona: por que os professores não foram capacitados para ensinar a história da África? Há pesquisa em povos de terreiro, os doutores passam por lá, por que não chega onde deve chegar? Falou que é importante separar relação pessoal e histórica (política) entre evangélicos e religiões de matriz afro. Os conflitos se dão localmente.
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Say lembrou que a igreja católica está no ensino desde sempre, mas isso não acontece com o candomblé. E quando este tema entra nos conteúdos, é de maneira exotizada, não é valorizada como salvaguarda do patrimônio cultural negro. A raiz de todos os quilombos têm o asè, por que veio da África. Ressaltou que não se trata de uma doutrinação no ensino das escolas, mas sim de reconhecimento que ela foram importantes na formação da sociedade brasileira.
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TC falou que não estamos discutindo um projeto particular, sim um projeto político brasileiro.
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As experiências locais de quem respeita as religiões é bacana, mas não é a realidade de todos os locais. Mencionou a importância do tambor, e a falta dele é significativo nas outras religiões.
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Temos que pensar que não há um centro. E se o mundo é diverso, não é para ser desigual.
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Sobe o questionamento crítico da religiosidade (debate que foi suscitado anteriormente), ele acha que é necessário fazer sim, pois as pessoas precisam colocar suas opiniões.
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Ele se questiona, em relação às religiões pentecostais, porque tem que acreditar na culpa e no medo, pregados em canais de TV da própria igreja (ou seja, que possuem um grande poder de difusão para falar o que querem). Considera que quem prega o medo quer dominar, e temos o direito de questionar.
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Relatoria 28 de maio de 2013 – tarde
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Say contextualizou o histórico do projeto que culminou com este encontro da Rede: ele é uma consequência de várias caminhadas, dos articuladores da rede, especialmente do TC, que faz essa caminhada por diversos territórios, e, fruto da visualização de diversos gargalos, principalmente na comunicação, demanda por novos modelos de comunicação e educação. E este é um momento de se encontrar para afinar as ações, pensando no processo de organização interna da Rede Mocambos. É um momento de compartilhamento, de percepção coletiva, para fortalecimento dos participantes da rede.
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TC traz os desafios de articular ações na busca de objetivos que muitas vezes são os mesmos, a partir da demanda de fortalecimento da rede, de modo a enfrentar a falta de perspectiva que vemos atualmente, em que o direcionamento dos interesses governamentais do país têm se voltado para tudo que envolve a copa e os megaeventos. Este encontro não é ampliado pela dificuldade de captação de recursos para a nossa proposta. Temos que pensar estratégias para passar por esse período que não está nada fácil, pois o movimento se silenciou nos últimos anos, o governo não apoia e não há mais o diálogo que havia na construção de políticas públicas. E o encontro é importante para que percebamos que é urgente nos organizarmos, em busca de um instrumental que possa nos fortalecer em um país de tantas incertezas como o nosso. As tecnologias podem ser usadas para tentar acelerar nossos processos de organização, de melhorar nossas relações e nossa sociedade como um todo. Referência ao Quilombo de Palmares, da luta por liberdade.
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TC apresentou as oficinas: Biblioteca/acervo; Wiki (publicização das informações), Mapa, Portal e Baobáxia. Explicou que a Baobáxia transcende o que estamos acostumados a considerar como nossos limites, uma forma de fugirmos da escravidão e pensarmos no trabalho livre, possibilita que não fiquemos refém da comunicação via internet. O território digital também deve ser livre.
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Priscila apresentou o projeto que culminou no encontro, esclarecendo os objetivos do trabalho.
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TC lembrou os três elementos essenciais para a rede, que estão nos objetivos, pensados a partir da articulação em núcleos:
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- Núcleo de pesquisa e desenvolvimento (compartilhar, garantir, ressignificar). Ele lembra que quem tá pensando um sistema como esse é a Nasa, mas com objetivos muito diferentes dos nossos, de compartilhar, buscar nossa identidade.
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Pontos importantes:
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*Formação de um Acervo próprio (Biblioteca): mais focado, com conteúdos que elegemos como sendo prioritários para nosso grupo
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*Wiki representa a construção coletiva de conhecimentos
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*Mapa organiza e possibilita uma articulação rápida de onde estamos
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*Baobáxia: permite que a informação não fique retida somente na mão de quem tem acesso à internet
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-Núcleo de comunicação e pedagogia
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Faz seleção dos conteúdos, estruturação e metodologia dos acervos para a difusão e apresentação. É importante lembrar que estamos gerando conhecimento, pois a geração de conhecimento não ocorre só na academia.
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-Núcleo de formação continuada
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Multiplicadores da comunicação, como centros irradiadores.
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Say apontou os eixos: Gestão do território (cartografia), sustentabilidade, que implica em autonomia (escambos, trocas, e até desmonetarização em alguns casos), cultura popular, comunicação compartilhada
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Yashodã fez uma fala explicando a diferença entre território e territorialidade:
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territórios têm um vínculo com um lugar, a territorialidade envolve uma identidade, ligadas ou não a um lugar, mas que pode se deslocar. É atemporal, que envolve projetos de vida, identificação político cultural. Um exemplo da territorialidade seria a Rede Mocambos. Um nome que nos liga a todos, na borda, pensando em espaços de resiliência.
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Milson salientou que os eixos são valores civilizatórios africanos. Debater, nos grupos, cada um  dos eixos e peneirar, em cada grupo, três ações a serem desenvolvidas localmente
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Say apontou preocupação com o debate sobre a metodologia e sobre a multiplicação do conhecimento.
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Don Perna lembrou que a concentração das responsabilidades em algumas lideranças é difícil, tem que repassar e multiplicar as informações e a filosofia de resistência da rede, atuando como multiplicador não só no domínio técnico, mas sim da concepção da rede. Tem que ser um multiplicador técnico e político, e os dois são importantes. Um pode auxiliar no outro.
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No encontro é fundamental que os iniciantes se posicionem, é uma responsabilidade de multiplicador, chegar em sua comunidade e repassar isso, de uma maneira africana.
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Milson explicou que as oficinas é onde apresentam-se as ferramentas (seja wiki, baobaxia, acervo, portal ou mapa) que vão colaborar com os eixos de formação, que se materializam nas diferentes realidades, debatidas nas rodas de conversa.
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PC lembrou que a ideia é articular uma proposta, com o uso destas ferramentas, para cada um pensar a sua comunidade. Na oficina de Acervo, a ideia é organizar nossas informações, produzidas por nós mesmos, trabalhando patrimônio material e imaterial. Quem elege nossos patrimônios somos nós, por isso precisamos identificá-los e conversar sobre eles. A oralidade é um patrimônio, dentro da perspectiva de valorização. Neste momento, cada um do grupo apresentou um objeto de memória que trouxe de sua comunidade, para cataloga-lo, torná-lo público e postar informações sobre ele. Com isso, antes de trabalhar com as ferramentas digitais, a preocupação foi em mostrar como construímos o conteúdo a ser publicizado.
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Perna chama a atenção para o fato de que não necessariamente vamos usar a internet e computadores, se não tiver internet na comunidade, temos também que nos expressar e transferir esses informações. É preciso pensar em gerar conteúdo para nossa comunidade, mesmo sem internet. Ele trouxe algumas questões, para serem pensadas a partir da proposta da Baobáxia: Como ser da rede Mocambos sem internet e computador? Mas como funciona uma rede sem internet?
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Banto questionou a todos quem sobe conteúdos (exceptuando foto no facebook) e várias pessoas responderam que sim. Ele também trouxe questionamentos: Como vinculamos nossa produção de conteúdo às ferramentas da rede Mocambos? Considera que não se pode focar somente na produção de conteúdo, mas também nessa vinculação. As ferramentas são fundamentais nesse processo de comunicação.
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Milson explicou que a programação conta com dois momentos, oficina propriamente dita, depois laboratório para colocar em prática as ferramentas. PC apresentou os conteúdos e a metodologia.
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Say trouxe um debate sobre a apresentação ou não através de ferramentas digitais ou de objetos de memória, valorizando o sujeito, não a máquina.
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PC questionou o grupo: como voltamos nosso olhar a objetos que carregam memórias e histórias? Como ouvir o relato local sobre determinado objeto, o que ele relembra? Com isso, ele solicitou que cada um que trouxe um objeto de memória, solicitado previamente, o apresentasse e catalogasse, para que se torne parte do acervo material da Tainã. Ele iniciou apresentando o objeto que ele trouxe. Ele apresentou um objeto com fuxicos recebido pela griô dona Sirley, de Pelotas, RS. As informações que ele catalogou, considerando-as como relevantes: Identificação, núcleo, autora, localidade. Lembrou que quando subimos um material para a rede, temos determinadas palavras que vinculam a esses objetos.
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Natália trouxe suas mãos. Ela considera que o patrimônio também é o que energizamos, e os nossos modos de fazer, materializados através de nossas mãos. A forma de se tocar é uma forma de patrimônio, que gera cura, é uma forma de energização. A mãe fazia a energização quando ela sentia dor, e também um banho de rosa branca e de ervas, uma forma de cura independente dos poderes farmacêuticas. Sem corpo não somos nada e a forma de cuidar do corpo é o patrimônio que ela traz, passado por sua mae, sua avó trouxeram do interior de Minas. “Morrer de tristeza e de doença é o que a casa grande faz a gente sentir.” e o que temos que combater.
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PC ressaltou que o patrimônio dela é o seu saber. O patrimônio de cada um, ao nos compartilhar, passa a ser nosso também. Cada ferramenta pode ser utilizada para dar respaldo a esse conhecimento (wiki, em um texto e fotos, o mapeamento da localização das ervas e da rosa, um vídeo com o relato etc.)
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Elivelton trouxe seu celular, pois ele representa a comunicação, a sua própria produção de vídeos, fotos, e o mantém em contato. O celular passou a ser uma importante ferramenta com o projeto Jeofer (raça livre), que ele participa.
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PC lembrou que há uma diversidade de objetos, o que expressa a diversidade que representamos, e todas podem ser contempladas.
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Greice trouxe dois objetos: um pote de mel para auxiliar pessoas que passam mal no terreiro da Mãe Carmem, em Guaíba e uma louça onde se servem os orixás, que está há três gerações na instituição que ela representa (ASSOBECATY).
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Say e Dani trouxeram uma muda de cupuaçu: é uma das pioneiras em áreas degradadas , muito usadas nos sistemas agroflorestais, está auxiliando na regeneração de áreas que foram degradadas.
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E para despolpar é difícil, então acaba reunindo a família toda. Além disso, usaram material reciclável para mudas. Para Say, o cupuaçu simboliza a mata atlântica, patrimônio tombado pela Unesco, mas para além disso, é patrimônio local, que as pessoas vivem e se relacionam, através de usos diversos.
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Yashodã trouxe uma bolsa da morada da paz, saco da peregrinação, que ganharam na Índia, na primeira vez que foram apresentar seu trabalho, em 2009. Trouxe também sementes de girassol, que foi a primeira planta que plantaram na comunidade, sementes crioulas, há 11 anos na comunidade.
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Don Perna reconhece a Tainã como um patrimônio que ele carrega, morou 8 anos nesta casa. Lembrou do dia que TC contou uma história. A loucura de um griô é passar a vida atrás de um griô, para não deixar a história morrer. Saiu da Tainã para ir para Belém, mas considera que a Tainã é ainda sua casa. Que cresceu bastante, junta muita gente atualmente e ele viu um pouco dessa trajetória. Trouxe uma revista da Casa Preta, que é um trabalho que procura multiplicar a ação da Tainã (como uma filha da Tainã). Salientou a importância do coletivo da Casa Preta, que ele atua em Belém. Lembrou que tudo o que precisamos fazer para dar para nossos filhos é ter uma história que seja real. TC falou uma vez: o maior patrimônio que temos são as pessoas. São escolhas, são opções e precisamos valorizar quando vemos pessoas que sabem aonde querem ir, sem medo e sem pregar medo.
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Lamartine mencionou diversos objetos que serão doados para Tainã: Pandeirão de São Luis do Maranhão, instrumento do Bloco Firme. Os instrumentos de origem afro, que são tocados em diversos momentos, como no Bumba Boi, festa negra centenária do estado do Maranhão, são patrimônio coletivo e expressão de resistência. Também vai deixar um um totaque de matraca e paideirão, instrumento do Bloco Firme, pertencente ao coletivo Casa Preta.
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PC lembrou que a revista que Perna trouxe pode ser escaneada, relatado o seu contexto e colocado como acervo. Está contando a história do movimento. Falou que não estamos falando aqui sobre objetos pessoais, mas sim sobre objetos experimentados socialmente que dizem respeito à processos que são coletivos. Já os instrumentos podem ser fotografados, acompanhados de um relato do seu histórico e tudo que mobiliza.
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Milson falou da importância do tambor, e da primeira vez que tocou, quando ele se encantou. Tudo remete a tambor em sua vida e dá aulas de confecção do instrumento. Representa a ligação dele com sua espiritualidade e com sua ancestralidade. Lembrou que trazemos uma memória do corpo, expressa no próximo toque de tambor, por isso trouxe um tambor polopolo.
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Natália falou que em cada objeto, estão presentes diversos tipos de patrimônio – como dar conta? É importante fazer um relato consistente.
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Ronaldo Eli trouxe um CD, o primeiro fabricado por eles mesmo (Amnésia discos), muito artesanal, feito a mão. O Cd mostra o trabalho do Mestre Paraquedas, do RS, e foi extremamente colaborativo. É um disco que contém oralidade, histórias que não se encontram em nenhum outro lugar.
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Banto trouxe um vinil da Eliseth Cardoso, para simbolizar o rap. Leu um rap (Negro Limitado, Racionais MCs) que ele conheceu no início da década de 90, que trata sobre o combate à discriminação racial. Esta música foi essencial para a sua formação militante, e para lhe dar perspectiva racial e social. Seu patrimônio também são os dreads, que ele não corta há sete anos, quando assumiu o nome Banto. Indicou que poderia ser usada a ferramenta do Mapa.
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PC falou que para esses dois últimos casos, além de subir a música, podemos publicar a letra da música.
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Manoel trouxe um remédio elaborado pela comunidade, com várias ervas, produto da economia solidária, do nordeste paraense. As plantas representam uma forma autônoma de cura, com base em saberes tradicionais locais.
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Luiz Santos trouxe dois DVDs da Folia de Reis, em São Mateus, Espírito Santo, comunidade negra onde ele é reiseiro. Há muitas festas grandes de reis em janeiro. Ele vem representando a história dos seus avós e bisavós, e por último seu tio, que faleceu há quatro anos. Para que a cultura não se perdesse, ele procura passar seus conhecimentos para as crianças da comunidade.
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O objeto escolhido por Keila foi uma saia de batuque. Expressa a relação entre religiosidade e cultura, o tocar o tambor, as danças. Esses elementos estão se perdendo, quando os mais velhos falecem, que considera que através das mobilizações coletivas pode ser modificado e resgatado.
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Mãe Beth trouxe um pandeiro do coco de umbigada. Lembrou que o coco vem do universo afroindígena, vem dos quilombos, na quebrança dos cocos das palmeiras, na simbologia da sambada. Na simbologia das palmeiras, gravaram um CD de coco de umbigada. Ressaltou que foi gravado localmente e que temos que entender que podemos ter nossos equipamentos e gravar dentro de casa, caso do CD que ela trouxe. Falou da zabumba, tambor de mais de 100 anos. E falou de toda a luta política que envolve o coco: em Olinda, articularam o terreiro, e hoje há mais de 270 rodas de coco, que não estavam sendo feitas ou somente em momentos específicos. O preço que se paga por essa luta é o preço da resistência, com os coronéis e a polícia sempre em cima. Relatou que a repressão é forte, e depois da meia noite, o coco só continua com o apoio dos orixás.
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Explicou que o coco é a jurema (origem indígena), por isso ela trouxe também um cachimbo, com ervas sagradas, que limpa a aura do corpo e da mente. A jurema recebe o povo. Isso é um grande patrimônio do nosso povo, pois a fumaça limpa e quem é juremeiro sabe disso. Deu uma fumaçada boa em todos os desafios da rede e explicou que a folha também é queimada para purificar o ambiente, para levar a demanda par abem longe que a fumaça da jurema invada nossa rede, nos purifique e nos fortaleça.
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André vai deixar um livro escaneado de um patrimônio de Santarém: Lagoa Santa, águas que têm o poder curativo.
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Francisca trouxe um DVD sobre as comunidades do Médio Mearim, e lembrou da importância dos tambores, que são expressão da cultura local e que estão sendo mantidos pela sua comunidade de geração para  geração.
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Cauẽ gostaria de deixar um documentário que ele está fazendo sobre parteiras, ressaltando que sua mãe é parteira (que está fazendo o parto de sua irmã neste momento), mas vai deixar uma pomada de própolis, ensinamento que sua mãe lhe passou sobre cura.
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Guine, que está trabalhando em um ponto de cultura do Espirito Santo com três comunidades urbanas (quilombos urbanos), vai deixar fanzines feitos pelas crianças destas comunidades. 
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Acha que pode entrar no acervo da biblioteca, digitalizado.
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TC trouxe um tambor, pois nos remete à ancestralidade e à questão da memória. O tambor o conecta com a África, que sempre esteve presente dentro dele, apesar de nunca ter estado lá fisicamente.
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Relatou uma lembrança de quando tinha 9 anos de idade, uma comunidade negra saída do processo de escravidão em Minas. Lembrou de um momento de conversa com um griô, grande contador de histórias, seu Jovelino, que cuidou dele por um ano, quando ele tinha 9 anos.
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Enquanto ele observava um fenômeno que o encantava: festa dos animais, no final da tarde, e que silenciava no cair da noite, seu Jovelino, que era o seu ídolo. Ele ficou muito emocionado quando seu Jovelino quis saber o que ele observava, queria ouvi-lo. Lembrou-se que naquele momento se sentiu também como um contador de história, e levou isso para sua vida. 45 anos depois, voltou ao local e foi reconhecido por uma antiga moradora que o confundiu com o seu Jovelino, que ele achou que não é coincidência, pois ele teve conhecimentos transmitidos por seu Jovelino. Nunca foi à África, mas a África está dentro dele, por isso a importância de falar dos Baobás.
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Filipe trouxe um guia de aves feito por moradores da comunidade do quilombo de Monte Alegre. A foto da capa é de uma ave chamada de vovozinho, pois é quem detém conhecimentos na comunidade.
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Vince lembrou que a partir do encontro, precisamos pensar como divulgar e preservar essas memórias a partir das ferramentas? É necessário tirar uma proposta.
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Don Perna sugerieu que cada um sistematizasse seu relato, para podermos construir coletivamente, pode ser através de uma wiki, que depois pode ser complementada. 
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29/05
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Fábio (RJ), do quilombo do Campinho, fez uma provocação para reunião da juventude quilombola e sobre formas de organização destes sujeitos.
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Guiné lembrou que a juventude das áreas rurais é pouco representada.
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Fábio disse que há a perspectiva de reunir, em um encontro da juventude quilombola, mais de 1000 jovens. Falou que novembro do ano passado houve um encontro e a ideia é que no final deste ano haja um encontro nacional.
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Para Guiné, há um gasto intelectual para estarmos aqui, precisamos aproveitar o máximo. É preciso abandonarmos um pensamento individual e somente local, temos que pensar que fazemos parte de um todo, que a luta é nacional.
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Após a abertura com os tambores, Guiné apresentou o debate sobre territorialidade e gestão de território.
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Yashodã, com o objetivo de procurar construir o mesmo ponto de partida, instigou a pensarmos sobre como cada um está entendendo esse processo e como podemos levar o que estamos aprendendo para casa. A ideia inicial é que tenha significado para nós – como cada um pensa, a partir da oficina de ontem (de acervo), seus elementos sagrados e como nos apropriamos das ferramentas utilizadas pela rede e como podemos ligar esses elementos à gestão de cada território e como faremos para multiplicar esses conhecimentos de aporte? As pessoas aqui são multiplicadores, extrapolam o seu lugar (território), conecta diferentes comunidades e fortalece a todos.
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Suehllen disse que acha que a concepção do uso das ferramentas está compreensível, agora precisa ver a questão técnica. E se disponibilizou para passar seus relatos das oficinas através da plataforma de wiki.
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Say lembrou que há uma relatoria, mas podemos nos complementar.
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Elivelton chamou a atenção para a importância de fazer relatório, postar na wiki, e divulgar fotos, como retorno para cada comunidade.
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Yashodã lembrou que a continuação do quarto encontro é via sistematização das informações na wiki.
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PC relembrou que é importante, antes de se apropriar das ferramentas, que possamos nos apropriar da concepção, das ideias que elas carregam.
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Yashodã a gestão passa pelo conhecimento: se eu conheço, eu tenho a informação, a questão é como eu vou trabalhar com isso: como eu vou trabalhar de modo a encantar as pessoas e chamá-las à luta, a partir das singularidades de cada local. Há uma preocupação com uma atitude política também.
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Ir além do Facebook, o objetivo é fortalecer e empoderar uma outra via.
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Fábio: nós quilombolas, não lutamos pela terra, lutamos pelo território. Não é só pensar numa metragem, mas sim nos elementos que são necessários a nossa sobrevivência e a nossa vida.
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Yashodã mencionou o que PC falou ontem, que o primeiro patrimônio somos nós, o primeiro território somos nós e a primeira gestão do território está nessa territorialidade que eu represento.
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Indo além do facebook, é preciso falar que existem vazamentos, possibilidades de resistência
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Cauê considera que precisamos analisar o nosso papel nas nossas localidades. No seu caso, está na Mata Atlântica, onde há comunidades quilombolas e indígenas.
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Guine apresentou a importância que há em gerir, administrar, o que geralmente não acontece em nossas comunidades, pois em muitos locais, nos obrigamos a adotar gestões que não são nossas, mas precisamos pensar a gestão a partir de nossa identidade. Por exemplo, os Kalunga do Tocantins e de Goiás, tem discussão sobre gestão do território. Isso são formas de preservação dos territórios que não são os territórios físicos. O que nos garante vivos é nossa identidade.
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Milson mencionou que falando sobre o que é ser quilombola, falamos de valores civilizatórios africanos de oralidade, ancestralidade... etc. Se perdemos uma delas, nos enfraquecemos, mas continuamos. Temos que pensar se estamos mantendo esses valores, como estamos lidando com eles. Precisamos entender que fazemos parte de um todo e se uma comunidade se perde, as outras se enfraquecem. O território simbólico transcende tudo, e se não atentarmos a nossa prática, não nos fortalecermos, tentando retratar o que está sendo perdido, até ficar firme de novo, nossas batalhas estarão sendo perdidas. Estamos travando diariamente uma batalha, os valores econômicos estão ficando maiores que os nossos valores civilizatórios, então precisamos fortalecer-nos.
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Yashodã propôs uma atividade: fazer uma imagem que interprete o que cada grupo entendeu de gestão de território, em grupos menores.
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Guiné lembrou que quando falamos em tradicional, temos que pensar na identidade. Tem a relação com a terra tem relação política, mas temos problemas de demarcação de terras, ele deu um exemplo de sobreposição de terra pelo aumento populacional.
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Elivelton chamou a atenção que cada um no grupo tem que falar da sua comunidade, mas também das comunidades vizinhas, pelo  olhar de cada um e montar um mapa falado em uma caminhada transversal (além de aquisição tecnológica). Ex.: visitar comunidades do entorno, catalogando, trocando saberes, culturas, diálogos.
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Guine informou que isso será feito na oficina de mapa. Precisamos saber o que temos na nossa comunidade. Uma oficina de cartografia é necessária, precisamos dominar a ferramenta de mapeamento. Conhecer a partir de dentro, trabalhar a auto estima no sentido de ser parte real daquele território, trazendo como base forte a identidade do povo como resistência aos domínios de precisão
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Yashodã acrescentou que isso é gestão do conhecimento: eu preciso conhecer o que tem entorno de mim, para poder fazer a gestão do comunidade, reunindo elementos de cada local.
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PC lembrou que temos que saber também o que tem embaixo da terra, tem comunidades que foi descoberto que tem petróleo, por exemplo.
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Yashodã complementou: conhecer o que tem ao lado, em cima e embaixo.
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Cauê considera que aos poucos vem se tornando ciente do seu papel. O grupo existe mas ele ainda está se formando, com representantes de várias comunidades (que passam por relações próprias), que está trabalhando a partir de sistemas agroflorestais. Os encontros do grupo são direcionados para onde estão ocorrendo processos importantes.
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Yashodã lembrou que se não dissermos o que temos e queremos, alguém vai dizer o que temos que fazer.
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Cauê deu exemplo da construção de casas de barro.
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Yashodã considera que o que as pessoas estão trazendo são estratégias de conhecimento: caminhada transversal etc. Na comunidade que ela vive, elas construíram estratégias de gestão. p. ex, a construção de um espaço dentro de um jornal local semanal. A rádio é um espaço também. Conseguiram dialogar com os pentecostais a partir disso. A construção da casa de barro também foi uma estratégia, pois o barro une, conseguiram chamar pessoas para o local. Hoje, são referência na localidade. Fizeram um mapeamento para dialogar sobre a questão da água como bem público e o próprio município sede não tinha tanto conhecimento sobre o território. É preciso gerir o próprio território, isso não é brecha, é direito legítimo.
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Guiné, sobre o tema, mencionou os problemas do programa minha casa minha vida (“casa de pombo”), como o fato de que não se discute o formato da casa, sendo que a casa de adobe pode ter maior durabilidade até da de alvenaria - é tecnologia quilombólica, mas isso não se discute. Também há o bambu, que pode ser usado. Ele lembrou que já há esse conhecimento tradicional da casa de bambu, mas ainda não houve brecha para colocar em prática. Mas para debatermos sobre isso, precisamos ter autonomia sobre nossa gestão. E podemos falar sobre muita coisa, desde a merenda escolar, quando falamos sobre gestão.
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Milson levantou a questão de intervenções externas no território: nas comunidades de terreiro, a maioria das informações são escritas sobre pessoas externas, principalmente antropólogos que não conhecem a realidade local. Deu um exemplo de um caso que um antropólogo filmou atividades secretas de um terreiro, ressaltando que temos que cuidar isso. Temos que ser protagonistas de nossa história.
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Yashodã relatou que na COMPAZ ciaram uma comissão científica da comunidade, que avalia se será importante para a comunidade a presença de pesquisadores. Eles precisam de uma imersão na comunidade, para conhecer de verdade. Não se breca o conhecimento nem a informação, mas com respeito.
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Natália: não vou defender a ciência, mas ela deve ser de todo mundo, ela não é branca, é de todo mundo, o problema é que quem assinou e botou o carimbo, dizendo, isso aqui é meu foi uma elite.
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O conhecimento é nosso, quem transformou a gente no Outro foi a colonização, a gente é a gente, não o outro. Não podemos deixar de fazer parte desse processo. E a questão não é incluir o Outro, sim uma articulação, e saber que isso tudo é nosso. Temos que nos apropriar, reapropriar e ressignificar. É pertinente o que o Milson falou da antropologia, fundado por colonizadores para mapear os povos a serem colonizados, mas ela é antropóloga que busca trazer esse debate para dentro da academia.
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Resultado da atividade
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1º Grupo “Troca de saberes”:
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A trajetória de cada um foi ressaltada, a partir de elementos como o reconhecimento coletivo, a relação identidade, união, conhecimento, afirmação identitária e fortalecimento, articulações entre comunicação e espiritualidade.
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2º Grupo
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Os participantes ressaltaram elementos como a mobilidade e fluxos de deslocamento em suas trajetórias.
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Em relação ao território, lembraram que a luta pela terra transforma as memórias em formas de resistência, para conseguir lutar por direitos. O território é onde se vive e onde vivem os meus, um lugar para voltar. Envolve nossa vida, nossa história, nossa família, território simbólico
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Como materializar a gestão dos territórios? Quando lutamos por políticas públicas, nosso território tem que ser amplo e acolhedor, característica comunitária amplo. A questão dos custos é importante para manter esse território e amparar suas necessidades. O grupo colocou o sentimento da importância da gestão compartilhada, gerindo e conciliando as demandas de todos.
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E se questionou: Como aprimorar potenciais? Aprimorar comunicação, se articular em rede são passos importantes.
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3º Grupo
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Grupo composto por jovens, identificaram como desafios o uso excessivo de álcool e drogas. Apresentaram os principais pontos de seus territórios:
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-Sul da Bahia (Tapama), parte dos povos da mata atlântica e cabruca: importância das sementes e da teia de agroecologia dos povos da Mata Atlântica.
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- Amapá (São Pedro dos Bois), o coletivo é muito forte, independente das autoridades.
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- Espirito Santo (Monte Alegre): forte crescimento do turismo sustentável
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-Guaíba, RS: terreiro em forte crescimento e aceitação da comunidade, que também está utilizando tecnologias digitais (telecentro).
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-Maranhão (Mata Boi): importância da união e da organização social, empoderamento.
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-Espírito Santo (São Pedro): destaque para a força dos membros da comunidade na luta por melhorias.
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-Pará (São Pedro e São Judas Tadeu): preocupação com os latifundiários, que estão em conflito com os quilombolas, com a expropriação de territórios. Cuidado com comunicação, empoderamento, tecnologia (projeto Jeofe Raça Livre).
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TARDE
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Em um primeiro momento, foi realizada a avaliação da atividade da manhã, conduzida por Yashodã, Guine e Milson. O objetivo da atividade foi pensarmos como foi a vivência em grupos para cada um e se esta atividade poderia ser replicada localmente.
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Cauê falou sobre a importância da análise das práticas que temos em comum e como isso depende de quem tá dentro, para busca de soluções coletivas. Chamou a atenção para o fato de que as pessoas são o objeto principal dos desenhos elaborados - e pessoas juntas, em grupos.
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Suehllen ressaltou a importância das atividades até esse momento é que há a necessidade de conhecer o significado do encontro. E pudemos nos expressar, ainda que um pouquinho, e esse é o primeiro passo para comunicar. A troca de saberes e pessoas, reconhecimento mútuo.
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André considera que a experiência foi ótima, pois começamos um pouco perdidos, mas aos poucos fomos nos identificando enquanto grupo. Conseguimos muito mais do que se produzíssemos um texto científico, pois tem muito mais significado e isso é um grande aprendizado.
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Greice relatou que com a atividade foi possível ver o que sentimos de nossa comunidade
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Dani achou que todas as atividades seriam com a máquina, e no começo não concordou com o fato de primeiro debatemos a concepção da rede, mas viu que a dinâmica de grupo possibilitou que nos aproximássemos e que nos identificássemos entre nós, vendo situações em comum, que no grande grupo talvez não conseguíssemos ver.
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Elivelton disse que já passou por outras dinâmicas de grupo, mas a troca de conhecimentos aqui é importante por que nos identificamos entre o grupo.
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Luiz achou que seria diferente a dinâmica. Foi uma experiência de se conhecer, gerou entusiasmo e mexeu com o grupo.
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Yashodã ressaltou a sinergia entre o grupo está muito importante, começou antes mesmo de chegarmos aqui, na preparação do encontro. Ela retomou os pontos mais importantes da fala de todos – ver as pessoas – eu vejo você, você me vê – ver as pessoas que são modos de vida. É preciso ver para poder zelar, somos guardiões, da terra, da mata. Nos sentimos mais pertencentes para podermos fazer o manejo. O primeiro grupo enfatizou a troca de saberes: Reconhecimento mútuo, identificando desafios comuns, e pensando estratégias que são comuns e que podem fortalecer um conhecimento – um conhecimento que tem autoria, eu trago a fala do meu povo, eu reconto a história e a valorizo. O conhecimento precisa de sentido e significado.
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É uma formação que não forma a ação, mas que orienta a ação.
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Articular é experimentar os seus próprios sentimentos, se expor e ser acolhido pelo grupo, pois somos irmãos. Somos nós aqui hoje, seremos nós amanhã. Isso ajuda a dar caldo para a proposta das próximas atividades, com as ferramentas digitais.
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Mãe Beth lembrou que há experiências que já são praticadas, e só percebemos que temos afinidade e que temos ideais parecidos em momentos de encontro.
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Yashodã ressaltou que esse é o modo negro de se pensar – a partilha. Trouxe o exemplo de seu Roberto, do quilombo do Cerro das Velhas, RS: não derrubou a casa de pau a pique, os demais da comunidade derrubaram para receber casas novas do governo. Hoje  é o único que ainda tem casa de torrão. Quando recebeu a casa nova, fez ela diferente: a cozinha bem grande, pois “quem é de bem vai pra cozinha, não para a salinha apertada”.
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Mãe Beth sempre preparamos as coisas para mais um, é nosso jeito.
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Na atividade seguinte, dos grupo de trabalho, Milson explicou que haveria três etapas: chuva de ideias, peneira de ideias e conclusão (tirar três propostas).
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Solicitou que fossem levantadas questões importantes para cada comunidade e pensar os principais pontos, depois ver possibilidades de soluções.
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Resultados
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grupo 1:
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Desenvolvimento do turismo, apresentações culturais, que podem incentivar a economia solidária.
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Desenvolvimento de sistemas de comunicação
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Estímulo ao repasse do conhecimento
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grupo 2:
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Educação
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Empoderamento da mulher
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Valorização de saberes e costumes locais
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grupo 3
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Organização política dos grupos – cultura de terreiro, de quintal, através de ferramentas tecnológicas como celular, internet etc.
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Resgate de tradição e conhecimento através da construção de instrumentos musicais da cultura negra
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Ressignificação do papel do mestre – como transformar ou qualificar esse trabalho que os mestres, senhores e senhoras que guardam saberes. É preciso trazer o que está se perdendo, o que exige articulação para garantir a continuidade da tradição. Relatou a experiência da sambada em Olinda, com 300 grupos de coco no último carnaval. Quando se tem a iniciativa, as coisas acontecem. Tecnologia deve estar a nosso favor – a rede pode ajudar nisso. Cultura popular tem endereço e tem cor_ matriz africana, não vem de mesa de bar nem de gravadora, vem de nossa ancestralidade, vem do terreiros, vem dos quilombos. O resgate de saberes é para nos fortalecermos.
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Lamartine lembrou que na rede uma organização não depende da outra, é autônoma, a rede tem a cara de quem tá dentro dela, cada um tem que se virar do jeito que pode. Precisamos entender que a rede não pode centralizar as ações na Tainã. Se queremos fazer esse trabalho em rede, temos que ter consciência de que temos que ter o minimo de independência, para fazer acontecer as coisas.
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Em alguns momentos precisamos andar sós, por que assim nos fortalecemos.
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Estamos juntos, mas somos independentes, cada núcleo não precisa do aval da Tainã para andar.
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O ideal seria não precisar explicar o que é a rede mocambos, precisamos focar nos aspectos tecnológicos. Quem tá na rede, precisa saber o papel político da rede. Para isso, precisamos estudar o papel da rede em nome da autonomia. Que sejam lideranças negras dentro da rede mocambos, que possam atuar politicamente,.
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Milson falou que o poder não vai ser dado a nós, temos que correr atrás e uma das maneiras é fortalecer os núcleos. Estamos em guerra, chegou a hora de acordarmos. O campo de batalha é nossa comunidade, fortalecendo a auto estima da gurizada, resgatando  a ancestralidade.
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existe uma raiz plantada na gente, temos um Baoba dentro de nós e a ancestralidade do baobá tem que estar vivo sempre.
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TC lembrou que não podemos esquecer quem somos. Fomos durante séculos negados, das formas mais perversas. Nas tradições, na visão de mundo, tudo foi negado. E a colonização nos contaminou e é comum, depois de todo esse processo, que a gente mesmo nos negue, negue as coisas que são essenciais para nós.
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A África nasceu com alguma diferença por alguma razão. Essa diferença, da natureza, fez acharem que éramos inferiores e nos escravizarem. Essa diferença marcou a nossa existência no planeta. Para além do que significa ser branco ou preto, somos herdeiros de uma herança africana. A parte branca parece que sofre menos, ganha mais, o que as vezes faz com que nos afastemos da nossa raiz preta. Quem propõem que a nossa cor não tem valor é a parte não negra, mas ela convence a parte negra.
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Quando falamos da rede mocambos, quando recorremos à natureza e ao baobá, é para buscar as raízes. Somos um povo generoso.  Preto produz riqueza e compartilha. Mas nos ensinaram a  nos negar. Quando falamos em rede, não é a instituição casa Preta, Coco de Umbigada ou Tainã, é a nossa diáspora, a diáspora negra. A Tainã fez quatro ocupações em Campinas, isso é poderoso, ocuparam uma área de latifúndio. É a consciência de luta que queremos propor aqui. Estamos num contexto muito mais amplo. E precisamos escrever a nossa própria história, por isso precisamos nos apropriar dessas ferramentas, para tomar a frente desse processo.
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Instituições como a escola e a universidade- não me reconheço nela, só entro se for para queimar. Coragem de luta é se conhecer. Não quero o sapato 34 que me dão, pois eu calço 43.
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porque chama mocambos a referência é palmares, que tinha diversos mocambos, que fizeram a força de Palmares.  Estamos retomando a ideia de Palmares, com pessoas que lutavam juntos pelos mesmos ideais. A ideologia branca, que escraviza brancos também, é que precisa ser combatida.
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Temos que saber por que queremos esses instrumentos , não é por que gostamos de tecnologia, é por que são instrumentos de luta – mas qual a luta que queremos lutar? Temos que ter claro isso. Temos que saber onde queremos chegar. Não estamos aqui porque não tínhamos mais nada para fazer, é um processo de luta e a luta não é minha, é nossa, e nós é qualquer um que queira ajudar, em qualquer lugar do planeta.
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A consciência tem que ser ampliada, o mundo é muito maior que a gente. Mais de seis milhões de africanos chegaram no Brasil, seis vezes o tamanho de campinas (fora os que morreram no caminho). Quanto custaria isso hoje? Não temos um por cento do que seria direito nosso.
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Não devemos reproduzir o preconceito, se errarmos, devem ser erros nossos, não dos outros.
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Não tem nada que nos diga que não podemos tentar, e com toda a herança que temos, de compreensão da natureza por outra lógica, espiritual e humana, convive com as diferenças.
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Por exemplo, o papel da mulher. Temos que ressignificar nosso papel. queremos garantir o nosso direito a nos reconhecermos e se orgulhar do que somos.
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Falou sobre a história de Campinas, que foi um centro do desenvolvimento tecnológico da América Latina no século 19, onde havia grandes fazendas de café, com muita escravidão.
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Relatou a história de um barbeiro que mobilizou as lideranças das fazendas de café (15 maiores). Ele formou uma rede e promover o ataque conjunto, simultâneo. O projeto se frustrou porque algumas lideranças desacataram a ideia de sigilo e os senhores ficaram sabendo da história pela atitude diferente dos escravos.
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O que estamos debatendo não é movimento negro, não é movimento religioso, que faz parte da nossa luta, ela é mais profunda e mais complexa. Não é só busca de terra, é concepção de visão de mundo – para quem trabalhamos? Quais nossas necessidades? Onde é preciso termos formação?quais as tecnologias que podem nos auxiliar? Desde casa de barro até tecnologias digitais,
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escolas de formação diferenciadas. Sem rancor, sem intolerância, da maneira mais bonita, como podemos fazer?
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30/05
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PC explicou a organização das atividades: o grupo foi dividido em dois, um foi para o estúdio, outro faz oficina prática de wiki.
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Antes de iniciar a atividade, TC lembrou das lutas que foram necessárias para construir essa estrutura da Tainã. É o nosso lugar e precisa ser cuidado. Não é o outro que vai cuidar, somos nós. Temos que mante a cultura de ser solidário e de reconstruir nossa identidade, de quem vive em comunidade, pensando nos valores que são importantes para nós. Os que colonizam falam o contrário, como queremos mudar, precisamos pensar nesses valores. Somos responsáveis por tudo aqui, não temos chefes aqui. O pertencimento faz com que tenhamos cuidado coletivo: é nosso.
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Priscila ressaltou a importância da participação de todos na metodologia, quem quiser propor dinâmicas está convidado, proposta da Say. Convidou Say e Dani para apresentar a experiência da casa do boneco. Os valores das diárias serão redistribuídos, de maneira que todos tenham cobertos os gastos com deslocamento.
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TC salientou as dificuldades do Siconv – é uma ferramenta que é muito limitante e temos a necessidade de prestar contas através dessa ferramenta. Pra começo de conversa, ela só funciona com internet boa, tem que estar conectado senão não se acessa a ferramenta, ou seja, exclui 60% dos brasileiros. É preciso ferramentas de controle, para evitar desvio de verbas, mas as tecnologias não podem limitar os movimentos sociais.
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TC disse que as apostilas são inacessíveis e Vince lembrou que já estão desatualizadas.
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TC falou que a ideia é que se questione e exija do governo que se faça uma ferramenta mais acessível.
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Para Say, o discurso, mesmo nas capacitações, é muito duro: é preciso aceitar o Siconv e “a gente vai tentar dar curso”.
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Priscila acha que seria importante, além de questionar, que é o principal, fazer um tutorial, paralelamente.
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Natália lembrou que não podemos naturalizar essas ferramentas. Como nos adequamos ao momento presente, sem perder de vista o horizonte do que queremos, senão ficamos sempre nos adequando, principalmente na relação com o poder público.
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Mãe Beth ressaltou que é um sistema excludente, não tem como os povos locais se apropriarem. dele.
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Say falou que agora que vamos colocar a mão na ferramenta, para aqueles que estão tendo contato com software livre pela primeira vez, estamos em busca de vários elementos mais do nosso jeito, com os nossos valores, buscando romper com lógicas que consideramos opressoras. Uso do software livre, que não vai se tornar uma mercadoria, não subjuga as pessoas e não as confina em caixas. Devemos no debruçar no processo de descolonização. Não é só uma escolha simples, por dentro dela há uma ideologia que se constrói.
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Lamartine relatou que começaram a casa do hip hop em Teresina, Piauí, com pouco recurso. Foram chamados a participar de um encontro de ponto de cultura e software livre, onde receberiam pessoas da computação, acharam que seriam pessoas que não teriam valores em comum, mas se identificaram com muitas pessoas ali e passaram a utilizar intensamente o software livre e defendê-lo. O  contato abriu horizontes para a casa. Não precisamos enriquecer um branco que já tá bem rico. Dá pra mudar, é a mesma lógica: a gente não alisava o cabelo e agora não alisa mais? A mesma lógica. Se a gente quer fazer revolução digital e combate ao racismo, falando de tecnologia, não tem como fazer fora do uso do software livre. Tem que fazer igual a igreja, eu vou me libertar!
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Dani lembrou que dá pra pedir o reembolso do dinheiro do software, quando for comprar um computador novo com windows.
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TC: eu me reconheço porque eu não sei a minha história ou porque apagaram a minha história? O windows apagou a minha história.
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Vince lembrou que o software livre não tem empresas por trás dele, até tem, mas com entendimento das coisas próximo do que consideramos como justo. Não é só o produto que você tá usando, é com o que você está se interligando.
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TC disse que as pessoas que usam windows tem que pensar no que elas estão se ligando.
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Vince: precisamos construir uma forma de comunicação que permita que possamos nos expressar. As ferramentas precisam nos conectar.
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Priscila: o que é ser livre? O software permite que você tenha acesso à “receita do bolo”, para que você tenha autonomia para escolher o que você necessita. Estamos abrindo frentes que produzam novas ferramentas. Como diz Lamartine, não temos que ser incluídos, temos que ter direito de produzir tecnologias.
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Vince lembrou que a ferramenta de base usada pelo Baobáxia foi usada por uma pessoa que mora no meio do mato, distante da internet. É uma possibilidade de conectar as pessoas fugindo de lógicas hegemônicas, de resgatar saberes, de  construir alternativas. Novos operários: concentração do conhecimento em poucos e o desenvolvimento da rede assume caminhos a partir da lógica de mercado. A cultura digital não existe, é diferente de negócio (controle de informação é poder).
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Na internet temos uma grande sobrecarga de informação (poluição digital), dados produzidos sem nenhuma razão, só a partir da lógica produzida pelo mercado – é preciso pensar no uso racional do território (digital). Mencionou o projeto Tambor e Comunicação.
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Estamos com um pedaço de terra digital, e juntos discutimos quem quer cuidar e manejar esse território, fazendo em conjunto os plantios. E não tem como plantar sem ter conhecimento das ferramentas. Se você quer autonomia, você tem que ter o conhecimento. E tentar fazer sem ferramentas vai ser muito mais difícil. Estamos devagar, mas num processo que tem fundamento. Acreditamos nisso por que há 400 anos de história de resistência. O que possibilita propor uma terra digital diferente é a luta, que passa para o espaço digital.
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Say lembrou que é bastante informação, vamos processar aos poucos
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TC acessou o dandara, o servidor da Tainã, para mostrar arquivos.
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Falou da relação entre comunidades quilombolas e autonomia, dando o exemplo do quilombo do Cafundó, documentado em 89 por antropólogos que se disseram “descobridores” do Cafundó. É uma comunidade que preserva traços da língua kimbundo. Parte das suas terras foi ocupada por latifundiário, mas a luta se acirrou com o apoio de lutas com o uso de ferramentas de tecnologias digitais (como telecentro). O processo de luta culminou com a retomada da terra, que estava nas mãos de um fazendeiro (que plantava eucaliptos e tinha uma mina de areia que ele tinha no local ), e conseguiram um termo  de concessão de uso da terra (primeiro do Brasil), a partir de onde a comunidade passou a ter soberania (120 ha). Porém, o fazendeiro ofereceu para a comunidade 30 mil reais por mês para manter a mina de areia. Isso gerou conflitos e prejudicou a unidade. Eles não sabiam lidar com a mina, nem com os eucaliptos que estão ali, em ponto de corte. Ou seja, não basta ter a terra, tem que saber as ferramentas para isso, se organizar tecnicamente.
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Aceitaram os 30 mil do fazendeiro, o que pode destruir a comunidade.
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Relatou também o caso do Espirito Santo, onde a Aracruz domina. Por causa da “responsabilidade social”, construiu uma fábrica de farinha lindona, mas o eucalipto acabou com o solo e não há mais possibilidade de plantar mandioca.
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É preciso uma terra livre digital, face ao monopólio mundial, em que o produto que tá se comercializando somos nós.
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Natália questionou: o que é tecnologia? Uma ferramentas que nos auxiliam em nossa vida,  construída dominando todos os estágios do processo, de modo a criar e recriar tudo o que precisamos. Quando perdemos o fio do processo, quando o nivel de lucidez da técnica vai diminuindo, nos tornamos mais dependentes, o que apaga osso conhecimento tradicional.
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precisamos ver isso, ter consciência do processo, desde como saber como atraves de um fiozinho passa informação? Não é tao difícil de fazermos isso.
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Guiné: conhecer software livre é conhecer os códigos: tudo é código, desde o tambor, já temos conhecimento dessa linguagem de códigos, mas perdemos isso. A gente até conhece, mas tem que exercitar a partir de outra lógica, alimentando nossas ferramentas. Deu exemplo dos monocultivos de eucaliptos: processo de conhecimento tecnológico, com acesso a crédito de carbono, que quem recebe recurso são as grandes empresas, como a Aracruz e a Vale. Mas precisamos conhecer a ferramenta para não deixar que seja dominada. Precisamos entender e desenvolver nossas ferramentas, a partir do olhar do tambor.
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Elivelton citou o exemplo do plantio de dendê, que é enorme, feito por uma empresa (Biovale), em monocultivo e prejudicou outros cultivos.
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Cleberson trouxe a experiência da música, que quem faz sucesso não se preocupa mais com a qualidade e como no software livre, todo mundo ouve a música mas não sabe como é o processo de fazer música.
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Milson iniciou a oficina sobre wiki. Lembrou que o internet foi criada como ferramenta de guerra.
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A África e uma grande parte Brasil não tem internet, e hoje podemos dizer que estamos em uma infoera, a informática é essencial. Porém, a internet perde o caráter colaborativo, as informações vão sendo privadas. Mencionou a diferença entre surface e deep web (com informações que não circulam, vão para servidores centralizados). Lembrou que as informações que são colocadas na internet não são mais apagadas. E a wiki ajuda a produzir informações coletivamente, quando ela é criada, quebrando o modelo comum de geração de informações. A Wiki permite gerar novas informações de maneira aberta. É tao aberto que tem espaço ao vandalismo, mas há modelos de proteção.
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Como vou usar essa ferramenta? Apresentação do passos básicos da ferramenta: criação de conta, início da edição (de texto, de imagens), ferramentas de pré visualização, link de ajuda etc.
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* Ajuda: tarefas básicas (texto negrito, itálico)
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- texto  em itálico 2 aspas 
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- texto em negrito 3 aspas 
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- texto em negrito em itálico 5 aspas
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-Perna
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Forma gráfica: clicar na pasta e no arquivo.
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Hard: é aquilo visível , é a parte física
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Software: programas
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-Milson
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- Links : como criar links internos e externos
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Interno : [[texto ]] atalho para criar links internos
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Externos: levam a outros endereços, fora da wiki
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Perna explicou o que são tags:  Palavras chaves.
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Yashodã fala sobre criar um novo código , na sua morada  as crianças trocam os nomes , falam entre elas mesmas .
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Perna fala sobre um livro onde havia um  sacerdote que interpretava um código de aldeia para aldeia.
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Milson: colocar título, que é uma forma de etiquetar. Falou da importância de construirmos o texto a várias mãos, aprendendo a trabalhar coletivamente,  através de um exercício em que cada um dos participantes teve de escrever uma palavra para construir uma frase em conjunto.
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Lembrou que os títulos podem ter hierarquias, organizando a sua ordem a partir do número de = que há antes e depois dele para alterar a hierarquia (subtítulos):
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=Contatos=
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* http://acs.taina.net.br/wiki/IV_Encontro_Nacional_da_Rede_Mocambos/Contatos
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==sustentabilidade==
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===quilombolas===
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Antes de salvar, há a pré-visualização. Um índice automático (tabela de conteúdo) será feito.
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Se mudarmos o título, todo o conteúdo irá sumir, é preciso ter cuidado. O título é formatado hierarquicamente na tabela de conteúdo.
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Yashodã questionou se poderia ser usado offline.
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Vince respondeu que estamos desenvolvendo ferramentas de uso offline, que é parte do Baobáxia.
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Instalar wiki no computador sem internet é possível, mas neste momento ela não vai estar se comunicando entre as máquinas. O elo que vai ligar as máquinas é o baobáxia, que conecta os computadores. Esta oficina é importante para ver como funciona a estruturação de dados.
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Milson disse que podemos identificar as últimas mudanças, as mudanças recentes, ver se modificaram nosso texto.
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Vince lembrou que podemos ver o que está sendo modificado na rede, é um registro do que está acontecendo e as pessoas vejam o que está sendo feito.
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Milson questionou qual deveria ser o conteúdo. Na Rede Mocambos, as informações estão interligadas (mapa, portal...), o wiki é a informação em texto. Pode subir imagem, mas na rede, há a organização de cada recurso.
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31/05
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Oficina de wiki e estúdio ao mesmo tempo
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01/06
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Atividade: debate sobre cultura popular
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Ronaldo Eli ressaltou a figura do mestre, seguindo a lógica da ancestralidade.
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Luiz mencionou que em cada local há uma cultura popular, jongo, terreiro, em cada local tem uma cultura, e por que ela está viva? Você vai ver desde o começo, que a cultura vai passando de geração em geração. Se for olhar, há uma história, que é passada de pai para filho. Mencionou o exemplo de Mãe Beth, que passa a tradição de geração em geração, que Mãe Beth também está passando para seus filhos. É preciso ter cuidado para que não roubem nossa cultura, se espelhando no que temos de cultura popular e achando que reproduzir isso é simplesmente fazer igual, não é igual.
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Para Ronaldo, o problema não é ter acesso ao conhecimento, sim usar e ter objetivo de ganhar com isso.
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Perna lembrou que temos que ter cuidado para não tratar a cultura popular como objeto. O trabalho de cota não para quando temos a cota, ele só começa. Pode haver discriminação por ser cotista e por ser negro.
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Com a academia, tem que ter um diálogo com pesquisadores, para ver caso a caso. Levar a cultura popular para dentro da universidade, não como pesquisador, sim como guardião. Não é só abrir espaço para a cultura popular, sim que a universidade seja feita com cultura popular.
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Milson lembra que a educação vai te educando com preceitos racistas, quando você chega na universidade, isso já está arraigado. Na universidade, temos que pensar como as pessoas saem dela, com a cabeça fechada, não só como entram.
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Lamar
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norte nordeste mais preocupados com a valorização da cultura popular.
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Rever o conceito de cultura popular, incluir hip hop e rap.
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Sebastian
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sou poeta e trabalho com cultura popular , a academia é europeia e desconhece a cultura popular , a academia não tem competencia  de falar sobre a cultura brasileira . Eu sou paulista e trabalho com cultura popular nordestina , que vem de pai pra filho , o meu grupo propos que fizesemos um edição de boneco mamolengo .
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Say
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propos outro contra ponto , eu tenho muita dificuldade com a academia , mas temos que ver o outro lado , considero aquele saber ele gera possibilidades de um novo estudante da academia , todo movimento de cultura popular  cada grãozinho descaracteriza o modelo academia
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Ronaldo
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Lá em pernambuco passamos por um processo de fuga contra a policia e nenhum movimento negro não assumiu e nem se moveu a nos ajudar , não temos uma visão da relação da cultura popular com o movimento negro   
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Pc perguntou: o que que cada um tem como cultura popular?
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Natalia salientou que o jovem esta deixando sua cultura escorrer por suas mãos , pois estão com vergonha de sua cultura: indígena ou de terreiro, mas há pessoas brancas que cultuam essas culturas sem ver problema algum  então a cultura popular passa a ser de todo sem distinção.
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Perna disse que há quem diga que o samba é híbrido, mas pra ele o samba nasceu preto e vai morrer preto . Pra quem não sabe aqui na Tainã tem um tambor de cada lado. Pra mim a cultura popular é guerrilha e ao mesmo tempo é festa.
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Zeila; na minha cidade são 5 grupos e de pouco em pouco  ninguém quer mais dançar ,todo ano tem o evento da semana da consciência negra, então o prefeito faz toda aquela propaganda , todos cresceram o olho pois o governos repassou de 30mil a 45 mil reais , o povo da comunidade esta firme e forte , na minha comunidade estamos firme e forte , mas o prefeito e o governador só aparecem lá em época de campanha então assim as pessoas estão interessada apenas no dinheiro , na minha comunidade  trabalhamos confeccionamos os tambores e programamos nossa festa sem dinheiro algum . Há muitos negros que não estão ali pela causa e sim pelo dinheiro , em semana de consciência negra fazem mil e uma coisas mas depois fica a Deus dará
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Milson questionou ate onde é cultura e até onde medicina ?
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Ronaldo falou que a cultura popular vem dos terreiros e dos quilombos , de nenhum lugar ha mais , vem de onde saiu o povo brasileiro .
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Perna falou que a discussão de raça para os alemães não existe , sempre tivemos embates , ela me encheu o saco pra aprender a tocar tambor , ate um certo dia que coloquei ela na roda , encontrei um vendedor de bode  e comprei 30 peças de couro e ensinei ela a montar um tambor . Ela me falou algo que não gostei durante o processo contei uma historia de iansã , e ela me retrucou e tive que cortar as asas delas após isso ela nunca mais quis tocar tambor .hoje eu acho que não deveria ter desvinculado ela pois no final das contas ela só queria aprender sobre o tambor , mas aprendi com ela que não são todos que entende o ritual do tambor
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Pc perguntou: vamos pensar lá na frente, como podemos trabalhar com projetos ?
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Cauê ressaltou que quem disse o que é a cultura popular brasileira forma os brancos … citou algumas personalidades brancas que unificaram a culturas a cultura . A cultura do branco é uma cultura alienada , o cinema tenta representar o brasil como cultura popular pessoas saindo de seus habitates vindo para o sudeste . Hoje beneficia muitas palestras , tanto aqui em sp quando em outros lugares , o que a forma de nascer que é  parto , a forma que nos cumprimentamos enfim
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Elivelton disse que se sente ofendido quando vê um negro(a) passa com cabelo liso, pois ele esta tentando esconder sua raiz. Não existe cabelo ruim , ruim é o preconceito.
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Considera  que as músicas que chegam lá não são de seu gosto, se sente desconfortável. Gostaria de saber quem no grupo nasceu de parteira.  Andre e Luis levantaram a mão.
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Andre lembrou que em sua comunidade quase todos nasceram de parteira, os médicos não confiavam nela, um dia um médico convidou ela para fazer um parto, após isso eles certificaram ela como parteira os partos feitos por parteira não tem como saber o que é o sexo da criança, quando nasce um menino é soltado um fogo de artificio e se é menina são soltados dois.
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Don Perna disse que não é apaixonado em tecnobrega, pois muitas vezes quem ganha em cima de ritmos e hits não é o seu local de origem . Lá na comunidade a maioria dos moleques dançam o ah lelek pra c*** dançam tecno brega pra C** . Hoje em dia a burguesia consome o maraculte mas ninguém sabe que ele morreu de aids após ser casados com 27 mulheres , mas não sabem a origem. Acho que devemos conhecer todas as culturas
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Ronaldo falou que não podemos enquadrar dentro da cultura popular, assim como se fala de brega no Pará, ele pode falar que lá em Pernambuco há mc de brega que incentivam a prostituição infantil então tem que rever os valores hoje a televisão ensina a respeitarmos nossos avós pela vida que eles levam, e não como eram antigamente, em que se respeitava nossos avós por termos esses valores.
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Daniela falou que houve um gincana onde aconteceram três provas, em que a última era saber quem era o casal mais velho da cidade. Falou que sabia o que era o samba de roda mas não sabia que sua família fazia parte dela e não reviviam isso há 40 anos.
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Say disse que às vezes as comunidades ficam aguardando um projeto de fora, mas certas coisas vem pelo princípio do prazer de irem atras de sua histórias, sempre dialogar com a comunidade e trazerem os  prazeres da comunidade de volta.
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Ronaldo questionou: o que é a África no Brasil?
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Yashodã relatou que aprendeu muito e refletiu muito sobre a fala de Dani e Ronaldo. Lembrou de sua vó, quando presenciou a passagem dela dessa para Orum, onde todos cantaram e embalavam o caixão e todos faziam o mesmo movimento, quando se perguntou – será que isso é cultura popular? Ontem Lamartine fez um comentário onde me questionei o que são culturas, penso que talvez agente precise problematizar as culturas , não estou colocando que não tem CULTURA POPULAR e sim CULTURAS POPULARES. Quando fala-se de culturas, ela questiona:  quem disse que meu modo de viver é uma cultura? Nos batuques do RS quem evocava as cantigas eram as mulheres e hoje são raras , hoje o que foi presenciado não é uma cultura hegemônica, se fossemos pensar em algo para nossa rede , resignificando as tradições, lá na comunidade achamos o conceito afroindígena.
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Perna um dia foi uma nega lá em casa e disse você não é bonito não você é exótico
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Pc vamos identificar as parteiras rezadeiras  …
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Daniela falando sobre parto, a Suehllen fala como se é feito  parto no hospital, na comunidade era feitos partos a mulher que ia para o hospital era aquela que não era capaz que parir seu próprio filho era feito um trato entre o pai e o medico , de que ela não poderia mais gerar era realizado o ligamento sem ela saber.
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Ronaldo disse que reconhece a jurema como ciência.
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Perna lembrou que hoje um parto é de 3 a 5 mil reais. Ele teve a experiencia de cortar o cordão umbilical de meu filho , mas hoje o processo é lento.
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Rota dos Baobás - Vince
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Baobáxia: baobá mais galáxia – interligação de comunicação.
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Esta e outras ferramentas estão sendo desenvolvidas sem recursos.
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Uma versão digital que fique presente em uma máquina, um servidor, e pensar a comunicação entre computadores localmente.
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O que precisa fazer? Montar página na wiki, ver conteúdo e colocar no servidor, que possui um programa específico. Os computadores que tiverem o Baobáxia instalado poderão acessá-lo.
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Caso de uso do baobaxia (ex): publicação de vídeo – depende da tag – assim a informação pode ser disponibilizada em vários locais, mas está sendo chamado de terra digital livre, que funcione sem depender da internet. necessariamente. Cada comunidade vai levar um computador daqui da Tainã que será servidor, que quando chegarmos na comunidade serão conectados com o Dandara. Se não tiver internet, é possível atualizar os conteúdos do computador por HD. O software do Baobáxia está em fase de testes e precisa de pessoas que acompanhem o trabalho. Precisamos ir devagar, para que as pessoas se apropriem e construam junto, para que não se torne um programa inacessível. Que seja um espaço digital coletivo. A Dandara, na Tainã, vai ser um dos servidores das comunidades, vai ter também uma máquina sempre conectada em uma boa internet, para ser o acesso principal das comunidades. Toda documentação está no Baobáxia
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as etiquetas servirão para auxiliar nos caminhos e para saber que tipo de categorias.
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neste momento tem que ter internet, e uma pessoa que acompanhe, por estar em fase de testes. É a fase em que é possível compartilhar dados (fotos, vídeos etc.).
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Dever de casa:
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- oferecer arquivos digitais, 2 vídeos, duas imagens, dois textos, três etiquetas para cada
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- criar página da comunidade na Wiki
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02/06
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TC explicou como se formou a Rede Mocambos e a importância da Rota dos Baobás, articulada com a criação de telecentros em comunidades quilombolas do Brasil.
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A Rede Mocambos tem sede na Tainã, em Campinas, mas a resistência se localiza em comunidades que tem relação com a terra, as comunidades quilombolas. Elas precisam da terra e a terra permite que as pessoas se reestruturem, permite possibilidades para quem sobre processos de fragmentação diversos, marcados pela desestruturação social, que buscam nas áreas urbanas melhores condições, mas que dificilmente encontram um futuro promissor.
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Como melhoramos isso? A rede nasce da tentativa de mudar a nossa própria história. O baobá é um símbolo, em todo território africano que ela existe, ela é muito respeitada, porque é a árvore que mais vive que temos conhecimento. É portadora de uma ancestralidade, de tudo que conhecemos. Ela não cria fronteiras, não parte das segmentações que a sociedade criou.
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Nas comunidades de SP, próximas da Tainã, deve haver mais de 20 comunidades. A Tainã trabalha com eles a partir da cultura digital, articulando comunidades e formando uma rede, que se expandiu para o RJ e outras regiões do Brasil. Ele ressaltou a dificuldade de lidar com a luta pela terra, da violência que impera e como estamos desestruturados para enfrentar essa luta.
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E aí reside a importância do Baobá. A sua história tem um sentido que não podemos explicar. Em termos de ações, o Baobáxia está conectado com a Rota dos Baobás, é a materialização do contato pessoal com as comunidades, de se olhar no olho. A questão presencial é fundamental, e a Rota é o trabalho de mobilização que a rede faz localmente. O endereço mapa.mocambos.net mostra as comunidades já visitadas pela Rota, para que as pessoas se apropriem da ideia e desenvolvam de maneira autônoma a ideia em suas localidades. A Baobáxia vai receber apoio da Petrobrás, com um projeto relacionado à Agroecologia. Para a materialização da Rota, há uma demanda de recursos e uma preocupação em que as pessoas se apropriem do processo. Não é só plantar o Baobá, tem que se apropriar da luta.
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A gente não é papai  noel, não se vai às comunidades para dar coisas, mas o chamado é para se juntar na luta. Nós, colonizados que fomos, fomos orientados ao individualismo, temos que repensar isso. O Baobá é nosso, não é meu. Tudo para todos, é a cultura que estamos falando aqui, para desconstruir a força do individualismo, que nos divide e abre espaço para dominação. Se tivermos capacidade de nos juntarmos, podemos mudar isso.
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TC entregou as sementes do Baobá para cada um, colocou na boca até dissolver a sua camada mais externa, processo que ajuda na quebra de dormência da planta e facilita no plantio. Depois, todos devolveram as sementes, que foram misturadas e serão redistribuídas.
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Um ponto importante é como a comunidade multiplica a luta. Atitude, comprometimento, perceber-se como guardião.
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Ressaltou ainda a necessidade de um uso racional das ferramentas.
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PC: se preciso, pensar em remanejamentos de onde estão os telecentros.
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Say lembrou que o que está sendo feito é uma demanda de todos os territórios, então temos que pensar para além da nossa comunidade, se vendo em rede. No seu território, visualizaram uma demanda por articulação territorial (território litoral sul e baixo sul), que eles buscaram pela Teia de Agroecologia. É necessário expandir as relações, pois não podemos pensar somente nos nossos coletivos. Também está em jogo um caráter de mudança estrutural. E para isso precisamos nos fortalecer nas bases. Nos formamos enquanto núcleo da rede quando incorporamos a ideia da rede, como centros irradiadores.
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Yashodã – lembrou que a importância do processo é que é formado de gente. E que não estamos aqui porque não temos nada o que fazer, ao contrário, é porque sabemos que há muito o que fazer. Preparamos a semente, agora temos que germiná-la e reproduzi-la – a rede. Às vezes esquecemos o que foi falado, mas não esquecemos o que sentimos quando foi falado, isto está inscrito no nosso corpo.
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TC ressaltou que é preciso pegar o conceito: criar meios para ter territórios digitais livres que permitam maior autonomia. Uma tecnologia que pode combater a colonização que sofremos. Streaming, baobáxia, tambores, são tecnologias. Deu exemplo do sopapo e do Mestre Baptista, que deixou para nós o seu legado na construção do sopapo, e é isto que precisamos valorizar e cuidar para que não morra, que devemos carregar dentro de nós. A importância desse instrumento para os gaúchos poucos sabem ainda, precisa levantar essa bandeira. Onde o sopapo está, a memória do Mestre está, assim como o Baobá. Quanta história, quanta luta há no sopapo e que não sabemos.
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Vince explicou a organização dos conteúdos é criação de categorias. E um dos objetivos do encontro é criar metodologias
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Solicitou que se criasse uma wiki de cada comunidade, com os materiais, fazer uma estratégia de organizar os materiais de todos, para depois colocar na Dandara, para compartilhar no Baobáxia. Mas ainda está em fase de testes.
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Suhellen lembrou que temos que nos preocupar em onde vai se encaixar cada material.
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Vince falou que por isso é importante fazermos um trabalho caso a caso, de cada comunidade.
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Yashodã: para quem tem múltiplos dados, pode triangular com outras ferramentas.
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Ronaldo lembrou que é uma proposta inicial, que possibilitaria um espaço compartilhado que está tentando se estruturar. E mais dúvidas vão surgir na implementação, então é importante ir acompanhando os processos e ver como vai ser isso. Faremos os primeiros compartilhamentos na nossa rede, construir os primeiros conceitos, os primeiros degraus que a gente tá seguindo. Quem acompanhar o processo, vai ajudar a construir.
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Guine lembrou que temos que ter um cuidado em relação à segurança a partir destas ferramentas, pensando no tipo de informação que vamos publicizar. Se as vezes deixamos informações muito abertas, as pessoas podem se apropriar e fazer uso indevido.
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=Baobáxia na Rota dos Baobás=
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Biblioteca Viva de Conteúdo
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Acessar a Dandara
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O acesso ao conteúdo pode ser por internet, ou em receptório portátil, como um pen drive, HD.
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=Sistematização/comunicação=
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Carol Gutierrez
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Jr
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Ana Paula
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Guilherme
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Ticiano
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=Núcleos Participantes=
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Quilombo do Campinho - RJ
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Odomodé - RS
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Casa do Boneco- RJ
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Casa Preta - PA
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Quilombo de Iporanga - SP
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Tainã - SP
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Coco de Umbigada - PE
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Comunidades de Espírito Santo
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Comunidades do Amapá
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Casa ferreiro de deus - Ma
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comunidade quilombola de Mata Boi - Ma
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Comunidade Morada da Paz(CoMPaz) - Vendinha\ Triunfo-RS
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=Compartilhamento das experiências no uso da wiki, do mapa e do portal=
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As pessoas acharam interessante, colocaram fotos, vídeos e textos, colocaram links para outras referências.
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Algumas pessoas não utilizaram as ferramentas, serão trocadas experiências entre quem já utilizou.
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Houve a reflexão sobre a forma de trabalhar o conteúdo dentro da wiki e das outras ferramentas, pensar critérios de organização para facilitar o acesso e a pesquisa de conteúdos.
  
Say e Dani
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Troca de conhecimentos, as pessoas constroem coletivamente o texto, se houver algum erro em relação à informação sobre comunidades, é possível corrigir.

Edição atual tal como às 11h13min de 2 de agosto de 2013

Conteúdo

Organização do encontro

questões pertinentes:

1 - tá confirmada a redução das oficinas para 12 horas? 2 - qual é exatamente a função das rodas de conversas e GT's para o projeto? ou o encontro extrapola o projeto? 3 - quais são os temas dessas rodas? 4 - podemos ou não dispôr de metade da carga horária das rodas pra adiantar as coisas do projeto?

como respondemos isso? e como ficamos em relação às passagens? hospedagem e alimentação, como será? para quem levará crianças, como eu, sérgio e say, há possibilidade do orçamento cobrir as passagens dos guris? alguém mais vai levar crianças?


Data e Local

27 de Maio a 3 de Junho Casa de Cultura Tainã

Links

Programação

Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça
8 - 9 Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã
9 - 11 Chegada Abertura em volta do Baobá - O que é a Rede Mocambos, Quem é a Rede Mocambos Rota dos Baobás - Gestão do Território e Territorialidade Grupos Paralelos: Estúdio/Wiki Grupos Paralelos: Estúdio / Mapa Mocambos Rota dos Baobás - Rede de Comunicação Comunitária Reuniões de Articulação da Rede Passeio casa de cultura Roseira Volta aos Mocambos
11 - 13 Chegada O que é a Rede Mocambos, Quem é a Rede Mocambos GT Território Grupos Paralelos: Estúdio/Wiki Grupos Paralelos: Estúdio / Mapa Mocambos GT Comunicação Comunitária Como Criar Tutoriais Passeio casa de cultura Roseira Volta aos Mocambos
13 - 15 Almoço
15 - 17 Credenciamento Oficina Acervo e Biblioteca - Geral Grupos Paralelos: Estudio /Acervo Roda de conversa: Sustentabilidade Roda Cultura Popular Roda de Conversa com os Editores Como Criar Tutoriais Reuniões de Articulação da Rede Volta aos Mocambos
17 - 19 Credenciamento Oficina Acervo e Biblioteca - Geral Grupos Paralelos: Estudio / Acervo GTs Sustentabilidade GT Cultura Popular Baobáxia na Rota dos Baobas - Como Criar Tutoriais Roda de encerramento / celebração de tambor Volta aos Mocambos
19 - 20 Jantar
20 - 23 Roda Baobá cineNucleos Oficina Coco de Umbigada - Mae Beth cineNucleos cineNucleos Apresentação cultural - Jongo Dito Ribeiro e Mestre Malvino(Batuque de Umbigada) cineNucleos Apresentacao cultura -Layla - Tc - Cleberson e Kimba

Metodologia

Palavras chaves: Ancestralidade, Baobá, Oralidade, Memória, Cultura Digital, Acervo, Portabilidade, Acervo

Passo-a-passo construção do acervo,

Segunda: Roda de Conversa: Quem é a Rede Mocambos, O que é a Rede Mocambos - Apresentação da Rede Mocambos, seguida de apresentação de cada participante.

Terça: Roda de Conversa: Rota dos Baobás - Gestão do território e territorialidade

Sábado: 19h às 23h Jongo Dito Ribeiro e Mestre Malvino com Batuque de Umbigada

Quarta: 19h às 23h Oficina de Coco de Umbigada Mãe Beth

Relatoria

Relatoria 28 de maio de 2013 – MANHÃ

ATIVIDADE 1: Abertura em volta do Baobá, lançando as seguintes questões: o que é a rede Mocambos? Quem é a Rede? TC lembrou que temos várias partes do Brasil reunidas (Amapá, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Maranhão, Bahia, Pará, Pernambuco, Distrito Federal), no quarto encontro da Rede. Os outros encontros envolveram mais gente, mas o esforço neste momento é manter a rede conectada. Muitos aqui fazem parte de outras redes locais, que buscam por justiça e que envolvem negros e quilombolas que sofreram várias formas de opressão. Precisamos lembrar que nossas referências ancestrais foram negadas. A identidade negra não foi reafirmada da maneira como deveria. A comunicação é um instrumento importante e o aparato tecnológico pode auxiliar no processo, modificando a concentração de poder deste instrumento (e há outros também, como as sementes). É preciso se reapropriar, produzindo e criando tecnologias. A tecnologia do tambor, por exemplo. As tecnologias foram necessárias para nossas sobrevivência e o tambor é essencial para nós. Ele está presente na vida da terra, assim como na vida da gente. TC apresentou diversos instrumentos africanos, lembrando que a África produziu conhecimentos sim, que foram apagados da história e o processo de descolonização envolve retomar os elementos ancestrais. Após, foi realizada uma roda de tambores com batuqueiros de todos os lugares do país. TC lembrou que o tambor foi a primeira forma de internet: ele tem capacidade de comunicar, de transmitir informação, mas ele tem uma coisa a mais, ele manda comunicação que racionalmente você consegue captar como mensagem, mas ele também consegue comunicar a alma das pessoas. Ele libera nossa alma, nos alimenta. Através da tecnologia do tambor, vamos usando combinações binárias, vamos escrever linhas de comando para combinar a alma. A tecnologia que nos remete à nossa humanidade. Na presença sagrada do baobá, que representa as nossas raízes africanas, TC chama a atenção para a importância da espiritualidade e passa a palavra à Mãe Beth de Oxum, de Olinda, para passar o axé, a força espiritual, a comunicação. Ela cantou um canto para Ossanha, acompanhada pelos tambores. Lembrou da importância da força pelas folhas, pois estamos ao redor do Baobá. Fez ainda um canto para Oxum e para Yemanjá.

TC relatou como é o trabalho da Tainá junto ao Centro de Convivência Toninha (nome de uma importante liderança local). O espaço é dividido com esse grupo e por isso o grupo foi convidado a participar do encontro, para que eles possam participar de atividades em conjunto, respeitando-se mutuamente. A Tainã é preocupada com a questão da saúde e os centros de convivência são espaços importantes para a saúde coletiva. ele lembrou que a Tainã não é um quilombo, mas pensa e age como um quilombo e nem sempre a sociedade entende isso. E ressaltou que há uma proximidade entre saúde e cultura, pois ambas devem envolver respeito e evitar o isolamento e o individualismo são pontos em comum, aqui pensados com base na ancestralidade negra. O pessoal do Centro elaborou diversos elementos da decoração da Tainã, em uma troca contínua. Ele lembra que é preciso pensar não a partir da doença, sim a partir da vida, como nos terreiros. E remeteu-se também à preocupação com a intolerância religiosa nos terreiros – a favor de outros olhares, de uma abertura de percepção.

Denise, terapeuta ocupacional do Centro, menciona a importância deste que é o quarto encontro da rede, e ela considera o que o grupo do Centro está hoje mais integrado. Lembrou como os participantes do Centro sofrem preconceito diante da sociedade também. O Centro de convivência passou a ser realidade após 2007, integrando centro de saúde, casa de cultura e CAPs, em um modelo de inclusão de grupos. Eles estão em um espaço público, com o objetivo de participar da sociedade. Em 2009 foram contemplados com um projeto que procurava articular saúde e cultura, que foi essencial para o fortalecimento do grupo.

Após, todos os participantes do IV Encontro da Rede se apresentaram.

TC solicitou a todos que pensassem dinâmicas de inclusão das crianças presentes nas atividades. Guiné trouxe informes de convivência na casa e apresentação das atividades presentes na programação.

PC retomou as questões iniciais: quem é a rede e o que ela faz localmente. Denise perguntou o que seria um quilombo, de onde discorreu um debate sobre o que é um quilombo, envolvendo elementos como ancestralidade e pertencimento, que são distintos das categorias construídas pelo poder público.

Don Perna trouxe o debate sobre o processo que cada um passa para se perceber enquanto negro e enquanto quilombola. E a importância de fazer parte da luta política por melhores condições de vida. É necessário cuidar da própria casa, do bairro, e o quilombo urbano é um espaço de resistência, por exemplo. A periferia é o espaço que se vive, mas muitas vezes se perde o vínculo de pertencimento com o seu lugar, e é preciso retomar esse vínculo.

Yashodã propôs que possamos construir coletivamente o que entendemos como quilombo. Aqui somos um quilombo, pois estamos na luta por resistência. A tomada de consciência de ser negro e ser quilombola é um momento único e importante para cada um. Ela fez um relato sobre como pode ser difícil assumimos nossa identidade. Relatou uma experiência que passou quando criança. Ela queria fazer o papel de sabonete em uma peça de teatro, mas sua professora negou, por ela ser negra, dizendo que não havia sabonete desta cor. Ao contar para sua mãe, ela fez a filha refletir sobre a necessidade de lutar por respeito e se valorizar. Comprou um sabonete Phebo, de cor escura, e disse para filha mostrar à professora (ou ela mostraria). Ela acabou fazendo o papel. Destacou a experiência da sua comunidade, a Morada da Paz, que parte pela concepção dos seus elementos identitários, como a língua Yorubá. Em sua opinião, a questão é se empoderar, pois o Estado não vai dar nossos direitos, temos que correr atrás deles.

Banto falou que temos que pensar no Quilombo como fruto de uma diáspora. Quem somos nos na diáspora e fruto de um sistema que passou pelo escravismo e como é o nosso pertencimento identitário? Como discutir dentro de uma perspectiva quilombola a territorialidade? É preciso pensar na rede mocambos nesse contexto.

Guine lembrou do êxodo da juventude para as áreas urbanas, formando quilombos urbanos. Ressaltou que mesmo nas áreas urbanas, você traz sua bagagem, olhando para onde você veio. O pertencimento é o olhar coletivo a essa luta. Mas também discute-se questões estratégicas. E lembrou ainda que às vezes há dificuldades entre movimentos urbanos e rurais. Ele deu o exemplo do olhar de descendentes de africanos maranhenses que vão para todo o norte e levam consigo seu tambor, sua farinha, seu olhar. Isso são relações que fazem com que possamos estar nos reconectando com o nosso lugar. Isso conecta com o macro, dá uma visão mais ampla. Ela vai muito além do nosso território, pois a luta é maior que a nossa comunidade, e esse olhar africano conecta. E vai muito além das relações que vemos na nossa sociedade como um todo. Usar a rede enquanto territorialidade é pensar em novas articulações, conectando diversos locais em um processo mais amplo.

Ronaldo Eli concordou e acrescentou que, pela sua experiência pessoal, é necessário destacar a questão da auto estima, a importância de gerar atividades que estimulem a auto estima. O processo de valorização da identidade– até se reconhecer enquanto negro e nascido em uma comunidade negra, e passar a valorizar isso – é difícil e muito pessoal. Na sua trajetória, a afirmação da arte através do coco de umbigada foi o que o moveu a se engajar na luta, pois foi onde a auto estima foi tocada. E reconhecer-se nem sempre implica em se engajar nas lutas políticas. Se aprendermos a afirmar e reafirmar os nossos valores, também aprendemos a nos deslocar dos valores que são impostos a nós na escola, na sociedade em geral, e a auto estima tem papel essencial nisso. Ser quilombola não é só ser preto numa sociedade branca, sim se preocupar.

Say falou da importância de ouvir, em diferentes espaços. Relatou que nos debates acadêmicos que têm vivenciado ainda há grande distância com a realidade do racismo. Mencionou que tentou dialogar sobre racismo com os professores da escola de seu filho e, apesar de conseguir iniciar uma fala, ainda é muito difícil fazer esse debate. Ela percebe muito claramente a diferença em termos de debate das pessoas que não passam por espaços de militância, apesar de terem experiências diversas com o preconceito, ressaltando como é importante debater o tema, para pensar a vida. O racismo precisa ser debatido mesmo nos espaços mais cotidianos, dentro de uma perspectiva de cuidado integral. Salientou, com isso, a importância da articulação entre saúde e cultura, em um processo de cura. É essencial na descolonização que estamos lutando para fazer, pois estamos lutando para vencer amarras impostas pela sociedade.

Milson lembrou da importância de ter acesso ao mundo da informática, pois a informação gera empoderamento. Mencionou a importância do trabalho de mapeamento de todos os terreiros do Maranhão, pois a discussão é travada através do terreiro, pensando no fortalecimento da identidade. Nas lutas operadas, o apego e pertencimento à terra se tornam importante para a manutenção de condições dignas de vida. Na cidade não há inclusão, principalmente do jovem negro.

Vince relatou sua experiência pessoal na Rede Mocambos. Ressaltou que o território digital é totalmente colonizado e a Rede se propõe a descolonizar, tanto os territórios digitais quanto os materiais. O Brasil está seguindo um processo de desenvolvimento que vai explorar cada vez mais recursos naturais e as comunidades locais, e a rede se propõe a ser diferente. Não há nenhum movimento social que está contrapondo esse processo. E para isso pensamos a necessidade de fortalecimento da rede para justamente contrapô-lo. Há diálogo com o Estado, mas as vitórias virão pelo processo de luta mesmo.

Suhellen falou da sua experiência de se valorizar como uma mulher negra. Relatou um caso de preconceito racial de um vizinho (também negro, que veio do candomblé, mas que atualmente é evangélico), que ela denunciou por ter xingado ela por ser “macumbeira”, de maneira pejorativa. Ela realçou a força que ainda há no racismo, inclusive a delegada sugeriu um acordo. O que ela enfatizou é que hoje ela tem força para questionar esse tipo de prática racista, e isso envolve a tomada de consciência enquanto negra. Falou também que temos que nos posicionar dentro da questão da saúde da mulher negra. Ressaltou a importância da organização coletiva, como a que ela participa, a Casa Preta, e dos encontros e trocas entre os militantes.

TC propôs a reflexão sobre a questão da colonização. Somos todos colonizados por uma ordem que determina padrões e modelos para toda a sociedade. A sociedade que nasce de uma ideologia cristã, elege um papa, está em uma ordem muito diferente do que propomos aqui, saudando aos tambores. O espaço aqui é de orientadores, com mestres religiosos e pessoas experientes, para fazer trocas, não só mandar e dizer o que devemos fazer (como o papa).

Suhellen destacou a importância do tambor e de enfrentar resistências dentro da própria família (que acha que ela vai aderir ao candomblé), com muito respeito.

Say considera que a parte mais difícil da luta é a questão da religiosidade e do racismo. Na experiência que ela teve do debate com a escola, eles não concordaram em falar sobre religiosidade, pois haveria resistência dos pais evangélicos, apesar dela falar da necessidade de trazer também a mitologia africana. Ela falou que poderia ir por outros caminhos, pois a cosmovisão africana é totalmente interligada. Mas é importante que dentro da militância haja todo tipo de religião e que nem todos são do candomblé. É uma questão de respeito e de reflexões coletivas.

TC lembrou que temos que levantar questionamentos sem demonizar uma religião. As religiões de matriz afro são sempre discriminadas, aí está o problema.

Say deu o exemplo de uma comunidade que em parte era católica, em parte evangélica, em parte do candomblé, mas que conseguiu manter certa unidade, pois a comunidade é maior que isso. Ressaltou que é preciso encontrar respeito.

Yashodã - O macumbeiro foi esteriotipado, mas temos raízes africanas, então nossos ancestrais foram macumbeiros – e isso não é pejorativo. Falou da experiência de sua filha (12 anos), que foi chamada de macumbeira e respondeu que não era, mas os ancestrais dela eram, por terem nascido na Macumba, cidade africana que provavelmente quem a xingou não conhecia.

Suhellen salientou a necessidade de lutar por reconhecimento do seu jeito de ser e relatou um caso em que um pastor não deixou ela permanecer na igreja porque ela estava de turbante.

PC lembrou que o nome “Roda da Macumba” foi a sugestão inicial do nome desta atividade, mas eles mudaram para “Roda do Baobá” em respeito a todos que não fossem se identificar.

Banto trouxe o questionamento de porque é tao difícil se auto afirmar enquanto preto ou negro. E envolve entender que é bem mais fácil para o colonizador conquistar se se está dividido – ainda temos resquícios colonizadores. Mas é uma questão de visão de mundo: religiosidade é a bola da vez, mas o que está em cheque é a nossa auto afirmação. Seu pai é pastor evangélico. Falou que não sabe ser educado diante da arrogância de alguns evangélicos. considerou significativa a fala de “não poder ter medo do meu passado”. É necessário assumir o enorme desafio diante da questão. As tecnologias do tambor são feitas há 5 mil anos, não se pode mais esconder isso do nosso povo.

Don Perna relatou a experiência que ele teve com um amigo que foi para África. O guia dele era cristão, mas em toda casa, sabia como cumprimentar e respeitar os babalaôs, sabia como se comportar, o que pode ser considerado como uma lição, por que aqui ocorre muito desrespeito com o povo do asè. Num mesmo dia eles visitavam 6, 7 casas, com uma licença específica pra ir na casa e tratavam todos com respeito, independente da religião. Considera que vale a pena procurar esse amigo em Ribeirão Preto para compartilhar informações em um encontro da mocambos, por ele ter essa experiência de viagem para Nigéria. Lembrou que o sentido religioso que temos hoje é extremamente europeu.

Cauê considera que é preciso repensar a educação, pensar estratégias dentro das escolas para passar a ancestralidade. Propôs esse tema para discussão nos Gts: por que não se consegue implementar conteúdos relacionados à África nas escolas? Relatou sua experiência como professor de fotografia, estimulando a percepção das pessoas sobre a negritude através de um filme sobre os orixás. Alguns alunos reagiram criticamente, filhos de pais evangélicos, outros zombaram, outros foram apontados como relacionados a religiões afro e zombados pelos colegas, em uma situação delicada. Mas considera necessário despertar a noção de pertencimento enquanto negro, tema complicado de tratar dentro das escolas ainda, apesar da lei já ter dez anos.

Greice, filha da Mãe Carmen de Oxalá, de Guaíba, relatou sua experiência como filha de mãe de santo. Falou que já ouviu bastante crítica, já foi muito xingada por ser filha da macumbeira, da batuqueira. Disse que tem muito orgulho da mãe, mas que optou por não ser de religião. Na escola não teve esse tema tratado e isso é um grande problema, pois as pessoas não debatem. Lembrou que a estética branca impera: já sofreu bastante por isso. O preconceito é bem generalizado, principalmente com as mulheres negras (“cabelo ruim”). Já foi em igreja evangélica, mas não se sentiu confortável (a pastora ficou encarando ela). Ressaltou que tem grande preocupação com uma juventude melhor no seu bairro.

TC lembrou de Lina, que dá nome ao espaço que estamos, criou o primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil, em Campinas. TC cantou uma música que a homenageia e homenageia a todas as mulheres negras lutadoras.

Daniel mencionou a importância de um projeto com crianças e idosos, sobre a questão religiosa da sua comunidade, para que as crianças aprendam que elas são o futuro da comunidade. Na sua comunidade inauguraram a primeira escola quilombola brasileira, com indígenas, negros, evangélicos, o que demanda bastante cuidado e respeito, com educação contextualizada à realidade local. Apesar disso, muitas pessoas foram contra. Acha que um acervo cultural nacional vai fortalecer a sua comunidade. chegaram a receber tablets, mas o uso deles como ferramenta de aprendizado ainda é limitado (acessam mais o facebook atualmente).

Dani lembrou a importância das reuniões. Faz parte de uma comunidade quilombola em Itacaré e milita na Casa do Boneco. Na família, não passou por esse processo de valorização e só queria ficar na cidade, com suas amigas brancas. A família criticou, mas a mãe apoiou sua inserção na Casa do Boneco. Ela começou a passar seu conhecimento, dando aula de dança. Na família, há católicos e evangélicos. Resolveu ser rasta, o que gerou conflitos familiares e sentiu o afastamento dos amigos de Itacaré, mas sentiu que a sua rede se expandiu, e ela tem amigos em vários outros lugares. Falou do seu engajamento em um caso de resistência a uma banda que participou de um estupro coletivo, mas que sofre críticas localmente.

Mãe Beth salientou que depende de nós entendermos e fazermos o mundo mais do nosso jeito. A rede mocambos colaborou para fortalecer laços. Ela teve o ponto positivo de começarmos a repensar e valorizar nossa história. Lembrou que a religiosidade é um problema do país inteiro e do mundo. A dimensão espiritual é muito pessoal, do que entendemos como sagrado, mas há um projeto político que está posto hoje pela igreja evangélica, de criar um país fundamentalista. Atualmente, neopentecostais são um quarto da população do país, estimulando um fascismo fundamentalista. Ocuparam o senado, o congresso, cooptando o povo, tirando o orixá do povo brasileiro, nivelando e homogeneizando o povo e se empoderando, modificando leis e criando regras. Lembrou que somos um povo diverso, com suas sutilezas, e as formas de resistências são diversas. Ela criou os filhos com auto estima e às vezes é preciso trombar com o que achamos injusto, porque em nossa sociedade isso é necessário. Precisamos nos posicionar e valorizar os ensinamentos africanos. Ressaltou o contexto agressivo das igrejas evangélicas. Tirar o orixá da alma brasileira, a folha, o asè, é tirar a identidade. Temos que entender a importância do tambor, da folha, do asè. Se perdermos isso, vamos nos perder. A religiosidade afro é uma cultura, precisa ser respeitada, não podem exterminar a cultura do nosso povo. Lembrou que só no Brasil há o absurdo de haver uma bancada evangélica, em nenhum outro lugar do mundo. Essa igreja está em vários países.

Filipe, que está se formando em História, é favorável à lei que obriga o ensino da história da África no ensino escolar. Mas ela pode sufocar algumas coisas, pois não foram criadas condições para que esse conteúdo fosse disponibilizado. Os livros didáticos não vêm com os conteúdos, ou são superficiais, ou estão errados mesmo. Entende que o governo não resolveu o problema ao criar a lei. Por outro lado, ele questiona o ensino de religião, pois fere o direito de escolha e poderia influenciar as escolhas dos alunos. Ele é evangélico, mas lembra que busca resgatar a sua história. Relatou a realidade de Monte Alegre, sua comunidade. Mencionou que o pastor da sua igreja é negro, bem como boa parte da congregação, mas a irmã do pastor é de religião de matriz africana. Ele disse que o preconceito religioso foi superado e que a diversidade é respeitada em sua comunidade. Ele disse que mesmo não concordando com outras crenças, respeita. O Brasil tem uma dívida enorme com o povo negro.

Mãe Beth questiona: por que os professores não foram capacitados para ensinar a história da África? Há pesquisa em povos de terreiro, os doutores passam por lá, por que não chega onde deve chegar? Falou que é importante separar relação pessoal e histórica (política) entre evangélicos e religiões de matriz afro. Os conflitos se dão localmente.

Say lembrou que a igreja católica está no ensino desde sempre, mas isso não acontece com o candomblé. E quando este tema entra nos conteúdos, é de maneira exotizada, não é valorizada como salvaguarda do patrimônio cultural negro. A raiz de todos os quilombos têm o asè, por que veio da África. Ressaltou que não se trata de uma doutrinação no ensino das escolas, mas sim de reconhecimento que ela foram importantes na formação da sociedade brasileira. TC falou que não estamos discutindo um projeto particular, sim um projeto político brasileiro. As experiências locais de quem respeita as religiões é bacana, mas não é a realidade de todos os locais. Mencionou a importância do tambor, e a falta dele é significativo nas outras religiões. Temos que pensar que não há um centro. E se o mundo é diverso, não é para ser desigual. Sobe o questionamento crítico da religiosidade (debate que foi suscitado anteriormente), ele acha que é necessário fazer sim, pois as pessoas precisam colocar suas opiniões. Ele se questiona, em relação às religiões pentecostais, porque tem que acreditar na culpa e no medo, pregados em canais de TV da própria igreja (ou seja, que possuem um grande poder de difusão para falar o que querem). Considera que quem prega o medo quer dominar, e temos o direito de questionar.

Relatoria 28 de maio de 2013 – tarde

Say contextualizou o histórico do projeto que culminou com este encontro da Rede: ele é uma consequência de várias caminhadas, dos articuladores da rede, especialmente do TC, que faz essa caminhada por diversos territórios, e, fruto da visualização de diversos gargalos, principalmente na comunicação, demanda por novos modelos de comunicação e educação. E este é um momento de se encontrar para afinar as ações, pensando no processo de organização interna da Rede Mocambos. É um momento de compartilhamento, de percepção coletiva, para fortalecimento dos participantes da rede.

TC traz os desafios de articular ações na busca de objetivos que muitas vezes são os mesmos, a partir da demanda de fortalecimento da rede, de modo a enfrentar a falta de perspectiva que vemos atualmente, em que o direcionamento dos interesses governamentais do país têm se voltado para tudo que envolve a copa e os megaeventos. Este encontro não é ampliado pela dificuldade de captação de recursos para a nossa proposta. Temos que pensar estratégias para passar por esse período que não está nada fácil, pois o movimento se silenciou nos últimos anos, o governo não apoia e não há mais o diálogo que havia na construção de políticas públicas. E o encontro é importante para que percebamos que é urgente nos organizarmos, em busca de um instrumental que possa nos fortalecer em um país de tantas incertezas como o nosso. As tecnologias podem ser usadas para tentar acelerar nossos processos de organização, de melhorar nossas relações e nossa sociedade como um todo. Referência ao Quilombo de Palmares, da luta por liberdade.

TC apresentou as oficinas: Biblioteca/acervo; Wiki (publicização das informações), Mapa, Portal e Baobáxia. Explicou que a Baobáxia transcende o que estamos acostumados a considerar como nossos limites, uma forma de fugirmos da escravidão e pensarmos no trabalho livre, possibilita que não fiquemos refém da comunicação via internet. O território digital também deve ser livre. Priscila apresentou o projeto que culminou no encontro, esclarecendo os objetivos do trabalho. TC lembrou os três elementos essenciais para a rede, que estão nos objetivos, pensados a partir da articulação em núcleos: - Núcleo de pesquisa e desenvolvimento (compartilhar, garantir, ressignificar). Ele lembra que quem tá pensando um sistema como esse é a Nasa, mas com objetivos muito diferentes dos nossos, de compartilhar, buscar nossa identidade. Pontos importantes:

  • Formação de um Acervo próprio (Biblioteca): mais focado, com conteúdos que elegemos como sendo prioritários para nosso grupo
  • Wiki representa a construção coletiva de conhecimentos
  • Mapa organiza e possibilita uma articulação rápida de onde estamos
  • Baobáxia: permite que a informação não fique retida somente na mão de quem tem acesso à internet

-Núcleo de comunicação e pedagogia Faz seleção dos conteúdos, estruturação e metodologia dos acervos para a difusão e apresentação. É importante lembrar que estamos gerando conhecimento, pois a geração de conhecimento não ocorre só na academia. -Núcleo de formação continuada Multiplicadores da comunicação, como centros irradiadores.

Say apontou os eixos: Gestão do território (cartografia), sustentabilidade, que implica em autonomia (escambos, trocas, e até desmonetarização em alguns casos), cultura popular, comunicação compartilhada

Yashodã fez uma fala explicando a diferença entre território e territorialidade: territórios têm um vínculo com um lugar, a territorialidade envolve uma identidade, ligadas ou não a um lugar, mas que pode se deslocar. É atemporal, que envolve projetos de vida, identificação político cultural. Um exemplo da territorialidade seria a Rede Mocambos. Um nome que nos liga a todos, na borda, pensando em espaços de resiliência.

Milson salientou que os eixos são valores civilizatórios africanos. Debater, nos grupos, cada um dos eixos e peneirar, em cada grupo, três ações a serem desenvolvidas localmente

Say apontou preocupação com o debate sobre a metodologia e sobre a multiplicação do conhecimento.

Don Perna lembrou que a concentração das responsabilidades em algumas lideranças é difícil, tem que repassar e multiplicar as informações e a filosofia de resistência da rede, atuando como multiplicador não só no domínio técnico, mas sim da concepção da rede. Tem que ser um multiplicador técnico e político, e os dois são importantes. Um pode auxiliar no outro. No encontro é fundamental que os iniciantes se posicionem, é uma responsabilidade de multiplicador, chegar em sua comunidade e repassar isso, de uma maneira africana.

Milson explicou que as oficinas é onde apresentam-se as ferramentas (seja wiki, baobaxia, acervo, portal ou mapa) que vão colaborar com os eixos de formação, que se materializam nas diferentes realidades, debatidas nas rodas de conversa.

PC lembrou que a ideia é articular uma proposta, com o uso destas ferramentas, para cada um pensar a sua comunidade. Na oficina de Acervo, a ideia é organizar nossas informações, produzidas por nós mesmos, trabalhando patrimônio material e imaterial. Quem elege nossos patrimônios somos nós, por isso precisamos identificá-los e conversar sobre eles. A oralidade é um patrimônio, dentro da perspectiva de valorização. Neste momento, cada um do grupo apresentou um objeto de memória que trouxe de sua comunidade, para cataloga-lo, torná-lo público e postar informações sobre ele. Com isso, antes de trabalhar com as ferramentas digitais, a preocupação foi em mostrar como construímos o conteúdo a ser publicizado.

Perna chama a atenção para o fato de que não necessariamente vamos usar a internet e computadores, se não tiver internet na comunidade, temos também que nos expressar e transferir esses informações. É preciso pensar em gerar conteúdo para nossa comunidade, mesmo sem internet. Ele trouxe algumas questões, para serem pensadas a partir da proposta da Baobáxia: Como ser da rede Mocambos sem internet e computador? Mas como funciona uma rede sem internet?

Banto questionou a todos quem sobe conteúdos (exceptuando foto no facebook) e várias pessoas responderam que sim. Ele também trouxe questionamentos: Como vinculamos nossa produção de conteúdo às ferramentas da rede Mocambos? Considera que não se pode focar somente na produção de conteúdo, mas também nessa vinculação. As ferramentas são fundamentais nesse processo de comunicação.

Milson explicou que a programação conta com dois momentos, oficina propriamente dita, depois laboratório para colocar em prática as ferramentas. PC apresentou os conteúdos e a metodologia.

Say trouxe um debate sobre a apresentação ou não através de ferramentas digitais ou de objetos de memória, valorizando o sujeito, não a máquina.

PC questionou o grupo: como voltamos nosso olhar a objetos que carregam memórias e histórias? Como ouvir o relato local sobre determinado objeto, o que ele relembra? Com isso, ele solicitou que cada um que trouxe um objeto de memória, solicitado previamente, o apresentasse e catalogasse, para que se torne parte do acervo material da Tainã. Ele iniciou apresentando o objeto que ele trouxe. Ele apresentou um objeto com fuxicos recebido pela griô dona Sirley, de Pelotas, RS. As informações que ele catalogou, considerando-as como relevantes: Identificação, núcleo, autora, localidade. Lembrou que quando subimos um material para a rede, temos determinadas palavras que vinculam a esses objetos.

Natália trouxe suas mãos. Ela considera que o patrimônio também é o que energizamos, e os nossos modos de fazer, materializados através de nossas mãos. A forma de se tocar é uma forma de patrimônio, que gera cura, é uma forma de energização. A mãe fazia a energização quando ela sentia dor, e também um banho de rosa branca e de ervas, uma forma de cura independente dos poderes farmacêuticas. Sem corpo não somos nada e a forma de cuidar do corpo é o patrimônio que ela traz, passado por sua mae, sua avó trouxeram do interior de Minas. “Morrer de tristeza e de doença é o que a casa grande faz a gente sentir.” e o que temos que combater.

PC ressaltou que o patrimônio dela é o seu saber. O patrimônio de cada um, ao nos compartilhar, passa a ser nosso também. Cada ferramenta pode ser utilizada para dar respaldo a esse conhecimento (wiki, em um texto e fotos, o mapeamento da localização das ervas e da rosa, um vídeo com o relato etc.)

Elivelton trouxe seu celular, pois ele representa a comunicação, a sua própria produção de vídeos, fotos, e o mantém em contato. O celular passou a ser uma importante ferramenta com o projeto Jeofer (raça livre), que ele participa.

PC lembrou que há uma diversidade de objetos, o que expressa a diversidade que representamos, e todas podem ser contempladas.

Greice trouxe dois objetos: um pote de mel para auxiliar pessoas que passam mal no terreiro da Mãe Carmem, em Guaíba e uma louça onde se servem os orixás, que está há três gerações na instituição que ela representa (ASSOBECATY).

Say e Dani trouxeram uma muda de cupuaçu: é uma das pioneiras em áreas degradadas , muito usadas nos sistemas agroflorestais, está auxiliando na regeneração de áreas que foram degradadas. E para despolpar é difícil, então acaba reunindo a família toda. Além disso, usaram material reciclável para mudas. Para Say, o cupuaçu simboliza a mata atlântica, patrimônio tombado pela Unesco, mas para além disso, é patrimônio local, que as pessoas vivem e se relacionam, através de usos diversos.

Yashodã trouxe uma bolsa da morada da paz, saco da peregrinação, que ganharam na Índia, na primeira vez que foram apresentar seu trabalho, em 2009. Trouxe também sementes de girassol, que foi a primeira planta que plantaram na comunidade, sementes crioulas, há 11 anos na comunidade.

Don Perna reconhece a Tainã como um patrimônio que ele carrega, morou 8 anos nesta casa. Lembrou do dia que TC contou uma história. A loucura de um griô é passar a vida atrás de um griô, para não deixar a história morrer. Saiu da Tainã para ir para Belém, mas considera que a Tainã é ainda sua casa. Que cresceu bastante, junta muita gente atualmente e ele viu um pouco dessa trajetória. Trouxe uma revista da Casa Preta, que é um trabalho que procura multiplicar a ação da Tainã (como uma filha da Tainã). Salientou a importância do coletivo da Casa Preta, que ele atua em Belém. Lembrou que tudo o que precisamos fazer para dar para nossos filhos é ter uma história que seja real. TC falou uma vez: o maior patrimônio que temos são as pessoas. São escolhas, são opções e precisamos valorizar quando vemos pessoas que sabem aonde querem ir, sem medo e sem pregar medo.

Lamartine mencionou diversos objetos que serão doados para Tainã: Pandeirão de São Luis do Maranhão, instrumento do Bloco Firme. Os instrumentos de origem afro, que são tocados em diversos momentos, como no Bumba Boi, festa negra centenária do estado do Maranhão, são patrimônio coletivo e expressão de resistência. Também vai deixar um um totaque de matraca e paideirão, instrumento do Bloco Firme, pertencente ao coletivo Casa Preta.

PC lembrou que a revista que Perna trouxe pode ser escaneada, relatado o seu contexto e colocado como acervo. Está contando a história do movimento. Falou que não estamos falando aqui sobre objetos pessoais, mas sim sobre objetos experimentados socialmente que dizem respeito à processos que são coletivos. Já os instrumentos podem ser fotografados, acompanhados de um relato do seu histórico e tudo que mobiliza.

Milson falou da importância do tambor, e da primeira vez que tocou, quando ele se encantou. Tudo remete a tambor em sua vida e dá aulas de confecção do instrumento. Representa a ligação dele com sua espiritualidade e com sua ancestralidade. Lembrou que trazemos uma memória do corpo, expressa no próximo toque de tambor, por isso trouxe um tambor polopolo.

Natália falou que em cada objeto, estão presentes diversos tipos de patrimônio – como dar conta? É importante fazer um relato consistente.

Ronaldo Eli trouxe um CD, o primeiro fabricado por eles mesmo (Amnésia discos), muito artesanal, feito a mão. O Cd mostra o trabalho do Mestre Paraquedas, do RS, e foi extremamente colaborativo. É um disco que contém oralidade, histórias que não se encontram em nenhum outro lugar.

Banto trouxe um vinil da Eliseth Cardoso, para simbolizar o rap. Leu um rap (Negro Limitado, Racionais MCs) que ele conheceu no início da década de 90, que trata sobre o combate à discriminação racial. Esta música foi essencial para a sua formação militante, e para lhe dar perspectiva racial e social. Seu patrimônio também são os dreads, que ele não corta há sete anos, quando assumiu o nome Banto. Indicou que poderia ser usada a ferramenta do Mapa.

PC falou que para esses dois últimos casos, além de subir a música, podemos publicar a letra da música.

Manoel trouxe um remédio elaborado pela comunidade, com várias ervas, produto da economia solidária, do nordeste paraense. As plantas representam uma forma autônoma de cura, com base em saberes tradicionais locais.

Luiz Santos trouxe dois DVDs da Folia de Reis, em São Mateus, Espírito Santo, comunidade negra onde ele é reiseiro. Há muitas festas grandes de reis em janeiro. Ele vem representando a história dos seus avós e bisavós, e por último seu tio, que faleceu há quatro anos. Para que a cultura não se perdesse, ele procura passar seus conhecimentos para as crianças da comunidade.

O objeto escolhido por Keila foi uma saia de batuque. Expressa a relação entre religiosidade e cultura, o tocar o tambor, as danças. Esses elementos estão se perdendo, quando os mais velhos falecem, que considera que através das mobilizações coletivas pode ser modificado e resgatado.

Mãe Beth trouxe um pandeiro do coco de umbigada. Lembrou que o coco vem do universo afroindígena, vem dos quilombos, na quebrança dos cocos das palmeiras, na simbologia da sambada. Na simbologia das palmeiras, gravaram um CD de coco de umbigada. Ressaltou que foi gravado localmente e que temos que entender que podemos ter nossos equipamentos e gravar dentro de casa, caso do CD que ela trouxe. Falou da zabumba, tambor de mais de 100 anos. E falou de toda a luta política que envolve o coco: em Olinda, articularam o terreiro, e hoje há mais de 270 rodas de coco, que não estavam sendo feitas ou somente em momentos específicos. O preço que se paga por essa luta é o preço da resistência, com os coronéis e a polícia sempre em cima. Relatou que a repressão é forte, e depois da meia noite, o coco só continua com o apoio dos orixás. Explicou que o coco é a jurema (origem indígena), por isso ela trouxe também um cachimbo, com ervas sagradas, que limpa a aura do corpo e da mente. A jurema recebe o povo. Isso é um grande patrimônio do nosso povo, pois a fumaça limpa e quem é juremeiro sabe disso. Deu uma fumaçada boa em todos os desafios da rede e explicou que a folha também é queimada para purificar o ambiente, para levar a demanda par abem longe que a fumaça da jurema invada nossa rede, nos purifique e nos fortaleça.

André vai deixar um livro escaneado de um patrimônio de Santarém: Lagoa Santa, águas que têm o poder curativo.

Francisca trouxe um DVD sobre as comunidades do Médio Mearim, e lembrou da importância dos tambores, que são expressão da cultura local e que estão sendo mantidos pela sua comunidade de geração para geração.

Cauẽ gostaria de deixar um documentário que ele está fazendo sobre parteiras, ressaltando que sua mãe é parteira (que está fazendo o parto de sua irmã neste momento), mas vai deixar uma pomada de própolis, ensinamento que sua mãe lhe passou sobre cura.

Guine, que está trabalhando em um ponto de cultura do Espirito Santo com três comunidades urbanas (quilombos urbanos), vai deixar fanzines feitos pelas crianças destas comunidades. Acha que pode entrar no acervo da biblioteca, digitalizado.

TC trouxe um tambor, pois nos remete à ancestralidade e à questão da memória. O tambor o conecta com a África, que sempre esteve presente dentro dele, apesar de nunca ter estado lá fisicamente. Relatou uma lembrança de quando tinha 9 anos de idade, uma comunidade negra saída do processo de escravidão em Minas. Lembrou de um momento de conversa com um griô, grande contador de histórias, seu Jovelino, que cuidou dele por um ano, quando ele tinha 9 anos. Enquanto ele observava um fenômeno que o encantava: festa dos animais, no final da tarde, e que silenciava no cair da noite, seu Jovelino, que era o seu ídolo. Ele ficou muito emocionado quando seu Jovelino quis saber o que ele observava, queria ouvi-lo. Lembrou-se que naquele momento se sentiu também como um contador de história, e levou isso para sua vida. 45 anos depois, voltou ao local e foi reconhecido por uma antiga moradora que o confundiu com o seu Jovelino, que ele achou que não é coincidência, pois ele teve conhecimentos transmitidos por seu Jovelino. Nunca foi à África, mas a África está dentro dele, por isso a importância de falar dos Baobás.

Filipe trouxe um guia de aves feito por moradores da comunidade do quilombo de Monte Alegre. A foto da capa é de uma ave chamada de vovozinho, pois é quem detém conhecimentos na comunidade.

Vince lembrou que a partir do encontro, precisamos pensar como divulgar e preservar essas memórias a partir das ferramentas? É necessário tirar uma proposta.

Don Perna sugerieu que cada um sistematizasse seu relato, para podermos construir coletivamente, pode ser através de uma wiki, que depois pode ser complementada. 29/05

Fábio (RJ), do quilombo do Campinho, fez uma provocação para reunião da juventude quilombola e sobre formas de organização destes sujeitos.

Guiné lembrou que a juventude das áreas rurais é pouco representada.

Fábio disse que há a perspectiva de reunir, em um encontro da juventude quilombola, mais de 1000 jovens. Falou que novembro do ano passado houve um encontro e a ideia é que no final deste ano haja um encontro nacional.

Para Guiné, há um gasto intelectual para estarmos aqui, precisamos aproveitar o máximo. É preciso abandonarmos um pensamento individual e somente local, temos que pensar que fazemos parte de um todo, que a luta é nacional.

Após a abertura com os tambores, Guiné apresentou o debate sobre territorialidade e gestão de território.

Yashodã, com o objetivo de procurar construir o mesmo ponto de partida, instigou a pensarmos sobre como cada um está entendendo esse processo e como podemos levar o que estamos aprendendo para casa. A ideia inicial é que tenha significado para nós – como cada um pensa, a partir da oficina de ontem (de acervo), seus elementos sagrados e como nos apropriamos das ferramentas utilizadas pela rede e como podemos ligar esses elementos à gestão de cada território e como faremos para multiplicar esses conhecimentos de aporte? As pessoas aqui são multiplicadores, extrapolam o seu lugar (território), conecta diferentes comunidades e fortalece a todos.

Suehllen disse que acha que a concepção do uso das ferramentas está compreensível, agora precisa ver a questão técnica. E se disponibilizou para passar seus relatos das oficinas através da plataforma de wiki.

Say lembrou que há uma relatoria, mas podemos nos complementar.

Elivelton chamou a atenção para a importância de fazer relatório, postar na wiki, e divulgar fotos, como retorno para cada comunidade.

Yashodã lembrou que a continuação do quarto encontro é via sistematização das informações na wiki.

PC relembrou que é importante, antes de se apropriar das ferramentas, que possamos nos apropriar da concepção, das ideias que elas carregam.

Yashodã a gestão passa pelo conhecimento: se eu conheço, eu tenho a informação, a questão é como eu vou trabalhar com isso: como eu vou trabalhar de modo a encantar as pessoas e chamá-las à luta, a partir das singularidades de cada local. Há uma preocupação com uma atitude política também. Ir além do Facebook, o objetivo é fortalecer e empoderar uma outra via.

Fábio: nós quilombolas, não lutamos pela terra, lutamos pelo território. Não é só pensar numa metragem, mas sim nos elementos que são necessários a nossa sobrevivência e a nossa vida.

Yashodã mencionou o que PC falou ontem, que o primeiro patrimônio somos nós, o primeiro território somos nós e a primeira gestão do território está nessa territorialidade que eu represento. Indo além do facebook, é preciso falar que existem vazamentos, possibilidades de resistência

Cauê considera que precisamos analisar o nosso papel nas nossas localidades. No seu caso, está na Mata Atlântica, onde há comunidades quilombolas e indígenas.

Guine apresentou a importância que há em gerir, administrar, o que geralmente não acontece em nossas comunidades, pois em muitos locais, nos obrigamos a adotar gestões que não são nossas, mas precisamos pensar a gestão a partir de nossa identidade. Por exemplo, os Kalunga do Tocantins e de Goiás, tem discussão sobre gestão do território. Isso são formas de preservação dos territórios que não são os territórios físicos. O que nos garante vivos é nossa identidade.

Milson mencionou que falando sobre o que é ser quilombola, falamos de valores civilizatórios africanos de oralidade, ancestralidade... etc. Se perdemos uma delas, nos enfraquecemos, mas continuamos. Temos que pensar se estamos mantendo esses valores, como estamos lidando com eles. Precisamos entender que fazemos parte de um todo e se uma comunidade se perde, as outras se enfraquecem. O território simbólico transcende tudo, e se não atentarmos a nossa prática, não nos fortalecermos, tentando retratar o que está sendo perdido, até ficar firme de novo, nossas batalhas estarão sendo perdidas. Estamos travando diariamente uma batalha, os valores econômicos estão ficando maiores que os nossos valores civilizatórios, então precisamos fortalecer-nos.

Yashodã propôs uma atividade: fazer uma imagem que interprete o que cada grupo entendeu de gestão de território, em grupos menores.

Guiné lembrou que quando falamos em tradicional, temos que pensar na identidade. Tem a relação com a terra tem relação política, mas temos problemas de demarcação de terras, ele deu um exemplo de sobreposição de terra pelo aumento populacional.

Elivelton chamou a atenção que cada um no grupo tem que falar da sua comunidade, mas também das comunidades vizinhas, pelo olhar de cada um e montar um mapa falado em uma caminhada transversal (além de aquisição tecnológica). Ex.: visitar comunidades do entorno, catalogando, trocando saberes, culturas, diálogos.

Guine informou que isso será feito na oficina de mapa. Precisamos saber o que temos na nossa comunidade. Uma oficina de cartografia é necessária, precisamos dominar a ferramenta de mapeamento. Conhecer a partir de dentro, trabalhar a auto estima no sentido de ser parte real daquele território, trazendo como base forte a identidade do povo como resistência aos domínios de precisão

Yashodã acrescentou que isso é gestão do conhecimento: eu preciso conhecer o que tem entorno de mim, para poder fazer a gestão do comunidade, reunindo elementos de cada local.

PC lembrou que temos que saber também o que tem embaixo da terra, tem comunidades que foi descoberto que tem petróleo, por exemplo.

Yashodã complementou: conhecer o que tem ao lado, em cima e embaixo.

Cauê considera que aos poucos vem se tornando ciente do seu papel. O grupo existe mas ele ainda está se formando, com representantes de várias comunidades (que passam por relações próprias), que está trabalhando a partir de sistemas agroflorestais. Os encontros do grupo são direcionados para onde estão ocorrendo processos importantes.

Yashodã lembrou que se não dissermos o que temos e queremos, alguém vai dizer o que temos que fazer.

Cauê deu exemplo da construção de casas de barro.

Yashodã considera que o que as pessoas estão trazendo são estratégias de conhecimento: caminhada transversal etc. Na comunidade que ela vive, elas construíram estratégias de gestão. p. ex, a construção de um espaço dentro de um jornal local semanal. A rádio é um espaço também. Conseguiram dialogar com os pentecostais a partir disso. A construção da casa de barro também foi uma estratégia, pois o barro une, conseguiram chamar pessoas para o local. Hoje, são referência na localidade. Fizeram um mapeamento para dialogar sobre a questão da água como bem público e o próprio município sede não tinha tanto conhecimento sobre o território. É preciso gerir o próprio território, isso não é brecha, é direito legítimo.

Guiné, sobre o tema, mencionou os problemas do programa minha casa minha vida (“casa de pombo”), como o fato de que não se discute o formato da casa, sendo que a casa de adobe pode ter maior durabilidade até da de alvenaria - é tecnologia quilombólica, mas isso não se discute. Também há o bambu, que pode ser usado. Ele lembrou que já há esse conhecimento tradicional da casa de bambu, mas ainda não houve brecha para colocar em prática. Mas para debatermos sobre isso, precisamos ter autonomia sobre nossa gestão. E podemos falar sobre muita coisa, desde a merenda escolar, quando falamos sobre gestão.

Milson levantou a questão de intervenções externas no território: nas comunidades de terreiro, a maioria das informações são escritas sobre pessoas externas, principalmente antropólogos que não conhecem a realidade local. Deu um exemplo de um caso que um antropólogo filmou atividades secretas de um terreiro, ressaltando que temos que cuidar isso. Temos que ser protagonistas de nossa história.

Yashodã relatou que na COMPAZ ciaram uma comissão científica da comunidade, que avalia se será importante para a comunidade a presença de pesquisadores. Eles precisam de uma imersão na comunidade, para conhecer de verdade. Não se breca o conhecimento nem a informação, mas com respeito.

Natália: não vou defender a ciência, mas ela deve ser de todo mundo, ela não é branca, é de todo mundo, o problema é que quem assinou e botou o carimbo, dizendo, isso aqui é meu foi uma elite. O conhecimento é nosso, quem transformou a gente no Outro foi a colonização, a gente é a gente, não o outro. Não podemos deixar de fazer parte desse processo. E a questão não é incluir o Outro, sim uma articulação, e saber que isso tudo é nosso. Temos que nos apropriar, reapropriar e ressignificar. É pertinente o que o Milson falou da antropologia, fundado por colonizadores para mapear os povos a serem colonizados, mas ela é antropóloga que busca trazer esse debate para dentro da academia.

Resultado da atividade

1º Grupo “Troca de saberes”:

A trajetória de cada um foi ressaltada, a partir de elementos como o reconhecimento coletivo, a relação identidade, união, conhecimento, afirmação identitária e fortalecimento, articulações entre comunicação e espiritualidade.

2º Grupo Os participantes ressaltaram elementos como a mobilidade e fluxos de deslocamento em suas trajetórias. Em relação ao território, lembraram que a luta pela terra transforma as memórias em formas de resistência, para conseguir lutar por direitos. O território é onde se vive e onde vivem os meus, um lugar para voltar. Envolve nossa vida, nossa história, nossa família, território simbólico Como materializar a gestão dos territórios? Quando lutamos por políticas públicas, nosso território tem que ser amplo e acolhedor, característica comunitária amplo. A questão dos custos é importante para manter esse território e amparar suas necessidades. O grupo colocou o sentimento da importância da gestão compartilhada, gerindo e conciliando as demandas de todos. E se questionou: Como aprimorar potenciais? Aprimorar comunicação, se articular em rede são passos importantes.

3º Grupo

Grupo composto por jovens, identificaram como desafios o uso excessivo de álcool e drogas. Apresentaram os principais pontos de seus territórios: -Sul da Bahia (Tapama), parte dos povos da mata atlântica e cabruca: importância das sementes e da teia de agroecologia dos povos da Mata Atlântica. - Amapá (São Pedro dos Bois), o coletivo é muito forte, independente das autoridades. - Espirito Santo (Monte Alegre): forte crescimento do turismo sustentável -Guaíba, RS: terreiro em forte crescimento e aceitação da comunidade, que também está utilizando tecnologias digitais (telecentro). -Maranhão (Mata Boi): importância da união e da organização social, empoderamento. -Espírito Santo (São Pedro): destaque para a força dos membros da comunidade na luta por melhorias. -Pará (São Pedro e São Judas Tadeu): preocupação com os latifundiários, que estão em conflito com os quilombolas, com a expropriação de territórios. Cuidado com comunicação, empoderamento, tecnologia (projeto Jeofe Raça Livre).


TARDE Em um primeiro momento, foi realizada a avaliação da atividade da manhã, conduzida por Yashodã, Guine e Milson. O objetivo da atividade foi pensarmos como foi a vivência em grupos para cada um e se esta atividade poderia ser replicada localmente.

Cauê falou sobre a importância da análise das práticas que temos em comum e como isso depende de quem tá dentro, para busca de soluções coletivas. Chamou a atenção para o fato de que as pessoas são o objeto principal dos desenhos elaborados - e pessoas juntas, em grupos.

Suehllen ressaltou a importância das atividades até esse momento é que há a necessidade de conhecer o significado do encontro. E pudemos nos expressar, ainda que um pouquinho, e esse é o primeiro passo para comunicar. A troca de saberes e pessoas, reconhecimento mútuo.

André considera que a experiência foi ótima, pois começamos um pouco perdidos, mas aos poucos fomos nos identificando enquanto grupo. Conseguimos muito mais do que se produzíssemos um texto científico, pois tem muito mais significado e isso é um grande aprendizado.

Greice relatou que com a atividade foi possível ver o que sentimos de nossa comunidade

Dani achou que todas as atividades seriam com a máquina, e no começo não concordou com o fato de primeiro debatemos a concepção da rede, mas viu que a dinâmica de grupo possibilitou que nos aproximássemos e que nos identificássemos entre nós, vendo situações em comum, que no grande grupo talvez não conseguíssemos ver.

Elivelton disse que já passou por outras dinâmicas de grupo, mas a troca de conhecimentos aqui é importante por que nos identificamos entre o grupo. Luiz achou que seria diferente a dinâmica. Foi uma experiência de se conhecer, gerou entusiasmo e mexeu com o grupo.

Yashodã ressaltou a sinergia entre o grupo está muito importante, começou antes mesmo de chegarmos aqui, na preparação do encontro. Ela retomou os pontos mais importantes da fala de todos – ver as pessoas – eu vejo você, você me vê – ver as pessoas que são modos de vida. É preciso ver para poder zelar, somos guardiões, da terra, da mata. Nos sentimos mais pertencentes para podermos fazer o manejo. O primeiro grupo enfatizou a troca de saberes: Reconhecimento mútuo, identificando desafios comuns, e pensando estratégias que são comuns e que podem fortalecer um conhecimento – um conhecimento que tem autoria, eu trago a fala do meu povo, eu reconto a história e a valorizo. O conhecimento precisa de sentido e significado. É uma formação que não forma a ação, mas que orienta a ação. Articular é experimentar os seus próprios sentimentos, se expor e ser acolhido pelo grupo, pois somos irmãos. Somos nós aqui hoje, seremos nós amanhã. Isso ajuda a dar caldo para a proposta das próximas atividades, com as ferramentas digitais.

Mãe Beth lembrou que há experiências que já são praticadas, e só percebemos que temos afinidade e que temos ideais parecidos em momentos de encontro. Yashodã ressaltou que esse é o modo negro de se pensar – a partilha. Trouxe o exemplo de seu Roberto, do quilombo do Cerro das Velhas, RS: não derrubou a casa de pau a pique, os demais da comunidade derrubaram para receber casas novas do governo. Hoje é o único que ainda tem casa de torrão. Quando recebeu a casa nova, fez ela diferente: a cozinha bem grande, pois “quem é de bem vai pra cozinha, não para a salinha apertada”.

Mãe Beth sempre preparamos as coisas para mais um, é nosso jeito.

Na atividade seguinte, dos grupo de trabalho, Milson explicou que haveria três etapas: chuva de ideias, peneira de ideias e conclusão (tirar três propostas). Solicitou que fossem levantadas questões importantes para cada comunidade e pensar os principais pontos, depois ver possibilidades de soluções.

Resultados

grupo 1: Desenvolvimento do turismo, apresentações culturais, que podem incentivar a economia solidária. Desenvolvimento de sistemas de comunicação Estímulo ao repasse do conhecimento

grupo 2: Educação Empoderamento da mulher Valorização de saberes e costumes locais


grupo 3 Organização política dos grupos – cultura de terreiro, de quintal, através de ferramentas tecnológicas como celular, internet etc. Resgate de tradição e conhecimento através da construção de instrumentos musicais da cultura negra Ressignificação do papel do mestre – como transformar ou qualificar esse trabalho que os mestres, senhores e senhoras que guardam saberes. É preciso trazer o que está se perdendo, o que exige articulação para garantir a continuidade da tradição. Relatou a experiência da sambada em Olinda, com 300 grupos de coco no último carnaval. Quando se tem a iniciativa, as coisas acontecem. Tecnologia deve estar a nosso favor – a rede pode ajudar nisso. Cultura popular tem endereço e tem cor_ matriz africana, não vem de mesa de bar nem de gravadora, vem de nossa ancestralidade, vem do terreiros, vem dos quilombos. O resgate de saberes é para nos fortalecermos.

Lamartine lembrou que na rede uma organização não depende da outra, é autônoma, a rede tem a cara de quem tá dentro dela, cada um tem que se virar do jeito que pode. Precisamos entender que a rede não pode centralizar as ações na Tainã. Se queremos fazer esse trabalho em rede, temos que ter consciência de que temos que ter o minimo de independência, para fazer acontecer as coisas. Em alguns momentos precisamos andar sós, por que assim nos fortalecemos. Estamos juntos, mas somos independentes, cada núcleo não precisa do aval da Tainã para andar. O ideal seria não precisar explicar o que é a rede mocambos, precisamos focar nos aspectos tecnológicos. Quem tá na rede, precisa saber o papel político da rede. Para isso, precisamos estudar o papel da rede em nome da autonomia. Que sejam lideranças negras dentro da rede mocambos, que possam atuar politicamente,.

Milson falou que o poder não vai ser dado a nós, temos que correr atrás e uma das maneiras é fortalecer os núcleos. Estamos em guerra, chegou a hora de acordarmos. O campo de batalha é nossa comunidade, fortalecendo a auto estima da gurizada, resgatando a ancestralidade. existe uma raiz plantada na gente, temos um Baoba dentro de nós e a ancestralidade do baobá tem que estar vivo sempre.


TC lembrou que não podemos esquecer quem somos. Fomos durante séculos negados, das formas mais perversas. Nas tradições, na visão de mundo, tudo foi negado. E a colonização nos contaminou e é comum, depois de todo esse processo, que a gente mesmo nos negue, negue as coisas que são essenciais para nós. A África nasceu com alguma diferença por alguma razão. Essa diferença, da natureza, fez acharem que éramos inferiores e nos escravizarem. Essa diferença marcou a nossa existência no planeta. Para além do que significa ser branco ou preto, somos herdeiros de uma herança africana. A parte branca parece que sofre menos, ganha mais, o que as vezes faz com que nos afastemos da nossa raiz preta. Quem propõem que a nossa cor não tem valor é a parte não negra, mas ela convence a parte negra. Quando falamos da rede mocambos, quando recorremos à natureza e ao baobá, é para buscar as raízes. Somos um povo generoso. Preto produz riqueza e compartilha. Mas nos ensinaram a nos negar. Quando falamos em rede, não é a instituição casa Preta, Coco de Umbigada ou Tainã, é a nossa diáspora, a diáspora negra. A Tainã fez quatro ocupações em Campinas, isso é poderoso, ocuparam uma área de latifúndio. É a consciência de luta que queremos propor aqui. Estamos num contexto muito mais amplo. E precisamos escrever a nossa própria história, por isso precisamos nos apropriar dessas ferramentas, para tomar a frente desse processo. Instituições como a escola e a universidade- não me reconheço nela, só entro se for para queimar. Coragem de luta é se conhecer. Não quero o sapato 34 que me dão, pois eu calço 43. porque chama mocambos a referência é palmares, que tinha diversos mocambos, que fizeram a força de Palmares. Estamos retomando a ideia de Palmares, com pessoas que lutavam juntos pelos mesmos ideais. A ideologia branca, que escraviza brancos também, é que precisa ser combatida. Temos que saber por que queremos esses instrumentos , não é por que gostamos de tecnologia, é por que são instrumentos de luta – mas qual a luta que queremos lutar? Temos que ter claro isso. Temos que saber onde queremos chegar. Não estamos aqui porque não tínhamos mais nada para fazer, é um processo de luta e a luta não é minha, é nossa, e nós é qualquer um que queira ajudar, em qualquer lugar do planeta.

A consciência tem que ser ampliada, o mundo é muito maior que a gente. Mais de seis milhões de africanos chegaram no Brasil, seis vezes o tamanho de campinas (fora os que morreram no caminho). Quanto custaria isso hoje? Não temos um por cento do que seria direito nosso. Não devemos reproduzir o preconceito, se errarmos, devem ser erros nossos, não dos outros. Não tem nada que nos diga que não podemos tentar, e com toda a herança que temos, de compreensão da natureza por outra lógica, espiritual e humana, convive com as diferenças. Por exemplo, o papel da mulher. Temos que ressignificar nosso papel. queremos garantir o nosso direito a nos reconhecermos e se orgulhar do que somos. Falou sobre a história de Campinas, que foi um centro do desenvolvimento tecnológico da América Latina no século 19, onde havia grandes fazendas de café, com muita escravidão. Relatou a história de um barbeiro que mobilizou as lideranças das fazendas de café (15 maiores). Ele formou uma rede e promover o ataque conjunto, simultâneo. O projeto se frustrou porque algumas lideranças desacataram a ideia de sigilo e os senhores ficaram sabendo da história pela atitude diferente dos escravos. O que estamos debatendo não é movimento negro, não é movimento religioso, que faz parte da nossa luta, ela é mais profunda e mais complexa. Não é só busca de terra, é concepção de visão de mundo – para quem trabalhamos? Quais nossas necessidades? Onde é preciso termos formação?quais as tecnologias que podem nos auxiliar? Desde casa de barro até tecnologias digitais, escolas de formação diferenciadas. Sem rancor, sem intolerância, da maneira mais bonita, como podemos fazer? 30/05

PC explicou a organização das atividades: o grupo foi dividido em dois, um foi para o estúdio, outro faz oficina prática de wiki. Antes de iniciar a atividade, TC lembrou das lutas que foram necessárias para construir essa estrutura da Tainã. É o nosso lugar e precisa ser cuidado. Não é o outro que vai cuidar, somos nós. Temos que mante a cultura de ser solidário e de reconstruir nossa identidade, de quem vive em comunidade, pensando nos valores que são importantes para nós. Os que colonizam falam o contrário, como queremos mudar, precisamos pensar nesses valores. Somos responsáveis por tudo aqui, não temos chefes aqui. O pertencimento faz com que tenhamos cuidado coletivo: é nosso. Priscila ressaltou a importância da participação de todos na metodologia, quem quiser propor dinâmicas está convidado, proposta da Say. Convidou Say e Dani para apresentar a experiência da casa do boneco. Os valores das diárias serão redistribuídos, de maneira que todos tenham cobertos os gastos com deslocamento.

TC salientou as dificuldades do Siconv – é uma ferramenta que é muito limitante e temos a necessidade de prestar contas através dessa ferramenta. Pra começo de conversa, ela só funciona com internet boa, tem que estar conectado senão não se acessa a ferramenta, ou seja, exclui 60% dos brasileiros. É preciso ferramentas de controle, para evitar desvio de verbas, mas as tecnologias não podem limitar os movimentos sociais.

TC disse que as apostilas são inacessíveis e Vince lembrou que já estão desatualizadas. TC falou que a ideia é que se questione e exija do governo que se faça uma ferramenta mais acessível. Para Say, o discurso, mesmo nas capacitações, é muito duro: é preciso aceitar o Siconv e “a gente vai tentar dar curso”.

Priscila acha que seria importante, além de questionar, que é o principal, fazer um tutorial, paralelamente.

Natália lembrou que não podemos naturalizar essas ferramentas. Como nos adequamos ao momento presente, sem perder de vista o horizonte do que queremos, senão ficamos sempre nos adequando, principalmente na relação com o poder público.

Mãe Beth ressaltou que é um sistema excludente, não tem como os povos locais se apropriarem. dele. Say falou que agora que vamos colocar a mão na ferramenta, para aqueles que estão tendo contato com software livre pela primeira vez, estamos em busca de vários elementos mais do nosso jeito, com os nossos valores, buscando romper com lógicas que consideramos opressoras. Uso do software livre, que não vai se tornar uma mercadoria, não subjuga as pessoas e não as confina em caixas. Devemos no debruçar no processo de descolonização. Não é só uma escolha simples, por dentro dela há uma ideologia que se constrói.

Lamartine relatou que começaram a casa do hip hop em Teresina, Piauí, com pouco recurso. Foram chamados a participar de um encontro de ponto de cultura e software livre, onde receberiam pessoas da computação, acharam que seriam pessoas que não teriam valores em comum, mas se identificaram com muitas pessoas ali e passaram a utilizar intensamente o software livre e defendê-lo. O contato abriu horizontes para a casa. Não precisamos enriquecer um branco que já tá bem rico. Dá pra mudar, é a mesma lógica: a gente não alisava o cabelo e agora não alisa mais? A mesma lógica. Se a gente quer fazer revolução digital e combate ao racismo, falando de tecnologia, não tem como fazer fora do uso do software livre. Tem que fazer igual a igreja, eu vou me libertar!

Dani lembrou que dá pra pedir o reembolso do dinheiro do software, quando for comprar um computador novo com windows. TC: eu me reconheço porque eu não sei a minha história ou porque apagaram a minha história? O windows apagou a minha história.

Vince lembrou que o software livre não tem empresas por trás dele, até tem, mas com entendimento das coisas próximo do que consideramos como justo. Não é só o produto que você tá usando, é com o que você está se interligando.

TC disse que as pessoas que usam windows tem que pensar no que elas estão se ligando.

Vince: precisamos construir uma forma de comunicação que permita que possamos nos expressar. As ferramentas precisam nos conectar.

Priscila: o que é ser livre? O software permite que você tenha acesso à “receita do bolo”, para que você tenha autonomia para escolher o que você necessita. Estamos abrindo frentes que produzam novas ferramentas. Como diz Lamartine, não temos que ser incluídos, temos que ter direito de produzir tecnologias.

Vince lembrou que a ferramenta de base usada pelo Baobáxia foi usada por uma pessoa que mora no meio do mato, distante da internet. É uma possibilidade de conectar as pessoas fugindo de lógicas hegemônicas, de resgatar saberes, de construir alternativas. Novos operários: concentração do conhecimento em poucos e o desenvolvimento da rede assume caminhos a partir da lógica de mercado. A cultura digital não existe, é diferente de negócio (controle de informação é poder). Na internet temos uma grande sobrecarga de informação (poluição digital), dados produzidos sem nenhuma razão, só a partir da lógica produzida pelo mercado – é preciso pensar no uso racional do território (digital). Mencionou o projeto Tambor e Comunicação. Estamos com um pedaço de terra digital, e juntos discutimos quem quer cuidar e manejar esse território, fazendo em conjunto os plantios. E não tem como plantar sem ter conhecimento das ferramentas. Se você quer autonomia, você tem que ter o conhecimento. E tentar fazer sem ferramentas vai ser muito mais difícil. Estamos devagar, mas num processo que tem fundamento. Acreditamos nisso por que há 400 anos de história de resistência. O que possibilita propor uma terra digital diferente é a luta, que passa para o espaço digital.

Say lembrou que é bastante informação, vamos processar aos poucos

TC acessou o dandara, o servidor da Tainã, para mostrar arquivos. Falou da relação entre comunidades quilombolas e autonomia, dando o exemplo do quilombo do Cafundó, documentado em 89 por antropólogos que se disseram “descobridores” do Cafundó. É uma comunidade que preserva traços da língua kimbundo. Parte das suas terras foi ocupada por latifundiário, mas a luta se acirrou com o apoio de lutas com o uso de ferramentas de tecnologias digitais (como telecentro). O processo de luta culminou com a retomada da terra, que estava nas mãos de um fazendeiro (que plantava eucaliptos e tinha uma mina de areia que ele tinha no local ), e conseguiram um termo de concessão de uso da terra (primeiro do Brasil), a partir de onde a comunidade passou a ter soberania (120 ha). Porém, o fazendeiro ofereceu para a comunidade 30 mil reais por mês para manter a mina de areia. Isso gerou conflitos e prejudicou a unidade. Eles não sabiam lidar com a mina, nem com os eucaliptos que estão ali, em ponto de corte. Ou seja, não basta ter a terra, tem que saber as ferramentas para isso, se organizar tecnicamente. Aceitaram os 30 mil do fazendeiro, o que pode destruir a comunidade. Relatou também o caso do Espirito Santo, onde a Aracruz domina. Por causa da “responsabilidade social”, construiu uma fábrica de farinha lindona, mas o eucalipto acabou com o solo e não há mais possibilidade de plantar mandioca.

É preciso uma terra livre digital, face ao monopólio mundial, em que o produto que tá se comercializando somos nós.

Natália questionou: o que é tecnologia? Uma ferramentas que nos auxiliam em nossa vida, construída dominando todos os estágios do processo, de modo a criar e recriar tudo o que precisamos. Quando perdemos o fio do processo, quando o nivel de lucidez da técnica vai diminuindo, nos tornamos mais dependentes, o que apaga osso conhecimento tradicional. precisamos ver isso, ter consciência do processo, desde como saber como atraves de um fiozinho passa informação? Não é tao difícil de fazermos isso.

Guiné: conhecer software livre é conhecer os códigos: tudo é código, desde o tambor, já temos conhecimento dessa linguagem de códigos, mas perdemos isso. A gente até conhece, mas tem que exercitar a partir de outra lógica, alimentando nossas ferramentas. Deu exemplo dos monocultivos de eucaliptos: processo de conhecimento tecnológico, com acesso a crédito de carbono, que quem recebe recurso são as grandes empresas, como a Aracruz e a Vale. Mas precisamos conhecer a ferramenta para não deixar que seja dominada. Precisamos entender e desenvolver nossas ferramentas, a partir do olhar do tambor.

Elivelton citou o exemplo do plantio de dendê, que é enorme, feito por uma empresa (Biovale), em monocultivo e prejudicou outros cultivos.

Cleberson trouxe a experiência da música, que quem faz sucesso não se preocupa mais com a qualidade e como no software livre, todo mundo ouve a música mas não sabe como é o processo de fazer música.

Milson iniciou a oficina sobre wiki. Lembrou que o internet foi criada como ferramenta de guerra. A África e uma grande parte Brasil não tem internet, e hoje podemos dizer que estamos em uma infoera, a informática é essencial. Porém, a internet perde o caráter colaborativo, as informações vão sendo privadas. Mencionou a diferença entre surface e deep web (com informações que não circulam, vão para servidores centralizados). Lembrou que as informações que são colocadas na internet não são mais apagadas. E a wiki ajuda a produzir informações coletivamente, quando ela é criada, quebrando o modelo comum de geração de informações. A Wiki permite gerar novas informações de maneira aberta. É tao aberto que tem espaço ao vandalismo, mas há modelos de proteção. Como vou usar essa ferramenta? Apresentação do passos básicos da ferramenta: criação de conta, início da edição (de texto, de imagens), ferramentas de pré visualização, link de ajuda etc.

  • Ajuda: tarefas básicas (texto negrito, itálico)

- texto em itálico 2 aspas - texto em negrito 3 aspas - texto em negrito em itálico 5 aspas

-Perna Forma gráfica: clicar na pasta e no arquivo. Hard: é aquilo visível , é a parte física Software: programas

-Milson

- Links : como criar links internos e externos Interno : texto atalho para criar links internos Externos: levam a outros endereços, fora da wiki

Perna explicou o que são tags: Palavras chaves.

Yashodã fala sobre criar um novo código , na sua morada as crianças trocam os nomes , falam entre elas mesmas .

Perna fala sobre um livro onde havia um sacerdote que interpretava um código de aldeia para aldeia.

Milson: colocar título, que é uma forma de etiquetar. Falou da importância de construirmos o texto a várias mãos, aprendendo a trabalhar coletivamente, através de um exercício em que cada um dos participantes teve de escrever uma palavra para construir uma frase em conjunto.

Lembrou que os títulos podem ter hierarquias, organizando a sua ordem a partir do número de = que há antes e depois dele para alterar a hierarquia (subtítulos):

Contatos

sustentabilidade

quilombolas

Antes de salvar, há a pré-visualização. Um índice automático (tabela de conteúdo) será feito. Se mudarmos o título, todo o conteúdo irá sumir, é preciso ter cuidado. O título é formatado hierarquicamente na tabela de conteúdo.

Yashodã questionou se poderia ser usado offline.

Vince respondeu que estamos desenvolvendo ferramentas de uso offline, que é parte do Baobáxia. Instalar wiki no computador sem internet é possível, mas neste momento ela não vai estar se comunicando entre as máquinas. O elo que vai ligar as máquinas é o baobáxia, que conecta os computadores. Esta oficina é importante para ver como funciona a estruturação de dados.

Milson disse que podemos identificar as últimas mudanças, as mudanças recentes, ver se modificaram nosso texto.

Vince lembrou que podemos ver o que está sendo modificado na rede, é um registro do que está acontecendo e as pessoas vejam o que está sendo feito.

Milson questionou qual deveria ser o conteúdo. Na Rede Mocambos, as informações estão interligadas (mapa, portal...), o wiki é a informação em texto. Pode subir imagem, mas na rede, há a organização de cada recurso.


31/05

Oficina de wiki e estúdio ao mesmo tempo 01/06 Atividade: debate sobre cultura popular

Ronaldo Eli ressaltou a figura do mestre, seguindo a lógica da ancestralidade.

Luiz mencionou que em cada local há uma cultura popular, jongo, terreiro, em cada local tem uma cultura, e por que ela está viva? Você vai ver desde o começo, que a cultura vai passando de geração em geração. Se for olhar, há uma história, que é passada de pai para filho. Mencionou o exemplo de Mãe Beth, que passa a tradição de geração em geração, que Mãe Beth também está passando para seus filhos. É preciso ter cuidado para que não roubem nossa cultura, se espelhando no que temos de cultura popular e achando que reproduzir isso é simplesmente fazer igual, não é igual.

Para Ronaldo, o problema não é ter acesso ao conhecimento, sim usar e ter objetivo de ganhar com isso.

Perna lembrou que temos que ter cuidado para não tratar a cultura popular como objeto. O trabalho de cota não para quando temos a cota, ele só começa. Pode haver discriminação por ser cotista e por ser negro. Com a academia, tem que ter um diálogo com pesquisadores, para ver caso a caso. Levar a cultura popular para dentro da universidade, não como pesquisador, sim como guardião. Não é só abrir espaço para a cultura popular, sim que a universidade seja feita com cultura popular.

Milson lembra que a educação vai te educando com preceitos racistas, quando você chega na universidade, isso já está arraigado. Na universidade, temos que pensar como as pessoas saem dela, com a cabeça fechada, não só como entram.

Lamar norte nordeste mais preocupados com a valorização da cultura popular. Rever o conceito de cultura popular, incluir hip hop e rap.

Sebastian sou poeta e trabalho com cultura popular , a academia é europeia e desconhece a cultura popular , a academia não tem competencia de falar sobre a cultura brasileira . Eu sou paulista e trabalho com cultura popular nordestina , que vem de pai pra filho , o meu grupo propos que fizesemos um edição de boneco mamolengo .

Say propos outro contra ponto , eu tenho muita dificuldade com a academia , mas temos que ver o outro lado , considero aquele saber ele gera possibilidades de um novo estudante da academia , todo movimento de cultura popular cada grãozinho descaracteriza o modelo academia


Ronaldo Lá em pernambuco passamos por um processo de fuga contra a policia e nenhum movimento negro não assumiu e nem se moveu a nos ajudar , não temos uma visão da relação da cultura popular com o movimento negro

Pc perguntou: o que que cada um tem como cultura popular?

Natalia salientou que o jovem esta deixando sua cultura escorrer por suas mãos , pois estão com vergonha de sua cultura: indígena ou de terreiro, mas há pessoas brancas que cultuam essas culturas sem ver problema algum então a cultura popular passa a ser de todo sem distinção. Perna disse que há quem diga que o samba é híbrido, mas pra ele o samba nasceu preto e vai morrer preto . Pra quem não sabe aqui na Tainã tem um tambor de cada lado. Pra mim a cultura popular é guerrilha e ao mesmo tempo é festa.

Zeila; na minha cidade são 5 grupos e de pouco em pouco ninguém quer mais dançar ,todo ano tem o evento da semana da consciência negra, então o prefeito faz toda aquela propaganda , todos cresceram o olho pois o governos repassou de 30mil a 45 mil reais , o povo da comunidade esta firme e forte , na minha comunidade estamos firme e forte , mas o prefeito e o governador só aparecem lá em época de campanha então assim as pessoas estão interessada apenas no dinheiro , na minha comunidade trabalhamos confeccionamos os tambores e programamos nossa festa sem dinheiro algum . Há muitos negros que não estão ali pela causa e sim pelo dinheiro , em semana de consciência negra fazem mil e uma coisas mas depois fica a Deus dará

Milson questionou ate onde é cultura e até onde medicina ?

Ronaldo falou que a cultura popular vem dos terreiros e dos quilombos , de nenhum lugar ha mais , vem de onde saiu o povo brasileiro .

Perna falou que a discussão de raça para os alemães não existe , sempre tivemos embates , ela me encheu o saco pra aprender a tocar tambor , ate um certo dia que coloquei ela na roda , encontrei um vendedor de bode e comprei 30 peças de couro e ensinei ela a montar um tambor . Ela me falou algo que não gostei durante o processo contei uma historia de iansã , e ela me retrucou e tive que cortar as asas delas após isso ela nunca mais quis tocar tambor .hoje eu acho que não deveria ter desvinculado ela pois no final das contas ela só queria aprender sobre o tambor , mas aprendi com ela que não são todos que entende o ritual do tambor

Pc perguntou: vamos pensar lá na frente, como podemos trabalhar com projetos ?

Cauê ressaltou que quem disse o que é a cultura popular brasileira forma os brancos … citou algumas personalidades brancas que unificaram a culturas a cultura . A cultura do branco é uma cultura alienada , o cinema tenta representar o brasil como cultura popular pessoas saindo de seus habitates vindo para o sudeste . Hoje beneficia muitas palestras , tanto aqui em sp quando em outros lugares , o que a forma de nascer que é parto , a forma que nos cumprimentamos enfim

Elivelton disse que se sente ofendido quando vê um negro(a) passa com cabelo liso, pois ele esta tentando esconder sua raiz. Não existe cabelo ruim , ruim é o preconceito. Considera que as músicas que chegam lá não são de seu gosto, se sente desconfortável. Gostaria de saber quem no grupo nasceu de parteira. Andre e Luis levantaram a mão.

Andre lembrou que em sua comunidade quase todos nasceram de parteira, os médicos não confiavam nela, um dia um médico convidou ela para fazer um parto, após isso eles certificaram ela como parteira os partos feitos por parteira não tem como saber o que é o sexo da criança, quando nasce um menino é soltado um fogo de artificio e se é menina são soltados dois.

Don Perna disse que não é apaixonado em tecnobrega, pois muitas vezes quem ganha em cima de ritmos e hits não é o seu local de origem . Lá na comunidade a maioria dos moleques dançam o ah lelek pra c*** dançam tecno brega pra C** . Hoje em dia a burguesia consome o maraculte mas ninguém sabe que ele morreu de aids após ser casados com 27 mulheres , mas não sabem a origem. Acho que devemos conhecer todas as culturas

Ronaldo falou que não podemos enquadrar dentro da cultura popular, assim como se fala de brega no Pará, ele pode falar que lá em Pernambuco há mc de brega que incentivam a prostituição infantil então tem que rever os valores hoje a televisão ensina a respeitarmos nossos avós pela vida que eles levam, e não como eram antigamente, em que se respeitava nossos avós por termos esses valores.

Daniela falou que houve um gincana onde aconteceram três provas, em que a última era saber quem era o casal mais velho da cidade. Falou que sabia o que era o samba de roda mas não sabia que sua família fazia parte dela e não reviviam isso há 40 anos.

Say disse que às vezes as comunidades ficam aguardando um projeto de fora, mas certas coisas vem pelo princípio do prazer de irem atras de sua histórias, sempre dialogar com a comunidade e trazerem os prazeres da comunidade de volta.

Ronaldo questionou: o que é a África no Brasil?

Yashodã relatou que aprendeu muito e refletiu muito sobre a fala de Dani e Ronaldo. Lembrou de sua vó, quando presenciou a passagem dela dessa para Orum, onde todos cantaram e embalavam o caixão e todos faziam o mesmo movimento, quando se perguntou – será que isso é cultura popular? Ontem Lamartine fez um comentário onde me questionei o que são culturas, penso que talvez agente precise problematizar as culturas , não estou colocando que não tem CULTURA POPULAR e sim CULTURAS POPULARES. Quando fala-se de culturas, ela questiona: quem disse que meu modo de viver é uma cultura? Nos batuques do RS quem evocava as cantigas eram as mulheres e hoje são raras , hoje o que foi presenciado não é uma cultura hegemônica, se fossemos pensar em algo para nossa rede , resignificando as tradições, lá na comunidade achamos o conceito afroindígena.

Perna um dia foi uma nega lá em casa e disse você não é bonito não você é exótico

Pc vamos identificar as parteiras rezadeiras …

Daniela falando sobre parto, a Suehllen fala como se é feito parto no hospital, na comunidade era feitos partos a mulher que ia para o hospital era aquela que não era capaz que parir seu próprio filho era feito um trato entre o pai e o medico , de que ela não poderia mais gerar era realizado o ligamento sem ela saber.

Ronaldo disse que reconhece a jurema como ciência.

Perna lembrou que hoje um parto é de 3 a 5 mil reais. Ele teve a experiencia de cortar o cordão umbilical de meu filho , mas hoje o processo é lento.


Rota dos Baobás - Vince Baobáxia: baobá mais galáxia – interligação de comunicação. Esta e outras ferramentas estão sendo desenvolvidas sem recursos. Uma versão digital que fique presente em uma máquina, um servidor, e pensar a comunicação entre computadores localmente. O que precisa fazer? Montar página na wiki, ver conteúdo e colocar no servidor, que possui um programa específico. Os computadores que tiverem o Baobáxia instalado poderão acessá-lo. Caso de uso do baobaxia (ex): publicação de vídeo – depende da tag – assim a informação pode ser disponibilizada em vários locais, mas está sendo chamado de terra digital livre, que funcione sem depender da internet. necessariamente. Cada comunidade vai levar um computador daqui da Tainã que será servidor, que quando chegarmos na comunidade serão conectados com o Dandara. Se não tiver internet, é possível atualizar os conteúdos do computador por HD. O software do Baobáxia está em fase de testes e precisa de pessoas que acompanhem o trabalho. Precisamos ir devagar, para que as pessoas se apropriem e construam junto, para que não se torne um programa inacessível. Que seja um espaço digital coletivo. A Dandara, na Tainã, vai ser um dos servidores das comunidades, vai ter também uma máquina sempre conectada em uma boa internet, para ser o acesso principal das comunidades. Toda documentação está no Baobáxia as etiquetas servirão para auxiliar nos caminhos e para saber que tipo de categorias. neste momento tem que ter internet, e uma pessoa que acompanhe, por estar em fase de testes. É a fase em que é possível compartilhar dados (fotos, vídeos etc.).

Dever de casa: - oferecer arquivos digitais, 2 vídeos, duas imagens, dois textos, três etiquetas para cada - criar página da comunidade na Wiki 02/06 TC explicou como se formou a Rede Mocambos e a importância da Rota dos Baobás, articulada com a criação de telecentros em comunidades quilombolas do Brasil. A Rede Mocambos tem sede na Tainã, em Campinas, mas a resistência se localiza em comunidades que tem relação com a terra, as comunidades quilombolas. Elas precisam da terra e a terra permite que as pessoas se reestruturem, permite possibilidades para quem sobre processos de fragmentação diversos, marcados pela desestruturação social, que buscam nas áreas urbanas melhores condições, mas que dificilmente encontram um futuro promissor. Como melhoramos isso? A rede nasce da tentativa de mudar a nossa própria história. O baobá é um símbolo, em todo território africano que ela existe, ela é muito respeitada, porque é a árvore que mais vive que temos conhecimento. É portadora de uma ancestralidade, de tudo que conhecemos. Ela não cria fronteiras, não parte das segmentações que a sociedade criou. Nas comunidades de SP, próximas da Tainã, deve haver mais de 20 comunidades. A Tainã trabalha com eles a partir da cultura digital, articulando comunidades e formando uma rede, que se expandiu para o RJ e outras regiões do Brasil. Ele ressaltou a dificuldade de lidar com a luta pela terra, da violência que impera e como estamos desestruturados para enfrentar essa luta. E aí reside a importância do Baobá. A sua história tem um sentido que não podemos explicar. Em termos de ações, o Baobáxia está conectado com a Rota dos Baobás, é a materialização do contato pessoal com as comunidades, de se olhar no olho. A questão presencial é fundamental, e a Rota é o trabalho de mobilização que a rede faz localmente. O endereço mapa.mocambos.net mostra as comunidades já visitadas pela Rota, para que as pessoas se apropriem da ideia e desenvolvam de maneira autônoma a ideia em suas localidades. A Baobáxia vai receber apoio da Petrobrás, com um projeto relacionado à Agroecologia. Para a materialização da Rota, há uma demanda de recursos e uma preocupação em que as pessoas se apropriem do processo. Não é só plantar o Baobá, tem que se apropriar da luta. A gente não é papai noel, não se vai às comunidades para dar coisas, mas o chamado é para se juntar na luta. Nós, colonizados que fomos, fomos orientados ao individualismo, temos que repensar isso. O Baobá é nosso, não é meu. Tudo para todos, é a cultura que estamos falando aqui, para desconstruir a força do individualismo, que nos divide e abre espaço para dominação. Se tivermos capacidade de nos juntarmos, podemos mudar isso. TC entregou as sementes do Baobá para cada um, colocou na boca até dissolver a sua camada mais externa, processo que ajuda na quebra de dormência da planta e facilita no plantio. Depois, todos devolveram as sementes, que foram misturadas e serão redistribuídas. Um ponto importante é como a comunidade multiplica a luta. Atitude, comprometimento, perceber-se como guardião. Ressaltou ainda a necessidade de um uso racional das ferramentas. PC: se preciso, pensar em remanejamentos de onde estão os telecentros. Say lembrou que o que está sendo feito é uma demanda de todos os territórios, então temos que pensar para além da nossa comunidade, se vendo em rede. No seu território, visualizaram uma demanda por articulação territorial (território litoral sul e baixo sul), que eles buscaram pela Teia de Agroecologia. É necessário expandir as relações, pois não podemos pensar somente nos nossos coletivos. Também está em jogo um caráter de mudança estrutural. E para isso precisamos nos fortalecer nas bases. Nos formamos enquanto núcleo da rede quando incorporamos a ideia da rede, como centros irradiadores.

Yashodã – lembrou que a importância do processo é que é formado de gente. E que não estamos aqui porque não temos nada o que fazer, ao contrário, é porque sabemos que há muito o que fazer. Preparamos a semente, agora temos que germiná-la e reproduzi-la – a rede. Às vezes esquecemos o que foi falado, mas não esquecemos o que sentimos quando foi falado, isto está inscrito no nosso corpo.

TC ressaltou que é preciso pegar o conceito: criar meios para ter territórios digitais livres que permitam maior autonomia. Uma tecnologia que pode combater a colonização que sofremos. Streaming, baobáxia, tambores, são tecnologias. Deu exemplo do sopapo e do Mestre Baptista, que deixou para nós o seu legado na construção do sopapo, e é isto que precisamos valorizar e cuidar para que não morra, que devemos carregar dentro de nós. A importância desse instrumento para os gaúchos poucos sabem ainda, precisa levantar essa bandeira. Onde o sopapo está, a memória do Mestre está, assim como o Baobá. Quanta história, quanta luta há no sopapo e que não sabemos.

Vince explicou a organização dos conteúdos é criação de categorias. E um dos objetivos do encontro é criar metodologias

Solicitou que se criasse uma wiki de cada comunidade, com os materiais, fazer uma estratégia de organizar os materiais de todos, para depois colocar na Dandara, para compartilhar no Baobáxia. Mas ainda está em fase de testes.

Suhellen lembrou que temos que nos preocupar em onde vai se encaixar cada material.

Vince falou que por isso é importante fazermos um trabalho caso a caso, de cada comunidade.

Yashodã: para quem tem múltiplos dados, pode triangular com outras ferramentas. Ronaldo lembrou que é uma proposta inicial, que possibilitaria um espaço compartilhado que está tentando se estruturar. E mais dúvidas vão surgir na implementação, então é importante ir acompanhando os processos e ver como vai ser isso. Faremos os primeiros compartilhamentos na nossa rede, construir os primeiros conceitos, os primeiros degraus que a gente tá seguindo. Quem acompanhar o processo, vai ajudar a construir.

Guine lembrou que temos que ter um cuidado em relação à segurança a partir destas ferramentas, pensando no tipo de informação que vamos publicizar. Se as vezes deixamos informações muito abertas, as pessoas podem se apropriar e fazer uso indevido.

Baobáxia na Rota dos Baobás

Biblioteca Viva de Conteúdo

Acessar a Dandara

O acesso ao conteúdo pode ser por internet, ou em receptório portátil, como um pen drive, HD.

Sistematização/comunicação

Carol Gutierrez

Jr

Ana Paula

Guilherme

Ticiano

Núcleos Participantes

Quilombo do Campinho - RJ

Odomodé - RS

Casa do Boneco- RJ

Casa Preta - PA

Quilombo de Iporanga - SP

Tainã - SP

Coco de Umbigada - PE

Comunidades de Espírito Santo

Comunidades do Amapá

Casa ferreiro de deus - Ma

comunidade quilombola de Mata Boi - Ma

Comunidade Morada da Paz(CoMPaz) - Vendinha\ Triunfo-RS

Compartilhamento das experiências no uso da wiki, do mapa e do portal

As pessoas acharam interessante, colocaram fotos, vídeos e textos, colocaram links para outras referências.

Algumas pessoas não utilizaram as ferramentas, serão trocadas experiências entre quem já utilizou.

Houve a reflexão sobre a forma de trabalhar o conteúdo dentro da wiki e das outras ferramentas, pensar critérios de organização para facilitar o acesso e a pesquisa de conteúdos.

Troca de conhecimentos, as pessoas constroem coletivamente o texto, se houver algum erro em relação à informação sobre comunidades, é possível corrigir.

Ferramentas pessoais
Espaços nominais
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Ferramentas
Rede Mocambos