NFCs/Casa Preta/PAJELANÇA CASA PRETA

De Rede Mocambos
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Edição feita às 23h22min de 28 de outubro de 2013 por Rubia Rafaiyah (disc | contribs)
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Pajelança Casa Preta

 "Ewé Ni Bo Bo Ni Ti Segun
  Ewé Ni Bo Bo Ni Ti Orisá
  Ewé Ni Bo Bo Ni Ti Segun Babá" (Mãe Nalva)

"Todas as folhas tem o poder de curar. Todas as folhas dos orixás tem o poder de curar"

A Rede Mocambos e o Coletivo Casa Preta na perspectiva de garantir para essas comunidades a sua cultura, os seus costumes, a resignificação e o protagonismo da própria história, convida amigas e amigos para participar da “Pajelança Quilombólica Digital”, que objetiva fortalecer o conhecimento e empoderamento do saber livre a partir da visão africana.

Ao longo da semana, serão realizadas rodas de conversa, oficinas de vídeo, apropriação tecnológica, tambores, herbário e um dia dedicado ao debate sobre ser Mulher preta na ativa com a juventude feminina da Casa Preta convidando as mulheres pretas que inspiram suas lutas.

A Pajelança Quilombólica Digital será realizada no período de 1 a 7 de setembro na sede do Coletivo Casa Preta que fica na rua Roso Danin, 780, entre 2ª de Queluz e Juvenal Cordeiro, no bairro Canudos-Terra Firme, em Belém.

Conteúdo

Programação Flutuante

Dia Base Atividade Justificativa Convidado
Sábado dia:31/08 Casa Preta Levantando nosso barracão Espaço na Casa para realizar nossas ações, oficinas, cineclubes, rodas de conversa... Tod@s
Domingo dia:01/09 Casa Preta Acolhida e cont. do barracão Roletar pelo bairro e visitar as pessoas que estão na luta Facilitadores Lamar e Guine
Segunda dia:02/09 Casa Preta Acolhida e cont. do barracão Hospedar a galera que estará colando para a pajelança Tod@s
Terça dia:03/09 Casa Preta e Fórum (manhã) / Terreiro de Mãe Nalva (tarde) Manhã: Organização da pajelança e credenciamento de quem veio pelo fórum / Tarde: Roda de conversa sobre herbário, catalogação de ervas, propriedades medicinais e espirituais, sabedoria ancestral Dar continuidade e fluidez no processo da pajelança / O Ponto de Memória do Bairro da Terra Firme e o Museu Emilio Goeldi já possuem trabalho dentro na ilha: Projeto O Jardim Botânico Vai à Escola.Não temos terra na Casa Preta, nem um quiombo tão próximo. Mãe Nalva/ Helena Quadros (Museu Emilio Goeldi)
Quarta dia:04/09 Terreiro de Mãe Nalva Roda de conversa: Apropriação tecnológica / Atividade Prática: Triagem de máquinas (para disponibilizar para as comunidades), montagem do telecentro no terreiro. Forum de Intenet Paralelo do ponto de vista do Gueto e dos Pretos, a idéia é hackear o encontro. Mas não pensamos em desfocar das atividades da pajelança e marcar território no evento. Abrir e dar espaço para o uso e manuseio de máquinas, a partir da apropriação preta tecnológica, telecentro sem internet, mas com maquinário e programas off line disponíveis. Dj.RG/ Milson/ Ronaldo Eli
Quinta dia:05/09 Terreiro de Mãe Nalva Oficina de vídeo: captação e edição de imagens Apropriação de ferramentas para registro e diversas formas de documentar momentos, histórias, vivências das comunidades Dj.RG/ Duda Livre
Sexta dia:06/09 Casa Preta Rodas de conversa: Crédito carbono / Mulher na ativa / Atividade prática: oficina de tambor "mulher" Poucas pessoas e principalmente poucos Quilombolas sabem o que é Crédito Carbono, Jorge conhece bem o assunto e poderia deixar nítido os benefícios e os problemas com o crédito carbono / Na Casa Preta desde o começo do ano tem se conversado sobre um nucleo de Mulheres, e uma ação dentro da Pajelança poderia vir a fortacer essa iniciativa. Jorge POA/ Maria Luiza/ Duda Sousa
Sábado dia:07/09 manhã: Casa Preta / noite: Jabatiteua (Terra Firme) manhã: Limpeza do barracão pronto/ intervenções/ noite: Tambor de Crioula vida nova ao barracão/ atividades livres/ interação e vivências com a comunidade Tod@s/ Filhos e amigos de Cururupu (tambor de crioula)

Dias: 31, 01 e 02

Acolhida e construção do barracão

Dia: 03/09

  • Manhã: Continuação da construção do barracão, credenciamento das pessoas que vieram pelo fórum de internet.
  • Tarde: Atividade no terreiro de Mãe Nalva: Roda de Conversa sobre herbário

- Relatos, Contribuições, Participações:

-Abertura: apresentação dos participantes

- Mãe Nalva: Herbário sei que vem de folha, e de folha eu conheço e falo "macumbalmente"(risos). Explica sua relação com as folhas, ervas, de forma espiritual. Ressalta a importância dessa preservação, cita exemplos em que a essa relação de culturas e desrespeito, se sobressai sobre nossos valores, mistificando as ervas e suas propriedades espirituais. Relata sobre algumas dificuldades sobre a religiosidade (candomblé) na área urbana, das questões de territorialidade. Teve uma conversa com um professor sobre ervas, e relata a importância dessas questões para a comunidade, exemplifica as formas de cura através das ervas (furada de prego se cura com cebola, para cortes, tombos se cura com óleo de copaíba, etc...), relata que essas tradições fazem parte da sua vida desde à infância, de como sua avó manuseava essas ervas, essas folhas, de tratar a família pela cura das ervas e óleos naturais (copaíba e andiroba).

Fala da parteira, da sua própria vida como parteira, da forma de como "puxar a barriga", de como essas histórias são antigas e estão se perdendo, o aprendizado ancestral, a sensibilidade. Descreve que "catinga de mulata" é uma erva de Oxum, que é a protetora do útero, de como esses princípios ativos dessa erva se relaciona diretamente com a maternidade. Afirma a importância desses saberes ancestrais, como a academia poderia contribuir com essa troca, saber ancestral (tradição e espiritualidade) e técnico (propriedades físicas, uso de ferramentas).

- Don Perna: Explica a relação da Rede Mocambos e Coletivo Casa Preta, sobre a ancestralidade, tecnologia, africanidade no que remete à tradição. A importância de reconstruir essas relações entre comunidades e saberes, como uma forma de preservar a nossa história. Apresenta e agradece a participação das pessoas, dessa troca entre terreiro (comunidade) e academia (museu Emílio Goeldi e Ponto de Memória da terra firme).

Ressalta que é fundamental esses momentos nos lugares e nas pessoas, de falar de plantas, de terra, de tambor, e que esse processo de aprendizagem é o primeiro plantio dentro das pessoas.

Esse momento de roda de conversa onde a comunidad einterage, se comunica, se articula, são as primeiras sementes que migrarão em outras rodas, que reconecta e resignifica à nossa ancestralidade. Pauta à questão da lei 10.639, em que o conhecimento ancestral e quanto a tradição, se aplica uma forma de trabalhar a "humanização (a África somos nóis)" nas escolas, é importante tratar essas questões para que as trocas de conhecimentos não sejam desvirtuados dos valores ancestrais.

- Helena Quadros: Relata o início do projeto do Ponto de Memória da terra firme, da importância desse movimento de históricos, que retratasse a vida, cotidiano e perfis dessa comunidade. Destaca às dificuldades de manter as atividades que envolvam as comunidades, à conquista de pesquisas que abraçassem essa causa, que em 2009 surge no Brasil o projeto "Ponto de Memmória" e, na época de Mário Chagas estava à frente do processo, através das lutas das pessoas da comunidade da terra firme, foi conseguido uma premiação pelas mulheres da terra firme. Para a efetivação do espaço do ponto de memória, ainda que sem recursos, foram elaboradas cartilhas, exposições...

Sugere como estratégia de trabalho mapear os pontos de cultura, uma cartografia, um mapa artístico e cultural.

Afirma como um ponto forte de espaço o Museu Emílio Goeldi (parceria estratégica), para a realização desses trabalhos. Quer levar informações sobre o herbário, para tratar das pesquisas e questões de nossos interesses.

- Milson: Fala da apropriação sobre nossos saberes, das propriedades que temos em nossas ervas, nossos frutos nossas práticas, de como esses conhecimentos se perdem e se desvirtuam das nossas vivências e protagonizações. Descreve um exemplo das práticas de terreiro e da importância do plantio das folhas de axé, como as atividades que são internas nos terreiros são de forma desreipeitosa documentados, através de fotos, vídeos e áudios.

- Guine: Explica do que se trata a Pajelança, que vem a partir de um projeto junto a Seppir, envolve também outros projetos como telecentros BR, núcleos de formação continuada, e demais projetos ligados à Rede Mocambos.

Sugere de que forma podemos trabalhar essas informações, criar espaços digitais onde se coloque essas informações, e como seriam utilizadas para a comunicação com as comunidades. De como seria a utilização e construção dessas ferramentas no processo físico, tecnológico, mapeado, cartografado, espiritualizado.

A proposta da Rede Mocambos é construir esse herbário, no objetivo de quebrar essas fronteiras territoriais, como uma forma de garantir que esses conhecimentos possam se expandir, e se compartilhar nas comunidades. A relação do direito à terra e a água, dentro de tudo que foi falado, onde se assegure os espaços de garantir às nossas tradições. Que se possa plantar e manusear as ervas, a cultura, o saber... Quando se fala da relação do uso de ferramentas tecnológicas, acadêmicas, ancestrais, é de extrema importância se ter a apropriação e garantia dessas terras, através da semente preservar essa memória, que se tem perdido nos quilombos, nas comunidades.

- Ronaldo Eli: Como reflexão, descreve a questão de como esse nosso conhecimento é apropriado, cooptado. Um fundamento/conhecimento da gente é um movimento, que sem esse movimento não faria sentido, que o saber ancestral é uma propriedade que não desapropria, independente de tercerizações de nossas experiências. Fortalecer os aspectos fundamentais dos nossos saberes, descreve sua vida e vivência no terreiro, como filho de santo de Mãe Beth de Oxum, que o cuidado é essencialmente feminino quando toma como referência à Oxum.

Sugere uma forma de pensar em como essas mulheres, comunidades, movimentos, podem trocar e viver esses saberes, que vai além do espaço físico.

- Chicona: Descreve sua satisfação por estar nesse momento, na roda de conversa. Que é muito importante para resgatar os valores e saberes que estão se perdendo, e essa troca de informações fortalecem nossas relações e aprendizados.

- Lamartine: Fala que na construção desse "herbário" que talvez nem seja um nome que contemple as casas de santo, a africanidade. Ressalta que se racializa e empreteça a botânica, através de uma troca de experiências com diversos setores, onde o resgate ancestral seja à partir das plantas, que remetem e muito nossas raízes africanas.

Agradecimentos às rainhas pretas do nosso pará

Pedimos licença para os mais velhxs e mais novxs

Nossa satisfação do dia de hoje é enorme. A Pajelança Quilombólica Digital segue perfeitamente nos seus conformes, pessoas diferentes, com experiências diferentes, e com um propósito em comum: Um mundo com uma cara mais nossa, do nosso jeitinho. As mulheres que estão aqui presente, são para todas nos, jovens negras um grande exemplo de militância. A roda de conversa está sendo transmitida pela rádio Acqualtune 90.9

Axé


Roda de Conversa de Mulheres: Mulheres Negras Na Ativa

A roda de conversa de mulheres foi um grande aprendizado a todas as mulheres do coletivo. Mais um grande passo para a busca pela reconexão mental ao continente renegado África, voltado à nossa realidade brasileira. Na roda de conversa sobre mulheres, Maria Luiza Nunes, mulher, negra e feminista nos trouxe à tona um problema que enfrentamos diariamente: a traição por parte de nossos companheiros, que muitas das vezes são negros e militantes. Foi bastante enfatizado a falta de amor que mulheres negras tem como herança do processo de dominação e escravidão, do processo de ver seus amantes, companheiros, irmãos e amigos serem sequestrados, mortos e escravizados nestes 500 anos de Brasil e do vicio que também é herança do processo de dominação que é cuidar primeiramente do outro antes de cuidar de si própria, amar primeiramente a si própria. Foi enfatizada a importância de debater também com nossos parceiros sobre processo de dominação. Um dos pontos bastante debatidos foi a relação Mulheres negras e o feminismo, onde até mesmo dentro de um movimento "libertário" a mulher negra ainda assim, sofre preconceito. Todxs se apresentaram e falaram um pouco de sua história como mulher e como mulher negra. A roda de conversa de Mulheres na Ativa certamente é um marco na história do Coletivo Casa Preta para todxs nós onde mulheres se organizaram e fizeram acontecer um diálogo enriquecedor e bastante "escurecedor" para quebrar o paradigma de falta de amor própio.

Segue o vídeo com vários momentos da Pajelança Quilombólica Digital desde a construção do barracão, até a Roda de Conversa de Mulheres

Arquivo:/home/livre/Downloads/Pajelan a Quilomb lica Digital Bel m PA.mp4

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