NFCs/Casa Preta/PAJELANÇAS

De Rede Mocambos
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1ª Pajelança Quilombólica- Encontro FICAT realizado no dia 22 de junho de 2013.

“Quanto mais a Comunidade se conhece mais ela se ajuda, compartilha, se comunica.(Suh)”

* Programação:

Horário Programa de Atividades Objetivos
8:00 às 9:00 - Abertura - Apresentação dos participantes - Dar início ao evento - Saber e conhecer o representante e sua localidade(Entidade/Comunidade )
9:00 às 12:00 - Introdução do encontro - Rodas e debates: Rede Mocambos - Território e Terrtorialidade, - Construção do Acervo/Biblioteca - O uso de Software Livre - Introdução ao conhecimento da máquina - Apresentação inicial dos objetivos e difusão de conhecimentos - O que é a Rede Mocambos (breve análise/simbologia do Baobá ) - Tratar a importância dessa diferença para a reconstrução de acervo/conhecimentos - Resgate e registros da memória material e imaterial das comunidades - Construir ideias e projetos coletivamente, utilizando ferramentas livres para o acesso e compartilhamento dessas informações para as comunidades (escambo).
12:00 às 14:00 INTERVALO
14:00 às 17:00 - Oficina prática - Meta reciclagem

* Relatoras: Thiane (Casa Preta) e Suhellen (Casa Preta)

* Início: Roda de apresentação entre os participantes, no meio da roda: o tambor.

- Perna: apresentou o trabalho e solicitou que as pessoas ao se apresentarem, já dessem indicações de suas habilidades e conhecimentos a respeito de informática e internet.

- Maíra: da comunidade São Judas de Bujaru, faz parte da ARQUIOB (Associação Remanescente de Quilombos Oxalá de Bujaru), conhece o básico de informática, tem internet na comunidade, mas ela não tem e-mail.

- Marcos: da comunidade Itancoã Mirim, primeira vez que participa de “um curso desse” (não sabe ao certo se é curso ou oficina), relata dificuldades de comunicação da comunidade apesar de estar perto de Belém, não tem internet e os equipamentos pro Telecentro BR estão na caixa porque não receberam informações.

- Suhellen: se apresentou como do Coletivo Casa Preta e da Rede Mocambos, disse que fez o contato com a maioria das comunidades para o encontro e informou que os principais objetivos da oficina/bate-papo é para interagir com as comunidades e com pessoas que estejam dispostas a replicar e multiplicar o conhecimento sobre tecnologia em suas comunidades. Pediu que ao longo do dia as pessoas fossem falando de problemáticas e especificidades de suas comunidades e da relação entre associação e comunidades até como forma de se organizar para debates futuros.

- Amanda: da comunidades de Macapazinho, é estudante, a comunidade também está com seus equipamentos para o telecentro nas caixas, tem básico de informática, não tem e-mail.

- Bruno: também de Macapazinho e irmão de Amanda, é estudante e tem básico de informática, mas não tem e-mail.

- Samuel: de Santa Maria Itancoã Mirim, informou a mesma situação de equipamentos nas caixas, tem básico de informática, não tem internet, não tem e-mail, está desempregado, concluiu o ensino médio e está ajudando na comunidade.

- Cátia Silene: de Bujaru e da ARQUIOB, ela conta que o trabalho é duro e que “leva na barriga” como forma de expressar que é um trabalho difícil , apresentou a companheira Tania da Ematec que a auxilia bastante nas necessidades e demandas da comunidade, e a trouxe para o encontro para conhecer e participar junto. Queria ter trazido mais gente, mas as pessoas tinham outros compromissos e trouxe a Maíra para se envolver, conhecer e aprender. Ela vem em busca de apoio, pois a comunidade está precisando bastante de respostas. Disse que não vai ensinar nada (de informática), porque não sabe nada, nem ligar nada. Perna a interrompe dizendo “não sabe ainda”. E ela se corrige.

- Bruna Raiol: se apresenta como membro do Coletivo Casa Preta, estudante de ciências da religião e que seu ingresso na Casa Preta se deu porque ela trabalha com projetos culturais, mas que partir do momento que entra na Casa, se encontra como negra, pois apesar de ser negra, nunca havia se identificado realmente como tal, apenas usava o status de ser negra. Está há quase 1 ano na casa, aprendendo, se conhecendo e conhecendo mais de sua história e de seu povo, que a história de todos os presentes.

- Josenildo: de Abaetetuba, veio representando o grupo de mulheres da associação. Tem noção de informática e tem e-mail.

- Renato: de Moju, trabalha com cerâmica, fez o básico de informática, fez e-mail duas vezes, mas não usa.

- Elivelton: da comunidade de São Pedro, no município de Castanhal, faz parte da Malungo, do STR (Sindicato dos Trabalhadores) de Castanhal também, atua na comunidade, buscando melhorias pra comunidade tanto em tecnologia quanto em outras áreas, a comunidade recebeu recentemente 10 notebooks por meio de um projeto com a prefeitura.

- Daniele: trabalha na Emater há quatro anos, trabalha com a Kátia há quase dois anos lá na comunidade de ambas, onde já possuem um trabalho há algum tempo, conhecem todos na comunidade, visitaram todo mundo, fizeram um diagnóstico. Trabalha com agricultores familiares. Se dedica a esse trabalho muito mais por força de vontade do que por condições que a empresa dá. Se coloca à disposição para a parte de comunicação. Fez especialização no IFPA em Educação para Relações Étnico-Raciais.

- Thiane: também do Coletivo Casa Preta, trabalha com comunicação, está a pouco tempo no Coletivo e é a segunda vez num encontro com as comunidades, sendo a primeira vez em março desse ano, de onde já conhece a Kátia. Define como super importante o encontro e deseja que o dia seja produtivo. Apresentou os dois outros integrantes do Coletivo que estavam responsáveis pela comida: Fábio(grafiteiro) e Rui(artesão).

* Dinâmica e objetivo das atividades: Roda de Conversa

- Perna: falou sobre a programação do dia, combinou os horários com a roda, buscando entender a disponibilidade de todos com os seus horários de retorno às comunidades. Como algumas pessoas precisariam sair a partir de 16h, definiu-se 1 hora como o tempo de intervalo de lanche e almoço. Ambos a serem feitos na própria Faculdade. Começou a falar da essência do encontro, dizendo que o trabalho à ser feito era essencialmente de militância, que ninguém estava pagando para estarmos ali, com a exceção de que existe um projeto aprovado do qual ele é coordenador, cuja grana é distribuída entre as atividades da Casa Preta e da Rede Mocambos. Portanto, parte da alimentação está sendo financiada pelo salário dele nesse projeto. E afirma que isso não é uma cobrança, que é apenas pra dizer a todos que é militância. Porque ele acredita que esse encontro vai beneficiar a Rede, as comunidades e as pessoas, porque o conhecimento a ser transmitido, e a ser construído junto, vai contribuir com todos, desde renovar o conhecimento sobre informática, pra quem está parado a muito tempo, ou abrir conhecimentos para que se tenha uma rede de comunicação para se falar, trocar figurinhas e informação de projetos. Por exemplo, como a comunidade x conseguiu 10 computadores para seu próprio uso através da prefeitura? Teve alguém que escreveu esse projeto. Então se lá na comunidade o prefeito é horrível, mas se tem um projeto escrito e em mãos, pode-se mandar esse projeto pra outros prefeitos, outras pessoas, pra outras cidades, sendo que um pode ajudar o outro nesses processos, se comunicando pela internet, dentro ou fora da comunidade. E que mesmo que só haja internet na cidade, quando alguém da comunidade for lá resolver outras coisas que se resolva a comunicação também acessando, por exemplo uma lan house, esse é o espírito de militância. Até que seja possível construir o processo de ter uma internet na comunidade. E que não se pode conformar com o fato de ainda não ter internet, pois assim não terá como mudar a realidade. A internet é um direito e pra mudar essa realidade é preciso por a mão na massa, trabalhar. E a melhor forma de trabalhar é em coletivo, em grupo, trocando figurinhas. Perna disse que sabe que tem comunidades que já possuem a discussão sobre tecnologia e da comunicação, então que é necessário se ajudar. E que não pode esperar que a ajuda venha de Belém, a ajuda tem que ser entre as comunidades. Então, a ideia da oficina é fazer com que os presentes sejam multiplicadores da ideia, da Rede e multiplicadores tecnológicos. Que entendam o que é essa questão de informática, o que é Linux, Windows, hardware, software. Levou duas máquinas pra todos as desmontarem juntos pra ele mostrar peça por peça, conhecerem o que há dentro do computador. Que vai mostrar o que é HD, memória, etc. Para que tenham conhecimento. “Essa é a apropriação tecnológica”. Observou que os funcionários da faculdade a todo instante iam olhar na janela da sala, “acho que eles nunca viram tanta gente de pele mais escura em um laboratório de informática” e que isso é uma conquista do nosso povo que temos que valorizar. Quando a gente se prontifica a tá num laboratório de informática aprendendo sobre a informática, pensem que na maioria dos encontros de informática pelo Brasil não há quilombolas e pouquíssimos negros e negras dominando isso. E reforça: “então, é um trabalho de militância nossa”. Infelizmente não foi possível pagar o transporte das pessoas, mas não significa que nós, enquanto Casa Preta e enquanto Rede Mocambos, não estamos escrevendo projeto pra garantir isso. Que mais do que as pessoas irem até a Ficat participar do encontro, temos como objetivo que em 2014, ir até as comunidades visitar, por polo. Polo do Marajó, por exemplo, que tem 16 comunidades quilombolas. E que por mais que a comunidade não tenha internet, a comunicação não se dá apenas por ela. Perna fala sobre o tambor no meio da roda e afirma que esse é nosso comunicador oficial. Porque o tambor é uma simbologia da Rede Mocambos, assim como o Baobá. Elivelton e o Manoel tiveram em Campinas no encontro da Rede Mocambos e tomaram o caldo de Baobá e ouviram o tambor, porque todo dia tinha isso nas rodas de conversa. O tambor é nosso comunicador, que tempos atrás quando se tocava tambor em uma comunidade, existia um sacerdote que identificava que aquela batida rítmica (começa a tocar o tambor com vários ritmos) tinha um significado, de saúde, por exemplo. Então que as demais comunidades podiam saber como ajudar. O tambor é o nosso comunicador ancestral, o tambor é nossa primeira internet. E afirmou que “nós, enquanto negros e afro-brasileiros, temos que entender e valorizar a nossa identidade cultural, independente da sua religião. São tradições culturais. O tambor é nossa tradição cultural. E então nós temos que nos empoderar e compreender que o tambor é sim um símbolo tecnológico porque ele comunicava as pessoas, os problemas, as festas, nascimentos. Dançar e tocar fazem parte de nossa cultura. São uma celebração à vida. Assim como quando morre alguém a gente vai celebrar pra que aquela pessoa tenha uma boa passagem, pra que a família que ficou tenha conforto daquele que partiu. Então o tambor é uma simbologia que vocês vão ouvir falar o tempo todo na rede. Assim como é o Baobá, que pra quem não sabe, é uma árvore africana e ancestral que chega a durar mais de mil anos, como a samaumeira aqui no Pará”. E continua explicando que o Baobá tem essa importância para a Rede pra lembrar que por mais tenha havido escravidão, que por mais que esse país tenha sido construído com mão escrava de negros e índios, o Baobá sobreviveu, ele é a memória do nosso povo. Onde os mais velhos contam as histórias para os mais novos. Lembrar que quando as pessoas voltarem para suas comunidades e foram falar de tecnologia, porque são multiplicadores, é preciso falar dessa simbologia, porque as outras coisas a escola de informática faz, mas falar de tambor e Baobá, não. Pois nosso conhecimento está trancado na ignorância, no massacre cultural que fizeram com a gente. E essas coisas não podem morrer. Pra cada multiplicador ser um Baobá ao transmitir conhecimento tecnológico e ancestral, pois essas duas coisas tem que estar o tempo todo juntas. Seja pra fazer um cartaz, um panfleto, jornal, ou outras mídias. Desde que tenha a cara da comunidade e referências negras e indígenas. Nem sempre a liderança tem condições de ser um multiplicador por questões de tempo e urgências, e citou o exemplo da Cátia ter levado a Maíra pro encontro, pra aprender e transmitir, ser uma multiplicadora. Ela disse também que nos próximos encontros deseja trazer mais jovens e/ou mais multiplicadores, pessoas com esse espírito de multiplicar o conhecimento. A ideia é que as pessoas multipliquem e utilizem de nossas referências ancestrais para trabalhar na comunidade. Como nossos heróis, por exemplo, que a história só sabe falar de um, que é Zumbi. E que ninguém sabe, também, que o primeiro sindicato de domésticas criado no Brasil foi fundado por uma negra. O encontro seria para trabalhar a questão tecnológica e a ancestralidade. Somos um povo de resistência nesses mais de 500 anos de escravidão, os quilombos que já existiam quando da abolição da escravatura, o reformatório quinze, funabem, febem e outras questões não contadas pela história brasileira sobre os negros e suas condições de sobrevivência. Disse também sobre Belém ser a quinta cidade brasileira onde mais se mata jovem negro e que Ananindeua é a oitava cidade onde mais se mata jovem negro no Brasil, porque a polícia não é preparada para garantir a segurança. São discussões necessárias às comunidades e que devem de alguma forma estar nas produções de conteúdo que forem feitas nas comunidades.

- Suhellen: complementou dizendo que tudo que o Perna falou é importante levar pra dentro do espaço físico, que é a casa de cada um, os povoados, etc. Falou da questão de território, da terra e de seu cultivo, da relação entre as associações e suas lideranças, da cultura, da história de cada pessoa e de cada comunidade. E disse que é importante trabalhar a questão tecnológica aliada a essa compreensão de território. De usar essas ferramentas pra essa comunicação entre comunidades, pegar o conteúdo e o acervo histórico de cada comunidade, a sua oralidade, e levar isso pra informática e trabalhar com seu povoado. Que é importante que as comunidades dialoguem e se conheçam pra se ajudarem de diversas formas: econômica, política, etc. É necessário vencer as barreiras do desconhecimento de informática e se apropriar dos equipamentos do Telecentro Br. É importante discutir a compreensão de quilombo, por ser algo além da terra, pois quilombo é resistência, processo de luta, as próprias pessoas, que cada comunidade tenha sua própria simbologia e leve pras suas rodas. Materializar aquilo que se fala. Dialogar com suas próprias características, como no caso do Renato, do Moju, que trabalha com cerâmica. Compreender a atuação da Rede Mocambos à partir desses pensamentos e conceitos abordados (ela poderá intervir nessa compreensão ao longo do dia). A informática veio pra dar esse suporte à comunicação e por isso a opção de trabalhar com as ferramentas livres, para que seja uma construção colaborativa e não um conhecimento preso e dependente dos demais programas proprietários. Falou sobre o que significa “mocambos”, e de como é um símbolo de luta e apropriação. Que o encontro é para estimular que todos pensem de novas formas, problematizar e questionar de acordo com suas necessidades, colocar na roda suas especificidades, que pautas interessam às comunidades, etc. Para que ninguém se aproprie da história de ninguém, cada um colaborando para esse pensamento colaborativo. O que pode ser feito de diferente.

- Elivelton: relatou brevemente sua experiência em Campinas (IVENRM), sobre a Rede Mocambos, Guinê, a dimensão do tambor e do Baobá, de como trabalhar com a Wiki e de como pode ser usada para contar a história de cada comunidade, entre outras coisas. Contou sobre as sete voltas no Baobá como forma de fazer os negros perderem sua memória.

- Cátia Silene: falou sobre sua experiência e envolvimento no movimento de mulheres negras, o envolvimento das meninas mais novas e suas curiosidades que ela (Cátia) acaba não sabendo explicar, mas que outras pessoas podem ter mais facilidade pra isso, por isso é importante ter os multiplicadores e é necessário envolver os jovens que ficam alheios a essas coisas, a maioria deles não se interessa. E ela mesma vem aprendendo muito no trabalho que tem feito, mesmo com todas as dificuldades e sendo voluntário. Ela gosta de trabalhar com a Malungu e com o Cedenpa. E quem mais vier conhecer deve aproveitar e acaba se envolvendo.

- Marcos: teme que a internet faça com que os jovens esqueçam suas raízes e foquem apenas na tecnologia, já que muitos costumes se perderam com a chegada da modernização. Na sua comunidade antes tinha vestígios de um casarão na época dos escravos e o pessoal da própria comunidade destruiu e era pra ser preservado. Perna falou sobre Rui Barbosa ter apagado os registros do tráfico negreiro e dos percursos dos escravos quando tirados da África.

- Thiane: disse que é possível trabalhar com a juventude de maneira que ele perpetue os nossos costumes e nossas tradições pela internet. Ele pode registrar e documentar a história no computador e por na internet. Porque nossa história é contada pelos outros, não é contada por nós. E é primordial que cada um de nós contemos a nossa história. Que a gente conte a nossa versão. E o que ela é de verdade. E não que outro venha, seja um antropólogo, um sociólogo, um não sei das quantas, entre na nossa comunidade, extraia e sugue aprendizado e conhecimento pra aplicar em teorias, e no final nós continuamos não tendo voz. Então é legal pegar o jovem pra que ele seja a nossa voz na internet.

* Oficina: Parte teórica sobre meta reciclagem e software livre - Informações básicas sobre software e hardware (memória, placa mãe, processador, fonte de energia, cooler, HD), funcionalidades, questões técnicas, possíveis problemas, estabilizador, fusível, etc.

- Perna: começou a oficina básica de informática e pediu que todos anotassem as informações. Pediu que arranjem um caderno e um pen drive para as próximas oficinas quando possível. Explicou sobre custos de outras peças e que é preciso comprar de pessoas com referencias, não comprar por propaganda de internet. E que no Google se encontram essas informações só que de forma mais técnica e que explicou de uma forma mais suave, como pode ser mais fácil multiplicar de forma mais fácil sem confundir, as expressões em inglês e que nem sempre se pode fugir delas. Falou sobre sistema operacional (programas e aplicativos) e sobre o que se pode produzir e fazer com um computador (texto, vídeo, música, calculadora, jogos, bate-papo, agenda, etc). Pediu que o pessoal fosse mencionando programas e aplicativos que conhecem nos computadores e o que é possível fazer com cada um deles. Rede Mocambos trabalha com sistemas livres , que sua proposta é trabalhar com sistema operacional que seja livre e não proprietário. “Alguém conhece Bill Gates aí?”, Perna perguntou. “É o cara que é dono do ruindows”, Perna respondeu. Explicou que é a forma carinhosa que ele tem de chamar o Windows, que trata dessa forma por ser um sistema padrão, padronizando o conhecimento da área de informática. Além de não permitir que as pessoas tenham acesso ao núcleo do sistema, modificando-o conforme suas necessidades, não autoriza que as pessoas conheçam o cérebro do sistema. Isso de chama de sistema proprietário. E para ter um é necessário pagar caro, sem depois ter direito ao livre uso, paga-se algo em torno de R$ 700. Por meio da história do “cara que queria consertar a impressora”, contou como o Linux foi criado e porque foi criado. Explicou que é um software livre, não um sistema padrão. Usou a história da receita de bolo e das alterações que podem ser feitas nela, criando assim uma “soma de conhecimentos”. E diante disso foi pedindo que as pessoas acrescentassem suas sugestões à receita, mostrando o que significa “generosidade intelectual”, pois o conhecimento é livre e aberto, não pertence a ninguém. “Distribuir conhecimento é crime?”, perguntou Perna. É isso que o Bill Gates faz, criou uma receita de bolo, não divide com ninguém e cobra por ela. E ainda que não tem preocupação com nossas comunidades, nem com nossas escolas. A única forma de não pagar é pirateando o software, mas isso é crime. Cada licença concedida pelo software proprietário só serve para um computador. E quem paga esse custo somos todos nós, sem o direito de uso. É por isso que se faz a opção pelo software livre: é de graça, dá pra baixar da internet, pode distribuir, copiar, modificar, se pode fazer qualquer coisa com o Linux. E o sistema operacional Linux é bom por causa disso. Essa é a grande diferença entre software proprietário e software livre. E o conhecimento é livre, não tem porque prender ele. Mas é ético dar o crédito a quem veio antes no processo de criação. Quanto mais nosso povo se apropriar do software livre melhor para nossas comunidades. E que da mesma forma que no Windows existem diversos programas para cada coisa que se queira fazer, no Linux a diversidade de programas é maior para as mesmas tarefas e que atendem necessidades diversas, todos livres e gratuitos. Mostrou a interface e utilizações do Linux e como fazer pastas pessoais, mudar aparência da tela, criar e salvar arquivo, aparência, como abrir e fechar janelas, como salvar músicas, vídeos e fotos, mudança de idioma da máquina, navegação na internet. Sempre reforçando a necessidade de ter as próprias referencias, como a foto de área de trabalho que sejam imagens da comunidade. Que os nomes das máquinas sejam das pessoas da comunidade, ou por idade, ou por conquistas, militância, trabalho, etc. “Deem a aparência de vocês ao lugar onde funciona o laboratório, humanizem suas máquinas”. Em navegação na internet acessou o portal da Rede Mocambos e mostrou especificidades do portal e da Rede. Falou da essência da Rede e da diferença entre a Rede e o Instituto Mocambos em Belém, que são pessoas diferentes, com propostas e atuações diferentes.

- Marcos: perguntou se todos os computadores possuem cooler e sobre custos de troca. - Maíra: também perguntou sobre computador desligando sozinho e Perna explicou as possíveis causas.

*Oficina: Parte prática – Meta reciclagem - Roda ao redor das máquinas.

- Perna: mostrou a parte interna das máquinas, cada peça que foi apresentada na parte teórica foi mostrada na prática (fonte de energia, cabos, pente de memória, slot, cooler, HD, e outras peças). Entrada e saída de acessórios dos computadores, entrada serial e usb. Nomes técnicos utilizados para cada peça. Toda a parte interna e externa foi mostrada na prática. Diferença entre pen drive, HD, DVD, cd, etc. Depois foram feitas duas equipes para desmontar e montar as máquinas com as peças nos lugares certos.

Galeria de fotos: Etapas da Programação

*Avaliação e Encaminhamentos:

-Cátia: gostou da oficina, apesar das dificuldades por não ter o conhecimento de informática e pediu que a decisão sobre os encaminhamentos fossem tomadas logo por conta de seu transporte de volta para a comunidade. Por ela o encontro continua sendo em Castanhal, pois já conhece o caminho e já sabe onde descer do ônibus, fica melhor pra chegar. E acredita que pras comunidades como um todo seja mais indicado.

-Elivelton: sugeriu que o encontro tivesse dois dias.

-Perna: destacou a preocupação com logística de alimentação, hospedagem, transporte e sobre a organização do encontro, que espera que as pessoas que vieram ao primeiro encontro não desistam dos próximos. Pediu para decidirem a data, mas como não houve um acordo, foram sugeridas três propostas: 5, 11 ou 15 de agosto. Aproveitar a estrutura da conferência de igualdade racial já que a maioria das comunidades estará no evento. Mas como a data ainda não está fechada, pediu que as comunidades fiquem atentas pra quando ele ligar confirmando essa nova data. Reforçou a necessidade do pen drive nos próximos encontros.

-Suh: sugere que seja mantido na Ficat pela estrutura do local e pede uma avaliação de todos sobre como o encontro foi direcionado, a metodologia, o assunto, se foi difícil/fácil, rápido, etc. Pediu o retorno das pessoas sobre o encontro e sugerirem melhorias para os próximos. Que a organização desse não foi dos melhores por vários motivos como a estrutura da Casa Preta, as demandas, e pontuou algumas dificuldades dela mesma no processo de articulação das comunidades.

-Marcos: disse que gostou do encontro, que tirou muitas dúvidas e acha que precisa de mais coisa para se aperfeiçoar. E que sugeriu que fosse feita em sua comunidade não por comodidade, mas pra envolver as pessoas e pra começarem a se conhecer. Mas entende que é mais fácil pra ele, não para os outros.

-Bruna: disse que adoraria que fosse em uma comunidade. Mas que a comunidade tem que dar uma estrutura, como é o caso da comunidade do Marcos.

OBS:Foi feita então uma votação entre manter em Castanhal e fazer em outro lugar. Diante do acordo de que é necessário primeiro fortalecer esse grupo, a preferência é que o segundo encontro seja mantido na Ficat e o terceiro poderá ser feito em alguma comunidade. Mas ainda falta decidir.

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