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Na realidade das comunidades quilombolas a relação com o território é primordial; atualmente, por pressões financeiras e interesses privados, muitas comunidades tem sido retiradas de seu território para construção e implantação de grandes empreendimentos com imensos impactos ambientais e sociais, e tais pessoas são realojadas, perdendo a referencia que tinham do modo de vida que cultivavam e precisam se adequar em uma nova realidade de casas uniformes. | Na realidade das comunidades quilombolas a relação com o território é primordial; atualmente, por pressões financeiras e interesses privados, muitas comunidades tem sido retiradas de seu território para construção e implantação de grandes empreendimentos com imensos impactos ambientais e sociais, e tais pessoas são realojadas, perdendo a referencia que tinham do modo de vida que cultivavam e precisam se adequar em uma nova realidade de casas uniformes. | ||
Hoje muitas pessoas que vivem em centros urbanos, ou mesmo na área rural no Brasil, não conhecem a existência de comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais; quando ouvem falar sobre elas, para tais ouvidos, sua existência soa como algo ultrapassado, arcaico e que não corresponde ao progresso. Muitos discursos defendem que as pessoas de tais comunidades precisam se adequar ao modelo globalizado de relações entrando no modelo de produção e de consumo do atual sistema econômico dominante. | Hoje muitas pessoas que vivem em centros urbanos, ou mesmo na área rural no Brasil, não conhecem a existência de comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais; quando ouvem falar sobre elas, para tais ouvidos, sua existência soa como algo ultrapassado, arcaico e que não corresponde ao progresso. Muitos discursos defendem que as pessoas de tais comunidades precisam se adequar ao modelo globalizado de relações entrando no modelo de produção e de consumo do atual sistema econômico dominante. | ||
− | Existem ações governamentais que, através de políticas públicas e afirmativas, contribuem para evidenciar a existência desses povos e apoiar seu modo de vida, estabelecendo bases que garantem os direitos das comunidades. Por exemplo, neste sentido, as ações de titulação de terras quilombolas | + | Existem ações governamentais que, através de políticas públicas e afirmativas, contribuem para evidenciar a existência desses povos e apoiar seu modo de vida, estabelecendo bases que garantem os direitos das comunidades. Por exemplo, neste sentido, as ações de titulação de terras quilombolas estabelecidas pelo Programa Brasil Quilombola são ações que atingem diretamente uma questão pontual da realidade das comunidades, que como já foi citada, é a questão do território. |
Edição das 15h51min de 27 de agosto de 2012
Na realidade das comunidades quilombolas a relação com o território é primordial; atualmente, por pressões financeiras e interesses privados, muitas comunidades tem sido retiradas de seu território para construção e implantação de grandes empreendimentos com imensos impactos ambientais e sociais, e tais pessoas são realojadas, perdendo a referencia que tinham do modo de vida que cultivavam e precisam se adequar em uma nova realidade de casas uniformes. Hoje muitas pessoas que vivem em centros urbanos, ou mesmo na área rural no Brasil, não conhecem a existência de comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais; quando ouvem falar sobre elas, para tais ouvidos, sua existência soa como algo ultrapassado, arcaico e que não corresponde ao progresso. Muitos discursos defendem que as pessoas de tais comunidades precisam se adequar ao modelo globalizado de relações entrando no modelo de produção e de consumo do atual sistema econômico dominante. Existem ações governamentais que, através de políticas públicas e afirmativas, contribuem para evidenciar a existência desses povos e apoiar seu modo de vida, estabelecendo bases que garantem os direitos das comunidades. Por exemplo, neste sentido, as ações de titulação de terras quilombolas estabelecidas pelo Programa Brasil Quilombola são ações que atingem diretamente uma questão pontual da realidade das comunidades, que como já foi citada, é a questão do território.
A vivência na Pajelança estimula o reconhecimento da sabedoria e prática de cada um, dando alternativas de sustentabilidade dentro e para sua comunidade, física ou virtual. É um processo de provocação e revisão de nossos hábitos. Muito mais que uma oficina de cultura e tecnologia, é uma vivência transformadora sobre quem fomos, somos e seremos e também sobre o que nos tornamos e o que deixaremos.
Resgatar a prática ancestral africana e indígena da roda de conversa e do trabalho coletivo para o coletivo, integrando práticas e tecnologias novas e antigas para criar soluções sustentáveis e replicáveis.
Empoderar a Rede Mocambos e seus elementos no uso, criação, programação, alimentação e manutenção de uma rede social autônoma, construída com nossos conhecimentos e para nossos conhecimentos; -Trocar conhecimento através do diálogo e da prática; -Mapear e cartografar as comunidades, encontros presenciais e oficinas de capacitação; -Registro das interações e produção de conteúdos para o Banco de dados disponibilizado no portal da Rede Mocambos; -Praticar a roda de conversa como elemento de convívio social e educativo; -Articular/mobilizar as comunidades envolvidas na Rede e agregar novas comunidades quilombolas no processo; -Fortalecer a representação sagrada da nossa presença e do espaço que ocupamos na terra; -Criar a Rota dos Baobás, elemento simbólico que remete à nossa ancestralidade e tradições, através do cultivo e plantio dessa árvore africana nas comunidades que integram a rede.
As Pajelanças são articuladas e organizadas por iniciativa ou com o apoio dos chamados Núcleos de Formação Continuada (NFC). As Pajelanças Quilombólicas, com o trabalho em rede, de tipo associativo e solidário, através de mídias digitais livres, possibilitam a formação de agentes culturais comunitários, geradores de ações cidadãs e participativas, para que estes, instrumentalizados, favoreçam o desenvolvimento da postura crítica e emancipatória na produção e distribuição de produtos artísticos oriundos da cultura popular, gerando empoderamento e renda. Uma Pajelança parte da articulação das comunidades para escolha de quem sediará o encontro, de como cada uma das outras comunidades colaborará na organização desse encontro e de quais os assuntos principais a serem abordados. Uma proposta que pode partir da comunidade que convida, fazendo face a um problema concreto ou pode partir de "ofertas", conhecimentos de colaboradores da rede Mocambos, como amigos da rede que trabalham com a questão do geo-referenciamento, para a criação colaborativa de programas para vigilância das fronteiras e monitoramento de desmatamento e queimadas, produtores de vídeo e cinema que propõem oficinas de produção audiovisual, artistas que convidam à construção de intervenções comunitárias etc. A partir daí, cada comunidade entra num processo de seleção ou indicação dos participantes que serão enviados, encarregados de trazer de volta os conhecimentos, as discussões e as motivações para suas comunidades. São pessoas ativas naquela região, que carregam vários saberes e estórias, desde os rituais religiosos, seus cantos e preceitos, passando por conhecimento de técnicas de plantio e convívio com a natureza ou conhecimento do funcionamento das políticas locais. Podem ser convidados parceiros externos que ampliem e debatam esses conhecimentos. Durante as Pajelanças, todo o funcionamento do espaço é organizado e mantido coletivamente, sendo que os trabalhos de limpeza, cozinha e a própria programação são dinâmicas incluídas na experiência de troca. As crianças, respeitando seus limites e vontades, estão sempre envolvidas no encontro. Ao longo do(s) dia(s) e da(s) noite(s), o estudo e/ou a construção de equipamentos, a criação de programas de tv ou rádio, a gravação de músicas, ou o que for o objetivo principal do encontro, são intercalados com discussões e práticas propostas ou criadas pela(o)s participantes com função de trocar conhecimentos, renovar energias, integrar ações, decidir ações futuras e cuidar bem das pessoas. As Pajelanças, em geral, acontecem em comunidades quilombolas que estão se preparando para atuar como NFC da Rede Mocambos. Os NFC são comunidades mais estruturadas que assumem o papel de multiplicadores e centros de referências regionais. São centros de trabalho e estudo de tipo associativo e solidário para formação e replicação de conhecimentos discutidos e abordados na Rede Mocambos, gestados e amadurecidos nas Pajelanças Quilombólicas.
O processo de auto-reconhecimento e auto-conscientização que as comunidades vivenciam durante a Pajelança leva-as a terem um olhar mais atento à sua sabedoria e criatividade. A preservação ambiental dos quilombos é uma necessidade. A questão de como melhorar a qualidade de vida e gerar renda sem perder a riqueza que já se tem é uma questão central dos trabalhos da Pajelança.
As Pajelanças Quilombólicas foram a base para o crescimento coletivo e as intervenções da Rede Mocambos. A Rede Mocambos alcançou os seguintes resultados: -Articulou e cogeriu a instalação de conexão a internet e telecentros. Foram assinados dois termos de cooperação com o governo federal, por meio dos quais, quase 200 comunidades quilombolas, aldeias indígenas, caiçaras e associações culturais, podem já contar com acesso a internet e telecentros; -Abriu canais de discussão com o governo para um processo de criação compartiçlhada de políticas públicas. A Rede Mocambos facilitou a participação dos gestores públicos nas Pajelanças Quilombolicas, possibilitando uma troca direta entre governo e sociedade civil; -Recuperou, reciclou e reutilizou centenas de computadores e equipamentos informáticos. A Rede Mocambos possibilitou a instalação de telecentros e laboratórios em comunidades fora do alcance dos programas de inclusão digital; -Otimizou o uso e a gestão dos recursos públicos. As instituições publicas conseguiram apoio da Rede Mocambos na execução de programas sociais para envolver as comunidades, entregar equipamentos, remanejar, solucionar problemas etc; -Pesquisou e realizou coletivamente geradores de energias sustentáveis. O primeiro foi um gerador de eletricidade movidos a água e construído a partir de material reciclado. Realizado coletivamente numa Pajelança Quilombólica com a participação de comunidades quilombolas da Bahia, de Pernambuco e São Paulo. O gerador foi instalado no Vale do Ribeira, com os conhecimentos das comunidades locais que o mantém funcionando, e alimenta um conjunto de 10 casas; -Resgatou, gravou e divulgou tradições e manifestações culturais locais, capacitando, durante o processo, as pessoas envolvidas. Centenas de pessoas foram capacitadas ao longo das várias Pajelanças, diretamente e indiretamente. Foram produzidos centenas de audiovisuais disponíveis em arquivos livremente acessíveis pela Internet, em DVDs, ou publicações em papel.
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